"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

quinta-feira, setembro 30, 2010

Declaração dos Estados Partes do Mercosul sobre a situação no Equador

Ministério das Relações Exteriores - 30/09/2010                                                                                         A respeito da situação no Equador, os Estados Partes do MERCOSUL emitiram a seguinte declaração:
“Os Estados Partes do Mercosul tomaram conhecimento com profunda preocupação dos graves eventos que estão ocorrendo no Equador, no dia de hoje. As ações representam clara tentativa de sublevação constitucional por setores das Forcas de Segurança daquele país.
Os Estados Partes do Mercosul condenam energicamente todo e qualquer tipo de ataque ao poder civil legitimamente constituído e à ordem constitucional e democrática do Equador.
Ao reiterarem os termos do Protocolo de Ushuaia de Compromisso Democrático do Mercosul, do qual faz parte o Equador, exigem o imediato retorno da normalidade constitucional no Equador. Manifestam seu firme apoio e solidariedade ao Presidente Rafael Correa Delgado e sua confiança de que possa prontamente retomar a normalidade de suas funções.
Os Estados Partes do Mercosul endossam integralmente a posição já manifestada pela Unasul, por meio de seu Secretário-Geral, Nestor Kirchner, e apóiam a realização de Reunião Extraordinária de Ministros das Relações Exteriores daquele organismo”.

Cigarro

Me desculpem os palavrões, mas recebi essa preciosidade (pela sua objetividade e ausência de limites legais imposta pela mídia) e resolvi não perder a oportunidade de repassá-lo ao maior número possível de visitantes. O vídeo é caseiro e feito por dois garotos que decidem alertar outros contra o péssimo hábito de fumar.


quarta-feira, setembro 29, 2010

Escassez de Alimentação

recebido por e-mail, 24 set 10
 
Apenas como reafirmação do que escrevi ontém em relação à questão da "Alimentação na Urbe", essas fotos são do "rancho" do exército americano no Iraque.
Considerando que isso tudo é abastecido de avião e que na atualidade esse serviço é terceirizado,ou seja, para ampliar o lucro tudo o que não é consumido é jogado no lixo (tal situação também acontece no "rancho" americano do Haiti e de outros locais também). Percebemos que a real questão é bem diferente do que prega os "isentos" organismos internacionais.




















 

terça-feira, setembro 28, 2010

Alimentar a Urbe

Esse é o título de artigo de Delfim Netto na Carta com a capa da saída de Aécio. Gostaria de fazer uma abordagem diferente do tema.
Só para fazer grande mudança no tema, a ONU (FAO), o FMI, a OIT e o Banco Mundial estão utilizando disfarçadamente de argumentos parecidos com os neomalthusianos. Para eles o problema da fome que se avizinha é resultado da onda migratória crescente da população rural para as cidades em todo o mundo, que levaria à uma redução da mão-de-obra rural (produzindo menos alimento) e aumento da população urbana (consumidora sem produção).
Interessante é que tal problema não atinge os países ricos que apresentam elevado índice de urbanização. Se isso não acontece lá, porquê seria problema em países pobres?
Aí é que surge a análise enviesada desses grandes organismos internacionais. Ao por o problema na onda migratória, esquece de mencionar o grau tecnológico atingindo no campo da agropecuária que permite aumento de produtividade mantendo-se basicamente a mesma taxa de área rural utilizada. Bom, vendo por esse prisma, se percebe claramente que o problema não é a migração em si, e sim, a incapacidade de ampliar a produtividade desses países.
E aí vem a segunda questão. Se o real problema não é a migração e sim a incapacidade tecnológica, porque ao invés de se investir bilhões na industria armamentista, os países ricos (notadamente os EUA) não repassam essa tecnologia ao países pobres?
Assim com na época da criação da OMS com fins de erradicar ou minimizar as doenças nos países pobres que voltavam a assolar os países ricos, ao invés de investir seriamente na redução das desigualdades sociais, os organismos internacionais optam por soluções localizadas, lançam factóides culpando os países pobres com uma falsa lógica. Parafraseando Leonel Brizola que dizia"se não sair no Jornal Nacional, não aconteceu", tais factóides por virem revestidos de uma pretensa "verdade" acabam por repetição virando uma verdade em si. E assim, os reais problemas não são nunca resolvidos.
Se pensarmos apenas nos gastos feitos pelos EUA (sem falar nos demais países ricos europeus) com a luta antiterror (mais uma fantasia bilionária), podemos perceber o quanto de investimento direto poderia ser feito nos sistemas agropecuários dos países mais pobres.
Sei que alguns pensaram que é absurdo eu estar falando aqui do terror como "fantasia". Mas, falo isso apenas como indicação desse meu argumento, ao equiparar por exemplo o número de mortes anuais cometidos pela criminalidade no Rio de Janeiro com as provocadas pelo terror no mundo. Provavelmente morre mais pessoas ao ano no Rio de Janeiro através do crime do que em todo o resto do mundo por ações terroristas.
Não sejamos inocentes em achar que os gastos nessa luta são justificados, na realidade até são, justificam a necessidade da industria armamentista em vender mais armas e amealhar cada vez mais riqueza.

segunda-feira, setembro 27, 2010

mendigos-high-tech

Antônio Carlos leu uma de minhas postagens ( http://sind-geoblog.blogspot.com/2007/02/instituto-humanitas-unisinos-040207_05.html ) e deixou o comentário abaixo. Vale a pena ler a abordagem dele sobre o assunto:

Tenho uma outra abordagem: As novas tendências, em termos de mercado de trabalho, para os sem-tetos, diante das tecnologias emergentes. Veja em: http://www.zadoque.com/cadernos/mendigos-high-tech-01.html
...iniciada com as reflexões sobre os sem-tetos dos EUA, com seus notebooks (apresentados pelo blogueiro Humberto Oliveira).

Comentários

Na edição com capa da Saida do Aécio Neves do PSDB, existem dois deslizes interessantes. Não pelo fato em si, mas muito mais pela ausência de uma crítica mais ampla sobre o quadro político brasileiro.
Em uma das situações comenta-se o fato da ausência de renovação dos quadros do PSDB como um dos fatores de sua amarga derrota no atual pleito eleitoral. O isolamento das novas lideranças em detrimento de nomes petrificados do centro paulista tucano, teriam provocado a incapacidade de propor uma alternativa oposicionista ao Governo Lula. 
Até aí tudo bem, é uma realidade indiscutível. Só que, o PT também está na mesma maré. Não existe nenhum nome de renovação nas hostes petistas que venha a substituir Lula (pelo menos o PSDB teria o Aécio, aparentemente não terá mais), nem isso o PT tem, e pior, assim como o PSDB, o núcleo de mando do partido também exclui qualquer chance de candidatura de quem não os acompanha, e sabe-se muito bem a força de nomes como José Dirceu nessas decisões.
O que os jornalistas petistas (aqui parafraseando Marcos Coimbra com o seu "jornalistas tucanos") não conseguem perceber ou não querem perceber, é que Dilma só vai ser eleita por causa de Lula. Dilma não tem antecedente político nenhum que a ponha como candidata vitoriosa. E se,o candidato petista fosse um poste, seria eleito igual. Tudo isso por efeito de um bem organizado período de mandato do presidente Lula com conquistas sociais e econômicas. Então quem está sendo reeleito é Lula e não o PT. 
Espero sinceramente que pessoas que tem o caráter de um Olivio Dutra venham a ter mais força de comando dentro do partido, para que novas lideranças que se espelhem nele venham a surgir sem estarem envolvidas em escândalos de mensalão, de correios, de tráfico de influência entre outros.
A segunda situação é sobre a reportagem relacionada ao Governo de Ieda Crusius. Eu não sei se realmente eu enxergo chifre em cabeça de cavalo, mas, considero extremamente estranho a atual governadora ter sofrido sucessivos ataques da revista veja (que sabe-se da influencia tucana em seu meio) durante o caso da compra de sua residência, apesar de ser tucana. Além disso, não me lembro de jamais ter visto em um jornal, como vi, (no caso o Zero Hora do grupo RBS, retransmissora da Globo) a impressão em página inteira de uma decisão judicial de investigação em relação a um representante do povo. 
Mesmo em jornais propalados como apoiadores do PSDB, não vi a transcrição ípsis líteris de algo assim contra representantes do PT que estavam no poder e sendo acusados de alguma transgressão.
Então para mim, há (como dizia Shakespeare) mais "entre o céu e a terra do que imagina nossa vã filosofia".
Creio que um jornalista deve ir mais fundo nas suas pesquisas quando algo assim acontece. Porque aliados desejariam o enfraquecimento de um membro? Quais reais interesses podem estar por trás disso? Não sejamos inocentes em pensar que sabemos de tudo que acontece no meio político. E às vezes quando algo vem à tona é por interesses de certos grupos, e, se fica tanto tempo com destaque na mídia em geral, bom aí temos que pensar profundamente no caso.

Sinais trocados


Extinta empresa de Verônica Serra expôs os dados bancários de 60 milhões de brasileiros obtidos em acordo questionável com o governo FHC. Por Leandro Fortes. Foto: Janete Longo/ Divulgação

Em 30 de janeiro de 2001, o peemedebista Michel Temer, então presidente da Câmara dos Deputados, enviou um ofício ao Banco Central, comandado à época pelo economista Armínio Fraga. Queria explicações sobre um caso escabroso. Naquele mesmo mês, por cerca de 20 dias, os dados de quase 60 milhões de correntistas brasileiros haviam ficado expostos à visitação pública na internet, no que é, provavelmente uma das maiores quebras de sigilo bancário da história do País. O site responsável pelo crime, filial brasileira de uma empresa argentina, se chamava Decidir.com e, curiosamente, tinha registro em Miami, nos Estados Unidos, em nome de seis sócios. Dois deles eram empresárias brasileiras: Verônica Allende Serra e Verônica Dantas Rodenburg.
Ironia do destino, a advogada Verônica Serra, 41 anos, é hoje a principal estrela da campanha política do pai, José Serra, justamente por ser vítima de uma ainda mal explicada quebra de sigilo fiscal cometida por funcionários da Receita Federal. A violação dos dados de Verônica tem sido extensamente explorada na campanha eleitoral. Serra acusou diretamente Dilma Rousseff de responsabilidade pelo crime, embora tenha abrandado o discurso nos últimos dias.
Naquele começo de 2001, ainda durante o segundo mandato do presidente FHC, Temer não haveria de receber uma reposta de Fraga. Esta, se enviada algum dia, nunca foi registrada no protocolo da presidência da Casa. O deputado deixou o cargo menos de um mês depois de enviar o ofício ao Banco Central e foi sucedido pelo tucano Aécio Neves, ex-governador de Minas Gerais, hoje candidato ao Senado. Passados nove anos, o hoje candidato a vice na chapa de Dilma Rousseff garante que nunca mais teve qualquer informação sobre o assunto, nem do Banco Central nem de autoridade federal alguma. Nem ele nem ninguém.
Graças à leniência do governo FHC e à então boa vontade da mídia, que não enxergou, como agora, nenhum indício de um grave atentado contra os direitos dos cidadãos, a história ficou reduzida a um escândalo de emissão de cheques sem fundos por parte de deputados federais.
Temer decidiu chamar o Banco Central às falas no mesmo dia em que uma matéria da Folha de São Paulo informava que, graças ao passe livre do Decidir.com, era possível a qualquer um acessar não só os dados bancários de todos os brasileiros com conta corrente ativa, mas também o Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos (CCF), a chamada “lista negra”do BC. Com base nessa facilidade, o jornal paulistano acessou os dados bancários de 692 autoridades brasileiras e se concentrou na existência de 18 deputados enrolados com cheques sem fundos, posteriormente constrangidos pela exposição pública de suas mazelas financeiras.
Entre esses parlamentares despontava o deputado Severino Cavalcanti, então do PPB (atual PP) de Pernambuco, que acabaria por se tornar presidente da Câmara dos Deputados, em 2005, com o apoio da oposição comandada pelo PSDB e pelo ex-PFL (atual DEM). Os congressistas expostos pela reportagem pertenciam a partidos diversos: um do PL, um do PPB, dois do PT, três do PFL, cinco do PSDB e seis do PMDB. Desses, apenas três permanecem com mandato na Câmara, Paulo Rocha (PT-PA), Gervásio Silva (DEM-SC) e Aníbal Gomes (PMDB-CE). Por conta da campanha eleitoral, CartaCapital conseguiu contato com apenas um deles, Paulo Rocha. Via assessoria de imprensa, ele informou apenas não se lembrar de ter entrado ou não com alguma ação judicial contra a Decidir.com por causa da quebra de sigilo bancário.
Na época do ocorrido, a reportagem da Folha ignorou a presença societária na Decidir.com tanto de Verônica Serra, filha do candidato tucano, como de Verônica Dantas, irmã do banqueiro Daniel Dantas, dono do Opportunity. Verônica D. e o irmão Dantas foram indiciados, em 2008, pela Operação Satiagraha, da Polícia Federal, por crimes de lavagem de dinheiro, evasão de divisas, sonegação fiscal, formação de quadrilha, gestão fraudulenta de instituição financeira e empréstimo vedado. Verônica também é investigada por participação no suborno a um delegado federal que resultou na condenação do irmão a dez anos de cadeia. E também por irregularidades cometidas pelo Opportunity Fund: nos anos 90, à revelia das leis brasileiras, o fundo operava dinheiro de nacionais no exterior por meio de uma facilidade criada pelo BC chamada Anexo IV e dirigida apenas a estrangeiros.
A forma como a empresa das duas Verônicas conseguiu acesso aos dados de milhões de correntistas brasileiros, feita a partir de um convênio com o Banco do Brasil, sob a presidência do tucano Paolo Zaghen, é fruto de uma negociação nebulosa. A Decidir.com não existe mais no Brasil desde março de 2002, quando foi tornada inativa em Miami, e a dupla tem se recusado, sistematicamente, a sequer admitir que fossem sócias, apesar das evidências documentais a respeito. À época, uma funcionária do site, Cíntia Yamamoto, disse ao jornal que a Decidir.com dedicava-se a orientar o comércio sobre a inadimplência de pessoas físicas e jurídicas, nos moldes da Serasa, empresa criada por bancos em 1968. Uma “falha”no sistema teria deixado os dados abertos ao público. Para acessá-los, bastava digitar o nome completo dos correntistas.
A informação dada por Yamamoto não era, porém, verdadeira. O site da Decidir.com, da forma como foi criado em Miami, tinha o seguinte aviso para potenciais clientes interessados em participar de negócios no Brasil: “encontre em nossa base de licitações a oportunidade certa para se tornar um fornecedor do Estado”. Era, por assim dizer, um balcão facilitador montado nos Estados Unidos que tinha como sócias a filha do então ministro da Saúde, titular de uma pasta recheada de pesadas licitações, e a irmã de um banqueiro que havia participado ativamente das privatizações do governo FHC.
A ação do Decidir.com é crime de quebra de sigilo fiscal. O uso do CCF do Banco Central é disciplinado pela Resolução 1.682 do Conselho Monetário Nacional, de 31 de janeiro de 1990, que proíbe divulgação de dados a terceiros. A divulgação das informações também é caracterizada como quebra de sigilo bancário pela Lei n˚ 4.595, de 1964. O Banco Central deveria ter instaurado um processo administrativo para averiguar os termos do convênio feito entre a Decidir.com e o Banco do Brasil, pois a empresa não era uma entidade de defesa do crédito, mas de promoção de concorrência. As duas também deveriam ter sido alvo de uma investigação da polícia federal, mas nada disso ocorreu. O ministro da Justiça de então era José Gregori, atual tesoureiro da campanha de Serra.
A inércia do Ministério da Justiça, no caso, pode ser explicada pelas circunstâncias políticas do período. A Polícia Federal era comandada por um tucano de carteirinha, o delgado Agílio Monteiro Filho, que chegou a se candidatar, sem sucesso, à Câmara dos Deputados em 2002, pelo PSDB. A vida de Serra e de outros integrantes do partido, entre os quais o presidente Fernando Henrique, estava razoavelmente bagunçada por conta de outra investigação, relativa ao caso do chamado Dossiê Cayman, uma papelada falsa, forjada por uma quadrilha de brasileiros em Miami, que insinuava a existência de uma conta tucana clandestina no Caribe para guardar dinheiro supostamente desviado das privatizações. Portanto, uma nova investigação a envolver Serra, ainda mais com a família de Dantas a reboque, seria politicamente um desastre para quem pretendia, no ano seguinte, se candidatar à Presidência. A morte súbita do caso, sem que nenhuma autoridade federal tivesse se animado a investigar a monumental quebra de sigilo bancário não chega a ser, por isso, um mistério insondável.
Além de Temer, apenas outro parlamentar, o ex-deputado bispo Wanderval, que pertencia ao PL de São Paulo, se interessou pelo assunto. Em fevereiro de 2001, ele encaminhou um requerimento de informações ao então ministro da Fazenda, Pedro Malan, no qual solicitava providências a respeito do vazamento de informações bancárias promovido pela Decidir.com. Fora da política desde 2006, o bispo não foi encontrado por CartaCapital para informar se houve resposta. Também procurada, a assessoria do Banco Central não deu qualquer informação oficial sobre as razões de o órgão não ter tomado medidas administrativas e judiciais quando soube da quebra de sigilo bancário.
Fundada em 5 de março de 2000, a Decidir.com foi registrada na Divisão de Corporações do estado da Flórida, com endereço em um prédio comercial da elegante Brickell Avenue, em Miami. Tratava-se da subsidiária americana de uma empresa de mesmo nome criada na Argentina, mas também com filiais no Chile (onde Verônica Serra nasceu, em 1969, quando o pai estava exilado), México, Venezuela e Brasil. A diretoria-executiva registrada em Miami era composta, além de Verônica Serra, por Verônica Dantas, do Oportunity, Brian Kim, do Citibank, e por mais três sócios da Decidir.com da Argentina, Guy Nevo, Esteban Nofal e Esteban Brenman. À época, o Citi era o grande fiador dos negócios de Dantas mundo afora. Segundo informação das autoridades dos Estados Unidos, a empresa fechou dois anos depois, em 5 de março de 2002. Manteve-se apenas em Buenos Aires, mas com um novo slogan: “com os nossos serviços você poderá concretizar negócios seguros, evitando riscos desnecessários”.
Quando se associou a Verônica D. Na Decidir.com, em 2000, Verônica S. era diretora para a América Latina da companhia de investimentos International Real Returns (IRR), de Nova York, que administrava uma carteira de negócios de 660 bilhões de dólares. Advogada formada pela Universidade de São Paulo, com pós-graduação em Harvard, nos EUA, Verônica S. Também se tornou conselheira de uma série de companhias dedicadas ao comércio digital na América Latina, entre elas a Patagon.com, Chinook.com, TokenZone.com, Gemelo.com, Edgix, BB2W, Latinarte.com, Movilogic e Endeavor Brasil. Entre 1997 e 1998, havia sido vice-presidente da Leucadia National Corporation, uma companhia de investimentos de 3 bilhões de dólares especializada nos mercados da América Latina, Ásia e Europa. Também foi funcionária do Goldman Sachs, em Nova York.
Verônica S. ainda era sócia do pai na ACP – Análise da Conjuntura Econômica e Perspectivas Ltda, fundada em 1993. A empresa funcionava em um escritório no bairro da Vila Madalena, em São Paulo, cujo proprietário era o cunhado do candidato tucano, Gregório Marin Preciado, ex-integrante do conselho de administração do Banco do Estado de São Paulo (Banespa), nomeado quando Serra era secretário de Planejamento do governo de São Paulo, em 1993. Preciado obteve uma redução de dívida no Banco do Brasil de 448 milhões de reais para irrisórios 4,1 milhões de reais no governo FHC, quando Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-arrecadador de campanha de Serra, era diretor da área internacional do BB e articulava as privatizações.
Por coincidência, as relações de Verônica S. com a Decidir.com e a ACP fazem parte do livro Os Porões da Privataria, a ser lançado pelo jornalista Amaury Ribeiro Jr. Em 2011.
De acordo com o texto de Ribeiro Jr., a Decidir.com foi basicamente financiada, no Brasil, pelo Banco Opportunity com um capital de 5 milhões de dólares. Em seguida, transferiu-se, com o nome de Decidir International Limited, para o escritório do Ctco Building, em Road Town, Ilha de Tortola, nas Ilhas Virgens Britânicas, famoso paraíso fiscal no Caribe. De lá, afirma o jornalista, a Decidir.com internalizou 10 milhões de reais em ações da empresa no Brasil, que funcionava no escritório da própria Verônica S. A essas empresas deslocadas para vários lugares, mas sempre com o mesmo nome, o repórter apelida, no livro, de “empresas-camaleão”.
Oficialmente, Verônica S. e Verônica D. abandonaram a Decidir.com em março de 2001 por conta do chamado “estouro da bolha” da internet – iniciado um ano antes, em 2000, quando elas se associaram em Miami. A saída de ambas da sociedade coincide, porém, com a operação abafa que se seguiu à notícia sobre a quebra de sigilo bancário dos brasileiros pela companhia. Em julho de 2008, logo depois da Operação Satiagraha, a filha de Serra chegou a divulgar uma nota oficial para tentar descolar o seu nome da irmã de Dantas. “Não conheço Verônica Dantas, nem pessoalmente, nem de vista, nem por telefone, nem por e-mail”, anunciou.
Segundo ela, a irmã do banqueiro nunca participou de nenhuma reunião de conselho da Decidir.com. Os encontros mensais ocorriam, em geral, em Buenos Aires. Verônica Serra garantiu que a xará foi apenas “indicada”pelo Consórcio Citibank Venture Capital (CVC)/Opportunity como representante no conselho de administração da empresa fundada em Miami. Ela também negou ter sido sócia da Decidir.com, mas apenas “representante”da IRR na empresa. Mas os documentos oficiais a desmentem.

Leandro Fortes

Leandro Fortes é jornalista, professor e escritor, autor dos livros Jornalismo Investigativo, Cayman: o dossiê do medo e Fragmentos da Grande Guerra, entre outros. Mantém um blog chamado Brasília eu Vi. http://brasiliaeuvi.wordpress.com

Casa Civil, o Imbróglio Continua

Hiram Reis e Silva, Porto Alegre, RS, 17 de setembro de 2010.


Tenho vergonha de mim pela passividade em ouvir, sem despejar meu verbo, a tantas desculpas ditadas pelo orgulho e vaidade, a tanta falta de humildade para reconhecer um erro cometido, a tantos “floreios” para justificar atos criminosos, a tanta relutância em esquecer a antiga posição de sempre “contestar”, voltar trás e mudar o futuro.
(Cleide Canton)

Miriam Belchior, coordenadora-geral do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), vai substituir Erenice Guerra. Miriam foi casada, durante 10 anos, com Celso Daniel, ex-prefeito de Santo André. O assassinato do prefeito continua envolto em misteriosas circunstâncias e cada vez que uma testemunha ou alguém pretenda elucidá-lo é vítima de misteriosos “acidentes”. O último deles quase vitimou a Promotora de Justiça e professora de Direito Penal na PUCSP, Eliana Faleiros Vendramini Carneiro, responsável pela apuração do assassinato de Celso Daniel. Seu veículo capotou três vezes depois de ser abalroado repetidamente por um automóvel Gol, a promotora nada sofreu graças à blindagem e aos air-bags do carro. O Prefeito Celso Daniel, segundo se levantou na época, foi executado porque estaria atrapalhando o esquema de recebimento de propina de empresas de ônibus que financiavam as campanhas políticas do PT. O irmão de Celso Daniel, ameaçado de morte buscou refúgio na França, e segundo ele Miriam Belchior fazia parte do esquema. Miriam logo após a morte de Daniel foi remanejada para Brasília, onde se abrigou sob as asas de Lulla. A revista Veja, em 2005, fez uma interessante reportagem sobre o caso.

- Corrupção com recibo e extrato bancário

Revista Veja, Edição 1927, 19 de outubro de 2005

(...) Na tarde do dia 24 de janeiro de 2002, cinco dias depois do assassinato do prefeito, a empresária Rosângela Gabrilli, dona de uma empresa de ônibus em Santo André, procurou o Ministério Público para fazer uma denúncia grave. Segundo ela, os donos de companhias rodoviárias da cidade eram obrigados a contribuir para uma caixinha do PT. O valor do mensalão seria proporcional à quantidade de ônibus que cada empresário possuía, à razão de 550 reais por veículo. A própria Rosângela, dona da Expresso Guarará, pagava 40.000 reais todos os meses. A empresária apontou três responsáveis pelo esquema de cobrança. Sérgio Gomes da Silva, o “Sombra”, melhor amigo do prefeito. Klinger Luiz de Oliveira Sousa, ex-secretário de Serviços Municipais de Santo André, e Ronan Maria Pinto, sócio de Sérgio em três empresas, ele próprio um dos maiores concessionários do setor de transporte público na cidade. Em plena efervescência da campanha eleitoral, a denúncia foi desqualificada por vários petistas, que viram na atitude de Rosângela indícios de manobra eleitoreira. Mesmo assim, abriu-se uma CPI em Santo André e o Ministério Público foi chamado a investigar o caso.

A prova de que Rosângela falava a verdade veio em abril de 2003. A empresária encontrou no fundo de uma gaveta da Expresso Guarará, de sua propriedade, um fax datado de 30 de dezembro de 1998, em que se informava qual seria o valor da caixinha do mês – 100.000 reais – e qual parte caberia a cada uma das sete empresas de ônibus na cidade. No mesmo fax havia o número da conta bancária de Sérgio Gomes da Silva. Com base no fax, o Ministério Público pediu a quebra do sigilo bancário de Sérgio e constatou que havia depósitos na conta dele, na mesma data, exatamente nos valores discriminados no fax. (...)

I MISTÉRIO

Quem chefiava a quadrilha que arrecadava dinheiro para o PT em Santo André?
(...) O Ministério Público de Santo André localizou uma diarista que prestava serviços ao casal Ivone de Santana e Celso Daniel. Ela concordou em falar desde que seu nome não aparecesse nos autos. Certa vez, durante uma faxina no apartamento, a diarista encontrou três sacos de dinheiro escondidos sob um lençol. No dia seguinte, os sacos não estavam mais lá. (...) Em janeiro de 2002, uma semana antes do crime bárbaro, Celso resolveu ir ao restaurante Arábia, em São Paulo, para comemorar sua indicação a coordenador da campanha eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva, que considerava o ápice de sua carreira política. Convidou três companheiros petistas para o evento. O primeiro era Sérgio Gomes da Silva. O segundo, Klinger Luiz de Oliveira Sousa. (...)

II MISTÉRIO

Qual a real participação de José Dirceu e Gilberto Carvalho no esquema de corrupção da prefeitura petista?
(...) Segundo a Testemunha Número Um, Gilberto Carvalho, um dos homens mais próximos de Lula na burocracia petista, sabia do esquema. Mais do que isso, Gilberto Carvalho teria dito à Testemunha Número Um que ele próprio teria sido por diversas vezes o portador do dinheiro da caixinha, que entregava pessoalmente ao presidente do partido, o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu. (...) João Francisco contou a mesma história envolvendo Gilberto Carvalho e José Dirceu à CPI dos Bingos. Em outro depoimento à mesma CPI, o irmão mais novo de Celso, Bruno, endossou a versão. De acordo com João Francisco, Miriam Belchior, a primeira mulher do prefeito, também sabia da história em seus detalhes. (...)

III MISTÉRIO

Por que o Ministério Público e a Polícia Civil chegaram a conclusões tão diferentes sobre o caso?
(...) O assassinato de Celso traumatizou Bruno. Entre as mágoas que guarda do episódio, uma se destaca: a que nutre pelo deputado petista Luiz Eduardo Greenhalgh, o qual teria tentado abafar, a todo custo, os rumores de que o crime contra Celso Daniel teria motivação política. É importante lembrar aqui que, no enterro do prefeito, o então candidato a presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um discurso emocionado, em que disse: “Esse crime não foi coincidência. Tem gente graúda por trás disso, e nós vamos descobrir quem é”. Dois meses depois, ninguém mais no PT queria saber de apurar o crime. (...) Os promotores passaram a suspeitar que podia haver algo mais do que crime comum. A possível conexão entre a corrupção na prefeitura petista e o assassinato, no entanto, só apareceria mais tarde. “Demos uma virada no caso, e a polícia se negou a investigar para não admitir que fizera um péssimo trabalho”, acusou o promotor José Reinaldo Carneiro – o mesmo que, recentemente, denunciou o escândalo de arbitragem no Campeonato Brasileiro de Futebol. A virada seria o depoimento de um outro bandido, Ailton Alves Feitosa. Ele é até hoje o maior indício de que as duas tramas da história policial – assassinato e corrupção – podem estar de alguma forma interligadas.

IV MISTÉRIO

Existe alguma relação entre as sete mortes ligadas ao caso?
(...) a Polícia Civil e o Ministério Público, finalmente, concordaram em alguma coisa relacionada ao caso Celso Daniel. Ambos trabalhavam com a hipótese de que o legista Carlos Delmonte Printes havia se suicidado. Na véspera, a polícia defendia a tese de morte natural por ataque cardíaco ou problemas pulmonares. A perícia do Instituto Médico Legal, no entanto, descartou causas naturais. (...) A morte de Delmonte é a sétima relacionada ao caso. Dos outros seis mortos, pelo menos três poderiam dar uma virada nas investigações. O mais importante era o bandido Dionísio Aquino Severo, um dos sequestradores de Celso Daniel. Na manhã de 17 de janeiro de 2002, dois dias antes da ação criminosa, Dionísio e mais dois amigos protagonizaram uma fuga espetacular. Eles tomavam sol no pátio do presídio Parada Neto, em Guarulhos, quando um helicóptero apareceu e os resgatou. Só não foi mais cinematográfico porque os guardas do presídio não reagiram. Estavam, como se diz no jargão dos bandidos, com “os fuzis entupidos” – ou seja, haviam recebido propina para facilitar a fuga. (...) Três meses mais tarde, o bandido seria preso em Maceió, onde tentava assaltar um banco. No dia 8 de abril foi levado ao delegado Tuma. Disse que sabia muito sobre o caso, mas só falaria se fosse possível negociar “condições especiais”. Não teve tempo para isso. Foi assassinado dois dias depois dentro do presídio do Belém, em São Paulo. Dois dos outros mortos guardavam relação com Dionísio. O primeiro era o bandido Sérgio “Orelha”, que escondera Dionísio logo depois da fuga do presídio. O outro, Otávio Mercier, investigador da Polícia Civil que procurava Dionísio depois da fuga e teria chegado a fazer um contato com ele por telefone. Ambos morreram assassinados a tiros. Antônio Palácio de Oliveira, garçom que serviu o último jantar de Celso Daniel no restaurante Rubaiyat, morreu quando, perseguido por dois homens, espatifou sua motocicleta num poste. Paulo Henrique Brito, testemunha que poderia ajudar a esclarecer as circunstâncias do acidente com o garçom, foi assassinado com um tiro vinte dias depois. A penúltima morte relacionada ao caso foi a de Iran Moraes Redua, o agente funerário que reconheceu o corpo de Celso Daniel, jogado numa estrada de terra em Juquitiba. Redua foi assassinado a tiros em novembro de 2004. (...) Sete mortes depois, resta como testemunha mais importante Aílton Alves Feitosa, um dos companheiros de Dionísio Aquino Severo na fuga do presídio Parada Neto.

V MISTÉRIO

Qual a relação entre o assassinato e o esquema de propina em Santo André?
(...) Foi com base principalmente nesse depoimento que Sérgio Gomes da Silva teve sua prisão preventiva decretada em dezembro de 2003, na condição de elemento de alta periculosidade. Klinger e Ronan escaparam por pouco. (...) De três desembargadores, dois votaram a favor da prisão e um pediu vistas ao processo. Na segunda votação, um dos desembargadores mudou de idéia e eles se salvaram. (...) Sérgio Gomes da Silva também foi solto. O juiz achou que não havia provas suficientes de que ele fosse o mandante do assassinato. De lá para cá, os personagens do caso Celso Daniel continuam levando vida normal. Quase todos eles, como José Dirceu, Gilberto Carvalho, Miriam Belchior, Maurício Mindrisz, Ronan Maria Pinto, Klinger Luiz de Oliveira Sousa e o próprio Sérgio Gomes da Silva, continuam participando de governos do PT, próximos ao PT ou fazendo negócios com o PT. Na semana passada, um relatório do Conselho de Defesa da Pessoa Humana, órgão ligado ao Ministério da Justiça, recomendou que se reabrisse o caso Celso Daniel. O parecer provocou ira no governo.

No Cemitério da Saudade, em Santo André, jaz um corpo embalsamado.



Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva
Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA)
Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS)
Acadêmico da Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB)
Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS)
Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional
Site: http://www.amazoniaenossaselva.com.br

Onças Assassinas do Pantanal

Por Hiram Reis e Silva, Porto Alegre, RS, 24 de agosto de 2010.


“Em geral, os tigres só atacam pessoas quando provocados ou para defender sua
comida ou seus filhotes. Em Sunderbans é diferente. Lá, os seres humanos viraram
o prato predileto dos grandes felinos. Os tigres descobriram que é muito mais fácil
atacar um pescador ou um lenhador desatento do que sair correndo atrás de animais
selvagens através da mata cerrada. ‘Quase todos os tigres daqui são comedores
de gente’, diz A.N. Bhattacharya, diretor da reserva. ‘O terreno é difícil para a
caça e os humanos tornam-se presas fáceis". (Miriam Jordan, de Annpur Hamlet)


- Domingão do Faustão - Aventura

“Lawrence Wahba e Haroldo Palo Júnior trouxeram para você neste Domingão Aventura curiosidades sobre um animal que é o maior predador carnívoro do Brasil: a onça! Isso mesmo, neste programa você pode tirar suas dúvidas e ficar por dentro realmente de como vive esse bicho e como ele se comporta.

Durante o quadro, João Victor, mineiro que estava passeando pelo Pantanal, entrou ao vivo para falar com Fausto, Lawrence e Haroldo sobre um acidente que sofreu com uma onça. Ele foi atacado pelo animal, que pulou no barco em que pescava e foi para cima dele. Os especialistas explicaram porque isso aconteceu e o que se deve fazer para evitar uma situação dessas”.

Vídeo: http://tvglobo.domingaodofaustao.globo.com/domingao-aventura

- Viagem Pelo Rio Amazonas - Paul Marcoy (1846)

“Um índio Ticuna e sua cara metade haviam saído de casa de canoa para ir a uma plantação que tinham na margem esquerda do Atacuary e lá abastecer-se de raízes. Assim que chegaram à margem, uma onça atacou o homem, que estava na parte dianteira da canoa. Seja que a fera tivesse errado a distância, ou o lodo embaraçado seu salto, aconteceu que ao invés de agarrar os ombros do selvagem, como certamente era sua intenção, ela só o atingiu na cabeça com a pata direita e, com as garras, literalmente escalpou o pobre coitado; este caiu inconsciente e sangrando no fundo da canoa enquanto a onça, com a cabeça fora d’água, a boca aberta e os olhos flamejantes, tentava abordar a canoa. Certamente o teria conseguido, não tivesse a mulher agarrado a lança do marido e, com as duas mãos, enterrado a arma na garganta da fera espetando-a como um frango; o animal caiu na água, debateu-se algum tempo e finalmente sucumbiu à empalação e à asfixia. Tendo-se livrado do inimigo, a mulher, ao invés de cair de joelhos e dirigir ao seu Deus Tupana um - ‘Obrigada, oh meu Deus’, voltou a sentar na canoa, remou vigorosamente para casa e carregou o marido desmaiado para a rede.

O gesto heróico acontecera somente umas duas horas antes da nossa chegada à habitação dos Ticunas, para onde íamos impelidos pela fome. A ‘vírago’ (mulher robusta com estatura e forças de homem), mesmo ocupada em nos preparar bananas e outros alimentos, descreveu o episódio aos nossos homens, sem gesticular ou emocionar-se, como se tivesse sido um simples caso de rotina.

Enquanto eu fazia um esboço a lápis da Amazona, a minha hospedeira, cuja habilidade na cirurgia igualava a dos melhores profissionais, embebeu de aguardente o seu lenço de algodão, salpicou-o com sal e o enrolou na cabeça do Ticuna que jazia na rede ardente em febre. Não tenho notícias do que aconteceu depois”.

- Felinos “Comedores de Gente”

Nas nossas descidas pelos fantásticos caudais amazônicos colhemos, junto às populações indígenas e povos ribeirinhos, inúmeros relatos de ataques de onças a seres humanos. As “comedoras de gente” que foram capturadas após os ataques tinham alguns pontos em comum: eram velhas, fracas, aleijadas ou doentes demais para caçar animais silvestres ou, em alguns raros casos, seu habitat tinha sofrido a ação predatória do nativo e afugentado suas presas naturais.

No Programa referenciado, a alimentação dos animais, para que sejam mais facilmente avistados pelos turistas, vai torná-los mais lentos e menos aptos para desempenhar suas atividades predatórias e, raramente, os levarão a atacar seres humanos como foi mencionado. É uma colocação falsa, simplista, que mostra total desconhecimento da psicologia felina e dos relatos históricos de ataques anteriores destes animais. A realidade é que, depois de comprovar a vulnerabilidade de seu novo “alvo”, ela poderá se tornar especialista trazendo perigo para qualquer indivíduo que adentrar no seu território.

Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva
Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA)
Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS)
Acadêmico da Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB)
Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS)
Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional
Site: http://www.amazoniaenossaselva.com.br/