"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

terça-feira, outubro 28, 2008

Roubini prevê falências e que 'hedge funds' virarão pó

Instituto Humanitas Unisinos - 24/10/08

O profeta do apocalipse, como é mais conhecido o economista Nouriel Roubini, professor da Universidade de Nova York, volta à cena soando todas as trombetas: "Centenas de "hedge funds" vão falir, e os governantes podem ter de fechar os mercados financeiros por uma semana ou mais, na medida em que a crise forçará investidores a livrar-se de ativos", disse Roubini em uma conferência -exatamente sobre "hedge funds"- realizada ontem em Londres.

A notícia é do Clóvis Rossi e publicada no jornal Folha de S. Paulo, 24-10-2008. A notícia também é destaque nos jornais O Estado de S. Paulo e O Globo, 24-10-2008.

Roubini é tido como o único economista que previu a crise financeira, já em 2006 (embora ela só tenha de fato começado em meados do ano seguinte, com o estouro das hipotecas "subprime" nos Estados Unidos).

Com esse acerto, Roubini se tornou o guru preferido do mundo, ainda mais que o intenso nevoeiro reinante na economia faz com que seus colegas se retraiam e evitem previsões.

Roubini, não. Disse ontem que a situação é de "puro pânico", constatação que muitos já fizeram desde que a crise se agudizou tremendamente a partir do dia 13 deste mês.

O que ninguém ousou dizer, no entanto, é que "o risco sistêmico se tornou maior, cada vez maior". Acrescenta: "Estamos vendo o início de uma corrida em cima de uma bela fatia de "hedge funds" e, portanto, não seria surpresa se os governantes tivessem de fechar os mercados por uma semana ou duas nos próximos dias".

A idéia de que há risco sistêmico é a mãe de todos os colossais pacotes de ajuda aos bancos divulgados nas últimas semanas. A perspectiva de que se estenda aos "hedge funds" só joga lenha numa fogueira já suficientemente alta.

Na verdade, já está havendo uma corrida aos fundos desse tipo desde setembro: a TrimTabs Investment Research calculou, em carta aos clientes que vazou neste mês, que em setembro algo em torno de US$ 43 bilhões haviam sido retirados desse tipo de fundos, que fazem apostas em diferentes ativos, para cobrir-se da perda em qualquer um deles.

A corrida ganhou tal dimensão que alguns fundos estão oferecendo suspender a cobrança de comissões se o investidor mantiver o dinheiro até março do próximo ano.

O francês Patrick Artus, diretor de estudos econômicos da empresa Natixis, calcula que, até o fim do ano, os fundos tenham que vender cerca de US$ 600 bilhões de ativos (dá mais ou menos meio Brasil).
Tudo somado, vê-se que, desta vez, Roubini não está sozinho ao tocar as trombetas do apocalipse.

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