"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

sexta-feira, junho 01, 2007

Instituto Humanitas Unisinos - 29/05/07

Valorização do real derruba a Reichert do Vale dos Sinos. 4 mil demitidos

Em julho, quando entregar seus últimos pedidos, a Reichert, uma das maiores e mais tradicionais exportadoras de calçados do país, vai fechar suas portas. Com sede em Campo Bom (RS), na Região Metropolitana de Porto Alegre, ela destina toda a produção ao mercado externo e não resistiu à desvalorização do dólar. A Reichert deve desativar suas 20 unidades em pelo menos 11 municípios gaúchos e demitir 4 mil trabalhadores. A notícia é dos jornais Valor, Zero Hora e Jornal do Comércio, 29-05-2007.

A empresa confirmou o fechamento, mas seus diretores não comentaram o assunto. "A decisão de parar a fabricação de calçados está tomada", disse o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Calçados da cidade de Teotônia, Roberto Müller, após reunião com representantes da unidade local da empresa. O prefeito de Campo Bom, Giovani Batista Felter (PMDB), é enfático. "É um nocaute aplicado pela política cambial. Já vínhamos advertindo sobre a crise há dois ou três anos. Mas faltou sensibilidade em Brasília. Não estou preocupado com queda na arrecadação, pois os exportadores não pagam ICMS, mas sim com a crise social".

Os calçados femininos da Reichert são vendidos lá fora com a marca dos importadores. Em 2006, as vendas somaram US$ 85,1 milhões, 15,6% a mais do que em 2005 - 4,6% das exportações brasileiras do setor.

"Vimos que não dava mais para operar com lucro", afirmou ontem à noite Ernani Reuter, um dos quatro administradores da empresa ao jornal Zero Hora, 29-05-2007.

O empresário se queixou que os governos prometem auxílio para o setor, mas não apresentam medidas. Entre as maiores exportadores de calçados do Estado, a Reichert, fundada há 72 anos, embarcou cerca de US$ 85 milhões em 2006. A empresa confecciona calçados com marca própria e nome de importadores.


O empresário manterá os investimentos em agropecuária. Com fazendas em Mato Grosso do Sul e Goiás, onde cultiva soja, milho e algodão, o grupo vai plantar cana-de-açúcar, visando a produção de álcool.

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