"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

domingo, abril 12, 2009

Instabilidade na Moldávia e Geórgia pode acabar em banho de sangue

darussia.blogspot.com - 12/04/09



Os cristão católicos e protestantes festejam hoje a Páscoa, enquanto que os cristão ortodoxos (russos, moldavos, georgianos, arménios, etc.) celebram o Domingo de Ramos, mas nem essas importantes celebrações trazem paz à Moldávia e Geórgia, duas antigas repúblicas da União Soviética.
A agência noticiosa russa Interfax acaba de difundir a notícia de que faleceu um dos participantes da manifestação de terça-feira em Chisinau, que começou como protesto contra a vitória comunista nas eleições parlamentares e terminou em actos de vandalismo como a pilhagem dos edifícios do Parlamento e da Presidência da Moldávia.
Segundo os pais do jovem de 23 anos, o seu filho foi detido depois dos desacatos e que "o cadáver apresenta sinais de fortes espancamentos". O Ministério do Interior da Moldávia diz desconhecer o caso e atribui o falecimento a intoxicação pelo gás empregue durante a dispersão da manifestação.
A oposição volta a tentar organizar manifestações de protesto hoje.
Hoje também, chegam notícias da Geórgia de que o centro de imprensa da oposição georgiana, que exige a demissão do Presidente Saakachvili, foi atacado por 50 funcionários dos serviços municipais de limpeza, que destruíram aparelhagem de som e computadores e feriram três pessoas.
A oposição georgiana tinha adiado os protestos para segunda-feira, a fim de permitir aos georgianos festejar o Domingo de Ramos, mas decidir regressar hoje às ruas para continuar os protestos.
À primeira vista, as situações na Geórgia e Moldávia são muito diferentes, mas uma das mais importantes causas de ambas as situações de tensão reside no facto de algumas organizações internacionais não conseguirem resolver os problemas que se colocam perante elas.
Tanto num país como no outro, organizações como a OCSE, Parlamento Europeu, União Europeia reconheceram o carácter legítimo das eleições, embora tenham feito algumas críticas aos processos eleitorais, mais em relação às presidenciais na Geórgia, no ano passado, do que às parlamentares na Moldávia, no domingo passado.
No caso da Moldávia, finalmente, houve unanimidade nesse campo entre os observadores das organizações europeias e os da Comunidade de Estados Independentes.
Porém, é de assinalar que, em qualquer dos casos, os observadores acompanharam os escrutínios, não dedicando igual atenção à forma como decorrem as campanhas eleitorais, nem como são preparados os cadernos eleitorais. E nestas duas fases iniciais é que têm lugar abusos por parte das autoridades.
Durante as campanhas eleitorais, as autoridades utilizam aquilo a que se chama o chamado "factor administrativo", ou seja, a capacidade do poder conquistar votos através de meios pouco correctos como o controlo dos órgãos de informação ou a pressão sobre os funcionários públicos para que votem no partido ou candidato necessários.
No caso dos cadernos eleitorais, um dos juizes do Tribunal Constitucional da Moldávia chamou a atenção para a existência neles de eleitores que já faleceram há 10-15 anos, o que faz com que essas "almas mortas" continuem a votar.
Mas realizadas que estão as eleições e reconhecidas que foram pelas organizações internacionais, é preciso a sua intervenção surgente para fazer com que as divergências não provoquem derrame de sangue em Tbilissi e Chisinau. Trata-se de uma excelente oportunidade, por exemplo, para a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa mostrar a sua utilidade.
Além disso, torna-se urgente a coordenação de esforços da Rússia e União Europeia para pôr fim à espiral de violência nesses dois países europeus.
A Rússia nada ganhará se Mikhail Saakachvili for substituído por um dos líderes da oposição, pois esta não será mais fácil nas relações com o Kremlin; nem a Europa ganhará nada com o derrube de Vladimir Voronin, pois isso poderá significar a desintegração irreversível do país.
É preciso pôr fim à espiral de violência na solução de problemas políticos, processo que requer o apoio internacional. Talvez não seja demais a convocação de uma assembleia pan-europeia (com a participação dos Estados Unidos e Canadá) com vista a elaborar novas regras de convivência no Continente Europeu, iguais para todos.

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