"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

segunda-feira, agosto 25, 2008

‘A capacidade de compra do salário mínimo no Brasil mudou radicalmente’, constata economista

Instituto Humanitas Unisinos - 25/08/08

“A realidade é que, no conjunto, a capacidade de compra do salário mínimo no Brasil mudou radicalmente. Em relação à ordem de grandeza, podemos dizer que aumentou quase um terço a capacidade de compra das pessoas com o salário mínimo. E, como o salário mínimo é referência para as aposentadorias, elas também tiveram uma forte elevação. Trata-se de uma área esquecida, mas as pessoas aposentadas, em geral, vivem numa situação extremamente precária. O país sempre foi muito cruel com os que deixaram de fazer parte da população ativa”. A afirmação é de Ladislau Dowbor, economista e professor no PPG em Administração da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), em entrevista concedida à IHU On-Line.

Segundo ele, “a última pesquisa do IPEA mostra que houve uma fortíssima redução das pessoas ditas indigentes (que têm uma renda de até um quarto do salário mínimo), baixando de 14% para 7%, ou seja, houve um corte pela metade. Isso é extremamente importante, pois são pessoas jogadas em situações de crueldade, sem oportunidades para sair da miséria em que foram relegadas. Os chamados “pobres”, que ganham até metade do salário mínimo, tiveram uma redução muito forte, em torno de 7% e isso é muito significativo. A parte de baixo está subindo, mas a mesma pesquisa mostra que houve um grande aumento dos muito ricos no país, que estão beirando agora meio milhão de pessoas. Há um processo de avanço geral, que engorda as faixas estatísticas de cima. Esses são os resultados e, por trás, temos mecanismos. Os mecanismos básicos resultam de uma convergência de fatores e é bom especificá-los. Existe a expansão do emprego (provavelmente esse é o mais importante), que na gestão do atual governo é da ordem de 10 milhões de empregos e isso é gigantesco, ainda mais porque de três a cada cinco são empregos formais”.

O economista aposta que “na medida em que for progredindo a expansão do emprego, acredito que caminharemos para uma capacidade de pressão maior dos trabalhadores. A mais longo prazo, precisamos evoluir para colocar no debate a redução geral da jornada de trabalho, o que se chama de “trabalhar menos para trabalharem todos”.

A íntegra da entrevista poderá ser lida na revista IHU On-Line desta semana. A edição eletrônica está disponível no final da tarde desta segunda-feira. A edição impressa circula no câmpus da Unisinos a partir das 8h desta terça-feira.

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