"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

quarta-feira, outubro 31, 2007

Instituto Humanitas Unisinos - 29/10/07

‘Os neocon fracassaram”, constata escritor americano

“A cultura não nos protege de nada. Os nazistas são a prova. Podes sentir uma admiração profunda por Beethoven ou Mozart e ler o Fausto, de Goethe, e ser uma merda de ser humano. Não há conexão direta entre cultura com C maiúsculo e tuas opções políticas”, afirma Jonathan Littell, escritor norte-americano que escreve em francês em entrevista ao jornal El País, 27-102-007.

Jonathan Littell acaba de publicar um livro de quase mil páginas sobre um assassino nazista que se converteu no livro do ano na Europa. Com o livro Las benévolas, Jonathan Littell assegura que quis responder a uma questão: a natureza do crime de Estado.

Segundo ele, “quando Deus desaparece, se nos apresenta um dilema. Os valores devem referir-se a algo, devem vir de algum lugar. Num mundo sem Deus, era difícil implantar um sistema ético e moral. As ideologias vieram e quiseram fazê-lo, a substituir Deus, mas também fracassaram tanto é assim que agora não temos nada. E os iPod não vão construí-lo. Nem a venda, nem a compra ou a publicidade. Estes valores que temos como o consumismo, o ganhar dinheiro, não são nada.Nossa sociedade desliza pela memória que lhe fica de ter formado parte dos bons. Vive dos restos”.

Para Jonathan Littell, “os neocon acabaram”. Segundo ele, Bush arrasou com tudo inclusive com os seus. Os “neocon” são pessoas, descreve o escritor, “que buscaram assaltar o poder já com Nixon, Reagan e Bush pai e fracassaram porque ninguém os tomava a sério. Com Bush filho conseguiram se implantar e sua gestão foi um fracasso estrepitoso. Isso já era. Acabou. Fracassaram”.

E ele continua:

Reagan e Bush eram muito de direita, mas não tanto como os Richard Pearl, Cheney ou Rumsfeld e Wolfowitz. Por isso Bush não contou com as pessoas do círculo do seu pai. Bush Jr e Rove conseguiram uma aliança no Partido Republicano entre os ‘neocon’, os fundamentalistas religiosos e os liberais. Inclusive os fundamentalistas e os ‘neocon’ são diferentes. Os primeiros se interessam pelos comportamentos culturais, abortos, moral, e eles não se interessam pela política externa ou se os EUA invadem outros países ou não. Isso interessa aos ‘neocon’ e são eles que fracassaram totalmente. Eles deixaram o país muito pior do que o encontraram. A questão deles, agora, é como sair do Iraque, do Afganistão o quanto antes”.

E conclui:

“As pessoas temem agora os fundamentalistas religiosos. Os ‘neocon’ eram um punhado de universitários que não representavam ninguém. Pelo contrário, os fundamentalistas teceram uma rede de poder, com muito dinheiro. Eles são mais perigosos. Gente que promove exércitos privados e usa armas. Eles sim, são um perigo”.

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