"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

quarta-feira, abril 11, 2007

Migração invertida. Ceará recebeu 22 mil pessoas entre 1999 e 2004

O Ceará está atraindo novos moradores. O movimento de êxodo, característico da região nordestina até os anos 90, se inverteu. Enquanto 23,8 mil pessoas deixaram o Ceará entre os anos de 1995 e 2000, um total de 22,8 mil pessoas vieram para o Estado entre os anos de 1999 e 2004. As informações são do jornal de Fortaleza O Povo, 10-03-2007.

Em setembro de 2005, a jornalista Sandra Nagano, 26 anos, largou o emprego em São Paulo e veio, junto com o namorado, tentar a vida em Fortaleza. "Quando gente ainda estava em São Paulo, entrou em contato com veículos daqui, mas a princípio a gente veio sem nada certo. Se não desse certo, a gente voltava. Chamaram meu namorado para trabalhar uma semana depois e eu corri atrás durante um mês em empresas de assessoria e veículos de comunicação", afirma. O motivo para trocar o certo pelo duvidoso: qualidade de vida. "Os fins de semana eram infernais. O custo de vida é muito alto, há muito trânsito. Em Fortaleza é diferente e até superou as expectativas", completa.

O fotógrafo João Henrique, 32 anos, também optou pelo Ceará depois de morar no Havaí, na Itália e em Brasília. A esposa, assessora parlamentar no Senado, continua na capital federal e vem ao Ceará todo fim de semana. "Eu vinha muito para Fortaleza e minha esposa tem parentes aqui. A gente já conhecia a cidade, já conhecia as pessoas. Isso facilita bastante. Então decidimos vir pela qualidade de vida. Quero poder viajar no fim de semana pelo litoral. A praia mais próxima de Brasília fica a mil quilômetros de distância", afirma. Henrique mora em Fortaleza desde janeiro e faz fotos de esportes radicais para revistas, mas os planos são de montar uma publicação própria.

Assim como Sandra e João Henrique, um total de 22,8 mil pessoas de outros estados vieram para o Ceará entre 1999 e 2004. Esse foi o saldo entre a entrada e a saída de migrantes internos nas estados brasileiros, segundo o estudo "Nova geoeconomia do emprego no Brasil", da Universidade de Campinas (Unicamp-SP). Entre 1995 e 2000, foi o Ceará que mandou 23,8 mil pessoas para outros estados.

O Ceará foi o terceiro estado nordestino que mais recebeu migrantes internos, segundo o estudo. Somente a Paraíba, que passou de um saldo de -61,5 mil para um de 45,6 mil, e o Rio Grande do Norte, que passou de 6,6 mil para 37,6 mil, receberam mais pessoas. A busca por mais qualidade de vida é apontada como principal motivo. A queixa, segundo esses migrantes, é a remuneração paga no Ceará. Normalmente, um profissional ganha bem menos aqui do que em outras metrópoles.

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