"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

quinta-feira, dezembro 11, 2008

Paraguai. Um 'perdão' de US$ 19 bilhões

Instituto Humanitas Unisinos - 09/12/08

Após o Equador contestar empréstimo feito junto ao BNDES, o governo do ParaguaiItaipu. Batizada “Solución Todos Ganan” (Solução todos Ganham, em português), o texto prevê a transferência da dívida da usina hidrelétrica binacional, de US$ 19,6 bilhões, para o Tesouro dos dois países. Mas a divisão não seria igual: o Tesouro paraguaio assumiria US$ 600 milhões, enquanto o Brasil arcaria com US$ 19 bilhões. apresentou oficialmente proposta para mudar os pagamentos pela energia de

A reportagem é de Ricardo Galhardo e publicada pelo jornal O Globo, 09-12-2008.

O Brasil ainda não respondeu à proposta, apresentada a seus representantes no dia 27 de outubro, mas em conversas reservadas a “solução” é classificada como “estapafúrdia”.

A próxima reunião entre os dois governos acontecerá quintafeira, em Foz do Iguaçu (PR).

O autor da proposta é o engenheiro Ricardo Canese, um dos coordenadores da campanha do presidente do Paraguai, Fernando Lugo.

Canese, autor de outras teses polêmicas, é o negociador oficial do governo Lugo na Subcomissão de Análise da Dívida do Paraguai.

O jornal carioca teve acesso a uma versão simplificada da proposta, na qual Canese resume o plano em apenas sete páginas. Os dois governos assumiriam os US$ 19,6 bilhões de dívidas de Itaipu. Cada país arcaria com o valor correspondente à energia contratada entre 1985 e 2008. No período, o Brasil usou 97% da potência de Itaipu e o Paraguai, 3%. Atualmente, Brasil e Paraguai pagam, cada um, aproximadamente US$ 1 bilhão em encargos da dívida (juros e amortizações) por ano.

Lugo quer receita de US$ 1,6 bilhão

O Brasil teria direito a 50% da energia ao custo de US$ 12/MWh. Hoje, o preço médio é de US$ 40/MWh para o consumidor brasileiro. O Paraguai também receberia 50% da energia a US$ 12/MWh. Hoje, o país paga US$ 32/MWh. O excedente da energia paraguaia (pela qual o Brasil tem preferência de compra, segundo o tratado de Itaipu) seria vendido a US$ 57/MWh. Assim, o governo paraguaio passaria a receber US$ 1,6 bilhão por ano. Atualmente o país vizinho recebe US$ 380 milhões líquidos. Quadruplicar o ingresso de recursos derivados de Itaipu foi uma das bandeiras de Lugo nas eleições deste ano.

— A chance de a proposta prosperar é zero — disse uma fonte do governo brasileiro.

Canese argumenta em favor de seu plano para Itaipu.

—Todos saem ganhando. O consumidor brasileiro e paraguaio teriam energia mais barata, a hidrelétrica estaria capitalizada, os dois governos teriam dinheiro efetivo para investimentos na área energética e o conflito com o Paraguai estaria resolvido — disse Canese.

Antes desse novo plano, Lugo chegou a sugerir a suspensão do pagamento da dívida, por contestar os valores. Em troca, o Brasil sugere financiar até US$ 200 milhões para a modernizar a rede de distribuição no Paraguai para que o país possa atrair empresas por meio da oferta de energia barata. Oficialmente, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse desconhecer a proposta.

A assessoria do Itamaraty também informou que não recebeu “nenhuma proposta neste sentido”.

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