"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

sábado, outubro 18, 2008

Rússia e China fixam finalmente fronteiras

darussia.blogspot.com - 14/10/08



A Rússia e a China resolveram definitivamente a questão das fronteiras, refere um comunicado hoje publicado em Moscovo pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia.


Os Ministérios dos Negócios Estrangeiros dos dois países trocaram hoje notas que confirmam a entrada em vigência do Protocolo Adicional de Descrição da Fronteira Estatal Russo-Chinesa na Sua Parte Oriental.


“Este acontecimento conclui o estabelecimento e fixação jurídicos de toda a linha da fronteira russo-chinesa numa extensão de mais de 4.300 quilómetros. A questão fronteiriça, que a Rússia e a China receberam como herança histórica, foi definitiva e completamente resolvida. Os guarda-fronteiras da Rússia e da China começaram já a patrulhar a fronteira estatal fixada”, de acordo com o comunicado.


A cerimónia de entrega dos territórios litigiosos - a ilha de Tarabarova e parte da ilha do Grande Ussuri - pela Rússia à China decorreu hoje nos arredores da cidade russa de Khabarovsk, no Extremo Oriente.


Essas duas parcelas de território, bem como a ilha Grande, no rio Argun, região de Tchita, foram entregues a Pequim em conformidade com o Protocolo Adicional assinado na capital chinesa a 14 de Outubro de 2004.


A cerimónia de hoje teve lugar quatro anos depois da assinatura do referido documento, contribuindo para que o território chinês aumentasse 174 quilómetros quadrados e a China ficasse 50 quilómetros mais perto de Khabarovsk.


Segundo o Kremlin, os territórios entregues à China tinham, na era soviética, grande importância estratégica devido ao perigo de confrontos militares entre soviéticos e chineses.


Actualmente - considerou - a situação mudou radicalmente e a ilha Tarabarova pode passar a chamar-se Dragão de Prata e a parte ocidental da ilha Grande Ussuri, Urso Preto em chinês.


“A solução da questão fronteiriça herdada da história pela Rússia e a China baseia-se nos tratados sino-russos existentes sobre fronteiras, está conforme as normas do Direito Internacional, é o resultado de longas conversações no espírito da igualdade e encarna o alto nível e a especificidade das relações russo-chinesas de interacção e parceria estratégicas”, declarou o representante do MNE da Rússia, Vladimir Maltsev, na cerimónia.


"Esta experiência mostrou à comunidade internacional um exemplo de solução de semelhantes questões por métodos diplomáticos”, disse.


"A fronteira russo-chinesa tornar-se-á uma faixa de paz, amizade e cooperação entre os dois países”, concluiu.


Esta decisão de Moscovo de ceder parte do seu território, por muito reduzida que seja, foi mal recebida por alguns sectores políticos russos que receiam a possibilidade de abrir um precedente perigoso, tendo em conta “os apetites de Pequim”.


Rússia mostra que ainda tem pólvora nos paióis

darussia.blogspot.com - 12/10/08




Enquanto a economia mundial se afunda numa das suas mais graves crises, os submarinos russos descem às profundezas de mares e oceanos e disparam mísseis que vão atingir alvos a muitos milhares de quilómetros de distância.
Parafraseando um ditado russo, diríamos que a Rússia mostrou que ainda tem muita pólvora nos seus paióis para queimar.
Pois bem, logo de manhã, o Presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, anunciou que o míssil balístico intercontinental Topol, lançado hoje do Norte da Rússia, atingiu o alvo no polígono Kura, no Extremo Oriente do país.
“Acabaram de me informar que a ogiva do míssil Topol caiu na zona do polígono Kura”, declarou Medvedev num encontro com a unidade militar que realizou o lançamento do míssil a partir do Cosmódromo Plisetski.
O Presidente russo sublinhou que a “tarefa foi realizada, e realizada com qualidade”, acrescentando que “isto mostra que a nossa tecnologia funciona, tal como tinha sido planeado”.
Medvedev aproveitou a oportunidade para declarar que a Rússia “irá reforçar a sua componente de combate”.
“Claro que iremos optar por novos tipos de forças e meios de combate. Mas também é claro que continuaremos a realizar lançamentos dos tradicionais mísseis balísticos, que temos à nossa disposição”, afirmou.
“A sua eficácia foi demonstrada pelo tempo, e isso é muito bom, isso mostra que o nosso escudo está em ordem”, concluiu.
O Topol é um míssil balístico que possui um alcance extremamente elevado (superior a 5.500 km) e pode portar armas nucleares.
Algumas horas depois, foi anunciado mais um recorde das armas russas.
O submarino nuclear Tula, da Armada do Norte da Rússia, lançou pela primeira vez, a partir do Mar de Barentz, um míssil balístico Sineva contra um alvo no Oceano Pacífico.
O lançamento foi presenciado pelo Presidente Medvedev a bordo do cruzador Admiral Kuznetsov.
“Pela primeira vez na história da Marinha da Rússia, o lançamento foi feito não para o habitual polígono Kura, na Kamtchatka, mas para a região equatorial do Oceano Pacífico. Trata-se de verificar o nível de preparação das forças nucleares navais com o lançamento de um míssil balístico a uma distância aumentada, no quadro das manobras estratégicas Stabilnost-2008”, anunciou Igor Digalo, porta-voz da Marinha russa.
Segundo ele, “todas as medidas de segurança foram respeitadas e foram encerradas à navegação aérea e naval regiões do Oceano Pacífico durante o lançamento do míssil”.
“Durante um dos episódios das manobras, realizou-se o lançamento de um míssil intercontinental Sineva de longo alcance. Devido ao êxito do lançamento, foi fixada a distância de 11 547 quilómetros. É o melhor resultado alcançado por um míssil balístico deste tipo”, considerou o Presidente Medvedev.
“O que nós vimos é uma garantia para um longo período no futuro. Hoje, ainda ninguém mostrou resultados semelhantes em distância”, sublinhou o dirigente russo, que é também comandante supremo das FA da Rússia.
Além disso, durante as manobras, “o navio de combate a submarinos Admiral Levtchenko rechaçou ataques de um submarino inimigo com o emprego de armas anti-torpedo”.
O mesmo Igor Digalo anunciou que dois submarinos nucleares da Marinha da Rússia lançaram com êxito, a partir do Mar do Norte e do Pacífico, mísseis balísticos.
“Os lançamentos foram feitos quando os submarinos se encontravam submersos”, sublinhou. O submarino nuclear Zelenograd lançou um míssil do Mar de Okhotsk, no Extremo Oriente russo.
“O lançamento visou um alvo que se encontrava no polígono Tchija, no Norte da Rússia”, declarou Digalo.
“Por sua vez, o lançamento de outro míssil, também de posição submersa, foi realizado pelo submarino Ekaterimmburg, da Armada do Norte. O lançamento foi feito das profundezas do Mar de Barentz e atingiu o alvo no polígono Kura, na Kamtchatka”, acrescentou.
Igor Digalo sublinhou que “as ogivas dos mísseis atingiram os alvos em ambos os polígonos”.
Ao fim da tarde, chegou a notícia de que tripulações de dois aparelhos da aviação estratégica russa realizaram, no quadro das manobras militares Stabilnost-2008, pela primeira vez depois do fim da União Soviética, lançamentos de mísseis de cruzeiro, informou o Serviço de Imprensa da Força Aérea da Rússia.
“As tripulações dos aviões Tupolev-95MC e Tupolev-160 da aviação de longo alcance levantaram voo, hoje de manhã, de aeródromos para treinar lançamentos tácticos e práticos de mísseis de cruzeiro e realizar manobras com vista à preparação dos aparelhos para participar na liquidação de conflitos armados, de actividade terrorista, de catástrofes naturais e tecnogénicas, na dissuasão estratégica, na garantia da segurança da Federação da Rússia. As tripulações estiveram no ar 11 horas”, lê-se no comunicado publicado.
Segundo o Serviço de Informação da Força Aérea da Rússia, “os mísseis de cruzeiro de treino atingiram com precisão os alvos no polígono”.
“A particularidade do exercício militar de hoje consistiu em que, pela primeira vez depois do fim da URSS, foi lançado um conjunto completo de mísseis de cruzeiro a partir de cada um dos aviões que participou nas manobras”, sublinha o comunicado.
Os aviões realizaram também uma missão de patrulhamento planeada nos Oceanos Glaciar Árctico e Atlântico.
“Os aparelhos da aviação de longo alcance foram acompanhados, durante o voo, por caças da NATO. As tripulações treinaram também o reabastecimento dos aviões no ar”, informa a Força Aérea russa.

PRESIDENTE LULA, DETONE O ORÇAMENTO E O MEIRELLES



Conversa Afiada - 17/10/2008 21:18



Keynes: crises econômicas não se corrigem
a si mesmas; o Estado tem que ajudar

Paulo Henrique Amorim

. Quando o Presidente Lula voltar, encontrará o Brasil na antevéspera de uma desaceleração econômica induzida pela ideologia e pela incompetência do Banco Central.

. O presidente do BankBoston, no exercício da presidência do Banco Central, continua a irrigar os bancos de dinheiro.

. E os bancos sentados em cima da liquidez, empoçados, sem emprestar.

. O presidente o Banco Central deveria ser o Felipão, para enquadrar os bancos.

. Clique aqui para ler.

. Ao mesmo tempo, os ideólogos/teólogos do Banco Central e do neoliberalismo continuam a dizer que é preciso segurar os gastos: está na hora de ser austero, dizem os contadores da Escola de Chicago/Pinochet.

. É exatamente o contrário.

. Está na hora de detonar o Orçamento e gastar, para não deixar a economia cair no precipício em que o Meirelles pretende enterrá-la.

. Depois, se cuida do déficit, do superávit e desses instrumentos criados para fazer a economia funcionar.

. O risco no mundo não é de inflação, mas de DEFLAÇÃO !

. Está na hora de seguir o Paul Krugman, que recomenda a mesma coisa para os americanos – clique aqui.

. E o Financial Times, que publicou uma elegia a Keynes: “as idéias de Keynes são cada vez mais relevantes” – clique aqui.

CARTA CAPITAL: DIRCEU ERA AGENTE DUPLO


Conversa Afiada - 17/10/2008 17:03



José Dirceu já trabalhava para o outro lado

Paulo Henrique Amorim

. A revista Carta Capital que chegou às bancas nesta sexta-feira, dia 17, em São Paulo, tem uma entrevista de Paolo Manzo com Giuliano Tavaroli, que acaba de lançar na Itália o livro Spie (Espiões).

. Tavaroli trabalhava para a Telecom Itália e conta que sua empresa contatou José Dirceu para enfrentar Daniel Dantas, assim que o Presidente Lula assumiu.

. Só que logo se descobriu que José Dirceu tinha passado para o lado de Daniel Dantas.

. Tavaroli trata também do leilão da Telebrás, de Naji Nahas e de “para tratar com um bandido é necessário um bandido”.

Clique aqui para ir ao site da revista Carta Capital e ler um trecho da entrevista de Tavaroli a Paolo Manzo.

Clique aqui para ler "Queiroz sabe tudo do Dirceu".

SERRA ADMINISTROU A CRISE NA GLOBO. ELE SE ESQUECEU DA RECORD

Conversa Afiada -17/10/2008 08:34




Paulo Henrique Amorim

. A guerra entre policiais civis e militares de São Paulo na porta do Palácio do Governador começou às duas da tarde de ontem.

. No meio da tarde, o José Luiz Datena, da Bandeirantes, achou que José Serra tinha fugido do Palácio.

. Serra ficou quieto.

. Às 18 horas, quatro horas depois de a crise eclodir, Serra entrou por telefone com Datena para botar a culpa no PT.

. O que Serra fez antes de falar ao Datena e depois ?

. Serra administrou a Globo.

. Permitiu que o Tramontina, do jornal local da Globo, instalasse um telão no Palácio e entrou ao vivo, de dentro do Palácio, na Globo.

. Serra botou a culpa no PT, na Força Sindical, e disse que não pode dar aumento por causa da crise do sub-prime americano.

. O Tramontina, repórter diligente e investigativo, entrevistador tenaz, daqueles de que a Globo gosta, não perguntou por que o salário do policial de São Paulo é o pior do Brasil.

. Clique aqui para ver: Pior Salário Do Brasil – PSDB.

. Tramontina não fez como uma repórter da CBN – como “protesto eleitoreiro”, se a eleição é municipal e quem dá aumento a policial é o Estado ?

. Eleição, qual, a de 2010 ?

. Depois, veio o jornal nacional.

. No jornal nacional, Serra é o Ali Kamel, quando quer.

. Aliás, o Ali Kamel é o Serra quando é preciso.

. Quando houve o escândalo das ambulâncias, em 2006, que o PiG transformou em escândalo dos aloprados, o Ali Kamel, no papel de José Serra, disse “para nós, essa fita não existe”.

. É a fita em que aparecem os repórteres na patranha com o delegado Bruno, para exibir a foto do dinheiro.

. O repórter da Globo na questão dos aloprados, em 2006, era o Rodrigo Bocardi, aquele da moedinha na pista em Congonhas, da moedinha que provocou a tragédia da TAM.

. Clique aqui para voltar aos dias que precederam a eleição no primeiro turno, em 2006: “o primeiro golpe já houve, falta o segundo”.

. Clique aqui para ler a transcrição de um discurso do Serra, quando ministro da Saúde, para os quadrilheiros da venda de ambulâncias.

. Clique aqui para ler sobre o delegado Bruno. Cadê o delegado Bruno ?.

. Aliás, o Serra, tentou remontar agora o golpe dos aloprados: e na entrevista ao jornal nacional disse que o PT é sempre assim: na véspera da eleição entra com uns aloprados.

. Os aloprados de agora são os policias que ganham o Pior Salário Do Brasil ...

. (Por falar nisso, de onde veio o dinheiro trocado, de notas miúdas, dos aloprados ?

. Aquilo só pode ter vindo de empresa de ônibus, bingo ou metrô.

. Metrô ?

. De onde veio ?)

. Aí, entrou no ar o jornal nacional.

. O jornal nacional NÃO abre com a guerra civil.

. É mais ou menos como ignorar o desastre da Gol, para não desarrumar o jornal nacional que desancou o Lula e levou a eleição para o segundo turno, em 2006.

. A segunda matéria do jornal nacional tinha a assinatura da repórter Mariana Ferrão.

. Ela fez a matéria que o Serra mandou fazer – pela mão do Ali Kamel.

. Essa menina vai longe ...

. A matéria começa com um ônibus da Força Sindical.

. E termina com uma interminável – aproximadamente 48 minutos e 39 segundos – entrevista “exclusiva” do Serra.

. Serra deve ter achado que ganhou a crise.

. É assim que os tucanos transformam São Paulo – a “Chuiça brasileira” – clique aqui para ler sobre a “Chuiça” brasileira – numa Limoeiro do Coronel Chico Heráclito (clique aqui para saber quem foi o Coronel Chico Heráclito).

. Os tucanos governam São Paulo com o PiG.

. Com a Globo.

. E a Globo segue a máxima do Roberto Marinho: o importante não é o que eu publico – é o que eu NÃO publico.

. A Globo não fala dos salários, do Pior Salário Do Brasil – PSDB.

. A Globo não fala que essa batalha dos policiais civis dura um ano.

. Que o Estado, desde Mário Covas, não dá aumento: dá gratificação que o policial perde quando vai para casa.

. Que essa é segunda greve em um ano.

. Que os policiais mandaram fazer um comercial em que pedem para o Governador os atender, COMPRARAM ESPAÇO NA GLOBO E A GLOBO NÃO EXIBIU O COMERCIAL !!!

. Clique aqui para ver o comercial dos policiais que a Globo não exibiu, mesmo pago.

. Que o Serra quer fazer com o aumento dos policiais o que tentou fazer com o dinheiro das universidades: caixinha para a posse em 2010 na Presidência da República.

. E só mudou de idéia – será que mudou mesmo ? –, porque os alunos e professores das universidades estaduais entraram em greve.

. Quando o jornal nacional saiu do ar, Serra deve ter achado que a crise tinha acabado.

. Como dizia o ACM, patrono do Kassab: “Só existe se o jornal nacional deu”...

. O Serra só se esqueceu de uma coisa: da Record.

. Enquanto o Tramontina, o entrevistador infatigável, dava 18, a Record, com o Gotino e o Percival de Souza, dava 17 !

. 18 a 17 !

. Na Globo, Tramontina “aperta” o Serra.

. O Tramontina fazia perguntas dificílimas.

. E, na Record, um policial civil dá um tabefe na cara de um tenente coronel da PM, a boina do tenente-coronel voa e o policial civil foge do vídeo.

. 17 a 18 !

. Kamel, Ferrão, Tramontina, 18.

. O tabefe na cara do tenente-coronel, 17 ...

. E viva Limoeiro !

. Clique aqui para ler sobre as semelhanças entre José Serra e o Putin da Rússia. E clique aqui para ler que Serra é o último autoritário.

Pior Salário Do Brasil

Conversa Afiada - 17/10/2008 00:37



Policial durante protesto em frente
ao Palácio dos Bandeirantes.
PSDB - Pior Salário Do Brasil


A Operação Avalanche e o parajornalismo

Blog do Luis Nassif - 17/10/08

As matérias sobre a Operação Ventania – que prendeu Marcos Valério – mostram modo de operação similar ao de Daniel Dantas. Como se sabe, Valério trabalhou para Dantas durante anos, especialmente no período do “mensalão” (sua agência foi uma das “mulas” para financiamento tanto das campanhas de Eduardo Azeredo em Minas, quanto do “mensalão”, em Brasília). (clique aqui).

Pelo que se sabe da Ventania:

1. Há a montagem de um dossiê contra fiscais que autuaram a cervejaria Petrópolis.

2. Há a suspeita de pagamento por reportagens divulgando o dossiê.

3. Há pagamento de propina a delegados, para abrirem o inquérito contra os fiscais.

No episódio do Relatório da Telecom Itália:

1. Há a montagem de um dossiê manipulado sobre o relatório da procuradoria italiana sobre a Telecom Itália.

2. O relatório é utilizado por jornalistas e parajornalistas – especialmente Diogo Mainardi, da Veja – para levantar falsas denúncias contra adversários de Dantas.

3. Há o flagrante do pagamento de propina de um homem de Dantas e um delegado da Polícia Federal. Parte da “encomenda” consistia em indiciar desafetos de Dantas atacados pelas denúncias de Mainardi.

As dúvidas que ficam no ar:

Que tipo de benefício Mainardi recebeu para a divulgação das falsas denúncias – que serviriam para instrumentalizar futuros inquéritos contra as vítimas? Apenas tema para suas colunas? Sabendo-se que as colunas sobre temas de Dantas eram as de menor repercussão – de acordo com a relação de cartas recebidas pela Veja – pode-se acreditar que o interesse fosse apenas jornalístico?

Seja qual for o motivo, é hora da Polícia, Ministério Público e principalmente da própria imprensa, começar investigar suspeitas de envolvimento de jornalistas com o crime organizado. Se comprovada a culpa, limpa-se a mídia. Se não comprovada, afasta-se uma suspeita que compromete a própria credibilidade da revista e do grande pacto de silêncio em torno do tema Daniel Dantas.

Por anarquista

Umas das últimas colunas de Diogo Mainardi foi atacar Neto e Kaka.

O ex jogador de futebol e o atuante craque foram atacados,simplesmente,porque fizeram propaganda pra uma corretoras de valores.

E o por que disso?

Parece que não tem nexo, né?

Mas tem.

Seu companheiro de programa do Manhattam,Ricardo Amorim,voltou ao Brasil pra ser cooordenador de uma corretora de valores.E aí não preciso continuar( não é nenhuma das duas que os 2 jogadores fazem propaganda)

Honestamente:

Enxergo em DM um bobão.

Juro que não consigo detectar nele uma ideologia,uma venda de ''opinião'' ou até solicitar vantagens além do salário.

Tudo que ele escreve( no meu entender), tem 2 motivos:

1/ Seguir com espartanismo o que o dono da revista manda.

2/ Fazer um favor pra amigos( Ricardo e outros)

Não o vejo do tipo aproveitador ou chantagista.Minha leitura dele, é de uma pacata pessoa sem nenhum caráter jornalistico.

Bobão mesmo.

É evidente que foi contratado pra isso.O grande erro do NASSIF(sistemático) é acusa-lo.Quem deve ser acusado é o Civita.

Mainardi é só laranja bobão.E de vez em quando até bonzinho.

Ou Ricardo Amorim( ou empresa que trabalha) pagou alguma coisa pro camisa azul ( só tem essa camisa?) escrever isso?

Claro que não.

No fundo no fundo, tenho pena dele.

A OBSESSÃO PELO CRESCIMENTO

Site do Azenha - Atualizado e Publicado em 17 de outubro de 2008 às 09:44

do site da BBC

Em plena crise global, com governos e mercados preocupados com uma possível recessão mundial, a revista especializada britânica New Scientist foi às bancas nesta semana com uma capa na qual defende que a busca por crescimento econômico está matando o planeta e precisa ser revista.

Em uma série de entrevistas e artigos de especialistas em desenvolvimento sustentável, a revista pinta um quadro em que todos os esforços para desenvolver combustíveis limpos, reduzir as emissões de carbono e buscar fontes de energia renováveis podem ser inúteis enquanto nosso sistema econômico continuar em busca de crescimento.

'A Ciência nos diz que se for para levarmos a sério as tentativas de salvar o planeta, temos que remodelar nossa economia', afirma a revista.

Segundo analistas consultados pela publicação, o grande problema na equação do crescimento econômico está no fato de que, enquanto a economia busca um crescimento infinito, os recursos naturais da Terra são limitados.

'Os economistas não perceberam um fato simples que para os cientistas é óbvio: o tamanho da Terra é fixo, nem sua massa nem a extensão da superfície variam. O mesmo vale para a energia, água, terra, ar, minerais e outros recursos presentes no planeta.

A Terra já não está conseguindo sustentar a economia existente, muito menos uma que continue crescendo', afirma em um artigo o economista Herman Daly, professor da Universidade de Maryland e ex-consultor do departamento para o meio ambiente do Banco Mundial.

Para Daly, o fato de o nosso sistema econômico ser baseado na busca do crescimento acima de tudo, faz com que o mundo esteja caminhando para um desastre ecológico e também econômico, dadas as limitações dos recursos.

'Para evitar este desastre, precisamos mudar nosso foco do crescimento quantitativo para um qualitativo e impor limites nas taxas de consumo dos recursos naturais da Terra', escreve.

'Nesta economia de estado sólido, os valores das mercadorias ainda podem aumentar, por exemplo, por causa de inovações tecnológicas ou melhor distribuição. Mas o tamanho físico dessa economia deve ser mantido em um nível que o planeta consiga sustentar', conclui Daly, que compara a atual economia a um avião em alta velocidade e a sua proposta a um helicóptero, capaz de voar sem se mover.

Reformar o capitalismo

Mas essas mudanças no sistema não serão fáceis. Em uma entrevista à revista, James Gustav Speth, ex-conselheiro do governo Jimmy Carter (1977-1981) e da ONU, afirma que o movimento ambiental nunca conseguirá vencer dentro do atual sistema capitalista.

'A única solução é reformarmos o capitalismo atual. Os Estados Unidos cresceram entre 3% e 3,5% por um bom tempo. Há algum dividendo deste crescimento sendo colocado em melhores condições sociais? Não. Os Estados Unidos têm que focar em indústrias sustentáveis, necessidades sociais, tecnologias e atendimento médico decente, e não sacrificar isso para fazer a economia crescer. Eu não defendo o socialismo, mas uma alternativa não-socialista para o capitalismo atual', diz.

Ele também faz críticas ao atual movimento ambientalista.

'A comunidade ambientalista, pelo menos nos Estados Unidos, é muito fraca quando falamos sobre mudança de estilo de vida, consumo e sobre sua relutância em desafiar o crescimento ou o poder das corporações. Nós precisamos de um novo movimento político nos EUA. Cabe aos cidadãos injetarem valores que reflitam as aspirações humanas, e não apenas fazer mais dinheiro', afirmou ele.

Obsessão pelo crescimento

A revista também traz um artigo que discute o argumento de que o crescimento econômico é necessário para erradicar a pobreza e que quanto mais ricos ficam alguns, a vida dos mais pobres também melhora. É a chamada Teoria do Gotejamento.

Segundo Andrew Simms, diretor da New Economics Foundation, em Londres, este argumento, além de 'não ser sincero', sob qualquer avaliação, é ' impossível'.

'Durante os anos 1980, para cada US$ 100 adicionados na economia global, cerca de US$ 2,20 eram repassados para aqueles que estavam abaixo da linha de pobreza. Durante a década de 1990, esse valor passou para US$ 0,60. Essa desigualdade significa que para que os pobres se tornem um pouco menos pobres, os ricos tem que ficar muito mais ricos', disse.

Segundo ele, isto pode até parecer justo para alguns, mas não é sustentável.

'A humanidade está indo além da capacidade da biosfera sustentar nossas atividades anuais desde meados dos anos 1980. Em 2008, nós ultrapassamos essa capacidade anual em 23 de setembro, cinco dias antes do ano anterior'.

Ele ainda afirma ser impossível que um dia toda a humanidade tenha o padrão de vida dos países desenvolvidos.

'Seriam necessários pelo menos três planetas Terra para sustentar essas necessidades se todos vivessem nos padrões da Grã-Bretanha. Cinco se vivêssemos como os americanos'.

Para Simms, a Terra estaria inabitável há muito tempo antes que o crescimento econômico pudesse erradicar a pobreza.

Para que o mundo possa ter uma economia ecologicamente sustentável, segundo Simms, é preciso acabar com o preconceito de alguns em relação ao conceito de 'redistribuição', que, para ele, é o único modo viável de acabar com a pobreza.

'Só foi preciso alguns dias para que os governos da Grã-Bretanha e dos EUA abandonassem décadas de doutrinas econômicas para tentar resgatar o sistema financeiro de um colapso. Por que tem que demorar mais para introduzirem um plano para deter o colapso do planeta trazido por uma conduta irresponsável e ainda mais perigosa chamada obsessão pelo crescimento?', explicou.

'Sem-vergonhas são aqueles que armam as nossas crianças'. Entrevista com Desmond Tutu

Instituto Humanitas Unisinos - 17/10/08

“As crianças não são capazes de odiar: são os adultos que lhes ensinam e que, talvez, metem-lhes uma kalashnikov na mão para atirar em seus familiares. E quem exporta armas aos países em risco de guerra deveria se envergonhar”. Novamente, o arcebispo Desmond Tutu, prêmio Nobel da paz e símbolo da luta contra o apartheid, é franco e não usa giros de palavras diplomáticas.

A reportagem é de Giampaolo Cadalanu, do jornal italiano La Repubblica, 16-10-2008. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Tutu parece não dar um minuto de trégua: passa de uma declaração lapidar sobre a política interna da sua África do Sul – que corre o risco de se tornar “uma república das bananas”, diz – às missões como enviado da ONU a Gaza – “os bombardeios da parte de Israel poderiam ser um crime de guerra” – a uma viagem ao Chipre para apoiar os esforços de reunificação da ilha junto com o ex-presidente norte-americano Jimmy Carter.

Mas ele encontrou tempo para ser testemunho da campanha “Riscriviamo il futuro”Save the Children. São 37 milhões os menores que se arriscam a ir para a escola por culpa das guerras. A ONG pediu uma mobilização para dar às crianças “melhor educação e menos armas”: Tutu rapidamente uniu-se à causa. [Reescrevamos o futuro], da organização

Arcebispo, muitas crianças africanas acabam recebendo uma arma na mão antes que um livro escolar. O que o senhor diria aos governos dos países, incluindo a Itália, que produzem armas e as exportam para todo o mundo?

Diria: vocês são sem-vergonhas. O tráfico de armas é uma prática perigosa e imoral. Todos os acordos internacionais vetam a venda de armas aos países envolvidos em guerras civis ou onde há opressão. Entretanto, as armas chegam, até onde os governos usam-nas contra o seu próprio povo. Penso na Birmânia, no Zimbábue. Os chineses continuam mandando armas ao regime de Mugabe, que as usa contra a população. Sabemos disso com certeza, até porque um navio fez uma parada na África do Sul e – por sorte – o sindicato dos trabalhadores portuários se recusou a desembarcar a carga.

O que se deveria fazer para garantir a educação e, assim, o futuro dos povos africanos?

Deveríamos nos colocar de pé para salvar os mais jovens, especialmente aqueles das zonas de guerra: as crianças têm direito ao futuro, a um futuro sem guerra. Têm o direito de viver onde não sofram fome, de ser vacinados para evitar as doenças e de receber o tratamento necessário para crescer. Muitas crianças morrem porque não tiveram acesso à água potável, ou morrem de doenças facilmente curáveis. O objetivo é um futuro melhor.

Quem deve se responsabilizar pela educação das crianças?

Respondo-lhe com um exemplo. Tomemos o Zimbábue: era um país à frente dos outros quanto à educação das crianças; a escolarização alcançava os 100%. Hoje, por culpa das desordens políticas, as crianças não podem contar com uma educação adequada. E até quem vai à escola não tem aulas contínuas. Mas a educação não é um privilégio, é um direito do homem, como diversos acordos internacionais sancionam. É uma obrigação garanti-la.

De um lado, estão a educação e a escola, do outro, a tragédia do alistamento forçado em tenra idade.

O mundo disse que é ilegal e imoral usar as crianças como soldados. Não é justo envolvê-las nos conflitos dos adultos. Nenhuma criança nasceu odiando: as crianças aprendem o ódio de nós, os mais velhos. As crianças não são racistas, mas lhes é ensinado o ódio racial. Vou lhe contar uma história pessoal. Um menino de uma família norte-americana que eu conheci tinha a recém entrado na escola, falava da professora com grande entusiasmo. Os pais lhe disseram: convide-a para vir aqui em casa, queremos conhecê-la. E no dia seguinte, apresentou-se-lhes uma jovem negra, inesperada em uma família branca. O menino não tinha se dado conta, não tinha notado aquilo que os adultos tinham visto como a coisa mais importante.

Há quem acuse também os países ocidentais, como o Reino Unido, que admite rapazes de 16 anos nas academias militares. O senhor concorda?

Existem acordos internacionais que vetam a utilização de menores de 16 anos. Mas é outra coisa com os movimentos de guerrilha, em certos países africanos ou na Birmânia: as milícias raptam os meninos, freqüentemente lhes obrigam a matar seus próprios familiares. Assim, os pequenos ficam traumatizados e não podem voltar para casa. Isso está mal, é um mal de primeira ordem.

Mas por que a história da África é cheia de conflitos e de tragédias?

Há situações muito tristes, mas não creio que seja muito diferente da Europa do século passado. Refiro-me ao Holocausto, às ditaduras militares na Espanha e em Portugal. Na Itália, vocês tiveram o fascismo. E, mais recentemente, foi o Kosovo, com a limpeza étnica. É verdade, na África acontecem muitas coisas ruins. Mas acreditamos que podemos resolvê-las, como no Quênia, em Botswana. Certo, precisa-se de tempo. Os governos podem ser trocados rapidamente, como se fossem meias. Mas, para conquistar a estabilidade e a democracia, precisa-se de séculos.

China faz a maior reforma trabalhista em 30 anos

Insitituto Humanitas Unisinos - 17/10/08

Durante os 30 anos que marcaram a revolução econômica do país, a incrível flexibilidade trabalhista chinesa serviu de combustível para o crescimento acelerado. Agora, a China pressionada por ONGs de todo o mundo que denunciam sua política de desrespeito aos trabalhadores e também de olho na inclusão na sociedade de consumo de 100 milhões de miseráveis dispersos pelo interior e que formam um enorme contingente de mão-de-obra migratória, coloca em marcha uma grande reforma trabalhista.

A reportagem é de Cláudia Vassallo e publicada na Exame, 16-10-2008.

Mais de 7 000 pessoas - a maioria mulheres - trabalham na fábrica do grupo Stella International em Donnguan, na província de Guangdong, maior base de produção de sapatos da China e do mundo. Vestidas com um uniforme de calça e camiseta pólo e calçadas com chinelos de borracha padrão, as funcionárias do grupo Stella em Donnguan costuram, colam e arrematam modelos para algumas das mais sofisticadas marcas de sapatos do mundo - Clarks, Christian Lacroix, Kenzo, Nine West. A produção é frenética, apesar do calor infernal que faz dentro da fábrica. Não fossem todos chineses, a visão da Stella International seria de uma gigantesca linha de montagem ocidental, com painéis de controle de qualidade e retratos dos funcionários do mês.

Cotado na bolsa de Hong Kong, dono de oito fábricas e de um faturamento total de 1 bilhão de dólares, o grupo Stella é um dos produtores de calçados sobreviventes em Donnguan. Desde 1o de janeiro deste ano, quando o governo de Pequim implantou sua nova legislação trabalhista, mais de 200 fabricantes da região fecharam as portas ou migraram para países como Vietnã e Índia. Em toda a China, cerca de 67 000 pequenos negócios desapareceram. De um ano para o outro, da noite para o dia, empresas cuja competitividade estava alicerçada em mão-de-obra tiveram de se ocidentalizar - ou perecer - num momento em que a crise financeira já dava sinais de que poderia reduzir a volúpia por consumo do mercado mundial.

A chamada Lei do Contrato de Trabalho foi a resposta da China às crescentes pressões de países e ONGs, motivadas às vezes por uma preocupação genuína com os direitos humanos e outras vezes pela concorrência brutal dos produtos chineses. Durante os 30 anos que marcaram a revolução econômica do país, a incrível "flexibilidade" trabalhista serviu de combustível para o crescimento acelerado. A maior parte dos contratos entre empresas e trabalhadores era verbal e normalmente não ultrapassava os dois anos de validade. O pagamento dos salários em dia - ou mesmo dos salários combinados - era um luxo. As jornadas de trabalho não eram reguladas, o que fazia da hora extra uma instituição inexistente.

Não havia também salvaguardas legais para empregados que adoecessem, se acidentassem no trabalho ou para mulheres grávidas, e as multinacionais com operação na China normalmente impediam que funcionários da linha de montagem deixassem a empresa e se empregassem em concorrentes. Por muitas décadas, funcionou o regime de sindicato único - o próprio Partido Comunista Chinês -, que em teoria representava todos os trabalhadores, mas que na prática não tinha o menor interesse em se indispor contra a emergente indústria local.

Afinal, o projeto de país desenhado por Pequim naquele momento não levava em conta supostos direitos individuais. A China de hoje, porém, precisa ser aceita pelo mundo como uma economia moderna, capaz de atrair uma tecnologia que vai além das bolsas Prada e das bonecas Barbie. Precisa também incluir na sociedade de consumo 100 milhões de miseráveis dispersos pelo interior e que formam um enorme contingente de mão-de-obra migratória. O Comitê Central decidiu acelerar as mudanças na lei trabalhista chinesa no ano passado, quando denúncias de trabalho escravo em mais de 8 000 olarias e pequenas minas de carvão nas províncias de Shaanxi e Henan ganharam o noticiário internacional. E a reforma, inicialmente planejada para 2010, foi antecipada para entrar em vigor no início deste ano. Tais mudanças também caberiam bem para ajudar o presidente chinês, Hu Jintao, a consolidar seu legado como promotor da chamada "sociedade harmônica".

As reações foram imediatas. Durante um mês do período de formulação da nova lei, entidades, representantes de empresas e especialistas puderam se manifestar em relação às propostas de mudança. Mais de 200 000 opiniões foram colhidas - boa parte delas críticas vindas de associações que representam empresas estrangeiras com atuação na China. "Os chineses demoram muito a fazer mudanças e, quando fazem, costumam forçar a mão", disse o advogado Rodrigo do Val Ferreira, do escritório Felsberg & Associados em Xangai, durante uma palestra aos integrantes da Missão EXAME na China, evento que levou 47 empresários brasileiros ao país no mês de setembro.

Não há dados oficiais a respeito, mas estima-se que a criação de garantias como pagamento de horas extras, salário mínimo e seguro social aumente em 25% o custo da mão-de-obra chinesa. Pode-se criticar essa postura, mas, para empresas que buscaram na China uma base global de produção barata, a lei - por mais justa que seja para alguns - foi um baque. Logo após a introdução das novas regras, a japonesa Olympus, quarta maior fabricante de câmeras digitais do mundo, migrou para o Vietnã em busca de custos menores.

O mesmo caminho foi seguido pela Yue Yuen Industrial, maior produtora de tênis Nike, e por centenas de fabricantes de sapatos e brinquedos. "A maior vantagem da China na manufatura é a mão-de-obra barata", disse Chang Han-wen, diretor da Associação Nacional de Empresários de Taiwan, a uma publicação da universidade americana Yale. "Mas agora isso está mudando. E milhares de pequenas empresas instaladas no delta do rio da Pérola serão afetadas." A criação de sindicatos passou a ser incentivada. A rede americana Wal-Mart, a maior de varejo do mundo, é conhecida pelas restrições que impõe à sindicalização de seus empregados nos Estados Unidos.

Mas, na China, seus mais de 48 000 empregados filiaram-se recentemente e seus representantes agora têm acesso aos executivos locais para negociar acordos coletivos. Uma das conquistas foi um aumento de 8% nos salários para este e o próximo ano. A Justiça ainda é um ente misterioso e inacessível para a maioria dos chineses. Mas, desde o começo de 2008, o número de processos trabalhistas aumentou 106% em Pequim e 132% em Donnguan - crescimento que se repete em quase todas as províncias.

Nenhuma medida da nova lei, no entanto, assustou tanto velhos e novos capitalistas da China quanto a garantia de estabilidade no emprego dada a empregados que trabalharem mais de 15 anos ininterruptos na mesma empresa. A burocracia para demiti-los é tão grande que, na prática, eles se tornam vitalícios.

Grandes companhias reagiram por antecipação. Em dezembro do ano passado, a Huawei, fabricante de equipamentos de telecomunicações com sede em Shenzen, ofereceu um bônus a 7 000 funcionários com mais de oito anos de serviço para que eles se demitissem e fossem recontratados logo depois. O Carrefour pediu a 40 000 empregados chineses que abrissem mão de seus contratos de trabalho de dois anos antes de seu término e assinassem um novo documento. (A lei atual estabelece que a renovação por duas vezes de contratos temporários leva automaticamente à efetivação do funcionário.)

Há duas grandes dúvidas em relação à atual legislação trabalhista chinesa - ambas relacionadas à sua real aplicação. Até que ponto essa mudança não é apenas uma vitrine de uma nova China para o Ocidente? E até que ponto uma lei que pode reduzir o ritmo de crescimento de um país que se transformou numa das locomotivas da economia global será conveniente num momento em que o mundo dá uma freada brusca? Um grande fabricante internacional de calçados instalado em Donnguan dá uma pista da resposta: "Os chineses fizeram essa lei, mas não esperam que ela seja para todos. Com um bom relacionamento com as autoridades e um pouco de sorte, dá para pagar tudo o que é pedido a um terço dos funcionários".

Impacto da crise se intensifica na economia não-financeira do país. Sadia tem o primeiro prejuízo na sua história

Instituto Humanitas Unisinos - 17/10/08

Os efeitos da crise global, antes mais concentrados no setor financeiro brasileiro, começam a abalar com mais força o resto da economia. Indicadores recentes já apuraram desaceleração no consumo, pessimismo entre consumidores e empresários, elevação da inadimplência e aumento nos preços por conta do dólar mais alto.

A reportagem é de Toni Sciarretta e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 17-10-2008.

Apesar de o mercado interno continuar se expandindo puxado pela renda e pelo emprego e a economia estar mais protegida pelas reservas internacionais recordes de US$ 200 bilhões, economistas e empresários vêem a trava no crédito e a oscilação do câmbio como os canais de transmissão da crise, que dificultam o planejamento das empresas e reduzem a confiança de empresários e consumidores. O componente que mede a percepção do futuro do Índice de Confiança do Consumidor da Fecomercio de outubro teve recuo de 1,5%, interpretado como indício de cautela para comprar e fazer dívidas.

Com o crédito mais escasso, o consumo deu sinais de desaceleração em setembro e de "pane" em segmentos sensíveis, como o de material de construção: as vendas caíram até 30% no início de outubro, auge do pânico nos mercados.

A situação ainda não é tão preocupante, segundo os economistas, porque seguem em alta o nível de emprego e a renda do brasileiro. Ontem, a Fiesp reportou criação de 11 mil vagas na indústria paulista. Já a renda do trabalhador cresceu 5,7% em agosto, em relação ao mesmo mês de 2007, diz o IBGE.

"A crise via canal de crédito já chegou ao Brasil. As informações relativas a outubro mostram a rápida desaceleração nas vendas de automóveis e outros tipos de veículos, da mesma forma já há siderúrgicas, principalmente voltadas para a exportação, reduzindo a produção. Outro canal de contaminação virá pela revisão de investimentos", disse Luiz Carlos Mendonça de Barros, que foi ministro das Comunicações no governo FHC.

"Ninguém pode ter dúvidas de que a crise está chegando ao setor real. Já chegou há algumas semanas na oferta de crédito. Muitas pessoas que faziam plano de viajar ao exterior estão desistindo, e as empresas estão revendo suas atividades. Em alguns bancos, há redução de pessoal. As demissões já começaram. E isso vai influenciar o comportamento dos consumidores e o planejamento das empresas. Todos estão se reposicionando", disse o economista Maílson da Nóbrega.

Com os juros maiores, piorou também a capacidade de pagamento e o endividamento dos consumidores. A Serasa apurou crescimento de 15,4% dos pagadores em atraso em setembro, em relação ao mesmo mês do ano passado.

Segundo os economistas, se a desaceleração vier forte no início de 2009 poderá elevar o desemprego e diminuir a renda. No início do ano, as previsões eram de crescimento de 4,8% em 2009; agora, a média dos analistas prevê alta de 3,5%.

Apesar da desaceleração no consumo, a alta do dólar pressiona a inflação e as empresas.

O IGP-10 de outubro, que funciona com uma prévia do IGP-M, subiu 0,78% -em setembro, havia tido deflação de 0,42%. A Klabin, grande do setor de papel e celulose, anunciou ontem prejuízo de R$ 253 milhões no terceiro trimestre, com perdas de R$ 381 milhões atribuídas à alta do dólar.

O dólar alto também trouxe perdas aos balanços de empresas exportadoras que apostavam no real, pressionando a revisão das estratégias de expansão do setor corporativo.

Empresa que primeiro comunicou perdas com o câmbio, a Sadia admitiu ontem que poderá ter seu primeiro prejuízo anual em 64 anos de história.

Para Josué Gomes da Silva, presidente da Coteminas, a redução nas vendas do varejo é reflexo do aumento dos juros, que começou bem antes do recrudescimento da crise. Ele tem dúvidas se as empresas de fato estão tomando decisões no "calor dos acontecimentos" atuais. "Nesse momento de grande volatilidade, temos de deixar a poeira assentar um pouco e dar tempo para que as medidas tenham efeitos. Temos de ter paciência para esperar, sob pena de tomar decisões precipitadas", disse.

A bancarrota dos modelos de equilíbrio geral

Instituto Humanitas Unisinos - 17/10/08

“Há mais de cem anos os economistas se afogam num modelo desenhado para demonstrar que quando se deixam em liberdade as forças da oferta e da procura, o mercado alcança uma posição de equilíbrio. Por mais que em 1974 se tenha demonstrado com teoremas irrefutáveis que os mercados construídos em torno deste paradigma não podiam demonstrar a convergência, a teoria de equilíbrio geral continuou dominando o ensino da economia. Enquanto os modelos de equilíbrio geral iam à bancarrota científica, seu triunfo no plano ideológico converteu-os na planilha que ainda hoje molda a visão da grande maioria dos economistas”, escreve o jornalista mexicano Alejandro Nadal, em artigo publicado no jornal argentino Página/12, 16-10-2008. A tradução é do Cepat.

Há cinco décadas, os economistas Milton Friedman, Eugene Fama e Robert Lucas desenvolveram o que se converteu na teoria padrão sobre mercados financeiros. Sua idéia central é que os preços dos títulos financeiros e ações sempre tendem ao seu valor real. A razão é que os agentes individuais nestes mercados têm um incentivo para determinar esse valor e assegurar-se de não pagar mais ao comprá-los (ou vendê-los por menos). Essa informação, proveniente de milhões de agentes, é processada no mercado e, deste modo, o preço de mercado de um título se aproxima mais do seu valor real que no caso da avaliação realizada por uma única pessoa.

Friedman e Lucas já foram premiados com o Prêmio Nobel e, até o último domingo, FamaUniversidade de Chicago) era considerado favorito para obter o prêmio este ano segundo a Labrokes, a mais importante empresa inglesa de apostas. É provável que a severidade da crise financeira global inclinou o Comitê Nobel a outorgar o prêmio a um economista um pouco menos ortodoxo (Paul Krugman). (economista da

Para Fama, os preços de títulos financeiros fixados no mercado concentram toda a informação que um investidor necessita conhecer. Qualquer erro será corrigido porque os agentes que o percebem aproveitarão a oportunidade para realizar lucros extraordinários. As forças de mercado se encarregariam de eliminar os erros de avaliação.

Hoje estes esquemas analíticos caíram no descrédito, mas sua lógica segue dominando a análise das causas da crise. E quando se vê o mundo desta maneira, a resposta à pergunta sobre as origens da crise está necessariamente apontada: são fatores externos que a provocam. A lista destes fatores é composta de coisas como os erros de funcionários nas agências reguladoras, a aplicação de uma política econômica equivocada (bolhas à Greenspan), ou pelo comportamento desleal de alguns atores (conduta fraudulenta para se aproveitar das hipotecas fáceis).

Estas percepções sobre as origens da crise seguem sendo prisioneiras de um paradigma analítico baseado na crença na bondade do mercado capitalista. Esta fé no mercado continua muito enraizada. Há mais de cem anos os economistas se afogam num modelo desenhado para demonstrar que quando se deixam em liberdade as forças da oferta e da procura, o mercado alcança uma posição de equilíbrio. Ainda que em 1974 se tenha demonstrado com teoremas irrefutáveis que os mercados construídos em torno deste paradigma não podiam demonstrar a convergência, a teoria de equilíbrio geral continuou dominando o ensino da economia. Enquanto os modelos de equilíbrio geral iam à bancarrota científica, seu triunfo no plano ideológico converteu-os na planilha que ainda hoje molda a visão da grande maioria dos economistas.

É de se esperar que a crise sirva para marcar o fim da visão de que o mercado conduz ao equilíbrio. Hoje já proliferam os modelos em que os mercados se comportam com uma dinâmica interna diferente, essencialmente caótica. Em vez de conduzir a cenários de equilíbrios tranqüilos, os modelos mostram que os mercados estão infestados de desabamentos e comportamentos de manada que conduzem a situações catastróficas. Nestas crises, as perdas se acumulam e não existem mecanismos que permitam curar as feridas de maneira automática. Se parecem mais com a realidade, certo?

O que estes modelos ensinam é algo ainda mais alarmante. Os pontos de ruptura entre uma situação de bonança e uma crise são repentinos e não parecem surgir de causas bem identificadas. Não há umbrais reconhecíveis. A irracionalidade dos agentes e outros parâmetros indica que os mercados exibem uma tendência a se comportar como processos não lineares que conduzem a situações perigosamente instáveis.

Alguns dos novos modelos demonstram que a economia de mercado não regulado pode chegar a se comportar como um reator nuclear que sofre um acidente por perda de refrigeração: a cada instante o mercado acelera sua transição a uma situação incontrolável até se produzir uma explosão terminal. Este estado final corresponde ao colapso do sistema de pagamentos, a uma reação em cadeia de falências com desemprego em massa e a um colapso econômico com desintegração do tecido social.

Qual é a lista de prioridades da política econômica que se depreendem do que foi exposto até aqui? A principal lição destes modelos é que não se pode controlar a dinâmica de mercados financeiros não regulados. Entre outras coisas, requer-se a proibição dos processos especulativos e desestabilizadores. Talvez estas conclusões não surpreendam a alguns dos que vivemos na terra da crise. Depois de tudo, a resposta das principais economias do mundo colocam em prática o que economistas independentes propuseram como alternativa à globalização neoliberal há anos.

'O Capital' de Karl Marx vira manual da crise

Instituto Humanitas Unisinos - 17/10/08

Duas décadas após a queda do muro de Berlim, a crise financeira global provocou uma corrida às livrarias alemãs pelo clássico “O Capital”, livro de 1867, em que Karl Marx analisa o modo de produção do capitalismo e que serviu de base para a ideologia marxista. Joern Schuetrumpf, responsável pela editora KarlDietz, de Berlim, que edita a obra de Marx, disse ao jornal alemão “Neue Ruhr Zeitung” que as vendas do primeiro volume da obra triplicaram desde o ano passado, chegando a 1.500 exemplares este ano. Para o mês de dezembro, a editora espera um aumento da demanda, considerando que algumas das teorias escritas pelo filósofo — entre as quais aquela que afirma que o capitalismo em excesso acaba por se autodestruir — estão mais atuais do que nunca.

A notícia é dos jornais O Globo e Folha de S. Paulo, 17-10-2008.

O próprio governo alemão pode ter contribuído para o fenômeno de vendas de Marx nas livrarias, já que no fim de setembro o ministro das Finanças alemão, Peer Steinbrueck, declarou ao jornal “Der Spiegel” que “tudo o que está acontecendo mostra que algumas partes da teoria marxista não estavam tão erradas”.

— Todos pensaram que nunca mais haveria demanda pelo “Capital” — disse Schuetrumpf à agência Reuters.

— Até mesmo banqueiros e gerentes estão agora lendo “O Capital” para tentar entender o que eles estão fazendo a nós. Marx está decididamente na moda agora.

O revival do tratado de Marx reflete uma ampla rejeição ao capitalismo por muitas pessoas na ex-Alemanha Oriental, um país comunista até 1989 e agora afetado por alto desemprego e pobreza.

Um mês de intenso caos financeiro atingiu bancos americanos e forçou governos, inclusive o alemão, a adotarem uma série de medidas de resgate, reforçando o sentimento anticapitalista.

Uma pesquisa recente revelou que 52% de alemães orientais acham que a economia do mercado livre é “insustentável” e 43% disseram preferir o socialismo ao capitalismo.

Soluções para a crise financeira? Uma questão política e jurídica que esbarra nos limites do capitalismo. Entrevista especial com André Lourenço

Instituto Humanitas Unisinos - 17/10/08

A abordagem feita pelo professor André Lourenço em relação à crise financeira que abala a economia mundial traz para o debate o pensamento de um economista bastante lembrado em épocas de crise: Hyman Minsky. “Tal caracterização tornou Minsky o teórico das crises financeiras por excelência, piedosamente esquecido nos momentos de expansão triunfante do capitalismo e agourentamente relembrado em seus tropeços – assim como Keynes e Marx. Não é acaso que um número crescente de autores esteja empregando o termo ‘crise Minsky’ para rotular o momento econômico atual”, disse ele nesta entrevista concedida à IHU On-Line por e-mail.

Lourenço fala aqui sobre as intervenções de governos de países como os Estados Unidos e a Inglaterra para “salvar” a economia, além de analisar também como o Brasil será atingido pela crise. Para o professor, “Minsky foi um dos primeiros autores a tentar resgatar as idéias de Keynes da vala comum das sucessivas reinterpretações e sínteses que tendiam a reduzir cada vez mais o vigor de sua crítica ao liberalismo”.

André Lourenço é economista formado pela Universidade de Campinas, onde também realizou o mestrado em Ciência Econômica. Na Universidade Federal do Rio de Janeiro obteve o título de doutor em Economia da Indústria e da Tecnologia. Atualmente, é professor na Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Confira a entrevista.

IHU On-Line - Em sua opinião, essas intervenções dos governos em relação à economia podem trazer novos danos para o mercado financeiro?

André Lourenço - Cabe esclarecer inicialmente que as intervenções se fizeram necessárias em tais proporções justamente porque, sob inspiração liberal, foram colocadas em prática políticas de desregulamentação financeira que fragilizaram o aparato governamental regulatório. O impulso do capitalismo à fragilização financeira endógena pode então manifestar-se sem peias, exigindo para sua contenção agora a mobilização de recursos de vulto extraordinário e por formas pouco usuais e também pouco liberais, como a absorção da inadimplência pelo Estado e até a estatização de bancos. Quem semeia ventos...

É fato também que, pelo menos no curto prazo, tais medidas operam no sentido de exercerem um papel de contenção ou amortecimento da crise, embora já haja dúvidas se o montante dos recursos mobilizados foi suficiente e a forma de fazê-lo foi a melhor possível. Cabe ainda observar que tais formas de intervenção têm sido significativamente diferenciadas conforme os países. Nos EUA, os recursos públicos foram destinados inicialmente à absorção dos empréstimos inadimplentes das carteiras dos bancos; no Reino Unido, um plano mais estruturado visa a estatização das instituições financeiras privadas problemáticas; no Brasil, afora as tradicionais vendas de dólares para impedir desvalorizações consideradas excessivas da moeda, o foco tem sido dirigido à manutenção do crédito bancário, em particular pela manipulação dos percentuais de depósitos compulsórios exigidos dos bancos comerciais no banco central. Outros países simplesmente ampliaram os seguros sobre depósitos bancários e reduziram as taxas de juros. E assim por diante.

Minsky e a crise financeira

Na visão de Minsky [1], sempre que o Estado atua para estabilizar uma crise financeiracrise financeira anterior, cuja causa imediata foi o furo da bolha Nasdaq (National Association of Securities Dealers Automated Quotations), no início do milênio. A ação do banco central estadunidense naquela ocasião certamente foi um dos fatores que amplificou a recente bolha de imóveis, cujo estouro deflagrou a presente crise. mediante injeção de enormes montantes de liquidez ou salvamento, de uma forma ou outra, de instituições financeiras privadas (como tem sido a norma), ele contribui no sentido de amortecer a crise atual. Ao mesmo tempo, ele está lançando as sementes da crise financeira futura, pois sinaliza ao setor financeiro sua disposição de salvar os que tomaram as decisões que desencadearam a crise. Aponta que o custo de correr tais riscos para os capitalistas não é tão grande, o que tende a ser interpretado como um convite para assumir, no futuro, riscos em escala ainda maior na busca por lucros mais elevados. É bastante provável, aliás, que as dimensões da atual deflação de ativos estejam relacionadas com a solução encontrada para a

A extensão dos danos, evidentemente, depende da dimensão da intervenção e das suas peculiaridades em cada país. Em particular, depende da capacidade de salvar as instituições financeiras sem, paralelamente, salvar seus donos. Trata-se, evidentemente, de espinhosa questão política e jurídica, que esbarra nos limites do próprio capitalismo.

IHU On-Line - De que forma a economia brasileira está exposta diante dessa instabilidade financeira global?

André Lourenço - Em tempos de mundialização do capital, todas as economias estão expostas à crise, embora em graus variados, devido aos níveis de abertura comercial e financeira também variados, bem como aos distintos instrumentos de política econômica disponíveis aos governos, que podem servir (também em diversos graus) como amortecedores dos impactos dessa instabilidade.

No caso do Brasil, os EUA são nosso principal parceiro comercial, e também figuram na lista dos principais parceiros dos nossos demais parceiros. Além disso, possuímos extensas relações financeiras e produtivas. Isto significa que a crise deve nos atingir por duas vias: uma diretamente, pelos transbordamentos dos efeitos da crise sobre os EUA; e outra indiretamente, pelo efeito da crise estadunidense sobre nossos outros parceiros comerciais, e, através destes, novamente sobre a economia brasileira. Os principais canais de transmissão através dos quais a crise pode chegar até nós parecem ser os seguintes.

Em primeiro lugar, aumento da saída líquida de dólares pela conta de capitais do balanço de pagamentos, por dois motivos: a maior remessa de dólares das filiais das multinacionais para socorrer o caixa das matrizes; e o aumento mundial da aversão ao risco, com o aumento do risco-país e conseqüente fuga das aplicações financeiras mais arriscadas (inclusive bolsas) no Brasil (e no resto do mundo) para aplicações mais seguras em títulos do Tesouro estadunidense (em dólar). Esta tendência poderia ser amortecida pelo aumento da tributação ou mesmo de restrições quantitativas à saída de capitais, instrumentos até agora não mobilizados pelo governo brasileiro.

Real x Dólar

Por conseqüência, surge uma tendência de depreciação do real em relação ao dólar. Esta tendência pode se tornar particularmente forte se encetar (como tem de fato ocorrido) expectativas de depreciações ulteriores no futuro. Neste caso surge uma terceira fonte de saída de capitais: agentes econômicos (basicamente bancos) que esperavam até então pouca ou nenhuma depreciação cambial no futuro, e que em função disso haviam assumido posições especulativas ou mesmo Ponzi [2], contraindo empréstimos em moeda estrangeira a taxas de juros reduzidas para aplicar às elevadas taxas brasileiras em reais, vêem-se na contingência de desmontar tais operações e buscar hedge em dólar. Por conseqüência, pressionam ainda mais a cotação do câmbio. Emerge o risco de um círculo vicioso de profecias auto-realizáveis, em que as expectativas de depreciação geram a depreciação, que reforça novamente a expectativa de depreciação, e assim sucessivamente.

É claro que este processo de depreciação desenfreada não precisa necessariamente ocorrer. O Brasil dispõe atualmente de mais de R$ 200 bilhões de reservas internacionais, que podem e têm sido utilizadas pelo governo para impedir depreciações cambiais consideradas excessivas. Contudo, é preciso não perder de vista que em um ambiente de alta mobilidade internacional de capitais, mesmo um volume aparentemente elevado de reservas pode se esgotar com relativa facilidade. O governo enfrenta então a delicada escolha de até que ponto queimar reservas finitas, e até que ponto permitir uma depreciação cambial mais ampla.

Uma depreciação cambial não gera apenas impactos negativos sobre a economia; ela aumenta a competitividade em preços dos produtos nacionais em relação aos produzidos fora do país; assim, tende a favorecer tanto as exportações quanto a produção de bens nacionais que concorrem com importados. Tanto o aumento das exportações quanto a substituição de importações pela produção nacional geram impactos positivos sobre: a) produção e emprego; b) balança comercial, saldo em transações correntes e passivo externo líquido (indicador de endividamento externo).

Efeitos da crise

Por outro lado, a depreciação cambial tende a gerar também efeitos colaterais negativos: a) capitalistas com posições cambiais expostas (endividadas) em dólar vêem suas dívidas crescerem no mesmo ritmo da depreciação, sofrendo perdas e aumentando a fragilidade financeira do sistema econômico; b) aumento da inflação e conseqüente queda dos salários reais e concentração de renda em prol dos capitalistas; a queda dos salários reais, por sua vez, pode reduzir o consumo dos trabalhadores, a produção e o emprego.

O primeiro efeito pode ser amenizado se o sistema financeiro nacional estiver disposto a refinanciar essas dívidas, o que é improvável no presente contexto. O governo, por outro lado, se dispôs a assumi-las ao menos parcialmente, o que pode amortecer a fragilidade financeira, ao custo da socialização da dívida externa. Em um contexto na qual a inflação já ultrapassou o centro da meta, o segundo resultado da depreciação cambial pode levar a novas elevações da taxa de juros pelo banco central. Isto pode de fato conter a depreciação cambial e os preços, mas ao custo de uma possível maior desaceleração da economia, com impactos negativos sobre o emprego.

O congelamento do crédito nos EUA pode ter efeitos deletérios sobre o crédito no sistema financeiro brasileiro, na medida em que muitas instituições financeiras se financiam por lá. Esta é uma das preocupações centrais do governo brasileiro neste momento, manter a adequada irrigação do crédito. Para tanto, tem acionado instrumentos como a redução dos depósitos compulsórios exigidos do sistema bancário, bem como a extensão de linhas de crédito do sistema bancário público (BNDES, BB, CEF). Diga-se de passagem que o Brasil apresenta, neste particular, algumas vantagens em relação a outros países: a) a preservação de um sistema financeiro público, que protege a preservação das cadeias de débito e crédito, e diminui a possibilidade do surgimento de situações de inadimplência em cascata; b) como observava Minsky, países com elevada relação dívida pública/PIB dispõem de um sistema financeiro mais conservador e mais seguro que países nos quais tal relação é baixa; c) a baixa relação crédito/PIB no Brasil tem por contrapartida um sistema bancário com índices de endividamento relativamente baixos, e portanto mais robusto que em países nos quais tal relação é mais elevada.

E se vier a recessão?

Outro canal muito importante é o comercial. Uma recessão estadunidense e mundial acarretará uma queda ainda maior dos preços e possivelmente do volume das nossas exportações, com impactos negativos sobre o saldo comercial e em transações correntes, o endividamento externo, a produção e o emprego domésticos, e ainda uma tendência adicional à desvalorização cambial. Tais tendências podem ser agravadas por um possível aumento do protecionismo nos EUA e em outros países. Quanto mais a economia brasileira conseguir preservar seu crescimento em relação ao resto do mundo, mais rapidamente tendem as importações a crescerem em relação às exportações, e mais fortes tais efeitos negativos sobre o endividamento externo e o câmbio se tornarão.

Em suma, mesmo que a economia brasileira possa ser defendida dos efeitos mais diretos e severos da crise financeira mundial, persiste o fato de que o dilema entre inflação e desemprego deve apresentar sensível piora: tentativas de manter o crescimento e o emprego tendem a exigir depreciações cambiais mais significativas e, portanto, inflação mais elevada, com as nefastas conseqüências já apontadas; tentativas de conter a inflação evitando tais depreciações tendem a exigir juros mais elevados, crescimento mais lento e desemprego mais elevado.

Neste contexto, não é impossível que tentativas de fugir ao dilema impliquem o conhecido e complicado caminho da expansão do endividamento externo – se é que haverá crédito disponível. O caminho para evitá-lo consiste em políticas de transformação estrutural que permitam ampliar o valor agregado da produção nacional e reduzir a vulnerabilidade externa. O desafio consiste na viabilização política interna e externa desse verdadeiro projeto de desenvolvimento nacional.

IHU On-Line - O padrão com que a economia foi movida até hoje pode mudar devido a esta crise? De que forma?

André Lourenço - Dada a contemporaneidade da crise, qualquer análise mais estrutural feita no calor dos eventos do dia corre o enorme risco de pecar pela superficialidade e de incidir em rápida obsolescência. Evidentemente, tais questões dependem crucialmente da profundidade da crise; se esta for apenas superficial, atingindo o sistema econômico de forma leve e/ou temporária, o ideário composto por políticas econômicas relativamente conservadoras seguidas pela maioria dos países desenvolvidos nos últimos 20 ou 30 anos (e que serviram de padrão para muitos dos demais) sofrerá apenas arranhões.

Mas se a crise, como alguns prevêem, se tornar severa e/ou de lenta deglutição por parte do sistema econômico, poderemos até mesmo enfrentar uma mudança significativa do padrão de intervenção do Estado na economia, tal como as provocadas pela Grande Depressão dos anos 1930. Se ocorrer, tal mudança seria marcada pelo aumento da intervenção do Estado na economia, a começar pela reversão da desregulamentação do setor financeiro (inclusive não-bancário). Alguns autores falam abertamente em “fim do neoliberalismo” e em “fim da hegemonia americana”, o que talvez seja precipitado neste momento. Mas, pelo menos nas universidades, Keynes [3] e Marx [4] parecem estar entrando mais uma vez na moda.

IHU On-Line - Que razões impediram que a instabilidade crônica das economias de mercado se traduzisse por tanto tempo nesta queda profunda do nível da atividade econômica?

André Lourenço - Ainda não tenho certeza absoluta de que a queda da atividade econômicapolítica econômica tomadas mundo afora pelos governos sejam capazes de restaurar o crédito e evitar uma queda muito severa dos níveis de produção e emprego. As informações até agora disponíveis simplesmente não permitem conclusões categóricas a este respeito. De qualquer maneira, é fato que o capitalismo há muito tempo não enfrenta uma crise sistêmica do porte da Grande Depressão. Minsky apontava a existência de dois mecanismos capazes de evitar depressões nos países centrais (diferentemente dos periféricos). será de fato assim tão catastrófica quanto alguns analistas anunciam. É fato que certos indicadores apontam neste sentido, mas pode demorar ainda alguns meses para que esta tendência se manifeste mais marcadamente. Neste meio tempo, não é impossível que as medidas de

O primeiro é o chamado big bank (grande banco). Basicamente, trata-se da capacidade dos bancos centrais emprestarem recursos para o sistema financeiro privado, quando este não consegue financiar-se pelos meios tradicionais. Como os bancos centrais dispõem contemporaneamente da capacidade de emissão ilimitada de moeda sem lastro, ao menos potencialmente tal instrumento os capacita a operar sem limites no intuito de socorrer instituições financeiras em dificuldades. Embora potencialmente ilimitado, na prática a margem efetiva de utilização desse instrumento depende, além de uma série de fatores conjunturais, da extensão do poder financeiro privado de cada país. Daí suas limitações de uso pelos países periféricos.

O segundo consiste no chamado big government (grande governo). Trata-se do fato de que, comparado com o período da Grande Depressão dos 30, o governo ampliou significativamente sua extensão, funções e participação de seus gastos no PIB em virtualmente todos os países do mundo. Mesmo no tempo da hegemonia do discurso neoliberal, o fato é que a participação dos gastos públicos no PIB continua quase o mesmo do período anterior ao neoliberalismo, e em alguns países tal participação chegou mesmo a aumentar. Como conseqüência desta ampliação do peso do gasto público na economia, quedas dos gastos privados (consumo familiar, investimento produtivo empresarial) causam hoje impactos bem menos significativos nos níveis de vendas, produção e emprego do que àquela época, e possuem um potencial disruptivo mais limitado. Assim, os grandes governos contemporâneos dotam o capitalismo de um instrumento estabilizador fundamental, mas que só funciona SE os governos NÃO tentarem reequilibrar seus orçamentos quando a arrecadação cair em conjunto com os níveis de produção e emprego.

No contexto atual, aliás, pelo menos nos EUA, ambos os instrumentos foram significativamente ampliados. Resta saber se o foram em extensão suficiente para conter a avalanche resultante do desabamento da enorme pirâmide creditícia, erigida por anos de desregulamentação e inovações financeiras promovidas sob a égide do discurso pró-eficiência dos mercados.

IHU On-Line - Quais as chances de o mundo cair numa depressão econômica?

André Lourenço - Não sei! Trata-se efetivamente de uma questão difícil de avaliar. Nem o sistema financeiro sabe até agora qual é a real dimensão das suas perdas devidas ao não-pagamento de empréstimos e aplicações. Muitas transações resultam de instrumentos financeiros recém-inventados, de funcionamento exótico e valor opaco. Como diziam Keynes e Minsky, a riqueza no capitalismo é abstrata, e seu valor de mercado varia conforme convenções cujos fundamentos são abalados em épocas de crise.

Um segundo vetor da nossa ignorância resulta do fato da real trajetória do sistema econômicocapitalismo; e para os trabalhadores, cujo emprego e renda dependem dos resultados do jogo.

IHU On-Line - Como o pensamento de Minsky pode ser importante para compreendermos essa crise financeira que abalou o mercado mundial?

André Lourenço -
Minsky foi um dos primeiros autores a tentar resgatar as idéias de Keynes da vala comum das sucessivas reinterpretações e sínteses que tendiam a reduzir cada vez mais o vigor de sua crítica ao liberalismo. Conduziu este processo de resgate a partir de uma perspectiva crítica do capitalismo: ao invés de interpretá-lo como um mecanismo social em geral eficiente de alocação dos recursos (tal como na teoria dos mercados eficientes de Fama), mas carente de pequenos ajustes, Minsky o via como um processo essencialmente falho, gerador de assimetrias e desequilíbrios em geral, financeiros em particular. Tal releitura de Keynes captava o caráter inevitavelmente especulativo das decisões capitalistas, posto que todas são, no fundo, exercícios de adivinhação do futuro, futuro cercado de incertezas e ignorância, e não redutível ao cálculo probabilístico. Em particular, o autor chamava a atenção para a lógica essencialmente financeira que cercaria as decisões de acumulação de capital, mesmo as ditas “produtivas”.
depender de decisões governamentais futuras também difíceis de prever. Até que ponto estarão os governos dispostos a agir frontalmente contra o discurso pró-mercados repetido como mantra até tão recentemente? Até que ponto conseguirão convencer os eleitores de que a impopular salvação dos bancos é crucial para a popular salvação dos empregos? Conseguirão (quererão?) limitar o direito de propriedade para salvar os bancos sem salvar os banqueiros? São questões complexas do jogo político e econômico sobre as quais pesa a mais profunda ignorância, e que são, ao mesmo tempo, cruciais para os capitalistas que testam a sorte neste jogo de adivinhação que é a essência especulativa do

Neste processo, recuperou e enfatizou a idéia presente em Keynes de que o capitalismo é marcado por uma instabilidade financeira de natureza crônica, mas manifestação intermitente. Assim, embora cada crise tenha suas peculiaridades, as crises financeiras são fenômenos recorrentes do capitalismo e a presente é apenas mais uma de uma longa série histórica. Tal caracterização tornou Minsky o teórico das crises financeiras por excelência, piedosamente esquecido nos momentos de expansão triunfante do capitalismo e agourentamente relembrado em seus tropeços – assim como Keynes e Marx. Não é acaso que um número crescente de autores esteja empregando o termo “crise Minsky” para rotular o momento econômico atual.

IHU On-Line - Minsky pensa que os períodos de instabilidade financeira são resultado da fragilidade dos agentes econômicos estruturados durante a fase da prosperidade. Essa fragilidade pode ser percebida pelo endividamento excessivo e busca pela liquidez. Que regras, em sua opinião, são necessárias para que os mercados financeiros possam cortar essa instabilidade e elevar novamente os níveis de confiança?

André Lourenço - A atual crise financeira compartilha com as passadas as mesmas causas fundamentais incrustadas na essência mesma do capitalismo, e entre as quais se destaca a natureza paradoxal da moeda, um bem que é público, mas simultaneamente objeto de produção por parte do sistema bancário privado. Por outro lado, também guarda determinantes na configuração específica assumida pela acumulação de capital e pelas políticas econômicas governamentais em sua fase mais recente, digamos, nos últimos quinze anos, e em particular no motor do sistema, os EUA.

Minsky observa que a natureza paradoxal da moeda exige que seu processo de criação pelo sistema bancário privado seja posto sob estrito controle governamental, para que este possa ser regulado tendo em vista o bem-estar social ao invés do lucro privado. Contudo, a combinação de inovações financeiras continuadas com desregulamentação financeira (inclusive a revogação da lei Glass-Steagal, que mantinha separados os bancos comerciais dos de investimentos), que marcou a economia estadunidense nos últimos quinze anos, criou sucessivos e significativos descompassos entre a quantidade de moeda efetivamente criada pelo sistema financeiro privado e a quantidade que seria ideal à luz do critério do bem-estar social.

Considerada a experiência de sucessivas bolhas e crises nos últimos quinze anos, parece razoável julgar as (poucas) tentativas de regulamentação global da questão, através dos acordos de Basiléia, um rotundo fracasso. O acordo de Basiléia II em particular, em seu caráter liberal em prol da “auto-regulamentação financeira”, merece parcela significativa da responsabilidade pela alternância entre dilúvio e estiagem violentas do processo de criação de liquidez nos últimos anos.

Um balanço dos agentes financeiros

Na contramão do discurso liberal, Minsky propunha um extensivo exame dos balanços dos agentes financeiros e seu controle contínuo pelas autoridades governamentais responsáveis, tendo em vista a necessidade de guiar toda a evolução do sistema financeiro em direção a posturas financeiras robustas. Mais do que uma regra única ou um índice único, fariam parte do marco regulatório do sistema financeiro o montante e a taxa de crescimento dos ativos bancários, bem como os índices de endividamento (relação ativos/capital) e a relação entre lucros retidos e totais. Propunha ainda que a operação dos bancos centrais privilegiasse o canal do redesconto ao invés das operações de mercado aberto.

Contudo, como observa Minsky, a experiência histórica mostra que não existe solução permanente para a instabilidade financeira no capitalismo. A busca de lucros pelas instituições financeiras, e as inovações que estas desenvolvem neste afã, levam a mudanças cumulativas na estrutura do sistema financeiro que o torna capaz de erodir e, eventualmente, superar os mecanismos regulatórios introduzidos em resposta à crise financeira anterior. Estabelecem-se assim as sementes da fragilidade financeira que desembocará, por sua vez, na crise financeira seguinte.

Notas:
[1] Hyman Minsky foi um economista estadunidense que centrou suas investigações na fragilidade financeira intrínseca à marcha normal da economia e na compreensão das crises financeiras. Tem sido descrito como um keynesiano radical, cujas pesquisas nunca foram bem recebidas por Wall Street.

[2] Um esquema Ponzi é uma operação fraudulenta de investimento que envolve o pagamento de rendimentos anormalmente altos ("lucros") aos investidores, às custas do dinheiro pago pelos investidores subseqüentes, em vez da receita gerada por qualquer negócio real. O nome do esquema "homenageia" o fraudador Charles Ponzi, um italiano que imigrou para os Estados Unidos em 1903, onde se tornou um dos maiores trapaceiros de toda a história estadunidense. A fraude por ele inventada, o "esquema Ponzi", continua a ser aplicado em versões repaginadas, como, por exemplo, o "ganhe dinheiro rápido na Internet". Depois de ser deportado para a Itália, Ponzi imigrou novamente para o Rio de Janeiro, Brasil, onde terminou seus dias na miséria.

[3] John Maynard Keynes foi um economista britânico. Suas idéias inovadoras chocaram-se com as doutrinas econômicas vigentes em sua época, além de ter enorme impacto sobre a teoria política e a política fiscal de muitos governos. Foi um dos mais influentes economistas do século XX. A Revista IHU On-Line número 276 de 06-10-2008 intitulada A crise financeira internacional. O retorno de Keynes dedicou o tema de capa à relação da atual crise com o pensamento do economista.

[4] Karl Marx foi fundador de uma das grandes teorias que iria influenciar os séculos dezenove e vinte, intelectual alemão, economista, sendo considerado um dos fundadores da Sociologia e militante da Primeira e Segunda Internacional. Também é possível encontrar a influência de Marx em várias outras áreas, tais como: Filosofia e História. Teve participação como intelectual e como revolucionário no movimento operário, escrevendo o Manifesto Comunista. A próxima edição da Revista IHU On-Line de 20-10-2008 terá como temática principal a relação da crise financeira atual e o pensamento de Marx.