"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

quinta-feira, agosto 16, 2007

Instituto Humanitas Unisinos - 16/08/07

BCs do mundo estariam considerando o 'moral hazard'?

A atual crise dos mercados traz uma novidade: a atuação conjunta de pelo menos seis bancos centrais importantes - Europeu, EUA, Inglaterra, Austrália, Japão e Canadá. E, nesse contexto, destaca-se, mais do que nunca, a questão do “moral hazard”, que recomenda que os agentes, principalmente os públicos, norteiem suas decisões baseadas no incentivo à ética e indução ao comportamento responsável dos agentes. “Sob este prisma, é difícil defender a ajuda de bancos centrais”, avalia Alexandre Póvoa, da Modal Asset. Afinal, como justificar o fato de que quando o mercado está ganhando os lucros são privados e quando ocorrem perdas o prejuízo é socializado, já que as intervenções dos BCs sempre têm um custo, representando uma espécie de subsídio? Por que motivar os investidores a continuarem não tendo seletividade em suas aplicações? A reportagem é de Sonia Racy e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 16-08-2007.

Apesar da relevância dessa discussão, porém, Póvoa considera que o verdadeiro limite deste debate se encontra na influência negativa da crise financeira na economia real. “Com todo o respeito aos defensores legítimos do ‘moral hazard’, dificilmente os BCs deixarão de intervir caso se fortaleça a tese de que a atual tensão dos mercados vai se traduzir em recessão econômica daqui a alguns trimestres.” Como o efeito riqueza negativo na economia americana - com a queda no preço dos imóveis e das ações - é um fenômeno provável caso os mercados continuem na direção negativa, Póvoa acredita que os BCs mundiais vão tentar, sim, manter a liquidez equilibrada.

E, ao que parece, o mundo está apenas iniciando um processo de reprecificação originado no aumento generalizado de aversão a risco, considera o economista. Em um momento em que os prejuízos começam a se espalhar pelos diversos portfólios no mundo, fica difícil defender qualquer ação de gestão baseada em “bons fundamentos brasileiros”. “Parece aquela história do sujeito que, para adivinhar a localização do fundo do poço, coloca a mão na trajetória de uma faca que está caindo com a ponta voltada para baixo: a chance de uma mão perfurada é enorme!”

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