"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

segunda-feira, agosto 05, 2013

Syrie: Pour Bachar el-Assad, «la crise ne sera résolue que sur les champs de bataille»

 
Article publié le : lundi 05 août 2013 à 10:06 - Dernière modification le : lundi 05 août 2013 à 14:08 
 
Le président syrien Bachar el-Assad lors de son discours, le 4 août 2013.
Le président syrien Bachar el-Assad lors de son discours, le 4 août 2013.
REUTERS/SANA/Handout

Par RFI
Le président syrien est apparu à la télévision d’Etat, hier dimanche 4 août. Dans une allocution de 45 minutes, Bachar el-Assad a affirmé sa détermination à écraser la rébellion « d’une main de fer ». Et a fermé la porte à tout dialogue.

Les succès militaires aidant, Bachar el-Assad est apparu une nouvelle fois sûr de sa force à la télévision syrienne. Quelques jours après avoir adressé un message d’encouragement à ses troupes à l’occasion de la fête de l’armée, il a affirmé que la seule sortie de crise à envisager était celle qui passait par les armes.
« Aucune solution ne peut être trouvée avec le terrorisme, excepté en le réprimant avec une main de fer », a ainsi déclaré le président syrien.
Mais le chef de l’Etat syrien, dont les forces - appuyées par le Hezbollah libanais - sont engagées dans une lutte sans merci avec l’Armée syrienne libre et des groupes jihadistes, s’en est pris également à la Coalition nationale syrienne (l’émanation politique de l’opposition). Pour Damas, celle-ci a échoué et n’a aucun rôle à jouer dans la recherche d’une solution négociée. Elle est « à la solde des pays du Golfe » a déclaré Bachar el-Assad.
Il est également revenu sur les derniers succès de son armée. A Quousseir et Homs, les forces loyalistes ont repris, en deux mois à peine, deux bastions rebelles d’une importance stratégique capitale.
L'espoir enterré
Pour George Sabra, membre de la coalition de l’opposition syrienne, à travers ce discours, Bachar el-Assad enterre définitivement tout espoir de dialogue : « Après ce discours, nous mettons la communauté internationale et nos frères des pays arabes face à leurs responsabilités. Idem pour certains Syriens qui osent encore nous parler de solution politique. Si aujourd’hui la plus haute autorité du régime syrien reconnait que la seule option à ses yeux est une solution militaire armée, quel sens peut encore garder les conférences de paix internationale comme Genève I ou Genève II ou les autres initiatives de sortie de crise.»
« De toute façon, continue le président du Conseil national syrien, à quoi servent ces conférences quand le régime continue d’utiliser des armes de destruction massive. Ces deux derniers jours des armes chimiques ont été utilisées dans la banlieue de Damas. Face à une telle situation nous ne pouvons plus parler de solution politique. Plus aucun dialogue n’est possible ».

Ocultando a depressão económica com conversa fiada – Como o governo dos EUA aldraba estatísticas

resistir info - 05 ago 2013

por Paul Craig Roberts [*]
A decadência da falida cidade de Detroit. O tempo está a esgotar-se para a economia e o povo americano. A imprensa financeira e os comentadores económicos, com poucas excepções, fazem um bom trabalho ao esconder este facto do público.

Considere por exemplo a conversa fiada sobre a "estimativa antecipada" da taxa de crescimento real do PIB para o segundo trimestre anunciada em 31 de Julho. A taxa anual de crescimento de 1,7% do PIB real para o segundo trimestre de 2013 foi apresentada de modo optimista como uma aceleração do PIB real em relação à taxa de crescimento de 1,1% do primeiro trimestre. Contudo, a razão para a "aceleração" no crescimento é que a estimativa do primeiro trimestre foi revista baixando de 1,8% para 1,1%. A taxa de crescimento do PIB real do segundo trimestre também é sujeita a estimativas revistas. Mais provavelmente, o número final será inferior.


Considere também que a razão porque o PIB real é positivo é que o PIB nominal está deflacionado com uma medida atenuada da inflação. A medida da inflação foi manipulada a fim de recusar aos que recebem da Segurança Social os ajustamentos pela alta do custo de vida. O estatístico John Williams (
shadowstats.com ) informa que se deflacionado pela metodologia oficial anterior, o crescimento do PIB tem sido negativo desde a retracção em 2007. Por outras palavras, a "recuperação" é apenas mais uma patranha do governo.

Outra falha da imprensa financeira e dos comentaristas económicos é a interpretação da política da Facilidade Quantitativa
(Quantitative Easing, QE) do Federal Reserve. Diz-se que o Fed está a manter baixas das taxas de juro a fim de estimular o investimento nos negócios e o mercado habitacional. Esta explicação não é senão o encobrimento do objectivo real da QE, que é fazer subir e manter alta a dívida relacionada com derivativos nas contabilidades dos bancos demasiado grandes para falirem. Taxas de juro baixos empurram para cima os preços de todos os instrumentos de dívida, e os preços mais altos elevam os valores nos balanços dos bancos, fazendo-os parecer mais solventes ou menos insolventes.

O Fed tem prosseguido a QE durante anos, apesar do fracasso da política de reviver a economia, a fim de manter à distância o colapso dos bancos na esperança de que estes teriam êxito em aumentar suficientemente os seus ganhos para livrarem-se da perturbação.


A política da QE do Fed tem sido custosa para áreas importantes da economia. Aos aposentados foi recusado o rendimento do juro. Este reduziu despesas do consumir e, dessa forma, o crescimento do PIB – e isto forçou aposentados a irem retirando suas poupanças a fim de pagar as suas contas.


A política da QE do Fed também põe em risco o US dólar devido às várias vezes de aumento no número de dólares ao longo dos últimos anos. A fim de apoiar preços de títulos, o Fed criou um milhão de milhões (1000 billions) de novos dólares por ano durante os últimos anos. A oferta de dólares cresceu além da procura por dólares, colocando o valor cambial do dólar sob pressão. Para proteger o dólar da QE, o Fed e seus bancos dependentes do ouro empenharam-se em implacável minimização do ouro a fim de suprimir o seu preço. A ascensão rápida do preço do ouro indicava queda de confiança no dólar e o Fed temia que esta falta de confiança se propagasse aos mercados da divisa.


Ao imprimir dólares para suportar os bancos, o Fed criou uma bolha do mercado de títulos, uma bolha do mercado de acções e uma bolha do dólar. Se o Fed parar de imprimir dinheiro, não só os balanços dos bancos levam uma pancada como também os mercados de títulos, de acções e imobiliários. A riqueza seria liquidada. Já ninguém mais poderia pretender que há uma recuperação económica.


O impacto sobre o dólar é menos claro. Por um lado, a redução do aumento rápido da oferta de dólares ajudaria a divisa. Por outro lado, a queda nos valores de activos denominados em dólar, tais como acções, títulos e imobiliário provocaria diminuição da procura por dólares. Estrangeiros por exemplo que vendam activos baseados no dólar também podem converter seu dinheiro em dólar para as suas divisas internas.


As falhas da imprensa financeira requerem a explicação que tenho apresentado da QE, a economia da bolha, e da mensuração manipulada do PIB real, da inflação e do desemprego. Contudo, embora estas explicações sejam necessárias, elas própria constituem um desvio de atenção.


A razão real porque a economia dos EUA não pode recuperar é que foi movida para o exterior. Milhões de empregos estado-unidenses em manufactura e serviços profissionais comerciáveis, tais como engenharia de software, foram transferidos para a China, a Índia e outros países onde os salários são uma fracção daqueles nos EUA. Utilizando o "livre comércio" como cobertura, as corporações transformaram custos do trabalho em centros de lucro. A queda nos custos do trabalho eleva lucros, os quais são então distribuídos para executivos como "bónus de desempenho" e a accionistas como ganhos de capital. O impacto sobre o emprego nos EUA pode ser visto a partir dos dados de emprego em folha de pagamento mensal da BLS e do declínio da taxa de participação da força de trabalho estado-unidense. A taxa de participação está a cair não porque os rendimentos do consumidor estejam a aumentar e menor número de membros da família sejam necessários na força de trabalho. A taxa está a cair porque os trabalhadores desencorajados cessaram de procurar emprego e abandonaram a força de trabalho.


A utilização do trabalho estrangeiro dentro dos EUA é benéfica para executivos e accionistas no curto prazo, mas é prejudicial a prazo mais longo. O efeito a longo prazo é destruir o mercado consumidor dos EUA.


Quando a exportação de empregos travou a ascensão do rendimento do consumidor estado-unidense, a fim de manter a economia em andamento o Federal Reserve substituiu um crescimento da dívida do consumidor pela falta de crescimento no rendimento do consumidor. Exemplo: a bolha habitacional criada pelo governador do Federal Reserve Alan Greenspan permitiu a proprietários de casas gastarem a situação líquida inflacionada das suas casas através do refinanciamento das suas hipotecas. A substituição de dívida do consumidor pelo crescimento em falta nos salários reais é limitada pelo fardo da dívida sobre as famílias. Ao contrário do governo, os cidadãos americanos não podem imprimir o dinheiro com que pagam as suas contas. Uma vez que os consumidores já não podiam arcar com mais dívida, a economia do consumidor cessou de se expandir.


O governo pode imprimir dinheiro para pagar suas contas, mas se a história for um guia, governos não podem imprimir dinheiro para sempre sem graves consequências. A crise económica real será atingida quando a bolha da economia já não puder ser suportada pela máquina de impressão.


Deveria ser óbvio para economistas, mas aparentemente não é, que empregos tipo Walmart da "Nova economia" não pagam suficientemente para aguentar uma economia dependente do consumidor. Como o programa de Obama é gradual, o poder de compra do consumidor sofrerá mais um golpe. Mesmo os prémios subsidiados são caros e o custo de utilizar as apólices em termos de deduções e comparticipações será proibitivo para a maior parte. Quando os benefícios proporcionados pelo empregador e o Medicare são reduzidos, a crise nos cuidados de saúde piorará em meio a uma crise económica.


A parte assustador da crise económica iminente ocorre quando o défice do orçamento federal se ampliar, a economia se contrair e o próprio Fed se encontrar numa situação em que não pode imprimir ainda mais dólares sem provocar uma perda de confiança no dólar e nos títulos do Tesouro dos EUA. O que faz um governo desesperado numa tal situação? Confisca o que resta de pensões privadas, acumula impostos e conduz o povo e a economia mais profundamente para o chão.


Este é o caminho em que está a política económica dos EUA. Qual é a solução?


Podia ser permitido ao capitalismo que funcionasse e os bancos falirem. É mais barato salvar depositantes do que salvar os bancos.


Corporações podiam ser tributadas com base na localização geográfica em que acrescentam valor ao seu produto. Se corporações criam bens no exterior que comercializam para americanos, elas teriam uma elevada taxa fiscal. Se criassem valor internamente com trabalho americano, teriam uma taxa fiscal mais baixa. A diferença fiscal podia ser utilizada para compensar a vantagem do custo do trabalho da produção deslocalizada.


Levaria tempo, mas empregos retornariam para os EUA. Cidades, estados e o governo federal vagarosamente veriam suas bases fiscais reconstruídas. Rendimentos do consumidor ascenderiam outra vez com a produtividade e a economia poderia ser reposta de pé.


Quanto ao défice federal, ele poderia ser reduzido significativamente acabando com as guerras de Washington. Como vários peritos estabeleceram, estas guerras são extremamente caras, acrescentando triliões de dólares às necessidades de financiamento do governo dos EUA. Como outros peritos têm mostrado, as guerras não beneficiam ninguém excepto uma pequena clique de indústrias militares/de segurança. Obviamente, não é democrático destruir o futuro de um povo em proveito de interesses especiais.


Podem estar soluções ser implementadas ou estão os interesses especiais arraigados demasiado forte e com visão demasiado curta?


Não há possibilidade de descobrir quando a imprensa financeira e os comentaristas económicos estão imunes à realidade. Até que a situação real seja entendida, nada pode ser feito. É difícil vender uma solução quando o problema não é reconhecido e entendido. Eis porque concentro-me em explicar os problemas.

02/Agosto/2013
[*] Ex-secretário assistente do Tesouro dos EUA e editor associado do Wall Street Journal.   Seu livro mais recente é The Failure of Laissez-Faire Capitalism . Está agora disponível em formato electrónico o seu livro How the Economy Was Lost .

O original encontra-se em www.counterpunch.org/2013/08/02/hiding-economic-depression-with-spin/

Bradley Manning sentenciado em corte marcial

resistir info - 01 ago 2013

por Julian Assange
Hoje Bradley Manning, um denunciante [de actos criminosos], foi culpado por um tribunal militar em Fort Meade por 19 transgressões relativas ao fornecimento de informação à imprensa, incluindo cinco alegações de "espionagem". Ele agora enfrenta uma sentença máxima de 136 anos.


A acusação de "ajudar o inimigo" foi abandonada. Ela apenas foi incluída, parece, para fazer com que chamar o jornalismo de "espionagem" parecesse razoável. Não é.


As alegadas revelações de Bradley Manning mostraram crimes de guerra, atearam revoluções e induziram a reformas democráticas. Ele é a quinta-essência do denunciante.


Esta é a primeira vez que se acusa de espionagem a um denunciante. Trata-se de um perigoso precedente e um exemplo de extremismo em segurança nacional. Trata-se de um julgamento de vistas curtas que não pode ser tolerado e deve ser revertido. Nunca se pode considerar que transmitir informação verdadeira para o público seja "espionagem".


O presidente Obama iniciou mais processos de espionagem contra denunciantes e editores de publicações do que todos os presidentes anteriores somados.


Em 2008 o candidato presidencial Barack Obama concorria com uma plataforma política que louvava a denúncia como um acto de coragem e patriotismo. Aquela plataforma foi completamente traída. O seu documento de campanha descrevia os denunciantes como vigilantes que alertam (watchdogs) quando o governo abusa da sua autoridade. Isto foi removido da internet na semana passada.


Ao longo do processo judicial tem havido uma ausência notável: a ausência de qualquer vítima. O processo não apresenta prova de que – ou mesma uma afirmação de que – uma única pessoa tenha sido prejudicada devido às revelações de Bradley Manning. O governo nunca afirmou que o Sr. Manning estava a trabalhar para uma potência estrangeira.


A única "vítima" foi o orgulho ferido do governo estado-unidense, mas o abuso deste jovem nunca foi o meio de restaurá-lo. Ao invés, o abuso de Bradley Manning deixou o mundo com um sentimento de desgosto ao ver quão baixo caiu a administração Obama. Isso não é um sinal de força e sim de fraqueza.


O juiz permitiu que a acusação alterasse significativamente as acusações depois de a defesa e a acusação terem preparado seus casos, autorizou 141 testemunhas e extensos testemunhos secretos. O governo manteve Bradley Manning numa jaula, retirou-lhe as roupas e manteve-o nu e isolado a fim de quebrá-lo, um acto formalmente condenado pelo Inspector-Geral das Nações Unidas como tortura. Isto nunca foi um julgamento justo.


A administração Obama tem estado a escavar liberdades democráticas nos Estados Unidos. Com a sentença de hoje, Obama cortou muito mais. A administração está concentrada em impedir e silenciar denunciantes, concentrada no enfraquecimento da liberdade de imprensa.


A primeira emenda [da Constituição] declara que "O Congresso não fará qualquer lei... restringindo a liberdade de discurso ou de imprensa". Será que Barack Obama não entendeu a parte do "não"?

30/Julho/2013
Ver também:

  • The Bradley Manning Verdict and the Dangerous “Hacker Madness” Prosecution Strategy

  • Manning guilty; war criminals on the loose (Manning condenado, criminosos de guerra à solta)

  • Free Bradley Manning

    O original encontra-se em wikileaks.org/Statement-by-Julian-Assange-on.html

    As dúvidas sobre a reforma política


    Autor: 
    Coluna Econômica
    Participei na sexta-feira de um Seminário sobre reforma política, promovido pelo PNBE (Pensamento Nacional das Bases Empresariais) junto com o XI de Agosto, da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Participaram da mesa a ex-prefeita Luiz Erundina e o jornalista Fernão Mesquita.
    O debate serviu para realçar a complexidade da reforma política.
    Erundina criticou o caráter pouco democrático dos partidos políticos atuais. Não apenas entre os partidos políticos, mas em todas as instâncias sociais e políticas brasileiras há uma tendência à oligarquização – a perpetuação dos dirigentes.
    Fernão defendeu o voto distrital e o “recall” – a possibilidade dos eleitores destituírem o eleito a qualquer momento – como saída mágica para todos os problemas.
    ***
    De minha parte, tenho muito mais dúvidas que certezas.
    No modelo democrático brasileiro, as eleições parlamentares são decididas por um conjunto de atores. Em um plano maior, a TV aberta. Depois, organizações da sociedade – partidos políticos, igrejas, sindicatos e associações. Parte central é a estrutura de prefeitos atuando nas respectivas regiões. Depois, estados e União, os estados mais próximos dos seus municípios, a União mais dispersa, mas com maior fôlego econômico.
    Em tese, a grande política nacional – temas e políticos – deveria ser pautada pela imprensa de opinião – jornais e programas formadores de opinião.
    Na prática, não é isso o que ocorre. O coronelismo eletrônico – forças políticas donas de concessões públicas e associadas às redes de TV nacionais – ainda é força dominante na maioria dos menores estados ajudando a perpetuar o atraso.
    O parlamento não tem mais figuras referenciais. A base das bancadas é de vereadores que ascenderam em suas regiões. Ou seja, fizeram carreira dentro da lógica distrital, trazendo para o Parlamento a visão paroquial de deputado-despachante para representar a região na capital..
    ***
    Outro problema sério é o “recall”. Em tese obrigaria o parlamentar a atender permanentemente a base.
    Especialmente nas menores cidades ou na periferia das grandes cidades, o que a base exigirá dos seus representantes? Acesso a recursos federais, nomeações políticas, verbas para a cidade. Ou espera-se que o voto distrital produza grandes discussões sobre temas nacionais? É evidente que não.
    Além disso, há muito a velha mídia pratica uma política ilimitada de escandalização e de assassinatos de reputação que não perdoa nenhum partido.
    Sem leis mais rígidas, sem regulamentar direito de resposta, sem responsabilizar os veículos por injustiças cometidas, o “recall” servirá unicamente para aumentar o poder de chantagem de parte da  mídia.
    ***
    Outro ponto relevante é que o advento do ativismo nas redes sociais exige um arcabouço político muito mais imediato do que a democracia formal está preparada para atender.
    O buraco é muito mais profundo do que meras mudanças eleitorais.
    As manifestações de junho significaram um corte no modelo representativo. E não serão gambiarras eleitorais que o tornarão mais funcional.

    Sobre o vergonhoso comportamento da Folha no caso Siemens

    viomundo - publicado em 4 de agosto de 2013 às 18:19


    Nem o dr. Werner acredita no Otavinho
    CASO SIEMENS
    Uma manchete diversionista
    Por Luciano Martins Costa em 03/08/2013 na edição 757
    Às vezes, para não dizer o essencial, a imprensa precisa dizer alguma coisa. Parece ser esse o sentido da manchete da Folha de S. Paulo na edição de sexta-feira (2/8): “Governo paulista deu aval a cartel do metrô, diz Siemens” – é o que anuncia o título principal do jornal, no alto da primeira página.
    A reportagem é a primeira manifestação relevante de um dos três diários de circulação nacional sobre a confirmação do esquema de propinas que, durante pelo menos quinze anos, condicionou as contratações de obras e compras de equipamentos para o sistema do metrô e dos trens metropolitanos na capital paulista.
    A escolha editorial pode induzir o leitor desatento a concluir que o jornal decidiu finalmente encarar a fartura de evidências sobre um estado permanente de corrupção no governo de São Paulo, cujas consequências podem ser claramente percebidas na insuficiência das linhas de transporte sobre trilhos, no atraso de obras e no custo excessivo do sistema, que acaba repercutindo no preço das tarifas por décadas à frente.
    Pelo que se lê na Folha, tudo não passou de um ajuste feito por assessores de um governador que já faleceu, Mário Covas, num contexto em que o acordo entre concorrentes seria a maneira mais prática de resolver rapidamente a disputa entre as empresas candidatas ao contrato.
    Em geral, o leitor se distrai com a narrativa e deixa escapar o discurso subliminar presente no texto jornalístico. Então, vejamos: no caso da manchete da Folha, a narrativa nos diz que os documentos apresentados a autoridades brasileiras pela empresa alemã Siemens afirmam que o governo de São Paulo, no tempo de Mário Covas, autorizou a formação de um cartel de multinacionais e empresas brasileiras para cumprir a licitação referente a obras do metrô.
    Segundo a reportagem, o conluio teria começado em 2000 e prosseguido nas gestões de Geraldo Alckmin, que era vice de Covas, e de seu sucessor, José Serra. O cartel passou a dominar todos os projetos de metrô e trens metropolitanos, gerando custos sempre maiores.
    Em apenas uma licitação, para manutenção de equipamentos da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, foi possível aumentar os preços em 30%, segundo depoimento de um executivo da empresa alemã. Mas, para o governo de São Paulo, a licitação viciada era a melhor solução, por “dar tranquilidade na concorrência”.
    Santa inocência!
    Uma das táticas mais corriqueiras na prática jornalística, quando não se quer alimentar polêmicas em torno de determinado assunto, é antecipar uma versão moderada do tema, delimitando a priori certas condições para sua interpretação. Essa adesão condicional quase sempre anula a atenção crítica dos leitores, dando a entender que o veículo não está se omitindo ou tentando encobrir alguns eventos, que preferia não ver transformados em escândalo.
    Esse parece ser o caso da abordagem que faz a Folha ao esquema de  pagamento de propinas que está ligado ao caso do cartel.
    O cartel, que agora é admitido oficialmente, funciona há mais de treze anos, tempo citado pelo jornal – porque, na verdade, o acerto entre o governo paulista e seus fornecedores começou pelo menos em 1998, conforme se pode apreender em reportagens anteriores, publicadas quando outra empresa do cartel, a francesa Alstom, foi acusada de pagar propinas a políticos do PSDB.
    Não há como relativizar as responsabilidades de todos os governadores do período – a tese do domínio de fato, afirmada pelo Supremo Tribunal Federal no ano passado, há de se aplicar democraticamente, ou não?
    A Folha diz que procurou ouvir o ex-governador José Serra, mas ele “não foi localizado”. O atual governador, Geraldo Alckmin, responde que tudo não passou de um acerto entre as empresas concorrentes, sem participação de funcionários do governo – e de repente o senso crítico do jornal fica obnubilado pelas palavras mágicas do chefe do governo paulista.
    Então, estamos combinados: o governo de São Paulo faz uma sucessão de licitações para comprar trens e sistemas de controle de tráfego, tratar da manutenção dos equipamentos, durante quinze anos, e nunca desconfia que os preços são acertados previamente entre os fornecedores?
    O jornal que se considera o mais aguerrido do Brasil, cujos repórteres, em outras ocasiões, se dispõem a vasculhar o lixo de agentes públicos, aceita candidamente essa ingenuidade toda.
    Não passa pela cabeça dos editores mandar investigar se a mesma bondade com o dinheiro público não se estendeu também para as obras de túneis, instalação de trilhos, construção de estações, como tem sido diligente e devidamente feito no caso dos estádios que estão sendo construídos para a Copa de 2014.
    Como diria o parceiro do Batman: “Santa inocência!”

    O sucesso das pirâmides financeiras: consumo a qualquer custo

    viomundo - publicado em 4 de agosto de 2013 às 15:54


    O enigma das pirâmides no Brasil
    por Leonardo F. Nascimento*
    O episódio da Telexfree e, mais recentemente, a prisão do dirigente de mais uma pirâmide econômica, a Priples, extrapolam uma simples questão de crime financeiro que deverá ser tratada com rigor pela Polícia Federal.
    Se tivermos a oportunidade de participar das reuniões destes grupos, de conversar com os seus participantes, se indagarmos boa parte daqueles que, por diversos motivos, concordam em participar de esquemas financeiros como estes, vamos nos surpreender com os resultados.
    A melhoria generalizada das condições de vida, o ingresso de uma grande parte da população — que durante anos permaneceu às margens — do mercado consumidor, revela problemáticas associadas com o crescimento de fraudes financeiras, a adesão a jogos de azar e, principalmente, ao consumismo desenfreado.
    A transformação das pessoas em consumidores, o acesso à energia elétrica através do programa Luz para Todos, a disseminação do crédito e das empresas de empréstimo, a internet cada vez mais presente nas pequenas cidades, são fatores que deixaram uma gigantesca parcela da população brasileira diante de um dos elementos mais poderosos do capitalismo: a pressão para o consumo.
    Estamos diante de um complicado enigma.
    É, sem sombra de dúvida, melhor que todos tenham uma renda mínima. Que seja assegurado o acesso às condições materiais dignas para todos. Entretanto, se este processo não vier acompanhado de uma maior formatação intelectual e a disseminação de uma educação crítica, poderemos produzir uma situação no mínimo desesperadora.
    As exigências de portar celulares, roupas, carros e de consumir determinados tipos de bebidas alcoólicas, que não apenas são vistas como de “elite” ou de “rico”, mas que chegam a determinar a aceitação social e a lógica do desejo entre parcelas da população — em especial,os adolescentes — e isto de modo totalmente acrítico, poderá se converter em um impulso de desespero, de querer “virar a mesa” da noite para o dia, de “tirar a sorte grande”, etc.
    Destituídas, por uma educação deficiente, de mecanismos críticos de percepção da realidade social, esses consumidores desesperados precisam, e rápido, de dinheiro para poder consumir. Eles já sabem intuitivamente que estudar não vai garantir “subir na vida”.
    A situação é ainda mais absurda pois não se trata de ter uma vida econômica média de um europeu ou norte-americano. De ter uma casa simples, um carro econômico e de economizar bastante para poder viajar e comprar coisas mais caras.
    Não, os parâmetros de consumo são pautados pela mídia perversa e pelas redes sociais que apresentam padrões de consumo e disputas simbólicas que beiram a guerra sangrenta.
    A roupa comprada em determinada grife, a refeição realizada em restaurante recomendado, a presença em determinadas badaladas “prive”, rapidamente ganham a rede por fotos e mensagens e em questão de poucos minutos sabe-se o que deve ser consumido e onde deveríamos estar para “estar bem na fita”.
    A vida dos jogadores de futebol e das dançarinas seminuas dos programas de auditório tornou-se o modelo destes novos consumidores. Um padrão econômico, bem o sabemos, impossível de ser atingido pelos meios “normais”, pela formação escolar e pelo trabalho assalariado.
    Daí aquele desespero de ter dinheiro rápido e à qualquer custo. Aderir às fraudes das pirâmides financeiras não é somente um problema de falta de cautela pessoal, é consequência de uma condição onde cada vez mais há um descompasso entre as expectativas econômicas de consumo e as condições reais de satisfação.
    *Doutorando em Sociologia – IESP/UERJ

    Dias: onde foi que a Dilma errou


    conversa afiada - Publicado em 04/08/2013

    Eleita em ambiente político viciado, a presidenta tentou mudar costumes, mas acabou cedendo diante da resistência de aliados e do próprio PT. Grave agora é não voltar atrás.


    Da imperdível “Rosa dos Ventos”, do Mauricio Dias, na Carta Capital:

    Dilma insiste no erro


    Eleita em ambiente político viciado, a presidenta tentou mudar costumes, mas acabou cedendo diante da resistência de aliados e do próprio PT. Grave agora é não voltar atrás

    por Mauricio Dias

    Os aliados reclamam por ela não fazer política. Os adversários criticam por fazer política demais. Ela sofre restrições na base governista, onde se diz que a presidenta não gosta do partido dela, o PT, e menos ainda dos coligados: um amontoado de 14 legendas unidas por todos os tipos de interesses. Inclusive os legítimos.

    Condenada pelos oposicionistas por contar com 39 ministérios para atender partidários, vê repentinamente o PMDB, cujo maior líder é o vice-presidente da República, Michel Temer, propor a redução do número de ministros para atender o que pensa ser a voz das ruas. Um jogo de cena explicável. Estava escrito. Os dois maiores partidos da base governista, PMDB e PT, entrariam em choque em busca da maioria na Câmara na eleição de 2014.

    Há erros e acertos nessas versões criadas a partir de verdades e mentiras que cercam o modelo de Dilma Rousseff governar após dois anos e meio de poder. Duas palavras podem compor o lema dela: seriedade e inexperiência. Ela paga por ambas. Por essas e outras razões vem sendo tragada pelo próprio ambiente que a elegeu. Essa moldura se consolidou no momento em que as manifestações deixaram de ser virtuais.

    Nos últimos dias, a presidenta aplicou um “sossega leão” nos aliados. Liberou 2 bilhões de reais do Orçamento para senadores e deputados. Com isso, espera manter vetos feitos à supressão de 10% de multa sobre o FGTS na demissão sem justa causa de trabalhadores. Há, ainda, a MP do “Mais Médicos” e a questão dos royalties do petróleo.

    Dilma sempre fez política. No começo, contra a  ditadura. Perdeu. De volta, filiou-se ao PDT de Brizola. Migrou para o PT, pelo qual disputou a Presidência. Ganhou. Apesar da autoridade do criador, Lula, a criatura não desceu redonda pela goela dos aliados. Em alguns momentos, ela tentou mudar o rumo das coisas. Ora negociou, ora impôs. Ora contida, ora agressiva.

    Ao fim, o saldo neste momento não é bom. Eleita em uma disputa na qual teve de escamotear convicções, como no caso do aborto, foi mudada em vez de mudar.

    Logo nos primeiros meses de governo afastou ministros acusados de “malfeitos”, para usar uma expressão cara à presidenta. Os atingidos engoliram a seco.

    A queda na popularidade, no ponto em que a economia está, enfraqueceu a autoridade dela perante aliados rebeldes de setores petistas.

    Olhando com lupa é possível ver a diferença numérica na ascensão e na queda dela. Dilma obteve 48% dos votos nominais no primeiro turno da eleição de 2010. Chegou a ter, no ápice do sucesso, uma avaliação de 65% de “ótimo e bom”. Isso significa que, ao longo do governo, ganhou 17 pontos a mais do que teve na eleição. Na queda, perdeu 18 pontos do primeiro turno e mais 17 pontos que tinha conquistado no segundo, quando alcançou 58% dos votos válidos.

    No balanço de prós e contras, neste momento, ela perde o confronto. Cercada, ela cedeu. Agora defende o modelo que nasceu da sua entrega. A insistência, no caso, é fatal.

    domingo, agosto 04, 2013

    Sobre a Imbecilidade (1)

    Estava ainda a pouco ouvindo a Band News Fm, onde estava sendo transmitido o programa com Rosely Sayão. A temática (pelo menos da parte que eu ouvi) era sobre o uso de maquiagem, salões de beleza e indumentárias por parte de meninas que ainda não estão na idade para fazê-lo.

    Impressiona-me como pais conseguem ter um grau tão alto de idiotia para permitir que algo assim seja feito.

    Permitir que crianças usem salto, coisa que qualquer ortopedista indicaria como incorreto (por sinal, qual é a razão de nas caixas desses sapatos não ter um aviso de dano a saude como acontece nas embalagens de cigarro?), maquiagem em uma idade precoce, ou mesmo induzir o uso de roupas que são adequadas a uma idade mais adulta.

    Reconheço que lutar contra uma propaganda imbecilizante feita por “modelos de conduta”, como Xuxa e divesos ídolos infantis, que aparecem principalmente com suas danças erotizantes é complicado, mas acredito que deva isso se transformar em uma obsessão por parte dos pais. Devemos pensar que, a não ser o que entra pela TV (que mesmo assim podemos filtrar programas e horários), todo o resto só chega a propriedade da criança por nossa responsabilidade. Somos nós os pais que adquirimos os produtos, e é nossa responsabilidade filtrar esse acesso.

    Esse é um tema duro, principalmente porquê a legislação brasileira, é do Conar, ou seja, autoregulação (recomenda, mas não tem força de  lei).

    Com relação ao merchandising parece brincadeira de mau gosto. O presidente de Conar Gilberto Leifert, considera que crianças e adolescentes só serão cidadãos responsáveis e conscientes em relação ao consumo se forem atingidas por publicidade. ???? Desculpem-me, mas é uma declaração tão estapafúrdia que só consegue me causar uma sensação de “O QUE É ISSO?”. Quer dizer que as crianças e adolescentes serem bombardeadas por merchandising consumista vai deixá-las mais responsáveis? Como? Expliquem-me como? Porquê sinceramente não consigo enxergar onde a criticidade é produzida em poucos segundos cujo objetivo principal é garantir a comercialização e o lucro. Em outros países, a legislação sobre o assunto proíbe que sejam veículadas peças publicitárias direcionadas ao público infantil até mesmo nos intervalos comerciais dos programas voltados a esse público. E o Conar me vem com essa… menos, bem menos Sr. Gilberto Leifert.

    Voltando à questão dos pais. Já publiquei aqui anteriormente, mas voltarei a carga. O que os pais, principalmente as mães (malucas que levam as crianças aos salões ou lhes compram roupas que não são adequadas) não percebem, é que, a erotização preococe da criança rouba uma parte muito bela da vida. Meninas não conseguem correr porquê estão de salto, não “devem” correr porquê vão estragar a produção do salão, etc.

    Outra consequência extremamente desagradável, é que esse tipo de roupa se transforma em um atrativo aos pedófilos. Li um artigo sobre pedofília e facebook, e após lê-lo tenho cada vez mais a certeza de que minha decisão de proibir meu filho mais novo (que agora tem 14 anos) e minha filha (com 13) de terem facebook, twitter ou qualquer uma dessas redes sociais é acertada. Sou constantemente bombardeado com tentativas e argumentos do tipo “todos meus amigos tem”, mas não dá para ceder a esse tipo de argumento que não se sustenta. Porquê será que no facebook e outras redes sociais a idade mínima era de 18 anos? Agora se reduziu para 13 pelo fato dos adolescentes falsificarem a idade. Mas, a falsificação da idade era feita com a permissividade ou displicência dos pais. Será que isso por si só já não demonstra que essa atitude é um equívoco?  Somos uma geração de vários equívocos, e estamos produzindo uma série de barbaridades com as novas gerações.

    Interessante é que críticas nesse quesito são encontradas até mesmo contra a ONU. Já bati muito nessa tecla. As pessoas esquecem que a ONU é um orgão politico. E enquanto orgão político pode e muitas vezes o é, manipulada pelos países que tem mais poder.

    Gostaria de lembrar aos leitores que para as corporações não é uma questão de certo ou errado, é uma questão de ter lucro ou não ter lucro. E nesse caso não se admite a discussão moral da corporação, pois ela (apesar dos advogados terem criado a personificação das corporações) não é uma pessoa, e em ultima estância está realizando o objetivo para qual foi criada, que é garantir lucro a seus investidores.

    Cabe a nós enquanto sociedade e pais, lutar contra a permanência de tal estados das coisas. Criticidade é o que nos falta.