"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

quinta-feira, dezembro 11, 2008

Vaidade com despreparo

Blog do Luis Nassif - 11/12/08

O Banco Central conseguiu desmoralizar as metas de inflação e a tese do BC independente. A alegação de que manteria a Selic por conta das incertezas futuras é uma piada.

Juros altos funcionam em uma conjuntura de economia aquecida, visando reduzir o nível de atividade através do encarecimento do crédito na ponta. Sobre o nível e atividade, a única incerteza é em relação ao tamanho do desaquecimento da economia – se pequeno ou grande. Sobre os juros, a mudança de cenário já operou elevação de juros em todas as frentes.

A redução da Selic teria impactos psicológicos sobre empresários e consumidores, em um momento em que se precisa vencer o pessimismo diante da crise. Ajudaria a reduzir o peso dos juros sobre o déficit nominal, liberando recursos para investimentos.

No entanto, mantém-se a taxa de juros apenas para demonstrar que o BC é autônomo. Ora, o homem que diz sou, não é, porque quem é mesmo, não diz. BC com respeitabilidade não precisa recorrer a demonstrações vazias de força. Consegue-se respeitabilidade sendo coerente, produzindo análises consistentes e medidas que reflitam a situação econômica do momento.

Demonstração de força, em um momento em que o país inteiro luta contra o fantasma da recessão é irresponsabilidade, pura vaidade, falta de compromisso com o país e com a política econômica, desprezo pelos recursos públicos.

Se Lula não vencer o temor reverencial pelo mercado, não segurará a onda da crise. Conseguiu colocar no BC a pior mistura, de vaidade e despreparo de um presidente com ambições políticas, que se prevalece da gravidade da situação para auto-afirmações inconcebíveis em pessoas maduras e senhoras de si.

Do Valor Econômico

Dólar não se submete ao sentido do fluxo


Luiz Sérgio Guimarães


11/12/2008



Após um pouco mais de quatro horas de discussões, o Copom decidiu o que o mercado de câmbio já previa: a manutenção da Selic em 13,75%, por unanimidade. Depois que os investidores se convenceram de que a tendência seria mesmo a manutenção do juro, o dólar só caiu. A percepção de que a série de seis altas consecutivas, encerrada no dia 4, durante a qual a moeda americana valorizou-se 11,5%, teve como finalidade pressionar o BC a não reduzir o juro básico cristalizou-se ontem após a divulgação do fluxo cambial ocorrido na primeira semana do mês. Ao contrário do que normalmente acontece quando a lei da oferta e da procura não está submetida aos interesses da especulação, a alta do dólar não resultou de fluxo negativo. Na verdade, o dólar subiu a despeito de a balança ter voltado a ficar positiva.

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