"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

quarta-feira, agosto 20, 2008

O óbvio que vem com a crise

Blog do Nassif - 18/08/08

É batata! Basta algum movimento especulativo que fuja à normalidade, para porta-vozes do mercado falarem em nova ordem mundial, nova economia, novo padrão de análise. O óbvio e o bom senso só retornam depois que a bolha se esvazia e não há mais como tapar o sol com a peneira, nem os prejuízos com sofismas.

No primeiro governo FHC, os “novos economistas”, como ironizava Delfim Netto, falavam em impossibilidade de crise internacional porque o financiamento das contas externas seria ilimitado.

Quando houve o boom nos preços dos ativos, economistas justificavam como sendo algo estrutural, diretamente ligado a uma queda irreversível dos juros.

Quando começou o boom das matérias primas, invocaram-se razoes estruturais, como o aumento do consumo mundial de alimentos, o crescimento da China etc.

Fugiram do ponto central: quando se tem tal mobilidade de capitais, como hoje em dia, qualquer movimento em uma direção – ainda que tecnicamente fundamentado – atrai capitais especulativos em tal intensidade, que provocam um “overshooting”.

Agora, o próprio Estados Unidos começa a discutir seriamente a questão da especulação dos fundos no mercado de petróleo, conforme matéria do The Wall Street Journal, publicado no Valor (clique aqui).

Novos dados oriundos do mercado de commodities mostram que especuladores são uma peça maior do que se pensava do mercado de petróleo, o que joga lenha na fogueira do debate sobre a influência de operadores nos preços.



No mês passado, a maior autoridade americana para a operação de commodities reclassificou um operador não identificado como especulador "não comercial". Essa decisão fez com que muitos analistas passassem a perceber o mercado de petróleo não mais como uma praça diversificada, mas sim como uma concentração de participantes financeiros que entram com grandes apostas. (continua).

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