"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

quarta-feira, abril 25, 2007

Instituto Humanitas Unisinos - 25/04/07

Nietzsche, ainda um extemporâneo

Nietzsche (1844-1900) tinha consciência da incompreensão que o cercava. O silêncio que pairava em torno de suas obras não retumbava por acaso: até hoje o filósofo nascido na pequena aldeia de Röcken, perto de Leipzig, Alemanha, causa desconforto em função de seu estilo hiperbólico e da ousadia de suas proposições, a maioria delas certeiras e antecipatórias da crise civilizacional da modernidade. Assim, ainda hoje, em pleno século XXI, Nietzsche continua um extemporâneo.

Scarlett Marton, filósofa brasileira, uma das maiores especialistas nietzschianas em nosso país, concorda: “em certa medida, Nietzsche ainda permanece um extemporâneo”. Nesse sentido, sua filosofia a golpes de martelo foi premonitória: “Vivemos numa época de notáveis transformações no modo de pensar, agir e sentir. Modelos teóricos e quadros referenciais, que norteavam nossa maneira de pensar, estão em descrédito; sistemas de valores e conjuntos de normas, que orientavam nossa maneira de agir, caem em desuso; discursos e práticas, que pautavam nossa maneira de sentir, tornam-se obsoletos. Rebaixadas ao nível de opiniões, as idéias tornam-se descartáveis; frutos de atitudes descomprometidas, elas prescindem de todo lastro teórico ou vivencial”.

Essas e outras declarações de Marton podem ser conferidas no recém-publicado Cadernos IHU Em Formação edição 15, O pensamento de Friedrich Nietzsche, publicação do Instituto Humanitas Unisinos – IHU. A entrevista com Marton foi originalmente publicada na edição 127 da IHU On-Line, de 13-12-2004, Nietzsche, filósofo do martelo e do crepúsculo.

Graduada em Filosofia pela USP, Marton é mestre em Filosofia pela Université de Paris I (Pantheon-Sorbonne), da França. Sua dissertação intitula-se Pour une généalogie de la vérité - Essai sur la notion de vérite chez Friedrich Nietzsche. Marton fez doutorado em Filosofia na USP, escrevendo a tese Nietzsche, cosmologia e genealogia. Cursou ainda livre docência na mesma instituição e pós-doutorado na École Normale Superieure de Fon Tenay-Saint Cloud, da França, e na Université de Paris X (Paris-Nanterre), também da França. É autora de diversos livros, entre os quais citamos O pensamento vivo de Nietzsche. São Paulo: Martin Claret, 1985 (org.); e Nietzsche hoje? Colóquio de Cerisy. São Paulo: Brasiliense, 1985 (org.); Nietzsche - uma filosofia a marteladas. São Paulo: Brasiliense, 1991; Nietzsche, a transvaloração dos valores. São Paulo: Editora Moderna, 1996; Nietzsche - das forças cósmicas aos valores humanos. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2000; Extravagâncias. Ensaios sobre a filosofia de Nietzsche. São Paulo: Discurso Editorial/Editora Unijuí, 2001; e A irrecusável busca de sentido. Cotia: Ateliê Editorial; Ijuí: Editora Unijuí. 2004.

Nesse mesmo número dos Cadernos IHU Em Formação contribuem para o debate nietzschiano os filósofos Kathia Hanza, da Universidade Católica do Peru, Vânia Dutra de Azeredo, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí), Alberto Marcos Onate, da Universidade Oeste do Paraná (Unioeste) e Márcia Rosane Junges, do Instituto Humanitas Unisinos (IHU). Os Cadernos IHU Em Formação podem ser adquiridos na Livraria Cultural, no Campus da Unisinos ou pelo e-mail livrariaculturalsle@terra.com.br. Um mês após seu lançamento, o arquivo em pdf é disponibilizado aos internautas para download.

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