"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

sexta-feira, abril 04, 2008

Instituto Humanitas Unisinos - 02/04/08

'Abrir um sindicato no Brasil é um grande negócio', constata cientista político


Para o cientista político Leôncio Martins Rodrigues, a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de vetar o artigo que obrigava entidades sindicais a prestarem contas ao TCU, é mais um capítulo da “farra do poder” das centrais sindicais que o País atravessa. Professor aposentado da USP e da Unicamp e estudioso do movimento sindical brasileiro, Leôncio diz não vislumbrar nenhuma possibilidade da mudança substancial na estrutura sindicalista neste governo.

“Não surpreende. Me parece a continuidade da farra do poder que as centrais sindicais desfrutam no Brasil, sem obrigações, sem pressões. Elas possuem um poder impressionante, obtido por meio de favorecimentos legais, acordos de cúpula. Essa história de prestar contas ao ministério é uma volta ao passado, quando ele legalizava e controlava os sindicatos. Mas isso não começou agora. Antes do escândalo do mensalão estava em curso uma proposta de reforma sindical, patrocinada pelo José Dirceu, da Casa Civil, que iria beneficiar principalmente as centrais. Não sei por onde anda agora”, afirma Leôncio Martins Rodrigues em entrevista concedida a Roldão Arruda e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 02-04-2008.

E o cientista político pergunta: “Alguém viu alguma marcha de trabalhadores a Brasília para pedir a manutenção do imposto sindical? Alguém protestou frente ao Ministério do Trabalho? Houve alguma greve?”.

E responde:

“Não ocorreu nada disso. Tudo acontece por razões políticas contingenciais. São ações da cúpula, golpes legais, uma retribuição do ex-sindicalista aos sindicatos. É interessante observar que isso ocorre num momento em que os sindicatos não têm nenhum poder de pressão, um momento de ausência de política de massas”.

Segundo ele, “no Brasil, : ele funciona como uma empresa que nunca corre o risco de ir à falência, graças às contribuições obrigatórias que todo ano entram em seu caixa”.

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