"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

quinta-feira, setembro 18, 2008

Projeto CMPA - Lugar e Ambiente

O Projeto CMPA - Lugar e Ambiente é uma atividade interdisciplinar realizada anualmente no Parque Farroupilha, visando desenvolver a consciência ambiental e conceitos de cidadania nos alunos, bem como chamar a atenção da população para o cuidado com o meio ambiente. Dele participam todos os alunos e profissionais do Colégio Militar.

A idéia central é despertar a preocupação com o lugar onde se está, seja ele o lar, a escola, a rua ou a praça, fomentando ações práticas de preservação do meio ambiente, juntamente com a assimilação do aprendizado teórico e geral trabalhado em sala durante todo o ano.

Para realizá-lo, o Parque Farroupilha é dividido previamente em trinta e cinco células de limpeza, cabendo uma célula a cada turma de alunos, os quais são liderados por um Monitor, orientados por um Professor ou Oficial e auxiliados por um Soldado. O lixo de cada setor é coletado, com todos os cuidados de higiene e segurança, classificado e mapeado, sendo os resultados tabulados estatisticamente e informados à direção do Parque. Em 2007 foram recolhidos 77669 objetos.

Dentro da idéia geral do projeto, será realizada atividade interna de ampliação da conscientização com a limpeza das nossas instalações. Na semana seguinte será passado para todas as turmas o vídeo abaixo, feito pelo Ten Lapenta, professor de educação artística do CMPA.



Partilhas chegam ao Árctico

darussia.blogspot.com - 18/09/08




O Presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, defendeu hoje a criação de uma base jurídica sólida que regule a actividade económica do seu país no Árctico e fixe as fronteiras externas da plataforma continental.
“Antes de tudo, é preciso elaborar e aprovar a lei federal “Da fronteira meridional da zona da Rússia no Árctico. Na ordem do dia deve ser colocada a questão da fixação jurídica da fronteira externa da plataforma continental”, declarou Medvedev, numa reunião do Conselho de Segurança da Rússia, realizada na capital russa.
“É nosso dever directo perante as gerações futuras, devemos garantir, de forma fiável e a longo prazo, os interesses nacionais da Rússia no Árctico”, frisou.
Medvedev acrescentou que “a exploração dos recursos energéticos do Árctico é a garantia dos interesses nacionais da Rússia no Árctico”.
“Segundo os peritos, a plataforma continental do Árctico pode conter ¼ de todas as reservas de combustíveis no mundo e a exploração desses recursos é a garantia da segurança energética da Rússia”, precisou.
Com esse objectivo, Dmitri Medvedev defende a modernização da infraestrutura de transportes nas regiões árcticas do país.
“Entre as prioridades mais prementes continua a estar a modernização da infraestrutura dos transportes”,continuou o dirigente russo.
“A falta de estradas, de linhas aéreas locais, de portos marítimos e fluviais modernos, a degradação da marinha mercante, nomeadamente da marinha de quebra-gelos é um obstáculo sensível na realização do rico potencial do Árctico”, acrescentou.
Medvedev sublinhou que “é necessário aumentar a eficácia dos transportes na exploração dos jazigos de combustíveis e na sua exportação por via marítima”.
O dirigente russo apelou ao desenvolvimento da Via Marítima Setentrional, que constitui a ligação mais curta entre a parte europeia e o Extremo Oriente do país.
Além da Rússia, disputam o Árticto os Estados Unidos, o Canadá, a Noruega e a Dinamarca.

LULA VAI OU NÃO VAI RENOMEAR LACERDA PARA A ABIN ?

Conversa Afiada - 18/09/2008 08:36



Lula vai ter a coragem de reconduzir Lacerda ?

Paulo Henrique Amorim

"Nunca se queixe, nunca se explique, nunca se desculpe.

Aja ou saia. Faça ou vá embora"

(Trecho do discurso de Jobim, ao tomar posse,
quando tratou Waldir Pires com deselegância)

. O Presidente que tem medo, Luiz Inácio Lula da Silva, disse numa entrevista à TV Brasil, que, se quiser, o ínclito Delegado Dr. Paulo Lacerda volta a chefiar a Abin.

. Clique aqui para assistir ao vídeo da entrevista na TV Brasil.

. Quem nomeia o diretor geral da Abin não é o Dr. Paulo Lacerda.

. Quem nomeia o diretor geral da Abin é o Presidente da República, caso não esteja dominado pelo medo que nutre, no momento, pelo Supremo Presidente Gilmar Mendes.

. Logo, o Dr. Paulo Lacerda só será reconduzido à chefia da Abin se o Presidente Lula decretar.

. O Presidente que tem medo destituiu o Dr. Paulo Lacerda movido por uma mentira do Ministro de Tudo, o serrista Nelson Jobim.

. Ontem, na CPI dos Amigos de Dantas, Jobim botou o galho dentro (clique aqui para ler).

. Logo, o Presidente que tem medo não tem mais motivos para afastar o ínclito Delegado Dr. Paulo Lacerda.

. A menos que continue dominado pelo medo que nutre pelo Presidente Supremo Gilmar Mendes.

. Se o Presidente que tem medo reconduzir Lacerda, ele tem que demitir Jobim.

. Ou, se mantiver Jobim, tem que demitir o General Félix e não reconduzir Lacerda.

. Mas, essa é uma lógica que só se aplica a Presidentes que NÃO têm medo ...


Em tempo: o Presidente que tem medo do Supremo Presidente ofereceu um jantar ao Supremo Presidente. Clique aqui para ler a coluna da Mônica Bergamo. Deve ter servido de prato principal a cabeça do Dr. Paulo Lacerda. Na sobremesa, a do Delegado Protógenes Queiroz. Quem contratou o buffet foram Carlos Jereissati e Sérgio Andrade, que alguma coisa têm que pagar ... O vinho francês foi uma gentileza de Daniel Dantas, que abastece a coleção de vinhos bordeaux do José Dirceu.

Clique aqui para ler a grave denúncia de Luis Nassif sobre o abafa da Operação Satiagraha.

O HD de Dantas

Blog do Luis Nassif - 18/09/08

Por Fernando Pascoal

O alvo não é o inquérito, que é uma peça dispensável ao oferecimento da denúncia. O alvo é o que foi capturado durante o inquérito da PF: os HDs blindados que guardam os R$ 6 bilhões. Tornar inválido o uso das informações contidas neles é todo o esforço dos advogados de DD - e de quase toda república.

Por isso, busca o suprimento das condições exigidas pelo código de processo penal. “Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais”. Se o trabalho dos agentes da Abin, ao ‘analisar’ as provas, quebrou o sigilo necessário ao processo, já que a ajuda não foi feito pela vias administrativas definidas na lei, bingo!

Noutra ponta, GM se antecipa e lança as ferramentas com as quais pretende forçar os juízes federais a jogar o jogo que interessa a todos. Os incautos acham que GM estava preocupado em controlar as escutas telefônicas, mas a resolução do CNJ vai conversar direitinho com a estratégia de anulação do inquérito porque ela também trata de SISTEMAS DE INFORMÁTICA E TELEMÁTICA.

Essa resolução será oportuna porque a Satiagraha gerou três filhos. Um já foi acolhido na 6ª Vara. Dois estão sob o cuidado do MP, que oferecerá denúncias a outros juízes, possivelmente. Portanto, se se tentar manter os hds apreendidos, GM terá o poder do CNJ para melar a jogada, com uma “pressãozinha no cangote do cabra”.

Os HDs são importantes... o resto é perfumaria...

Europeus fogem da crise investindo em terras

Instituto Humanitas Unisinos - 18/09/08

Por séculos, a terra era o verdadeiro símbolo de riqueza na Europa. Hoje, fundos de investimentos voltam a apostar nisso como alternativa aos clientes para aplicar dinheiro. Desconfiados do mercado financeiro, investidores europeus voltam a pôr dinheiro em terras. Fundos de investimentos estão sendo criados para que europeus possam investir nos países da própria União Européia (UE). Fundos não descartam sequer passar a comprar terras no Brasil e no restante da América do Sul para oferecer como opção de investimento.

A reportagem é de Jamil Chade, publicada no jornal O Estado de S.Paulo, 18-09-2008.

Durante séculos, a terra era o único indicador de riqueza e sua acumulação foi alvo até de guerras. A Igreja Católica fez questão de acumular terras por toda a Europa para demonstrar poder. Hoje, o modelo é bem mais sofisticado, mas a base é a mesma. "A atual crise nas bolsas deverá modificar o comportamento de investidores. Acreditamos que haverá um fluxo cada vez maior de investidores querendo pôr dinheiro numa opção estável, que garanta lucros. Hoje, essa opção é a terra", afirmou Alex Price, da empresa Palmer Capital Partners, com base na Alemanha.

Nesta semana, a empresa lançou o maior fundo já criado na Europa para investir em terras no continente. "No curto prazo, o ouro ou o petróleo podem dar mais resultados. Mas, com a demanda cada vez maior por alimentos, o único resultado garantido de lucro em dez anos é a terra", afirmou ao Estado.

O fundo espera levantar US$ 500 milhões para comprar terras na Polônia, Hungria, Romênia e outros países do Leste Europeu, onde as terras são mais baratas que na Europa Ocidental. É o maior projeto desse tipo já lançado na Europa.

Nos últimos meses, a alta nos preços dos alimentos fez com que investidores especulassem com commodities. Em cinco anos, o preço dos alimentos mais que dobrou no mercado internacional. Mas a tendência agora é outra. Diante da constatação de que os alimentos continuarão caros e as outras opções de investimento são arriscadas demais, comprar terras passou a ser uma alternativa atraente.

Segundo Price, o fundo usa o dinheiro dos investidores para comprar fazendas no Leste Europeu, considerado um potencial celeiro de alimentos para as populações de Berlim, Roma, Paris ou Londres. As propriedades são alugadas e arrendadas para grandes multinacionais e produtores agrícolas. A responsabilidade dos produtores é não degradar as terras e manter seu potencial de produção.

Crise enterra tese de descolamento

Instituto Humanitas Unisinos - 18/09/08

A Europa sente na pele os efeitos da crise deflagrada em agosto de 2007 pelo mercado imobiliário americano, com vários países caminhando rumo à recessão. A persistência das turbulências nos EUA enterra de uma vez a esperança de "descolamento" da crise que havia em outros países, sobretudo os emergentes, como o Brasil, apontam economistas.

A reportagem é de Marcelo Pinto, publicada no jornal Folha de S.Paulo, 18-09-2008.

O resgate da seguradora americana AIG pelo governo e os rumores de venda da HBOS, maior financiadora de hipotecas do Reino Unido, que em seis dias perdeu metade de seu valor, animaram as Bolsas européias na abertura do pregão de ontem. Mas o otimismo durou pouco, sendo logo substituído pelos temores de que o pior está por vir. Os principais mercados de ações fecharam em queda: 2,25% em Londres, 1,75% em Frankfurt e 2,14% em Paris.

Depois de dois dias de intervenções no mercado, com injeções de mais de US$ 140 bilhões, o BCE (Banco Central Europeu) ontem não repetiu o gesto, que foi avaliado no mercado como uma medida quase inevitável. "O BCE tinha muito pouca margem de manobra", afirma Nicolas Verón, do centro de estudos econômicos Bruegel, em Bruxelas.

"Estamos vivendo a pior crise financeira da história e ainda é cedo para avaliar suas conseqüências", diz Charles Wyplosz, diretor do Centro Internacional de Estudos Monetários e Bancários, em Genebra. Para ele, é difícil calcular a exposição européia à quebra do Lehman Brothers, já que os bancos mantêm os dados em sigilo. Mas deduz que ela seja considerável. "As instituições financeiras européias estão profundamente ligadas às americanas", diz. "Se a economia americana se desacelera, também somos diretamente afetados, devido à forte relação comercial. Não há como escapar do contágio."

Isso ficou claro ontem, quando foi divulgado que o déficit comercial da zona do euro atingiu em julho US$ 3,2 bilhões, um resultado muito distante do superávit de US$ 7 bilhões no mesmo mês de 2007. Nos primeiros sete meses deste ano, quando a economia americana registrou forte desaceleração e a moeda européia se manteve valorizada, o superávit comercial dos 15 países da zona do euro com os EUA caiu 4% em relação ao mesmo período de 2007. Já as exportações da UE para o Brasil cresceram 20%, enquanto as importações subiram 12%.
Com a interdependência comercial e financeira crescente, virou fumaça a tese de que alguns países conseguiriam se descolar da crise dos EUA, dizem os especialistas. "O foco pode ser transatlântico, mas a crise é global", diz Verón.

Para Charles Wyplosz, o aviso vale também para as grandes economias emergentes, que devem ser atingidas pela próxima onda de turbulências, prevê. "Talvez o Brasil, por ter fundamentos sólidos, sofra menos. Mas ninguém ficará imune."

‘Crise é o Muro de Berlim do livre mercado’, afirma Stiglitz

Instituto Humanitas Unisinos - 18/09/08

Com a profunda crise por que passa o sistema financeiro mundial, puxada pela quebra das principais instituições de crédito dos Estados Unidos, Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel de Economia em 2001, avalia que a queda de Wall Street representa para o fundamentalismo do mercado o que a queda do Muro de Berlim representou para o comunismo.

A seguir, principais trechos da entrevista ao editor do Global Viewpoint Nathan Gardels,O Estado de S.Paulo, 18-09-2008.

Barack Obama disse que a quebradeira de Wall Street é a maior crise desde a Grande Depressão; John McCain afirma que a economia está ameaçada, mas que é fundamentalmente forte. Quem tem razão?

Obama está muito mais próximo da verdade. De fato, os Estados Unidos têm pessoas de talento, grandes universidades e um excelente setor de alta tecnologia. Mas os mercados financeiros desempenharam um papel muito importante e foram responsáveis por 30% dos lucros corporativos dos últimos anos. Os principais operadores dos mercados financeiros colheram esses lucros argumentando que estavam contribuindo para administrar o risco e alocar o capital de modo eficiente e, por isso, afirmam, "merecem" os altos retornos. Ficou claro que nada disso é verdade. Eles administraram pessimamente toda a situação. Agora esta se voltará contra eles e o restante da economia terá de pagar, enquanto as engrenagens da atividade econômica começam a rodar mais devagar em razão do aperto no crédito.

Nenhuma economia moderna pode funcionar bem sem um vibrante setor financeiro. Portanto, o diagnóstico de Obama é correto: nosso setor financeiro se encontra numa situação desesperadora. E, se está numa situação desesperadora, significa que a nossa economia está na mesma situação. Mesmo se não analisarmos a turbulência financeira, mas o grau de endividamento nacional, federal e do setor da habitação, veremos que há um grave problema. Nós estamos afogando. Se considerarmos a desigualdade, a mais profunda desde a Grande Depressão, veremos igualmente um grave problema. Se considerarmos os salários estagnados, perceberemos outro grave problema. A maior parte do crescimento econômico nos últimos cinco anos teve base na bolha da habitação, que acaba de estourar. E os frutos desse crescimento não foram amplamente compartilhados. Em suma, os fundamentos não são fortes.

Que medida seria necessária para enfrentar a crise de Wall Street?

Evidentemente, não precisamos só de uma nova regulamentação, mas de uma reformulação do sistema regulador. Durante seu reinado à frente do Federal Reserve (Fed) - no qual a bolha financeira e hipotecária foi crescendo -, Alan Greenspan dispunha de inúmeros instrumentos para contê-la, mas não o fez. Afinal, ele foi escolhido por Ronald Reagan por suas atitudes contrárias à regulamentação. Paul Volcker, o chefe anterior da instituição, conhecido por manter a inflação sob controle, foi demitido porque o governo Reagan julgou que ele não atuava de maneira adequada à desregulamentação. Nosso país sofreu, então, as conseqüências da escolha para o cargo de principal regulador da economia de alguém que não acreditava em regulamentação.

Portanto, em primeiro lugar, para corrigir o problema precisamos de líderes políticos e de estrategistas que acreditem em regulamentação. Além disso, precisamos adotar um sistema capaz de lidar com a expansão das finanças e de instrumentos financeiros além dos tradicionais bancos.Por exemplo, precisamos regulamentar os incentivos. É preciso começar a pagar bônus pelo desempenho referente a vários anos, e não só a um ano, porque isso acaba encorajando o jogo. As opções de ações estimulam a contabilidade desonesta e precisam ser limitadas. Em suma, criamos incentivos para um mau comportamento do sistema e foi o que tivemos. Também precisamos de "redutores de velocidade" . Historicamente, toda crise financeira esteve associada a uma expansão muito rápida de determinados tipos de ativos, das tulipas às hipotecas. Se conseguirmos reduzir isso, poderemos impedir que as bolhas escapem do controle.

O mundo não teria desaparecido se expandíssemos o setor de hipotecas a 10% ao ano, em lugar de 25%. Conhecemos o esquema tão bem que deveríamos ser capazes de fazer alguma coisa para contê-lo. Acima de tudo, precisamos de uma comissão de segurança para produtos financeiros, assim como temos uma comissão para os bens. Os financistas inventaram produtos que não tinham o objetivo de administrar o risco, mas criar o risco. É claro que acredito totalmente em maior transparência. Entretanto, em termos de normas reguladoras, esses produtos eram transparentes do ponto de vista técnico, mas eram tão complexos que ninguém conseguia entendê-los. Se todas as cláusulas desses contratos tivessem sido divulgadas, não teriam acrescentado nenhuma informação útil sobre o risco para os mortais comuns. O excesso de informações não é informação. Nesse sentido, os que pedem maior transparência como solução do problema não compreendem as informações. Quando você compra um produto, quer conhecer o risco, essa é a questão.

Os títulos respaldados em hipotecas, que estão na base da crise, estão espalhados pelo mundo, de bancos a fundos soberanos na China, Japão, Europa e Golfo. Qual o impacto da crise para eles?

É verdade. Os prejuízos das instituições financeiras européias relativos ao crédito hipotecário subprime foram maiores que nos EUA. O fato de os EUA terem diversificado esses títulos para os seus investidores no mundo todo, graças à globalização dos mercados, amorteceu o impacto nos EUA. Se não tivéssemos diluído o risco, o resultado nos EUA teria sido muito pior. Uma coisa que agora todos compreendem como conseqüência dessa crise são as informações assimétricas da globalização. Na Europa, por exemplo, não se entendia muito bem que as hipotecas americanas são non-recourse (o valor do financiamento não pode superar o valor de mercado do imóvel) - se o valor da casa cai abaixo do valor da hipoteca, você pode devolver a chave ao banco e ir embora. Na Europa, a casa é a garantia, mas o mutuário continua pendurado pela quantia que tomou emprestado, seja qual for. É esse o perigo da globalização: o conhecimento é local porque você está muito mais a par do que ocorre em sua sociedade do que nas outras.

Então, qual é o impacto da crise de Wall Street para a globalização impulsionada pelo mercado?

O programa da globalização está estreitamente vinculado aos fundamentalistas do mercado - a ideologia dos mercados livres e da liberação do comércio. Nesta crise, vemos que instituições mais voltadas para os mercados nas economias mais orientadas para o mercado quebram e pedem o socorro do governo. Todo mundo dirá agora que esse é o fim do fundamentalismo do mercado. Assim, a queda de Wall Street representa para o fundamentalismo do mercado o que a queda do Muro de Berlim representou para o comunismo: ela diz que essa forma de organização econômica não funciona. A conjuntura mostra que a liberação do mercado financeiro não existiu. A maneira hipócrita com a qual o Tesouro americano, o FMI e o Banco Mundial lidaram com a crise asiática de 1997 e a maneira como a atual está sendo tratada enfatizou essa reação intelectual. Agora, os asiáticos dizem: Espera aí, vocês disseram que deveríamos imitá-los nos EUA. Se tivéssemos seguido o exemplo, também estaríamos no caos. Talvez vocês possam se permitir isso; nós, não." reproduzido pelo jornal

quarta-feira, setembro 17, 2008

O ensaio geral está acabado

Resisitir Info - 17/09/08
por Richard Heinberg
Preços de referência do petróleo. Quando o preço do barril cai abaixo dos US$100, nem mesmo um furacão no Golfo do México e uma declaração da OPEP de que o cartel cortará a produção em mais de 500 mil barris por dia é capaz de travar a sangria. Como resposta, o Financial Post "Peak Oil peak" , citando este autor fora de contexto. Compare isto com o meu comentário que foi a fonte da citação.

O preço do petróleo não era suposto ascender indefinidamente? O mundo não ia acabar agora? O que aconteceu? O que quer dizer isto tudo? apresenta um artigo intitulado "Peak Oil peak" , citando este autor fora de contexto. Compare isto com o meu comentário que foi a fonte da citação.

Paciência, gentil leitor. Tudo será explicado.


Primeiro, por que o preço do petróleo subiu este Verão a cerca de US$150? Acerca disto há pouco acordo entre os especialistas. Um novo relatório dos administradores de hedge fund Michael Masters e Adm White (divulgado em 10 de Setembro pelos senadores Byron Dorgan, D, e Maria Cantwell, D) atribui tudo à especulação . Fundos de pensão, fundações e outros investidores institucionais compraram muitas commodities no princípio deste ano, e isso remeteu o preço do petróleo bruto para a lua. Recentemente os mesmos investidores retiraram o seu dinheiro do mercado de futuros do petróleo, e isto representou para o petróleo um mergulho de volta à terra. Vamos em frente, rapazes, não há nada a ver aqui.

Mas isto contradiz directamente as descobertas de um estudo anterior da Comodity Futures Trading Comission. Aquele relatório de 100 páginas concluía que a disparada do preço tinha tudo a ver com oferta e procura.

Ainda confuso?

Então há o argumento a circular através da fábrica de rumores (desculpem, não há uma atribuição de www a esta) a dizer que a queda nos preços do petróleo desde o fim de Julho mostra o apoio da Wall Street aos republicanos quando o país se aproxima das eleições de Novembro. Afinal de contas, prossegue a argumentação, o JP Morgan controla 40% dos puts e calls [*] no mercado petrolífero. Acrescente a Goldman Sachs e umas poucas outras casas correctores e há aí o potencial para a manipulação de aproximadamente a metade do petróleo total dos mercados de futuros.

Se os preços da gasolina estiverem em ascensão, o eleitorado mais provavelmente desejará remover os republicanos e procurar uma mudança. A Wall Street gosta dos favores que a administração Bush distribuiu ao longo dos últimos anos e quer mais do mesmo. Ou assim parece a estória.

A explicação mais prosaica para a alta do preço: a procura estava a aumentar, a oferta não, de modo que o preço subiu. Quando o preço chegou suficientemente alto, isto (juntamente a crise de crédito) lançou os EUA (e o mundo) e a economia na recessão. Este facto enfraqueceu seriamente a procura por petróleo. Veja-se a queda na quilometragem de veículos, por exemplo.

De uma coisa podemos estar certos: o preço importa. Quando o mercado fala, as pessoas ouvem. Durante semanas, quando o petróleo estava a bater recordes quase diariamente, houve discussão sem precedentes do conceito de Pico Petrolífero nos jornais financeiros, tanto em papel como on line. O que é mais significativo é que as pessoas começaram a conduzir menos . Hummers [2] acumulavam-se em stands, não vendido. Companhias de aviação e fabricantes de automóveis balouçavam à beira da bancarrota.

Em suma, muitas pessoas acordaram para a profunda vulnerabilidade que implicava ter baseado a sua economia, e por extensão as suas vidas, numa impossibilidade — a extracção de um recurso não renovável a taxas sempre crescentes.

Quando o preço caiu, tornaram a dormir.

Mas a alta súbita do preço no princípio de 2008 foi simplesmente um ensaio geral. A queda na procura dá ao mundo um momento para recuperar o fôlego antes de recomeçar o inevitável processo ascensão gradual dos preços. Seja como for, a US$100 ou algo como isso, o preço do petróleo ainda está 50 por cento mais alto do que no ano passado e 10 vezes o nível de uma década atrás.

Quando vier o próximo esmagamento da oferta, poderemos ver preços de US$200, US$250 ou US$300. Mas, mais uma vez, a ascensão não será constante e incessante. Veremos outra vez uma alta seguida por um mergulho — de vez, talvez, de volta aos US$150.

Enquanto isso, será que o petróleo a US$100 será uma ocasião para o sonambulismo ou para o reposicionamento estratégico? Para decisores políticos, isto é um momento para pensar claramente acerca de medidas a longo prazo para reduzir a procura pro-activamente e apoiar o desenvolvimento de fontes de energia renovável. Para os cidadãos, é uma oportunidade para fazer o esforço de mudar hábitos, comprar um carro mais pequeno, e envolver-se em trabalhos comunitários de preparação para o Pico Petrolífero.

Para aqueles de nós que têm estado envolvidos em tais trabalhos há vários anos, esta é a hora de preparar para o inevitável tsunami, quando jornalistas nos telefonam dia e noite lutando para entender o conceito, e quando governos de cidades, negócios e políticos nacionais pedirão conselhos sobre como enfrentar. Faríamos melhor em estarmos preparados.

O mundo teve um inequívoco toque de despertar do relógio do alarme petrolífero global. Simplesmente pressionar o botão para cochilar mais desperdiçaria o que pode ser a nossa última oportunidade para actuar antes de a necessidade obrigar-nos a reagir por meios inferiores ao óptimo.
11/Setembro/2008
[1] Instrumentos financeiros nas bolsas. Comprar um opção call dá o direito de comprar uma quantidade especificada de um tí:tulo ou uma mercadoria e inversamente comprar uma opção put dá o direito de vender.
[2] Hummer: marca de veículo muito consumidor de gasolina.

O original encontra-se em http://postcarbon.org/dress_rehearsal_over

Lehman foi-se; Merrill Lynch engolido; AIG em vias de marchar… Quem vem a seguir?

Resistir Info - 17/09/08

A carreta dos condenados rola ao amanhecer

por Mike Whitney

O Bank of America está a comprar a Merrill Lynch por US$45 mil milhões, o AIG precisa de uma salvação de emergência de US$40 mil milhões do Tio Sam a fim de continuar a flutuar, e a Lehman Bros está acabada. Uau! O mundo financeiro foi virado de pernas para o ar da noite para o dia. Pela frente está um dia duro no pregão das bolsas.

As notícias do massacre de domingo na Wall Street puseram as bolsas estrangeiras num desfalecimento profundo. As acções ruíram na Ásia e caíram mais de 4 por cento na Europa. O dólar está constantemente a perder terreno para o euro e o ouro está em ascensão. A questão não é se o índice Dow cairá, mas "quanto" e que efeito terá isso sobre instituições financeiras cada vez mais frágeis.

A Lehman Brothers, o cavalo de batalha da Wall Street com 158 anos de idade, anunciou domingo que solicitará a bancarrota depois de haverem fracassado os planos de resgate por não ter encontrado um comprador. Temores de contágio do crédito e de uma recessão global voltaram à superfície e tornaram-se mais generalizados. O fracasso do Lehman sugere que os outros gigantes da Wall Street estarão logo a seguir o mesmo caminho rumo à extinção. O economista Nouriel Roubini coloca isto assim:

"Todos os correctores independentes estão em vias de desaparecer. Em Março foi o Bear Stearns. Esta noite foi o Lehman e a Merril Lynch. O Morgan Stanley e o Goldman Sachs teriam de encontrar um comprador amanhã. O modelo de negócio dos correctores está fundamentalmente defeituoso. Eles não podem sobreviver".

Roubini pode estar certo. A coisa divertida do capitalismo é que você precisa de capital para jogar. Quando as arcas do banco estão cheias de nada excepto mortgage-backed securities (MBS) sem valor e títulos lixo super-valorizados, tudo vai para a falência rapidamente. Este parece ser o caso do Lehman Bros., o centenário cavalo de batalha da Wall Street que se juntou à longa procissão de estabelecimentos bancários submersos agora empurrados para o abismo. O Lehman teve um grande êxito durante os tempos de boom quando tudo o que era preciso para fazer montanhas de dinheiro era uma inundação previsível de crédito com juros baixos do Fed e uma agência de classificações acomodatícia que carimbasse toda a imunda piscina de hipotecas titularizadas com um grande Triplo A antes de apregoá-la a algum investidor crédulo em Shangai ou Heidelberg.

Os trabalhos do Lehman não são muito diferentes dos de quaisquer outros na fraternidade bancária. O problema é que todo o sistema está sub-capitalizado e super-alavancado. Quando o Bear Stearns foi abaixo no ano passado, ele estava alavancado num rácio de 26 para 2. Quando o Hedgie Carlyle Capital explodiu, estava alavancado a 32 para 1. E quando a Fannie e o Freddie foram finalmente tomados pelo Tesouro dos EUA, os dos mamutes estavam alavancados a 80 para 1, o que significa dizer que eles tinham um dólar de capital para cada US$80 que haviam tomado emprestado. Eles teriam continuado pelo mesmo caminho errático – comprar hipotecas tóxicas e MBSs de pessoas que não tinham possibilidade de alguma vez reembolsar os seus empréstimos – se não tivessem sido tomados no "conservatorship" federal, o que é um meio imaginativo de dizer que estavam insolventes. O secretário do Tesouro Henry Paulson insensatamente conectou uma mangueira de dinheiro com diâmetro de 15 cm das entranhas do Tesouro às agências da Fannie de modo a que os dois gigantes pudessem continuar a cambalear a expensas do contribuinte sem se importar com o facto de que o modelo de negócio da titularização fracassou completamente e os investidores estrangeiros – incluindo a China – já começaram a diminuir as suas compras de dívida GSE. Isto não é assunto para risos. Os US$700 mil milhões do défice de transacções correntes dos EUA são financiados através de investidores estrangeiros que estão a ficar cada vez mais aterrorizados acerca do afundamento da moeda num sistema que, o tempo todo, parece mais um pôquer de casino. Aqui está um recorte do China Daily de sexta-feira:

"A China, que possui um quinto das suas reservas de divisas em dívida da Fannie Mae e do Freddie Mac, podem cortar a porção mantida em dólares dos EUA, segundo o China International Capital Corp (CICC), um dos maiores bancos de investimento do país.

"A crise fez os responsáveis chineses perceberem que é uma má ideia colocarem todos os seus ovos num cabaz, escreveu o economista chefe do CICC, Ha Jiming. 'Isto provavelmente conduzirá a maior diversificação nos investimentos em reservas de divisas estrangeiras'. A China possuía US$447,5 mil milhões de títulos de agências dos EUA em Junho de 2008, segundo cálculos do CICC utilizando dados divulgados pelo Tesouro dos EUA. Ela provavelmente reduzirá a porção das reservas em activos dolarizados dos actuais 60 por cento comprando mais activos não dolarizados, disse ele" (China Daily)

Naturalmente, os investidores e bancos centrais estrangeiros restringirão suas compras de títulos e bilhetes do Tesouro dos EUA até que haja alguma indicação de que os mercados estado-unidenses estabilizaram e serão capazes de aguentar os ferozes ventos adversos do maior crash habitacional da história, um mercado de títulos corporativos congelado, um sistema bancário paralisado, e uma procura do consumidor em declínio constante. Mas os americanos ainda parecem despreocupadamente inconscientes do que tudo isto significa para o futuro do país. Ao invés disso eles saboreiam cada nova bisbilhotice acerca da Bíblia pulsante, a governadora caçadora de ursos do Alasca que quer trazer o país de volta ao far west ao invés de aprender acerca da tempestade de fogo que assola os mercados financeiros.

Quando as compras líquidas estrangeiros de activos financeiros dos EUA começam a arrefecer, o jogo está acabado. O Fed será forçado a elevar taxas de juro para atrair capital estrangeiro, as quais colocarão uma pressão declinante sobre a economia e acelerarão o crash habitacional. A decisão de Paulson de proporcionar capital ilimitado à Fannie e ao Freddie amontoará cada vez mais dívida em cima do dólar gaguejante e dos US Treasuries. É o equivalente a amarrar a moeda verde a uma bigorna e lançá-la borda fora. As tentativas de Paulson de protelar uma crise bancária sistémica assegura que o governo federal passará por uma crise de financiamento sem precedentes em algum momento no futuro próximo. Haverá impostos mais elevados para a espancada classe média e taxas de juros mais altas para os negócios e os consumidores. Isto disparará uma desaceleração económica prolongada e um crescimento mais fraco. O crédito ficará mais restrito, bancos incumprirão, o desemprego aumentará e o PIB murchará. Um loop de retroalimentação negativa desenvolver-se-á a partir do vacilante sistema financeiro para a economia real; um círculo viciosa acabando em despedimentos maciços, enfraquecimento da procura, queda dos preços das acções, e confiança do consumidor em retrocesso. Bem vindo à Sopa da cozinha EUA.

Actualmente, Paulson e o chefe do Fed de Nova York, Timothy Geithner, estão a pressionar as elites banqueiras da Wall Street para se organizarem a fim de pagar dinheiro suficiente para a compra dos activos imobiliários desvalorizados do Lehman. A proposta do Fed é semelhante ao resgate de Greenspan do Long-Term Management LP (LTCM) que enervou os mercados financeiros no fim da década de 1990. Paulson assinalou que NÃO haverá salvamento semelhante ao Bear Stearns quando o Fed comprou US$29 mil milhões em activos relacionados com hipotecas. O Fed está espremido, tendo já comprometido a metade do seu balanço – aproximadamente US$500 mil milhões – em retomadas de posse através dos seus "leilões", os quais recentemente dispararam para as alturas recordes de US$19 mil milhões por semana durante as últimas três semanas. A crise está a aprofundar-se dia a dia. Analogamente, o Tesouro atrelou seu vagão à Fannie e ao Freddie o que expande a Dívida Nacional em mais US$5,2 milhões de milhões (trillion) e solapa gravemente a "plena confiança e o crédito" dos EUA neste processo. Ter em mente que a maior fonte do poder americano é o seu acesso a capital barato através do contribuinte. Paulson agora colocou esta fonte de receita em risco ao nacionalizar a indústria habitacional e sobrecarregar o contribuinte com (potencialmente) astronómicas obrigações futuras, embora ele saiba perfeitamente que o mercado poderia afundar mais 15 ou 20 por cento antes do fim de 2010. A imprudência de Paulson condenou o país a anos de grandes esforços.

Na tarde de domingo, nenhum acordo chegou a ser efectuado para comprar o Lehman Bros. e parecia que o banco estava destinado à bancarrota. A Wall Street preparou-se para o pior. Nouriel Roubini emitiu uma avaliação particularmente implacável no seu post mais recente no blog Global EconoMonitor:

"Agora é claro que estamos outra vez – como estávamos em meados de Março no momento do colapso do Bear Stearns – a uma curtíssima distância de uma corrida generalizada à maior parte do sistema bancário sombra, especialmente os outros grandes correctores independentes (Lehman, Merrill Lynch, Morgan Stanley, Goldman Sachs). Se o Lehman não encontrar um comprador no fim de semana e as outras contrapartes do Lehman retirarem as suas linhas de crédito na segunda-feira, você terá não só um colapso do Lehman como também o princípio de uma corrida aos outros correctores independentes... Esta corrida então conduziria a um colapso sistémico maciço do sistema financeiro. Esta é a razão porque na sexta-feira, e outra vez hoje, o Fed convocou os cabeças de todas as principais firmas da Wall Street (Lehman, Merrill Lynch, Morgan Stanley, Goldman Sachs) a fim de convencê-los a não puxar a tomada do Lehman e manter a exposição ao risco junto a este corrector na agonia".

Os bancos gigantes de investimento estão inescapavelmente armadilhados numa rede de contratos derivativos complexos e não regulados os quais – sob certas condições – poderiam ameaçar todo arranha-céu financeiro em Manhattan.

Uma porção apreciável da dívida do Lehman a longo prazo, de US$128 mil milhões, provavelmente será despejada num "banco mau" o qual ficará com os seus tóxicos activos apoiados por hipotecas e será financiado pelo Tesouro ou os demais bancos da Wall Street. Os bons activos podem então ser separados e vendidos tanto para o Bank of America como para o Barclays, os dois compradores em perspectiva. Desta forma, segundo a Forbes, "o banco mau seria mantido a flutuar enquanto os seus activos podiam ser despachados ao longo de um período de tempo de um modo que não abalasse o sistema financeiro mais do que já está".

Alguma variação da "solução Forbes" provavelmente será executada, mas, sejamos claros, isto realmente não é solução. É apenas um meio de comprar tempo rolando a dívida para esvaziar as feias consequências de contabilizar perdas maciças. Por outras palavras, é mais barato manter capital a queimar para suportar activos moribundos do que assumir a perda e efectuar um esforço genuíno para reestruturar o sistema disfuncional. Eis aqui como Paul Volcker, o antigo chefe do Fed, resumiu isto há duas semanas:

"Este brilhante novo sistema, esta prática nos Estados Unidos, esta prática no Reino Unidos e alhures, arruinou-se. O crescimento da economia nesta década será o mais lento de qualquer década desde a Grande Depressão, exactamente em meio a todas esta inovação financeira. O actual sistema financeiro é disfuncional. Isto é uma forma polida de dizer que ele fracassou".

A titularização fracassou. Os cortes nas taxas dos fundos do Fed fracassaram. Os dispositivos de leilão – TAF, PDCF e TSLF – fracassaram todos. As operações fora do balanço, a inflação de activos encarecendo a dívida, a contabilidade estilo Enron, os SIVs, os CP, MBS, CDOs, também fracassaram. As subprimes, as piggybacks, a opção-ARMs, as Alt-As fracassaram todas. As finanças estruturadas fracassaram. O sistema não funcionou, não pode funcionar. Está construído sobre a suposição equivocada de que o capitalismo pode prosperar sem capital; de que um dólar pode ser infinitamente ampliado por complexos instrumentos de dívida e mega-alavancamentos para gerar riqueza real e manter as rodas das finanças e da indústria a andar. Isto não pode ser feito. O sistema está submerso. O economista e escritor Henry Liu coloca isto assim:

"Mas esta abordagem é preferida por aqueles que têm autoridade, aprisionados na armadilha do auto-engano acerca de o capitalismo com mercado não regulamentado ser ainda fundamentalmente sadio. Eles tentam acalmar os mercados asseverando que a confusão actual é meramente um gargalo menor de liquidez que pode ser manuseado pelo banco central com a libertação de mais liquidez contra o pleno valor facial do colateral com valor em declínio. Não há sinais de qualquer grande estratégia ou plano coerente para salvar o sistema canceroso da auto-destruição estrutural".

Ao invés disso, a pilhagem de um punhado de "inovadores" da Wall Street – bêbados de arrogância e o seu próprio sentido bizarro de direito – empurrou os mercados financeiros para a beira da catástrofe e levou a economia "real" mais vasta rumo a uma penosa retracção. Agora todos pagarão pela cobiça de uns poucos.

Então, o que se segue?

Um artigo no Financial Times fala francamente, mas responsáveis do governo sem dúvida negarão isto até que a eleição presidencial de Novembro esteja ultrapassada.

Do Financial Times:

"O debate sobre se é necessário um veículo estilo RTC (Resolution Trust Corporation) – talvez apenas para circunscrever activos hipotecários em perturbação – também ganhou movimento entre banqueiros centrais no simpósio Jackson Hole patrocinado em Agosto pelo Federal Reserve Bank de Kansas City...

"O problema de que um veículo RTC poderia ajudar a resolver é que há muito poucos compradores para activos hipotecários em perturbação, e poucos investidores agora querem injectar capital fresco nos balanços estilhaçados dos bancos que os possuem. Em resultado disso, bancos tais como o Lehman e o Washington Mutual têm lutado para vender as suas ácidas carteiras de acções, e para arranjar negócios a fim de obter capital fresco. As tomadas da Fannie e do Freddie, as quais virtualmente liquidaram os possuidores de acções preferenciais, também tornaram o acesso dos bancos ao mercado de capital preferencial cada vez mais difícil. Através de uma nova RTC, o governo poderia proporcionar apoio financeiro se necessário em troca de uma participação em lucros potencial quando os activos fossem liquidados".

O que os Feds se recusam a admitir é que já há um plano para tornar o governo um parceiro "accionista" activo de bancos comerciais em vias de fracasso. (Não há maneira de o FDIC poder pagar por todas as perdas projectadas de qualquer forma) Isto dará ao Tesouro dos EUA a autoridade para proporcionar a bancos insolventes bastante capital para saírem dessa trapalhada de alguma forma enquanto os seus activos debilitados são liquidados através do RTC, uma morgue para o agónico lixo apoiado por hipotecas.

Como isto afectará o dólar já anémico é algo que ninguém adivinha. Mas não será bonito.

15/Setembro/2008
[*] fergie@msn.com

O original encontra-se em http://www.counterpunch.org/whitney09152008.html

A moeda, o crédito e o capital financeiro

Le Monde Diplomatique Brasil - 14/09/08

A estatização das gigantes do crédito imobiliário nos EUA reensina: ao contrário do que crê a teoria econômica convencional, poder estatal e mercado não estão em conflito, no capitalismo. A “memorável aliança”, entre eles encontra-se origem do sistema e segue movendo sua expansão no século 21

José Luís Fiori

(14/09/2008)

Todas as moedas são símbolos,
e o seu peso ou composição não tem maior importância.
O que de fato importa
é o nome ou o poder de quem a emite”.
(Mitchell Innes, What is money,
Banking Law Journal 1913, May, p: 382)

Para surpresa dos ideólogos, os Estados Unidos acabam de dar uma aula, curta, sintética e brilhante, sobre a natureza do capitalismo, e sobre o funcionamento dos seus mercados. Com poucas palavras, o governo americano anunciou, nesta última semana, a estatização das duas maiores empresas de financiamento hipotecário dos EUA — a Fannie Mae e a Freddie Mac — criadas pelo Estado, em 1938 e 1970, e depois privatizadas, com o objetivo de diminuir os gastos públicos e aumentar a concorrência setorial. Ao anunciar sua decisão, o secretário do Tesouro prometeu injetar até U$ 200 bilhões dos contribuintes nas duas empresas, que controlam metade do mercado de hipotecas dos EUA, estimado em 12 trilhões de dólares. Mas não é só isto: nos últimos meses, o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) financiou a aquisição do banco Bear Stearns pelo J.P. Morgan; criou uma nova linha de financiamento para firmas externas ao setor bancário; e colocou seus “inspetores” para controlar os bancos de investimento. Enquanto o Congresso norte-americano aprovava, no último dia 30 de julho, a Lei para a Recuperação da Economia e do Setor Imobiliário, e discutia uma nova regulamentação rigorosa e detalhada do mercado financeiro americano. E agora, mais recentemente, o ex-presidente do Fed, Alan Greenspan, propôs diretamente a criação de uma nova agencia estatal de analise de risco das empresas privadas. Ou seja, de todos os lados está vindo o mesmo sinal: como diz o jornal Financial Times, “no conflito perene entre a política e o mercado, não há duvida, que neste momento, a política está por cima” [1].

Enquanto isto, os analistas econômicos batem cabeça, há mais de um ano, sem conseguir explicar a natureza, a extensão e o futuro da crise hipotecária americana. Talvez, porque todos compartilham, de uma forma ou outra, a mesma tese do Financial Times: a idéia equivocada de que existe um “conflito perene”, entre a Política e o Mercado. Apesar de que a história da formação dos mercados e do capitalismo aponte na direção oposta, de uma solidariedade essencial e originária entre o poder, o mercado e os capitais privados. Uma história que começa por volta do século 14, com o poder arbitrário dos príncipes que definiam, de forma soberana, o valor dos tributos que deviam ser pagos pelos seus súditos, e ao mesmo tempo, definiam o valor da moeda que cunhavam para pagamento dos seus próprios tributos. E mesmo quando circulavam outra moedas e títulos privados, dentro do seu “principado”, eles sempre eram referidos, em última instancia, ao valor da moeda soberana. Este “circuito” inicial se complicou com a expansão das guerras e a necessidade dos príncipes recorrerem ao endividamento, criando a dívida publica negociada pelos comerciantes-banqueiros, num mercado cada vez mais extenso de títulos e moedas. Foi assim que nasceu o capital financeiro, através da senhoriagem entre as moedas e títulos das unidades soberanas do mundo medieval.

Desde 1973, o sistema monetário internacional “dólar-flexível” não tem nenhum padrão metálico de referência. Uma nova “revolução financeira” provocou uma espécie de retorno às origens da relação entre o poder, a moeda e o crédito

O passo seguinte desta história aconteceu nos séculos 17 e 18, com o nascimento dos primeiros Estados nacionais e com a “revolução financeira” que mudou a face do capitalismo europeu. Esta revolução começou na Holanda, no século 17 e se completou na Inglaterra, no século 18. Os dois países centralizaram seus sistemas de tributação e criaram bancos públicos responsáveis pela administração conjunta da dívida soberana, na forma de bônus do Estado, e da dívida privada, na forma de letras de cambio, que se transformam na base de um sistema de crédito cada vez mais elástico, criativo e diversificado — mas sempre referido, em última instancia, à moeda de conta nacional.

E não há duvida que a fusão entre esta nova finança holandesa e inglesa, a partir de 1689, teve um papel decisivo no fortalecimento e na vitória colonial da Inglaterra, e na projeção internacional da moeda inglesa, a Libra, que foi hegemônica em todo o mundo até sua “quase-fusão’ com o Dólar norte-americano, durante o século 20. Numa espécie de sucessão “hereditária”, que partiu da Holanda e da Inglaterra, e se prolongou nos Estados Unidos, mantendo a supremacia monetário-financeria anglo-saxônica, inquestionável durante os quatro séculos de história deste sistema mundial que foi criado a partir da expansão política e econômica da Europa.

Durante o período em que a “moeda internacional” teve uma base metálica, a Libra e o Dólar também tiveram uma restrição financeira intransponível, imposta pela necessidade de equilíbrio do balanço de pagamentos do país emissor da moeda de referencia Mas depois do fim do sistema de Bretton Woods, em 1973, esta restrição desapareceu, com o novo sistema monetário internacional “dólar-flexível” que não tem nenhum tipo de padrão metálico de referencia. Neste sentido, pode-se dizer que houve uma nova “revolução financeira” na década de 1980, que provocou uma espécie de retorno às origens da relação entre o poder, a moeda e o crédito.

Os EUA voltaram a definir, de forma soberana e isolada, o valor da sua moeda, apesar de que ela já fosse a moeda internacional, e também o valor dos seus títulos da dívida pública, apesar de que eles se tenham se transformado na base de referencia da própria moeda. Além disto, o governo americano desregulou seus mercados financeiros, e com isto liberou a expansão quase infinitamente elástica do crédito, longe do mundo das mercadorias e do “valor-trabalho”, e limitado apenas pela capacidade de tributação e endividamento do próprio Estado americano, que ainda é um poder em expansão, e que ganha mais poder, com o fortalecimento do seu crédito internacional, e do seu capital financeiro. Neste sistema, portanto, não existe um “conflito perene” entre a política e o mercado, como pensa a teoria econômica convencional. O que existe e sempre existiu é uma “memorável aliança”, entre o poder e a finança, que esteve na origem do capitalismo, e do “milagre europeu”, segundo Max Weber — e que segue movendo a fronteira expansiva do sistema inter-estatal capitalista, neste início do século 21.


[1] Plender, J., in Financial Times, 21 de Agosto de 2008

Bolsas de valores suspendem actividades devido a queda de acções de empresas russas

darussia.blogspot.com - 17/09/08




A Bolsa Intercambial de Moscovo (BIM) e a Bolsa de Comércio e Matérias-Primas da Rússia (BCMPR) suspenderam hoje as suas actividades por tempo indeterminado.
A decisão foi tomada pelo Serviço Federal para Mercados Financeiros devido à continuada queda do valor das acções das empresas russas cotadas nessas bolsas.
Na BIM, a queda média das acções foi, em duas horas de actividade, de 5,2 por cento e, na BCMPB, de 03,33 por cento.
Na véspera, essas bolsas tiveram de encerrar as actividades anctecipadamente, pois registou-se uma queda média superior a 10 por cento.
O Ministério das Finanças da Rússia injectou ontem cerca de 1 500 milhões de dólares para manter a liquidez no mercado e afirma ter meios para injectar até 33 mil milhões de dólares.
Os dirigentes russos não se cansam de afirmar que controlam a situação e que a crise financeira não deverá atingir os cidadãos comuns.
“A situação no mercado financeiro não deve preocupar os russos: a situação com a inflação, no meio ano que passou, estabilizou-se, não haverá sérias alterações na cotação do russo”, declarou Alexei Kudrin, vice-ministro das Finanças da Rússia.
“Para os russos simples, a situação praticamente não se altera, a inflação continua a ser o risco maior, pois aumentou, mas agora já diminui”, declarou Kudrin, numa entrevista à televisão russa Vesti-24.
“Não há razões para se preocuparem”, frisou.
No entanto, nem todos os analistas económicos apoiam o ponto de vista optimista do ministro das Finanças da Rússia.
“O mercado de valores afecta um número relativamente pequeno da população, mas, dentro de três ou quatro meses, a onda poderá atingir a maioria dos cidadãos. Não sei se haverá crises sociais, mas certamente que haverá desilusões”, considera Dmitri Orechkin, analista do grupo económico Mercator.
Quanto às origens da crise financeira no mercado russo, os analistas consideram que, em 75 por cento, ela se deve a crise análoga nos mercados internacionais, mas sublinham que, em 25 por cento, foi originada pela fuga de capitais do mercado russo, iniciada durante a guerra entre a Rússia e a Geórgia.
O Governo russo fala de uma fuga de capitais de cerca de 05 mil milhões de dólares, mas os analistas independentes sobem esse número para 35 mil milhões.

Esta crise financeira é um sério aviso à direcção russa de que a economia da Rússia já está integrada na economia mundial e, por conseguinte, têm pouco de real as afirmações de que "o país pode sobreviver sozinho".

Além da queda na bolsa, observa-se também uma descida rápida do preço do petróleo.

O Brasil e a grande crise

Blog Luis Nassif - 17/09/08

Ainda é muito cedo para avaliar com precisão as conseqüências da crise internacional sobre a economia brasileira.

Para o Ministro da Fazenda Guido Mantega, serão da seguinte ordem:

* Ligeira desaceleração na economia por causa do encarecimento do custo do capital, empréstimos externos rarefeitos e retração de IPOs (venda primária de ações);

* juros de longo prazo crescendo;


* medidas para conter a inflação na área fiscal e tributária

* saída de capitais da bolsa e da renda fixa, com desvalorização do real.


* balança comercial perdendo saldo, porém com reservadas elevadas e deixando para trás a fase de apreciação exacerbada do real.

Segundo Mantega, o governo continua apostando no cenário de crescimento, substituindo mercado externo pelo interno.

***

O economista Yoshiaki Nakano é menos otimista, mas ainda assim otimista.

Em 2006, o volume de ativos financeiros era quatro vezes maior do que o PIB mundial. Com o furo da bolha, chega ao fim uma era de 20 anos de juros baixos que caracterizou a economia mundial. Chega ao fim um longo ciclo de crescimento fundado nos Estados Unidos e na expansão do crédito.

Agora, com a recessão nos Estados Unidos, Europa e Japão, o pólo de crescimento se desloca para a China e para o Leste da Ásia.

No início da crise, diz Nakano, o FED (o Banco Central americano) apenas recompôs a liquidez (isto é, a necessidade imediata de caixa pelo sistema bancário). No começo, bancos com prejuízo conseguiram recompor o capital atraindo novos investidores. Agora esse processo foi interrompido. Sem conseguir recompor o capital próprio, haverá um gigantesco processo de desalavancagem (isto é, dos bancos se desfazendo de ativos para reduzir o endividamento), provocando uma contração de crédito que baterá em todo mundo, empresas e consumidores.

***

Segundo Nakano, as perdas do sistema financeiro chegam a mais de US$ 500 bi contabilizados e declarados. O FMI diz que poderão chegar a US$ 1 trilhão. Já existem avaliações de US$ 1,3 tri. Nesta semana, chegou-se a estimar em US$ 3 trilhões a perda de capital próprio das instituições financeiras. Segundo a Goldman Sachs, a contração de crédito pode ser de 8 a 10 vezes a redução do capital próprio.

***

Nakano montou um quadro comparando a situação brasileira atual com a de 1999. Em quase todos os indicadores, há melhorias substanciais. Menos na vulnerabilidade externa, por conta da relação M2 (depósito à vista e ativos líquidos) sobre reservas cambiais).

***

Para Júlio César Gomes de Almeida, diretor do IEDI (Instituto de Estudos de Desenvolvimento Industrial), os dados de endividamento externo não revelam todos os compromissos do país. O passivo externo líquido é a soma da dívida externa líquida e do estoque de capital estrangeiro líquido investido no país. Se o investidor quiser tirar seu dinheiro, o impacto será o mesmo da amortização da dívida. Aliás, com uma diferença: dívidas têm prazo paraquitação; desinvestimento, não.

***

De qualquer forma, o tsunami da economia mundial obrigará a uma rediscussão ampla sobre os rumos da política econômica e o futuro do próprio país.

José Dirceu

A propósito da coluna de domingo, recebo email do ex-Ministro José Dirceu: “Li a sua coluna (abaixo do meu texto) e envio-lhe esta nota que publiquei em meu blog, sobre a matéria da revista Carta Capital. Solicito que publique a evidência, indício ou prova que justifique tua afirmação no artigo. Até hoje não há nada que me vincule a Daniel Dantas. Aproveito essa resposta para reiterar que repilo e repudio toda afirmação que me registre como aliado de Daniel Dantas no governo.

OS ESTADOS UNIDOS À BEIRA DA COMUNIZAÇÃO: BUSH NACIONALIZA SEGURADORA

Site do Azenha - Atualizado em 17 de setembro de 2008 às 02:32 | Publicado em 17 de setembro de 2008 às 02:30

Chamem a Miriam Leitão. Convoquem urgentemente o Arnaldo Jabor. Tirem o Ali Kamel da cama.

A mão invisível do mercado aprontou mais uma.

Parece que andou se aproveitando da situação e cometendo atentado ao pudor contra a carteira de milhões de norte-americanos.

Será que o Hugo Chávez abduziu o George Bush?

Será que o Evo Morales baixou na Casa Branca?

Para quem está chegando agora, ontem à noite o governo dos Estados Unidos decidiu colocar 85 bilhões de dólares de dinheiro público para estatizar uma seguradora.

Nacionalizaram o prejuízo.

Esperarei sentado pelas manchetes escandalizadas de "O Globo" e pelos editorias enfezados do "Estadão".

Agora é aquela hora em que a "mão de obra" intelectual tem que provar o valor. Vamos nos divertir com a ginástica intelectual da turma que pregava a "destruição criativa" do capitalismo para os bens alheios.

É o que nos resta.

Governador boliviano, acusado de genocídio de camponeses, é preso

Instituto Humanitas Unisinos - 17/09/08

O governador do departamento de Pando, Leopoldo Fernández, foi preso na manhã desta terça-feira, 16, por militares do Exército da Bolívia. Ele foi detido na sede do governo de Pando e levado para a cidade de La Paz, mas ainda não há confirmação sobre o local onde ficará preso.

A reportagem é de Vladimir Platonow, da Agência Brasil, 16-09-2008.

Fernández é acusado pelo governo boliviano de genocídio, depois da morte de 30 camponeses nos últimos dias no departamento, que faz fronteira com o Acre, durante manifestações contra o governo de Evo Morales.

A pena prevista para o crime é de 30 anos de reclusão, sem direito a progressão de pena. Leopoldo Fernández teve prisão decretada pelo governo boliviano na noite do último sábado (13). A alegação inicial foi de que o governador oposicionista teria descumprido o estado de sítio em Pando.

Por esse mesmo motivo, outras 11 pessoas ligadas à oposição ao governo de Evo Morales foram presas no departamento.

Em entrevista coletiva concedida pela manhã, o presidente da União Juvenil de Santa Cruz, Anyelo Cespedes, declarou persona non grata o consul da Venezuela no departamento, Luis Oblitas, e deu prazo de 48 horas para ele sair do país, sob pena de ser expulso com uso da violência.

Crise financeira. Quais são as lições?

Instituto Humanitas Unisinos - 17/09/08


São tempos dramáticos. Na segunda-feira desta semana, três dos principais bancos de investimentos de Wall Street - Bear Stearns, Lehman e Merrill Lynch - tinham desaparecido como entidades independentes. O grupo de seguros AIG está em sérias dificuldades. O que era, até recentemente, o bravo e novo sistema financeiro dos EUA está se fundindo diante de nossos olhos. O que deu errado? O pior já passou? Quais são as lições para as instituições financeiras? Quais são as lições para os governos?

O artigo é de Martin Wolf e publicado no Financial Times, reproduzido pela Folha de S.Paulo, 17-09-2008.

As portas do estábulo estão sendo fechadas depois que os cavalos fugiram. O Instituto para Finanças Internacionais, por exemplo, produziu um excelente relatório sobre as coisas que a indústria financeira deve fazer (ou deveria ter feito).

Esse relatório se concentra, adequadamente, na administração de riscos (que foi um desastre), na compensação (que foi grotescamente irresponsável), no modelo de originar e distribuir (que estava cheio de irresponsabilidade e fraude) e assim por diante.

Sem dúvida as pessoas escaldadas por esta crise vão levar a sério esses conselhos, por algum tempo. Mas daqui a alguns anos -20, se tivermos sorte, menos de 10, se os estragos forem contidos pelas autoridades- serão águas passadas. Nos sistemas financeiros desregulamentados as crises são inevitáveis, como terremotos em uma área de falha. Só o momento é incerto.

Quais, afinal, são as implicações para os governos hoje? As perguntas são duas: como reestruturar o regulamento para o longo prazo? E quanto de suas ferramentas para crises devem usar agora?

Meu colega John Kay diz que a regulamentação deve ser restrita. Seu argumento se baseia em duas propostas: primeiro, o sistema de pagamentos é a principal função de utilidade financeira; e, segundo, os reguladores não podem prever com sucesso as decisões de enormes instituições dirigidas por pessoas mais bem pagas e mais motivadas que eles próprios.

Kay afirma que os governos nem sequer deveriam fingir que podem estabilizar o sistema financeiro. Em vez disso, precisam tentar "isolar a economia real das conseqüências da instabilidade financeira". O último, ele sugere, pode ser obtido garantindo os pequenos depósitos, criando um regime especial de resoluções para os bancos e tornando o esquema de seguro de depósitos um credor preferido.

Acho a posição de Kay ao mesmo tempo atraente e irreal. Um motivo importante para essa última opinião é que os governos definem adequadamente a provisão para intermediação financeira e seguro como funções de utilidade essenciais na economia moderna. Outra é que é impossível proteger a economia real de uma ruptura do sistema de crédito. Por isso os governos não podem prometer com credibilidade lavar as mãos em um colapso financeiro. Essa é a lição de pelo menos meio século de história.

Uma maior regulamentação é inevitável, infelizmente, mesmo que condenada a ser imperfeita. Dois passos devem ser dados. Um é procurar regras simples para melhorar a operação do sistema como um todo, sendo óbvia a exigência de capitais contracíclicos. O outro passo, muito mais polêmico, é uma mudança na psicologia da supervisão que se afaste da tese de que as instituições sabem o que estão fazendo.

Em particular, deve-se dar muito mais atenção ao comportamento que parece racional para cada instituição, mas não pode ser racional se todas participarem dele ao mesmo tempo. Por exemplo, financiar bolhas de preços da habitação com empréstimos equivalentes a 100% do valor mal avaliado, porque os preços sempre sobem.

Hoje, porém, as autoridades também devem se perguntar se o que elas estão fazendo tornará o sistema mais seguro quando a crise passar. Por esses padrões, a decisão de não salvar o Lehman pareceu certa. Mas também foi arriscada, porque temos de superar a crise. Esperemos que a decisão seja uma parte da solução, e não um agravamento. Eu não apostaria nesse resultado benigno.

Bancos Centrais injetam US$ 210 bi para acalmar o estresse dos mercados

Instituto Humanitas Unisinos - 17/09/08

Empréstimos entre instituições financeiras secam e obrigam os bancos centrais das principais nações desenvolvidas tiveram de injetar US$ 210 bilhões para acalmar o nervosismo no mercado interbancário.

A reportagem é de Leandro Modé e publicada no jornal O Estado de S.Paulo, 17-09-2008.

O mercado financeiro global viveu ontem um dos momentos de maior oscilação desde o início da crise das hipotecas, em meados do ano passado. Durante grande parte do dia, imperou o pessimismo que já havia abatido os investidores na segunda-feira. Ao longo da tarde, informações consideradas positivas sobre instituições financeiras americanas levaram alguma tranqüilidade aos negócios. Segundo analistas, a tendência para hoje e para os próximos dias continua sendo de volatilidade.

O Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa), que chegou a cair 4,45% na mínima pontuação do dia, subiu 1,68%. No ano, acumula desvalorização de 22,94%. O Índice Dow Jones perdeu 1,60% no pior momento do pregão, mas se recuperou e fechou em alta de 1,30%.

"É chocante o nível de estresse dos mercados", afirmou o economista-chefe do Banco WestLB, Roberto Padovani. "Os relatos que recebemos de Nova York são de que não há negócios entre os bancos. O clima é de pânico."

Pela manhã, os bancos centrais das principais nações desenvolvidas tiveram de injetar US$ 210 bilhões para acalmar o nervosismo no mercado interbancário. O Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) entrou, sozinho, com US$ 50 bilhões. Somados, o Banco da Inglaterra (BoE), o Banco Central Europeu (BCE) e o Banco do Japão (BoJ) aplicaram US$ 160 bilhões.

Segundo Padovani, essa atitude é fundamental para evitar a quebra em cadeia das instituições. "Não se trata apenas de atuar no lado psicológico, mas de real escassez de liquidez (recursos), o que faz os bancos não terem como honrar os compromissos", explicou. "Vida de banco é assim mesmo: há descasamento (entre ativo e passivo) todo dia."

A tendência negativa mudou no fim do dia, quando surgiram as primeiras informações de que o governo Bush estudava salvar a seguradora American International Group (AIG), a maior do país. À noite, o Fed confirmou o negócio.

O BC americano emprestará US$ 85 bilhões à empresa em troca de uma participação de 79,9%, o que pode ser visto como uma estatização, ainda que temporária.

Outra informação bem-recebida foi o balanço trimestral do banco de investimentos Morgan Stanley, o segundo maior dos EUA. A instituição lucrou US$ 1,42 bilhão no terceiro trimestre, acima da expectativa dos analistas.

Em meio ao forte vaivém, o Fed manteve a taxa de juros em 2%. Inicialmente, a notícia aprofundou a queda das bolsas. Mas, depois, foi reavaliada. "Uma queda do juro não resolveria os problemas atuais dos mercados", disse a economista-chefe do ING Bank, Zeina Latif. "Além do mais, já se tem a percepção, diferente do início do ano, de que a economia americana não vai despencar."

terça-feira, setembro 16, 2008

Coligação governamental oficialmente dissolvida na Ucrânia

darussia.blospot.com



Os blocos Nossa Ucrânia-Autodefesa Popular e Iúlia Timochenko confirmaram hoje o fim da coligação parlamentar, o que abre caminho à criação de uma nova coligação ou à realização de eleições parlamentares antecipadas.
O anúncio oficial foi feito de manhã por Arseni Iazteniuk, Presidente da Rada (Parlamento) da Ucrânia.
O Bloco Nossa Ucrânia – Autodefesa Popular, do Presidente Victor Iuschenko, e o Bloco de Iúlia Timochenko, força política que tem o nome da primeira-ministra do Governo da Ucrânia, detinham 227 dos 450 assentos na Rada Suprema do país.
Ontem, dirigentes dos blocos Iúlia Timochenko (BIUT) e Litvin (BL) (força política com representação parlamentar) tentaram chegar a acordo sobre um alargamento da actual “coligação democrático” com a adesão do BL, mas o bloco do Presidente Iuschenko não renunciou à decisão de pôr fim à aliança com a primeira-ministra.
A fim de restabelecer a coligação, Iuschenko exige que o Bloco de Iúlia Timochenko desista das leis aprovadas com o apoio desta força política que limitam seriamente os poderes presidenciais e que a primeira-ministra condene claramente a invasão da Geórgia pela Rússia.
A partir de hoje, as forças políticas representadas no Parlamento têm 30 dias para conseguir organizar uma nova coligação, mas a maioria dos observadores considera este cenário pouco realista.
O BIUT e o Partido das Regiões (força política pró-russa) têm mantido conversações nesse sentido, mas, por enquanto, sem êxito. Os dirigentes dessas duas forças políticas receiam que a sua popularidade seja abalada pelo facto de participarem nessa coligação e que isso joge a favor do Presidente Iuschenko.
Caso as forças políticas não consigam criar uma nova coligação nos próximos 30 dias, o Presidente Iuschenko poderá convocar eleições parlamentares antecipadas.
Segundo o diário Ukrainskaia Pravda, o Bloco de Iúlia Timochenko já teria tomado, ontem à noite, a decisão de se preparar para eleições antecipadas.
“Iúlia Vladimirovna ordenou aos deputados ir para os distritos e começar actividade de propaganda, não obstante eles deverem estar presentes no Parlamento”, declarou uma fonte do bloco ao diário ucraniano.
Iúlia Timochenko tem defendido a posição que se o país for para eleições antecipadas, estas não se devem limitar à eleição do Parlamento, mas também do Presidente e dos órgãos de poder local.
Victor Ianukovitch, dirigente do Partido das Regiões, anunciou que esta força política se opõe à convocação de eleições antecipadas.
Alguns politólogos ucranianos receiam que a crise interna seja utilizada por forças externas (Rússia, UE, Estados Unidos) com vista à conquista do país para a sua zona de influência. Isto é tanto mais grave se tivermos em conta a falta de responsabilidade dos dirigentes políticos e dos oligarcas ucranianos que não olham a meios para conseguir os seus objectivos.

16/09/2008 12:11 PF DE DANTAS: O CASTELO COMEÇA A RUIR

Conversa Afiada - 16/09/08



Eike Batista e Daniel Dantas: um fugiu.
O outro não teve tempo. Por que será ?

Paulo Henrique Amorim

. A prisão do número dois da Polícia Federal, delegado Romero Menezes, foi a pedido do Ministério Público do Amapá.

. Clique aqui para ler sobre a prisão.

. A Justiça é que vai acabar com a patranha de Lula com a Veja (clique aqui para ler o Nassif) e a patranha da “BrOi” (clique aqui para ler o que decidiu o Ministério Público do Rio Grande do Sul).

. Este delegado preso hoje, segundo a acusação, estava geneticamente vinculado ao empresário Eike Batista, alvo da Operação “Toque de Midas”, da Polícia Federal (o lado não-podre da Polícia Federal).

. Daniel Dantas é sócio de Eike Batista na empresa MMX, onde tem 20%.

. A MMX explora concessão de jazidas minerais sem explorá-las.

. Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és.

. Convido o caro leitor a meditar sobre o seguinte: imagine se o ínclito Delegado Protógenes Queiroz tivesse dado ciência ao diretor-geral da Polícia Federal Luiz Fernando Corrêa e ao seu número dois Romero Menezes, Daniel Dantas teria sido preso ou teria tido tempo para tomar um jatinho e ir pegar sol na República Dominicana ?

. Agora, fica a Polícia Federal do delegado Romero Menezes a se estrebuchar porque Protógenes Queiroz escondeu a Operação Satiagraha de seus superiores.

. É porque os seus superiores, segundo o Ministério Público do Amapá, são criminosos e precisam ser trancafiados.

. O castelo de cartas começa a ruir.

Clique aqui para ler "Lula pode cair como Nixon em Watergate: por obstrução de Justiça".