"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

sexta-feira, abril 18, 2008

Instituto Humanitas Unisinos - 18/04/08

País tem apenas 1,2% do comércio global

O comércio exterior brasileiro cresceu mais nos dois primeiros meses de 2008 que o das maiores economias do mundo, graças ao aumento da demanda interna e das altas nos preços das matérias-primas. O crescimento das importações foi particularmente alto, de 56% em relação ao mesmo período do ano passado. A reportagem é de Marcelo Ninio e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 18-04-2008.

As exportações cresceram menos no bimestre, mas o aumento de 24% ainda é maior do que o registrado por gigantes como Estados Unidos (20%), China (17%), Alemanha (23%) e Japão (22%). O baixo número da China tem motivos sazonais, explicaram os economistas da OMC (Organização Mundial do Comércio), pois registra a virada do ano, quando a atividade econômica diminui no país.

Em 2007, segundo estudo da OMC, as exportações do Brasil cresceram 17%, com volume de US$ 161 bilhões. O desempenho fez o país subir uma posição no ranking mundial, para o 23º lugar, mas o colocou na lanterna entre os chamados Brics (principais economias emergentes). As exportações da China cresceram 26% no ano passado, as da Índia, 20%. O Brasil empatou com a Rússia.

O desempenho brasileiro nas exportações também foi um pouco pior que a média dos países do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai), que chegou a 18%.

A fatia ocupada pelos produtos brasileiros no mercado mundial não passa de 1,2%, inferior à de países bem menores, como Holanda (4%), Bélgica (3,1%) e Coréia do Sul (2,7%).

Para Michael Finger, economista sênior da OMC, o lento crescimento da participação brasileira no comércio mundial tem razões históricas, principalmente a concentração no setor de matéria-prima.

"Para ampliar a sua fatia, o país teria que investir mais em produtos manufaturados, como fez a Coréia", diz Finger.

Aquecimento interno

Os números da OMC confirmam o aquecimento da demanda interna do Brasil nos últimos meses, que alavancou o crescimento e protegeu o país das turbulências mundiais -mas também despertou os temores inflacionários que levaram o Banco Central a elevar os juros em 0,5 ponto anteontem.

Os dois primeiros meses deste ano prosseguem a tendência observada em 2007, quando as importações brasileiras tiveram crescimento de 32% em relação a 2006. Foi o maior aumento entre os países listados no estudo da OMC, com exceção da Rússia, cujas importações aumentaram 35%. No ranking mundial das importações, o Brasil ocupa o 27º lugar, com compras de US$ 127 bilhões (0,9% do total mundial).

Os países desenvolvidos investem justamente no aumento da demanda interna nos países em desenvolvimento, principalmente na China, para compensar os efeitos da desaceleração em suas economias.

Em 2007, a queda no consumo no mundo desenvolvido reduziu o crescimento econômico mundial de 3,7% para 3,4%. No mesmo período, as regiões emergentes registraram crescimento próximo de 7%.

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