"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

quinta-feira, outubro 04, 2007

Instituto Humanitas Unisinos - 02/10/07

Mangabeira afirma que não haverá uma política industrial

Em um encontro fechado com empresários pesos pesados, ontem, em São Paulo, o filósofo Roberto Mangabeira Unger, ministro sem pasta do Governo Lula, voltou a exercitar sua capacidade de provocar polêmica ao afirmar que não era importante para o país ter grandes conglomerados nacionais. Para completar, disse que, por ele, não faria nenhuma política industrial. A notícia é de Guilherme Barros e publicada no jornal Folha de S. Paulo, 2-10-2007.

As declarações de Mangabeira, feitas durante almoço organizado pelo Iedi, deixaram os empresários um tanto quanto perplexos e motivaram discussões acaloradas. Os empresários não esconderam suas discordâncias com as teses defendidas por Mangabeira. O encontro se estendeu das 12h às 15h.

Na platéia, estavam nomes como Josué Gomes da Silva (presidente da Coteminas e do Iedi e filho do vice-presidente José Alencar), José Roberto Ermírio de Moraes (Votorantim), Benjamin Steinbruch (CSN), Roberto Vidigal (Confab), Miguel Etchenique (Brastemp), Paulo Francini (Fiesp), Eugênio Staub (Gradiente), Lírio Parisotto (Videolar), Ivoncy Ioschpe (Iochpe), Walter Fontana (Sadia) e Amarílio Macedo (grupo J. Macedo), entre outros.

Mangabeira foi acompanhado do economista Marcio Pochmann, presidente do Ipea.

Ele defendeu basicamente a tese de que o mais importante para o Brasil, hoje, é incentivar o empreendedorismo da classe média. Mangabeira afirmou que existe no país uma classe empreendedora que não possui condições de executar suas idéias e é essa parcela da sociedade que pretende apoiar.

O filósofo disse que seu plano compreende ações importantes na área de educação, mudanças na cobrança de impostos sobre a folha de pagamentos das empresas, a ocupação responsável da Amazônia e programas para a Defesa.

O que mais assustou os empresários foram as declarações de Mangabeira contrárias à formulação de uma política industrial. A defesa da política sempre foi uma das principais bandeiras do Iedi e está sendo costurada no governo pelo ministro Miguel Jorge (Desenvolvimento) e por Luciano Coutinho, presidente do BNDES. O governo pretende anunciar ainda neste ano a nova política industrial.

Os empresários tentaram convencer Mangabeira da necessidade de uma política industrial para o país e da importância das grandes empresas, mas a impressão foi de que o esforço foi em vão.

Sobre o fato de a sua pasta, a Secretaria de Longo Prazo, ter sido criada pelo governo e extinta pelo Senado na semana passada, Mangabeira não manifestou nenhuma preocupação. Disse que o presidente Lula irá recriá-la em breve.

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