"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

sábado, janeiro 16, 2010

O fantasma das falsificações nas eleições presidenciais no país volta a pairar no país



O fantasma das falsificações dos resultados das eleições presidenciais volta a pairar na Ucrânia depois de as autoridades não terem conseguido aprovar todas as leis que garantam um escrutínio completamente transparente.
Em 2004, foi necessário realizar uma terceira volta das eleições presidenciais, pois os tribunais constataram ter havido falsificação na contagem dos votos a favor do então primeiro-ministro Victor Ianukovitch. A oposição, dirigida pelo actual Presidente da Ucrânia, Victor Iuschenko, saiu para a rua em massa, obrigando à realização de uma volta que não estava prevista na lei.
A Comissão Eleitoral Central da Ucrânia promete boletins com tantos níveis de segurança que “praticamente é impossível a sua falsificação”, mas os principais problemas residem na forma como se vota e como contam os votos.
Segundo a lei ucraniana, os eleitores podem pedir para votarem em casa, alegando incapacidade física. Isso é feito sem que eles apresentem qualquer tipo de atestado médico. Ora, alguns analistas receiam que possam ocorrer falsificações durante as movimentações das urnas.
“Trata-se de um número demasiadamente baixo de eleitores que votam assim. Por isso, o “voto em casa” não terá grande influência no resultado das eleições”, considera o politólogo Nikolai Polichuk.
O analista político Vladimir Dolin reconhece que essa poderá não ser a forma mais importante de falsificação dos resultados, mas sublinha que “há outras”, por exemplo, a lei permite que os leitores sejam inscritos nos cadernos eleitorais no momento da votação e, habitualmente, as maiores falsificações têm lugar durante a contagem dos boletins.
Em todo o caso, os principais candidatos à vitória na primeira volta: Victor Ianukovitch, dirigente do Partido das Regiões, e Iúlia Timochenko, primeira-ministra da Ucrânia, começaram a “contar as espingardas”.
“Se forem detectadas falsificações, iremos para os tribunais”, declarou Timochenko, sublinhando que 07 dos 15 membros da Comissão Eleitoral Central “representam os interesses de Ianukovitch”.
“Iúlia Timochenko controla o Tribunal de Apelação, enquanto que o Supremo Tribunal tende para Ianukovitch. Tanto uma como outro tentam ganhar terreno no campo dos tribunais, pois eles poderão ser muito importantes no caso de dúvidas”, considera Nikolai Polichuk.
Victor Ianukovitch, alegando as celebrações da sua vitória na primeira volta, já reservou, para Domingo, a mítica Praça da Independência, no centro de Kiev, onde os seus adversários, através de gigantescas manifestações populares, lhe retiraram a vitória em 2004, durante a chamada “revolução laranja”.
O actual Presidente da Ucrânia, Victor Iuschenko, optou pela Praça de Santa Sofia, também no centro da capital, embora sejam praticamente nulas as possibilidades de ele vencer na primeira volta.
“Iúlia Timochenko não tem lugar marcado, mas não lhe será difícil arranjá-lo caso considere ter havido falsificação nas eleições”, considera Vladimir Dolin.
Porém, desta vez, os analistas políticos não esperam longas manifestações, pois consideram que o eleitorado está “cansado” e “desorientado”.
“A população está desorientada. Em 2004, era claro o confronto entre a oposição, encabeçada por Iuschenko e Timochenko, e o poder, representado pelo primeiro-ministro Ianukovitch. Hoje, todos eles representam o poder, passado ou presente”, sublinha Polichuk.

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