"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

quarta-feira, fevereiro 06, 2008

Instituto Humanitas Unisinos - 06/02/08

Valor de megaempresas brasileiras sobe 1.300%

Nos próximos dias, podem ser definidas duas grandes aquisições - a compra da anglo-suíça Xstrata pela Vale e a fusão da Oi e da Brasil Telecom (BrT) - que vão colocar as empresas brasileiras em um outro nível. A reportagem é do jornal O Estado de S. Paulo, 03-02-2008.

Caso as operações sejam concluídas, a Vale pode entrar para o seleto clube das 100 maiores companhias abertas do planeta, do qual já faz parte a Petrobrás. A Oi/BrT subiria para o time das 300 maiores em vendas do ranking da revista Forbes.

As duas operações mais aguardadas do começo deste ano são sinais de uma nova dinâmica no capitalismo brasileiro. O País vive a era das megaempresas, que ganham importância no jogo mundial e desafiam gigantes globais estabelecidos (em alguns casos, adormecidos).

O fenômeno é recente. Entre 2002 e 2008, o valor de mercado das dez maiores empresas de capital aberto do País foi multiplicado, em média, por 14 (ou valorização de 1.300%), segundo levantamento da Economática a pedido do Estado.

Petrobrás, Vale e Bradesco já aparecem entre as 60 empresas mais valiosas das Américas (exclui Canadá). A Petrobrás está em quarto lugar, acima de nomes consagrados como Wal-Mart e Texaco. A Vale fica à frente de dois símbolos do capitalismo: Coca-Cola e McDonald’s. Em janeiro, o Bradesco havia ultrapassado concorrentes como Merrill Lynch e Morgan Stanley.

As razões do avanço são inúmeras: uma combinação de ambiente econômico estável e amadurecimento do mercado de ações no Brasil, crescimento mundial acelerado e gestões eficientes. Boa parte das companhias brasileiras que mudaram de nível vende commodities, cujos preços subiram muito, pressionados pelo aumento do consumo no mundo, sobretudo na China.

É impossível desprezar o peso do câmbio no agigantamento dessas empresas. Esse período coincide com grande valorização do real ante o dólar. “Mas as empresas tiveram um papel fundamental nos resultados”, diz o diretor da consultoria The Boston Consulting Group (BCG), Fernando Machado. “São companhias profissionalizadas e competitivas, inseridas no mercado internacional, com acesso a capital barato e pouco dependentes do governo.”

Embora o Brasil ainda cresça mais devagar que outros emergentes, a melhora recente dos principais indicadores econômicos - inflação, dívida pública, juros e balanço de pagamentos - provocou mais estabilidade para decisões estratégicas de longo prazo nas empresas.

“O crescimento mundial criou oportunidades para empresas bem posicionadas”, diz o professor da Fundação Dom Cabral Álvaro Cyrino, coordenador de um estudo sobre a internacionalização das empresas. “O tremendo crescimento da China fez com que a Vale pudesse navegar tranqüilamente. E, no caso dela e da Embraer, a privatização foi decisiva.”

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