"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

quarta-feira, outubro 01, 2008

Stiglitz prevê longa recessão nos EUA

Instituto Humanitas Unisinos - 01/10/08

O prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz prevê uma longa recessão nos EUA, segundo entrevista publicada ontem no jornal italiano “La Stampa”. Para ele, a crise atual é uma das piores do século, o que vai se refletir em uma “queda livre” da Bolsa de Nova York “maior do que podemos imaginar.” E o pacote que está sendo negociado no Congresso americano poderá salvar Wall Street, mas terá pouco efeito para a recuperação da economia, defendeu o economista em artigo também publicado ontem no jornal inglês “Guardian”. O artigo pode ser lido, hoje,no jornal El País.

A notícia é do jornal O Globo, 01-10-2008.

“Estamos em meio a uma das piores crises do século e, enquanto não tocarmos o fundo, não poderemos vir à tona”, disse Stiglitz ao “La Stampa.” Segundo ele, “veremos o índice Dow Jones (da Bolsa de Nova York) em uma queda livre maior do que podemos imaginar e teremos quebras barulhentas de instituições financeiras”, um quadro que certamente levará a “economia americana para uma longa recessão.” Na entrevista, reproduzida pela agência de notícias AFP, o economista — que foi assessor econômico do presidente democrata Bill Clinton e já ocupou a vice-presidência do Banco Mundial — também fez previsões para o resultado das eleições americanas. Na sua avaliação, diante do panorama, o próximo presidente dos EUA será Barack Obama. “Em uma situação desse tipo, não há qualquer possibilidade de que os americanos levem à Casa Branca o partido do atual presidente”, disse.

Obama é do partido democrata.

Seu adversário, John McCain, é candidato pelo partido Republicano do presidente George W. Bush.
No artigo publicado no “Guardian”, o Nobel diz que o sistema financeiro global está mergulhado em uma “confusão” e que não há consenso em como reparar os danos já causados.

Stiglitz diz que o plano de Bush poderá salvar o sistema financeiro, mas se pergunta se o pacote funcionará para estimular a economia e como ficarão os contribuintes e os “déficits sem precedentes.” Na sua avaliação, o plano que não foi aprovado na última segunda-feira é bem melhor que a proposta original da Casa Branca. Ainda assim, diz, contém falhas. A primeira delas é que — novamente — ele se baseia no princípio da “corrente para baixo” da economia.

Em outras palavras, jogar dinheiro suficiente para Wall Street o canalizaria para a Main Street, ajudando os trabalhadores e os proprietários de imóveis. No entanto, afirma Stiglitz, a economia da “corrente para baixo” quase nunca funciona. Por isso, dificilmente vai funcionar desta vez.

Raiz da crise é crédito mal avaliado, diz

Além disso, o plano assume que o problema fundamental é de confiança. Para Stiglitz, isso é “sem dúvida” parte do problema, mas a raiz da crise estaria no fato de o mercado financeiro ter feito empréstimos ruins. “Teve uma bolha imobiliária, e os empréstimos foram feitos com base em preços inflados”, diz no artigo.

Stiglitz lembra que a bolha estourou e que os tais empréstimos mal avaliados criaram rombos em bancos. “Qualquer socorro que pague um valor justo por esses ativos não farão nada para consertar o buraco.” Ao contrário, diz, o socorro “vai providenciar maciças transfusões de sangue para um paciente que tem uma vasta hemorragia interna.”

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