"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

quinta-feira, novembro 22, 2007

Instituto Humanitas Unisinos - 22/11/07

‘Epidemia de suicídios’ ceifa veteranos de guerra dos Estados Unidos

Uma onda de suicídios acomete os ex-combatentes de guerra dos Estados Unidos. Em algumas faixas de idade, o suicídio entre ex-soldados é quatro vezes maior que entre a população. Além disso, os distúrbios mentais e sociais dos ex-combatentes têm custos econômicos de remonta. O departamento dos ex-combatentes gasta em torno de três bilhões de dólares por ano em serviços especializados em saúde mental. Um de cada quatro ex-combatentes é sem-teto.

Segue a íntegra da matéria do Le Monde, 15-11-2007. A tradução é do Cepat.

Uma verdadeira “epidemia de suicídios” castiga os ex-militares americanos, com 120 mortes por semana, revela a rede de TV CBS. Pelo menos 6.256 pessoas que serviram no exército tiraram a própria vida em 2005 – ou seja, uma média de 17 suicídios por dia –, relata a rede em sua pesquisa difundida na quarta-feira [14] à noite.

Enquanto que a taxa de suicídios na população é de 8,9 por 100 mil, a proporção entre ex-militares é de 18,7 a 20,8 a cada 100 mil. A taxa é ainda mais elevada entre os jovens entre 20 e 24 anos, faixa em que a proporção chega a 22,9 a 31,9 suicídios para uma população de 100 mil, ou seja, quatro vezes a taxa de suicídios registrada entre não militares para esta mesma faixa de idade.

“Essas cifras mostram claramente uma epidemia de problemas de saúde mental”, avalia Paul Sullivan, defensor dos direitos dos ex-combatentes. A CBS também cita também o pai de um soldado de 23 anos que se matou em 2005, para quem os dirigentes dos Estados Unidos e as Forças Armadas estão escondendo a gravidade do problema. O governo “não quer dados” e “não quer que o número dos mortos seja difundido”, disse Mike Bowman.

Há 25 milhões de veteranos de guerra nos Estados Unidos, dos quais 1,6 milhão estiveram recentemente nos conflitos do Afeganistão e do Iraque, segundo a CBS. Os dados não dizem respeito exclusivamente aos militares que estiveram em combate no Iraque, Afeganistão, Vietnã ou durante a segunda guerra mundial, mas a todos os ex-soldados.

"Nem todos voltam para casa feridos, mas a verdade é que ninguém volta para casa sendo a mesma pessoa", afirmou Paul Rieckhoff, ex-fuzileiro naval e fundador de uma associação de veteranos.

A CBS sublinha que se trata do primeiro cálculo do número de suicídios entre ex-combatentes realizado nos Estados Unidos. O departamento dos ex-combatentes gasta em torno de três bilhões de dólares por ano em serviços especializados em saúde mental, segundo a CBS.

Um estudo publicado na semana passada mostra que os ex-combatentes representam um quarto dos sem-teto nos Estados Unidos, quando representam apenas 11% da população adulta. Segundo o estudo, citado pela revista Time, ao menos 1.500 ex-combatentes das guerras do Afeganistão e do Iraque já teriam sido identificados como sem-teto. O organismo encarregado de ajudar esta população (The National Alliance to End Homelessness) avalia que em 2006 havia 195.827 veteranos sem-teto.

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