"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

domingo, fevereiro 03, 2008

Instituto Humanitas Unisinos - 30/01/08

Remessa de lucros das montadoras cresce 106%

As fabricantes de automóveis instaladas no Brasil têm aproveitado a boa situação econômica e usado os lucros obtidos no País para cobrir prejuízos no exterior. Em ano de vendas recordes, a indústria automobilística liderou a remessa de lucros e dividendos em 2007. Conforme dados do Banco Central, as montadoras enviaram US$ 2,702 bilhões às sedes no ano passado. O valor é 106,77% maior que o de 2006. Sozinhas, as empresas do setor responderam por mais de 10% dos US$ 21,2 bilhões remetidos pelas multinacionais no ano passado. A reportagem é de Fernando Nakagawa e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 30-01-2008.

Com volume de remessas mais de duas vezes maior de um ano para o outro, as montadoras deixaram para trás empresas do setor de energia e gás e do segmento financeiro, que lideraram o ranking do envio de lucros e dividendos em 2006.

Especialistas consultados explicam os números significativos por dois fatores: o forte aumento das vendas internas e os resultados ruins no exterior. Além disso, as montadoras se beneficiaram também de outro fator que ajudou todas as empresas estrangeiras: a valorização do real, que torna as remessas mais atrativas.

“No Brasil, as vendas cresceram pelo aumento da renda e do crédito. Nos EUA, as montadoras têm necessidade de caixa. Esse quadro estimula as remessas”, diz o presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica, Luis Afonso Lima.

No ano passado, o licenciamento de veículos no Brasil cresceu 27,8% em relação a 2006, para 2,462 milhões de unidades. O resultado é o melhor desde 1997, ano de 1,94 milhão de licenciamentos. Ao mesmo tempo, nos EUA, montadoras como a Ford e a General Motors anunciaram prejuízos seguidos nos últimos trimestres. “O dinheiro acabou voltando para cobrir parte dos prejuízos que as montadoras estrangeiras, principalmente as americanas, tiveram”, diz o analista do setor automobilístico da Tendências Consultoria, Alexandre Andrade.

A boa maré da indústria automobilística no Brasil também beneficiou o setor metalúrgico, que produz matérias-primas para a montagem dos veículos. Com vendas recordes, as remessas do setor saltaram 133,49%, para US$ 1,901 bilhão em 2007.

Com os bons resultados no País e as boas perspectivas do mercado interno, montadoras reforçam os planos de investimento no Brasil. Fiat, Ford, Toyota e Volkswagen anunciaram investimentos, destaca o analista da Tendências. A onda de investimentos também atingiu a metalurgia, responsável pela maior fatia do Investimento Estrangeiro Direto (IED) de 2007: US$ 4,699 bilhões, 174,42% mais que em 2006.

O destaque do ano passado, no entanto, foi o setor de mineração. O IED do segmento saltou 446,29%, para US$ 3,249 bilhões. O presidente do Instituto Brasileiro de Mineração, Paulo Carvalho Penha, diz que o setor tem sido alvo de vários planos de expansão de multinacionais. “Companhias de pequeno, médio e grande portes têm investido no Brasil de forma consistente. Algumas dessas operações não aparecem na mídia porque envolvem empresas pouco conhecidas”, diz Carvalho.

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