"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

quinta-feira, agosto 02, 2007

Instituto Humanitas Unisinos - 02/08/07

Polêmicas marcam o setor de telefonia desde a privatização

O setor de telefonia vive hoje as conseqüências de um problema congênito. O modelo das telecomunicações segue o desenho rascunhado na origem do processo de privatização do setor, há nove anos. Marcada por tropeços, a venda fatiada do Sistema Telebrás, em 12 leilões, esbarrou em algumas controvérsias. A principal delas foi a Tele Norte Leste, que depois virou Telemar e, mais recentemente, Oi. É ela a base para a formação de um grupo nacional de telefonia, como quer o governo, na fusão com a BrT. A reportagem é de Irany Tereza e publicada no jornal O Estado de S. Paulo, 2-08-2007.

Pela regra adotada na privatização das teles, o consórcio que ganhasse o leilão de uma operadora fixa se desclassificaria automaticamente para os demais. Eram quatro as fixas e a Embratel foi a primeira a ser leiloada. A Tele Norte Leste foi a última a receber lances, quando vários candidatos já estavam impedidos de participar da disputa. Venceu o consórcio Telemar, que teve formação concluída às vésperas do leilão.

O grupo, constituído por La Fonte, Inepar, Andrade Gutierrez e Macal, foi um capítulo à parte no processo de privatização. O então ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros, chegou a classificar o consórcio de “telegangue” e “rataiada”. A história teve lances policialescos, com a contratação de escutas telefônicas que captaram conversas reservadas de membros do governo.

Como não tivesse dinheiro suficiente para honrar o depósito inicial que consolidaria a compra, o grupo foi socorrido às pressas, ganhando a adesão de fundos de pensão estatais (Previ, Petros e Funcef), sob a gestão do banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity. Teve também o reforço do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que entrou com participação de 25%. Até hoje, a empresa de participações do banco estatal, BNDESPar, tem 25% do bloco da TmarPart, controladora do Grupo Oi.

O Grupo Oi é o único sem participação internacional. O leilão teve participação de grupos estrangeiros, com destaque para os espanhóis. A Telefónica de Espanha levou a Telesp por quase R$ 6 bilhões e pagou o maior ágio do leilão. Também ingressaram no País a Telecom Italia e a americana MCI. Sem contar a Portugal Telecom e os canadenses da TIW, que entraram no leilão das celulares.

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