"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Instituto Humanitas Unisinos - 29/01/07

África “exporta” 23 mil profissionais da saúde, anualmente, para os países ricos

A África necessita de médicos e os poucos que têm vão embora. Até 23 mil profissionais da área da saúde abandonam, anualmente, o continente para nutrir hosptais na Inglaterra, nos EUA, na Nova Zelândia ou Austrália. Uma sangria que agudiza a crise dos sistemas de saúde do continente que, se já eram frágeis há uma década, agora enfrentam a pandemia da Aids. A Organização Mundial da Saúde – OMS – calcula que faltam um milhão de médicos no continente. A notícia é do jornal El País, 29-1-2007.

“Se a África continua mandando embora o seu pessoal, não somente não conseguiremos alcançar os Objetivos do Milênio, mas também nossos sistemas de saúde paralisarão”, explica Eric Buch, conselheiro para assuntos de Saúde do NEPAD (sigla em inglês de Nova Associação para o Desenvolvimento na África, uma iniciativa dos Estados na luta contra a pobreza).

A emigração tem sido meteórica. Na década de 1970, eram 2000 médicos por ano que emigravam. Nos anos 1980, eram 23 mil, segundo a OMS. Há mais médicos etíopes em Chicago que na Etiópia. Há mais profissionais de Gana trabalhando no estrangeiro do que no seu país. 70% dos médicos graduados no Zimbábue nos anos 1990 emigraram.

Em 1997, Nelson Mandela, então presidente da África do Sul, questionava a conduta da Inglaterra por oferecer facilidades para a contratação de médicos sul-africanos. A partir de então, os britânicos adotaram um código de ética para evitar a contratação de médicos africanos. “Não é efetivo. Os hospitais privados seguem contratando. E continuarão a fazê-lo, pois a Inglaterra necessitará nos próximos anos, 200 mil profissionais e os EUA, um milhão”, explica Regina Keith, consultora de saúde da ONG Save the Children, da Inglaterra.

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