"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

sábado, maio 05, 2012

Barrageiros na Amazônia

carta capital – 05 maio 2012

 Delfim Netto

Organismos oficiais responsáveis pelo planejamento do setor energético estimam que mais de dois terços (70%, aproximadamente) do potencial ainda inexplorado para a produção de energia hidrelétrica no Brasil está na Amazônia. É nessa imensa região, onde “a terra brota das águas” (na feliz descoberta do jornalista Juan de Onis, veterano correspondente da imprensa europeia entre nós), que os brasileiros vão consolidar a autonomia energética que ajudará a garantir prosperidade, a integração econômica e um lugar no primeiro escalão das nações que vão dar as cartas neste mundo do século XXI.

O aproveitamento desse potencial recebeu um forte impulso em janeiro de 2011 com o início das obras das hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, no Rio Madeira, em Rondônia, que terão capacidade de acrescentar 6 mil megawatts à matriz energética brasileira. A primeira tem geração prevista para 2015, enquanto Jirau já está com 70% da obra em andamento e deve iniciar os testes operacionais no primeiro trimestre de 2013. Com menos de dois anos de trabalho – enfrentando as difíceis condições da Amazônia Oriental – a GDF Suez, empresa líder do consórcio Energia Sustentável do Brasil, preparava-se para começar os testes de geração no segundo semestre de 2012. Teve de reprogramá-los por causa dos conflitos trabalhistas que interromperam as atividades em duas ocasiões, já retomadas por sinal.

Na construção da Usina de Santo Antônio trabalham hoje 15 mil funcionários, a maioria ocupada nas obras civis. As obras da Usina Hidrelétrica de Jirau geraram 25 mil empregos diretos no auge dos trabalhos de construção da barragem. Na fase atual são 16 mil, com a diminuição do volume das obras civis. Um número expressivo desses trabalhadores foi contratado após rápido aprendizado, proporcionado pelas próprias empreiteiras. Dois aspectos importantes foram ignorados, de modo geral, nos relatos da mídia quando da divulgação dos incidentes nos canteiros de obras.

O primeiro diz respeito às dificuldades das empreiteiras para encontrar trabalhadores com experiência nesse tipo de obra, os chamados barrageiros, pelo simples fato de que entre 1985 (quando terminou a gigante Itaipu) e 2005 (quando o governo Lula conseguiu derrotar a oposição à construção de usinas na Amazônia), o planejamento das hidrelétricas foi abandonado no Brasil. Quem não se lembra do “apagão” energético de 2001? Em duas décadas sem obras importantes no setor, os barrageiros se dispersaram. Um capital humano precioso foi desperdiçado.

Outro aspecto é a falta de referência às barreiras naturais representadas pela distância dessa região dos centros urbanos, onde o trabalhador encontra o conforto a que está acostumado, com os problemas agravados pela necessidade de ficar longe da família, dos amigos. Os antigos barrageiros tinham adquirido um know-how valioso que lhes permitia superar os desconfortos da vida meio nômade.

No seu livro A História das Maiores Obras do País e dos Homens Que as Fizeram, Wilson Quintela, um executivo de grande valor que presidiu a Construtora Camargo Corrêa, descreve os barrageiros: “Trata-se de alguns milhares de homens e mulheres, de peões a engenheiros, de mestres de obra a cozinheiros que, à maneira dos antigos exércitos, se deslocam de barragem em barragem ao longo dos rios brasileiros, construindo as usinas que mantiveram o País aceso, com energia limpa, durante meio século”.

Impõe-se observar a natureza desses problemas quando persiste entre nós uma forma de oposição retrógrada, que tem encontrado meios de retardar (e até impedir) a exe-cução das obras projetadas para iluminar os povos amazônicos e possibilitar a produção de manufaturas, inclusive para exportação. Há novos caminhos para chegar aos portos peruanos no Pacífico e aos mercados do Caribe.

É imperioso dar andamento às obras das hidrelétricas de Belo Monte, no Xingu, no Rio Teles Pires, em Mato Grosso, e insistir na liberação dos licenciamentos para o complexo de usinas em São Luís do Tapajós, em território paraense. E é importante manter ocupados os novos barrageiros com o treinamento e a capacitação técnica que estão absorvendo na construção das usinas pioneiras do Rio Madeira.

Os brasileiros querem o cum-primento das leis de proteção ambiental e a audiência autêntica dos povos indígenas, mas não têm por que aceitar a chantagem de organizações financiadas com capital externo, cujo desejo, obviamente, não é o bem-estar dos naturais da Amazônia.

TNT

recebido por e-mail – 02 abr 2012

Para seu lançamento na Bélgica, o canal pago TNT colocou uma plataforma no meio de uma pracinha de um vilarejo, com um grande botão vermelho. No alto, um sinal:  "aperte o botão para adicionar drama".
Até que alguém apertou.
Vejam o que aconteceu. Só as reações dos transeuntes já valem o troféu: anúncio do ano.

quinta-feira, maio 03, 2012

Cientista político avalia os efeitos da atual crise de poder global

Video da entrevista à Zbigniew Brzezinski realizada por Luiz Fernando Silva Pinto no programa Milênio.

Zbiegniew Brzezinski

Le Brésil émergent, un géant du XXIe siècle ?

Par Axelle DEGANS*, le 21 avril 2012


Agrégée d’histoire, est auteur du livre Les pays émergents : de nouveaux acteurs, Ed. Ellipses, collection CQFD, 2011. Professeure d’histoire, de géographie et de géopolitique en classes préparatoires économiques et commerciales

Pays des cycles économiques, le Brésil faisait figure, il y a peu encore, de grand pays du Tiers Monde. Ce géant latino-américain passe du "jaguar" au "grand émergent" et incarne peut-être même l’avenir du monde dans des domaines stratégiques. Cette émergence contribue au basculement du monde, les lignes bougent en sa faveur.

Un pays qui dispose de nombreux atouts

LE BRESIL est un géant tropical, il couvre 47% de l’Amérique du Sud à lui seul. Il s’inscrit donc dans les « grands » pays après la Russie, le Canada, la Chine et les Etats-Unis. Cette immensité est longtemps un handicap comme le révèle l’occupation humaine essentiellement littorale jusqu’à l’intériorisation avec la création de Brasilia au début des années 1960. Elle devient un atout en termes de profondeur stratégique et de possibilités hors normes.
La richesse du Brésil est d’abord minérale avec 8% des réserves mondiales de minerai de fer (principale ressource du pays), 12% des réserves mondiales de bauxite, mais aussi du manganèse, du chrome, du zinc, du cuivre, du plomb, du nickel du tungstène… Le projet de la « Grande Carajas » des années 1980 exploite l’un des plus grands gisements mondial de minerai dont la teneur en fer est exceptionnelle, et contient aussi plus marginalement du cuivre, du nickel, de la bauxite, de l’étain… Cette image d’eldorado, le Brésil la doit aussi aux diamants et à l’or.
Il dispose de produits énergétiques : charbon, gaz naturel et même pétrole pour lequel il est autosuffisant dès 2006. Il met en valeur de façon marginale des schistes bitumineux (Paraná). L’hydroélectricité est un vrai atout, le Brésil ayant tiré parti de son exceptionnel potentiel grâce à la mise en service des centrales d’Itaipu sur le Paraná (à la frontière avec l’Argentine et l’Uruguay) et de Tucurui sur le Rio Tocantins en Amazonie.
L’abondance des terres et la variété climatique sont les bases de « la ferme du monde » même si la pauvreté des sols tropicaux est un handicap. Le Brésil est devenu un géant agricole. Il est un grand producteur de canne à sucre, de soja , de maïs, d’agrumes, de riz, mais aussi de café, de blé, les productions sont aussi animales : 204 millions de têtes de bovins, des ovins, des poulets
La population brésilienne est métissée, issue en grande partie de l’immigration européenne et africaine. Avec un accroissement démographique de 1%, cette population est encore dynamique et optimiste car selon l’enquête du Pew Research Certer (2011) 50% des Brésiliens croient en l’avenir contre 26% des Français. Un optimisme qui pousse à consommer et participer à l’affirmation du Brésil en tant que grande puissance… Au Brésil, on pense que « Dieu est brésilien ».

Ses performances économiques sont un support à des ambitions géopolitiques

Il est un leader dans le secteur agroalimentaire avec CUTURALE pour le jus d’orange ou BRASIL FOODS pour la production de la viande de volaille et de porc. Son expertise dans les agrocarburants (éthanol à partir de canne à sucre) est bien connue.
PETROBRAS, symbolise un capitalisme brésilien triomphant, réalise en septembre 2010 à Wall Street et Sao Paulo la plus forte augmentation de capital de l’histoire (51,7Md de $), et s’affirme auprès des Majors anglo-saxonnes du pétrole.
Le Brésil est aussi un géant de la production des minerais avec VALE (ex CVRD), 2ème entreprise mondiale de son secteur rivalisant avec BHP Billiton. 1er exportateur mondial de fer, cette entreprise est désormais implantée dans 30 pays et emploie près de 120 000 salariés.
Le Brésil est le berceau d’entreprises que le Boston Consulting Group qualifie de « challenger » comme GERDAU (sidérurgie) ou EMBRAER, 3ème constructeur aéronautique mondial.
Après une « décennie perdue » pour toute l’Amérique latine, le président de la République fédérative du Brésil Fernando Cardoso améliore les indicateurs économiques (l’inflation, croissance économique moyenne de 2.7% entre 1990 et 2002). En 2002, Luiz Inacio Da Silva « Lula » est élu à la tête du pays, cet ancien ouvrier métallurgiste, fils de paysan, incarne l’aventure collective de tout un peuple. Ce 1er président brésilien de gauche choisit la voie de l’orthodoxie économique qu’il double d’une politique sociale en faveur des plus démunis avec les programmes de « Fome zero » pour améliorer l’accès à l’alimentation des plus pauvres (programme récompensé par la FAO car la malnutrition a reculé de 70%) et de la « Bolsa familia » (12$ par mois par enfant scolarisé, concerne 12 millions de ménages). Le salaire minimum est, lui, augmenté de plus de 50%, le Brésil vit la plus forte réduction de la pauvreté de son histoire.
La force de la croissance chinoise explique aussi les performances économiques brésiliennes. Par l’importance de ses achats, Pékin contribue à l’enchérissement du cours des matières dont le Brésil est riche et qu’il lui vend. La situation économique s’améliore, le Brésil peut alors rembourser par anticipation ses dettes envers le FMI, belle revanche sur les années 1980. La croissance économique moyenne depuis 2005 se situe autour de 5%, et 7,5% en 2010 mais 3,8% en 2011. Le FMI prévoit 3,5% pour 2012 et 2013. Les fondamentaux économiques sont solides, le pays apparait comme « sûr » pour les investisseurs.
Ses résultats économiques, combinés à la politique sociale provoquent l’accroissement de la classe moyenne qui représenterait aujourd’hui 50% de la population brésilienne (selon l’étude de la fondation Getulio Vargas). La hausse durable de la consommation (facilitée par un recours plus facile au crédit) et l’expansion du marché intérieur génèrent de nouveaux emplois… un cercle vertueux donc.
Après l’échec du modèle autocentré, le Brésil s’ouvre au monde. Sa bonne santé économique l’aide à être perçu, et à se percevoir lui-même, comme un « gagnant » de la mondialisation, à Brasilia la crise actuelle a même été qualifiée de «  vaguelette  » !
Puissance démographique, cœur du MERCOSUR, le Brésil fait figure de leader d’une Amérique du Sud stabilisée, Lula en étant l’incarnation bien plus qu’Hugo Chavez.
Les déplacements diplomatiques de Lula sont très nombreux au Nord comme au Sud. Le Brésil active ses liens avec le monde lusophone et valorise ses racines africaines tout en s’affichant comme un « grand » émergent appartenant aux BRIC’s.

Le Brésil a-t-il seulement les moyens d’être un des leaders du XXIème siècle ?

La stature internationale du Brésil passe d’abord par une bonne assise régionale. Lula s’est rapproché de H. Chavez et s’est engagé dans l’UNASUR (Union des nations sud-américaines). Cette priorité donnée à ses voisins permet à Brasilia d’animer une position de fermeture face au projet de ZLEA.
Lula œuvre beaucoup à la coopération Sud-Sud. En 2003, T. MBEKI, Lula et M. SINGH fondent une alliance, ISBA, entre des puissances émergentes, multiculturelles et démocratiques. Leur fronde à l’OMC à CANCUN en 2003 face à l’Union européenne et aux Etats-Unis est un succès.
En 2009, une nouvelle alliance se concrétise, les BRIC (Brésil, Russie, Inde, Chine) « aristocratie émergente dont le but est de se faire coopter par les pays développés au détriment d’autres pays rivaux  » (Z. LAÏDI). Il s’agit ici de modifier l’équilibre géopolitique des grandes instances internationales (FMI, OMC, Banque Mondiale…) en leur faveur. Ce quatuor est pourtant formé de pays que les ambitions rassemblent mais les intérêts séparent. La Chine ne souhaite pas voir le Brésil obtenir un siège au Conseil de sécurité de l’ONU, Brasilia commence à se méfier des « ombres chinoises » qui planent sur le continent sud-américain et le désindustrialisent.
Sans se fâcher avec Washington, Brasilia veut contrer son influence en se rapprochant de l’UE avec laquelle il partage des liens historiques et culturels. Ensemble, ils relancent en 2010 des négociations pour créer la plus vaste zone de libre-échange (750 millions de personnes), alors qu’une coopération militaire et technologique entre la France et le Brésil (50 hélicoptères, 4 sous-marins, la construction d’une base navale près de Rio) lui permet de profiter de transfert de technologie et d’afficher de nouvelles prétentions dans le domaine stratégique, comme la Chine et l’Inde, un hard power.
Le Brésil est un adepte du soft power. Il n’y a plus de sommet international sans qu’il y soit invité. Il aspire à jouer un rôle nouveau à l’image de la médiation qu’il mène avec la Turquie sur le dossier du nucléaire iranien, contrant ainsi les EU d’Obama… Dans son discours du 1er mars 2012 face aux chefs d’entreprise, Dilma Rousseff dénonce la « guerre des monnaies » en particulier l’avalanche de dollars qui arrive au Brésil et enchérit le real.
Le Brésil serait-il aussi une solution à nos problèmes ? Selon Eike BATISTA (homme le plus riche du pays) « Le Brésil détient tout ce dont le monde a expressément besoin ». L’Amazonie peut apparaitre comme une solution. Les firmes pharmaceutiques y recherchent des plantes rares pour guérir l’humanité de ses maux. Les gouvernements successifs ont espérer y trouver une solution pour les paysans sans terre, les laissant défricher une partie de la forêt.
Le Brésil cultive moins de 10% de sa superficie et reste marqué par l’héritage colonial de la mise en valeur extensive. Le pays peut donc progresser en intensifiant davantage sa production agricole, surtout l’élevage car un bovin dispose en moyenne d’1 ha… Le Brésil dispose d’environ 100 millions d’ha de terres arables non exploitées voire 200 selon d’autres études. Le Brésil, une solution à la crise alimentaire mondiale ?
Le Brésil, une solution dans un monde assoiffé d’énergie ? En 2007 est découvert Pré sal, une nappe longue de 800 km au large de Santos et Rio mais à plus de 7 000 mètres sous l’eau, elle livre son pétrole depuis 2011 et devrait livrer 2 millions de barils/jour vers 2020. Le potentiel en énergie renouvelable est aussi réel pour le solaire ou l’éolien. En résumé, « Dieu a décidé de passer au Brésil, il ne veut plus partir » Lula.

Une solution pour des sociétés confrontées à des marchés européens en berne ?
PSA va y doubler son usine pour à terme fabriquer 400 000 voitures par an à Porto Real imitant Toyota, Chevrolet ou Hyundai.
Etre une solution aux problèmes du XXIème siècle est-il suffisant pour être un leader ?
A l’échelle régionale le MERCOSUR semble aujourd’hui bloqué, notamment en raison de l’asymétrie liée au poids du Brésil en Amérique du Sud. Ses voisins dénoncent son attitude impérialiste (colonisation agricole du Paraguay…) et multiplient les accords commerciaux hors-MERCOSUR. 

La base régionale du Brésil est donc moins solide qu’il n’y parait.
Le Brésil peut-il être un acteur global ? Brasilia cherche à obtenir un siège de membre permanent au conseil de sécurité de l’ONU, dépêche ses troupes à Haïti, appartient au G20, aux BRIC’s… . Héraut du multilatéralisme, désendetté envers le FMI, médiateur entre les puissances du Nord et les pays du Sud, « gagnant » de la mondialisation, le Brésil se pose comme un leader du XXIème, et pourtant…
Le Brésil se convertit au multilatéralisme quand cela l’arrange, sinon préfère les relations bilatérales… 

Le leadership impose aussi des responsabilités, le Brésil est-il vraiment apte à les prendre ? Il n’a pas de monnaie capable de remplacer le dollar, il n’a pas non plus encore la capacité de proposer des solutions aux grands problèmes actuels, l’échec sur le dossier iranien le souligne. La hausse récente de son budget militaire ne laisse par pour autant prévoir une substitution à l’armée américaine dans le monde.
L’émergence du Brésil contribue au basculement du monde, les lignes bougent en sa faveur, le Brésil est en passe d’obtenir une meilleure place dans l’architecture mondiale, sans pour autant rechercher un leadership que ni les grandes puissances occidentales, ni la Chine ne sont prêts à lui laisser.

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