"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

terça-feira, fevereiro 12, 2008

instituto Humanitas Unisinos - 11/02/08

Doenças da pobreza matam 226 pessoas por dia no Brasil


As doenças da pobreza e o abandono matam 226 brasileiros por dia. São pelo menos 82,5 mil mortes por ano causadas por males como diarréia, desnutrição, malária, tuberculose, dengue, febre amarela e falta de assistência médica. A reportagem é de Tatiana Farah para o jornal O Globo, 10-02-2008.

- Toda morte que poderia ser evitada causa indignação. Não podemos classificar isso como aceitável. Assim como nos acidentes de trânsito, em que faltam fiscalização e melhores estradas, nas mortes evitáveis falta mais ação do Estado - afirma o coordenador de Planejamento em Saúde do Departamento de Medicina Preventiva da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), Nicanor Rodrigues da Silva Pinto.

O jornal O Globo fez um levantamento junto à base de dados do Ministério da Saúde, considerando a Classificação Internacional de Doenças (CID-10). Foram somadas as mortes dos itens "algumas doenças infecciosas e parasitárias" (à exceção da Aids e da septicemia) e a desnutrição. Esse grupo de males infecciosos e a desnutrição são as chamadas doenças da pobreza, com média anual de 33,5 mil mortes. A este número, somou-se o item "morte sem assistência médica", com cerca de 49 mil óbitos registrados em 2005.

Só de diarréia e infecções intestinais morreram, em 2005, por exemplo, 10.599 pessoas. A desnutrição, sozinha, matou 6,9 mil brasileiros. A tuberculose, embora seja curável e tenha um custo de tratamento de R$ 70 (quando tratada no início e sem internação), causou mais de 4,7 mil mortes. Em 2005, até a poliomielite aguda reapareceu, matando 3 pessoas.

Silva Pinto, no entanto, estima que a pobreza e a fome causem efeitos muito maiores na mortalidade nacional (1.006.827 mortes em 2005, último ano de dados registrados pelo DataSUS, do Ministério da Saúde). Além das doenças da pobreza, há a perversidade da pobreza, como nos casos de pneumonia, em que morreram 35.903 pessoas. Para ele, o estado de fragilidade do organismo das pessoas com fome ou mal-ali$as expõe a maiores riscos, e a falta de acesso aos serviços de saúde limita as possibilidades de cura. A falta de saneamento, informação e escolaridade cria o ambiente perverso da proliferação das doenças.

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