"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

terça-feira, abril 24, 2007

Instituto Humanitas Unisinos - 23/04/07

‘A França é um país profundamente deprimido’, afirma Marcel Gauchet

“O sistema político está bloqueado. A estrutura dos partidos e das instituições, particularmente a eleição presidencial, impede qualquer possibilidade de mudança. Todo os políticos são recrutados no serviço público e este ambiente, seja de direit ou de esquerda, está fora do país, não se dá conta do que acontece na vida cotidiana”, afirma Marcel Gauchet, filósofo político francês, em entrevista publicada no jornal La Repubblica, 22-04-2007. Segundo ele, “a França permaneceu um país de autoridade, uma tradição devida à força do Estado, à influência do modelo católico e ao consenso implícito na elite sobre a necessidade da França desempenhar um grande papel internacional. Mas não sabem mais o que as pessoas pensam e se surpreendem quando se dão conta da realidade”.

Perguntado pela fraqueza da extrema esquerda, que com seis candidatos tem menos de 10% dos votos, ele diz que “uma parte do eleitorado socialista escolheu o centrista François Bayrou. Mas isso não prejudica o resultado das eleições. Poderemos ver a enorme surpresa de uma campanha dominada pela direita que se conclui com uma vitória de Ségolène Royal”.

Mas, segundo Marcel Gauchet, autor do clássico livro Le Desenchantement du Monde, “nós somos prisioneiros da idéia de que a França desempenha um papel universal, mesmo que saibamos que isto é uma ficção. A mundializaçao nos obriga a redefinir este modelo e o país espera isto da classe política. É um trabalho que pode ser feito somente pela elite. O cidadão quer se expressar sobre isto e pede que se lhe proponha algo, mas as elites são incapazes de fazer este trabalho, tanto a direita quanto a esquerda. A nossa neurose, se quisermos resumi-la, é esta: a França é um país profundamente deprimido, porque pensa que não tem mais um futuro à altura do seu passado”.

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