"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

quarta-feira, julho 09, 2008

‘Salvar bancos não pode ser mais importante que salvar vidas’

Instituto Humanitas Unisinos - 09/07/08

Charles Abani parece bastante cansado. Uma vez mais, os países ricos vão romper as promessas de ajuda que fizeram à África. “Se os membros do G-8 conseguiram juntar, nos últimos seis meses, um bilhão de dólares para salvar os seus bancos da falência, como é possível que não consigam cumprir sua promessa de aumentar a ajuda à África para 50 bilhões de dólares a partir de 2010?”, se pergunta Abani, diretor regional da Oxfam para a África e representante da coalizão de centenas de Ongs e centros de estudos chamada Ação Global contra a Pobreza. E acrescenta: “Salvar bancos não pode ser mais importante que salvar vidas, isto está claro para mim”. A matéria é do El País, 8-07-2008. A tradução é do Cepat.

“Para a África é muito importante que se cumpram os compromissos assumidos em 2005 em Gleneagles. Se não se aumentar a ajuda, a África retrocederá décadas. Nossos Governos não têm outro remédio que gastar o dinheiro em alimentação em detrimento da educação ou da saúde. Não há suficiente para tudo. Sessenta e dois milhões de crianças deixarão de ir à escola nos países pobres. Já não se pode esperar mais, a crise está aí e o que no papel são números e projeções, nas ruas e nos campos africanos é a pior das realidades”, acrescenta. Conforme fala, esse corpulento nigeriano que não chega a ter 50 anos, endurece o discurso.

Abani tem um retrospecto de muitas reuniões e poucas alegrias. “Seria ao menos satisfatório que nesta reunião se estabelecesse um método de contabilidade para saber que dinheiro é novo em ajudas e qual é na realidade dinheiro prometido para uma coisa, mas que é destinado para outra”, opina. “Não se trata só de vir aqui para dar dinheiro”, disse Abani, “mas também que nos dêem a oportunidade de criar emprego e bem-estar. Um bom resultado desta reunião também seria uma abertura do comércio mundial para os produtos africanos ou, melhor dito, o fim das subvenções que os países ricos dão aos seus agricultores e que tanto distorcem o sistema internacional de transações comerciais”, acrescenta.

Abani é contrário aos biocombustíveis: “Os países ricos não podem queimar os alimentos enquanto os pobres morrem de fome. Sua produção está agravando a crise”.

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