"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

segunda-feira, dezembro 29, 2008

‘A desconfiança e a incerteza são totais”, atesta presidente de banco espanhol

Instituto Humanitas Unisinos - 21/12/08

“Como crise econômica, ainda não é a mais importante. Mas como crise financeira, sim. Nunca houve nada parecido”, afirma Miguel Angel Fernández Ordóñez, presidente do Banco de Espanha, já três vezes ministro da Economia, Comércio e Fazenda, em entrevista publicada no jornal El País, 21-12-2008.

Segundo ele, “o que estamos vivendo tem dimensões históricas, com características globais, porque ninguém se livrou dela. Ela tem uma intensidade enorme: colapso de todos os mercados, há grandes empresas que têm que pagar margens de cinco pontos sobre o índice interbancário, o que é algo incrível. A desconfiança é total. O mercado interbancário não funciona e se geram círculos viciosos: os consumidores não consomem, os empresários não contratam, os investidores não investem e os bancos não emprestam... Há uma paralisação quase total da qual ninguém escapa”.

“Quando se chegará ao fundo da economia?”, ele responde:

“Há uma predição de que isso aconteça no final de 2009 ou no começo de 2010. Mas isso pode se alargar por causa desta falta de confiança”.

“Mas o senhor está tão pessimista”, retruca o jornal.

“Não, responde Miguel Angel Fernández Ordóñez, mas a incerteza é total. Pode ocorrer uma recuperação, porque a queda do preço do petróleo e há uma melhora da renda disponível das famílias, as medidas fiscais podem animar muito e as financeiras permitirão, pelo menos, que os bancos com problemas em seus vencimentos resolvam seus problemas. Mas também se pode entrar num círculo vicioso onde os consumidores não consomem, os empresários demitem e os bancos não emprestam... Isso nos levaria a uma depressão maior que não pode ser descartada. Esta incerteza com respeito ao futuro recorda o que dizia Bertrand Russel: um pessimista é um imbecil antipático e um otimista é um imbecil simpático. Porque nenhum dos dois sabe o que vai se passar”.

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