"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

sábado, novembro 01, 2008

Brasil perde fundos argentinos

Instituto Humanitas Unisinos - 29/10/08

O governo da presidente Cristina Kirchner determinou ontem que os fundos de pensões, conhecidos na Argentina pela sigla AFJPs, devem repatriar, nesta semana, os US$ 600 milhões que investiram em ações no Brasil. Nesta quarta-feira, as AFJPs deverão levar para a Argentina 33% dos seus investimentos no Brasil; na quinta-feira, outros 33%, e na sexta-feira, o restante.

A reportagem é de Ariel Palacios e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 29-10-2008.

A resolução foi assinada por Amado Boudou, superintendente das AFJPs e diretor-executivo da Anses, a Previdência estatal, organismo que absorverá as aposentadorias privadas.

Recentemente, o governo anunciou o plano de reestatizar o sistema privado de aposentadorias e, assim, levar os filiados das AFJPs para a Previdência estatal. Com a medida, que começou ontem a ser debatida numa comissão do Parlamento, em 2009 o governo arrecadará mais de US$ 5 bilhões em contribuições. Também terá o controle de US$ 30 bilhões em ações de 25 grandes empresas, hoje em mãos das AFJPs, além de bônus da dívida pública.

Por trás da decisão de obrigar os fundos de pensões a repatriar o dinheiro investido no Brasil, afirmam os analistas, está o temor do governo de que essas entidades liquidem essas ações antes de concretizada a reestatização.

Ontem, Sergio Chodos, gerente-geral da Superintendência das AFJPs, disse que, embora os fundos investidos no Brasil devam voltar para a Argentina, não há nenhum destino especificado para eles. Ele recomendou que o dinheiro seja investido em renda fixa. “É a opção mais razoável por causa da volatilidade nos mercados.” Chodos não descarta a hipótese de a repatriação dos fundos ter efeitos na Bolsa de São Paulo.

A repatriação tem precedentes. Em 2007, o governo ordenou a redução de 10% para 2%, a o longo de um ano, das carteiras de investimentos que as AFJPs tinham nos países do Mercosul. O processo ainda foi concluído, pois as AFJPs atualmente podiam ter até 4% dos fundos nos países do bloco.

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