viomundo - publicado em 27 de dezembro de 2012 às 21:20
TV manipula notícia sobre criação de empregos
por Fernando Branquinho, no Observatório da Imprensa em 24/12/2012 na edição 726
Na quarta-feira (19/12), no Jornal Nacional, o
gráfico atrás da apresentadora Patrícia Poeta mostrava a criação de 1,77
milhão de empregos até agora, em 2012. Considerada a pindaíba econômica
do mundo ocidental, qualquer cidadão de outro país olharia com inveja
para cá. Mas na Globo não é assim: toda notícia que venha do governo tem
que ser “negativada”.
Foi o que fizeram. Este foi o texto lido pela apresentadora:
“A criação de empregos com carteira
assinada, este ano, foi 23% menor do que em 2011. É o pior resultado
desde 2009. Mas, isoladamente, os números de novembro mostram um aumento
de quase 8% no emprego formal.”
Quem estivesse jantando nessa hora sem olhar para a TV não veria o
gráfico e faria juízo sobre a informação apenas com o que estivesse
ouvindo. Desta vez mudaram a técnica: deram a notícia positiva de forma
negativa, e no fim veio o “mas” positivando parcialmente os fatos. Isso é
democracia, liberdade de expressão e tudo o mais que eles dizem quando
se quer acabar com o oligopólio da mídia? O nome disso é partidarismo de
mídia através de manipulação da notícia.
Paranoia? Perseguição à Globo? Coisa de esquerdista, de petista, de lulista, brizolista? Confira aqui mais essa vergonha. Agora veja a notícia por outro ângulo: “Brasil cria 1,77 milhão de empregos com carteira assinada em 2012”.
Os dados do Caged
De janeiro a novembro deste ano, foram abertos 1.771.576 postos de
trabalho com carteira assinada no Brasil, o que representa uma expansão
de 4,67% no nível de emprego comparado com o final de 2011, segundo
dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado
na quarta-feira (19/12) pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Os dados de novembro, segundo o MTE, mostram continuidade à tendência
de crescimento do emprego no Brasil, que registrou pela terceira vez em
2012 um saldo superior ao do ano anterior. Foram declaradas 1.624.306
admissões e 1.578.211 desligamentos no referido mês. Como resultado, o
saldo do mês foi de 46.095 novos empregos com carteira assinada no
Brasil, correspondentes ao crescimento de 0,12% em relação ao registrado
no mês anterior.
Segundo o Caged, apresentaram desempenho positivo no mês o comércio,
com 109.617 postos (1,27%), sendo o terceiro melhor saldo para o
período; e serviços, com 41.538 postos (0,26%). Por outro lado, alguns
setores apresentaram desempenhos negativos. A construção civil teve
baixa de 41.567 postos (-1,34%), decorrente de atividades relacionadas à
construção de edifícios (-15.577 postos) e construção de rodovias e
ferrovias (-8.803 postos), associados a términos de contratos e a
condições climáticas.
Complexo sucroalcooleiro puxa emprego para baixo
Na agricultura, houve retração de 32.733 postos (-1,98%), devido à
presença de fatores sazonais negativos. A indústria de transformação
teve perda de 26.110 postos (-0,31%), proveniente dos ajustes da demanda
das festas do fim do ano, queda menor que a ocorrida em novembro de
2011 (-54.306 postos ou -0,65%).
O emprego cresceu em três das cinco grandes regiões, sendo a Sul, com
29.562 postos (0,41%); Sudeste, com 17.946 vagas (0,08%), e Nordeste,
com 17.067 empregos (0,28%). As exceções ficaram por conta da região
Centro-Oeste (-14.820 postos ou -0,50%), cuja redução deu-se ao
desempenho negativo da agricultura (-9.130 postos); da construção civil
(-6.393 postos) e da indústria de transformação (-5.929 postos); e da
região Norte (- 3.660 postos ou -0,21%), onde a construção civil (-3.371
postos) e a indústria e transformação (-2.084 postos) foram os
principais setores responsáveis pela queda no mês.
Por unidade da federação, dezesseis tiveram expansão do emprego. Os
destaques foram Rio Grande do Sul (+15.759 postos ou 0,61%); Rio de
Janeiro (+13.233 postos ou 0,36%); Santa Catarina: (+8.046 postos ou
0,42%); São Paulo (+7.203 postos ou 0,06%); Paraná (+5.757 postos ou
0,22%) e Bahia (+5.695 postos ou 0,34%). Os estados que demonstraram as
maiores quedas no nível de emprego foram: Goiás (-8.649 postos ou
-0,75%), devido, principalmente, às atividades relacionadas ao complexo
sucroalcooleiro, e Mato Grosso (-5.910 postos ou -0,97%), por causa do
desempenho negativo do setor agrícola (-4.798 postos) [ver aqui].
Talvez seja por isso (baixa criação de empregos) que tenhamos mapas como esses abaixo, que representam indices de imigração para o Brasil.
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