"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

quinta-feira, julho 16, 2009

Kirchner. Um ano de mandato, 158% a mais de bens

Instituto Humanitas Unisinos - 15/07/09

Durante o primeiro ano de governo da presidente argentina, Cristina Kirchner, o patrimônio de sua família cresceu 158%, passando de 17,8 milhões de pesos (US$ 4,7 milhões) para 46 milhões de pesos (US$ 12,1 milhões). A informação foi confirmada pelo Escritório Anticorrupção do Estado argentino, com base na declaração de bens entregue pela presidente em 3 de julho.

A reportagem é de de Janaína Figueiredo e publicada pelo jornal O Globo, 15-07-2009.

De acordo com dados informados pela própria Cristina, no ano passado o casal presidencial vendeu 16 imóveis na província de Santa Cruz, terra natal do ex-presidente Néstor Kirchner, embolsando, no total, cerca de 14,5 milhões de pesos (US$ 3,8 milhões). As operações de venda de terrenos na Patagônia explicam parte do aumento patrimonial do casal K. Segundo informações do Escritório Anticorrupção, Kirchner pagou 132.079 pesos (US$ 34.757) por 20 mil metros quadrados em terrenos, que vendeu por 6,3 milhões de pesos (US$ 1,6 milhão).

A oposição acusa o presidente de ter comprado terrenos públicos a preços muito baixos, graças ao poder que ainda conserva na província governada por ele durante 12 anos antes de assumir a Presidência em 2003. Algumas denúncias foram apresentadas na Justiça local, mas o caso não avança nos tribunais — segundo opositores da Casa Rosada porque os juízes de Santa Cruz temem retaliações do casal presidencial.

No mesmo período, os depósitos bancários de Néstor e Cristina Kirchner mais do que duplicaram, passando de 13,5 milhões de pesos (US$ 3,5 milhões) para 32,1 milhões de pesos (US$ 8,4 milhões). Também no ano passado, o casal K criou duas novas empresas que operam no setor hoteleiro de El Calafate, um dos destinos turísticos mais caros da Argentina.

Nos últimos anos, o casal presidencial argentino foi denunciado por suposto enriquecimento ilícito, mas nenhum dos casos abertos nos tribunais de Buenos Aires prosperou. As investigações sobre o patrimônio de Néstor e Cristina, entre outros motivos, provocaram o afastamento, este ano, do promotor de Investigações Administrativas do Estado argentino, Manuel Garrido, que também fez graves denúncias sobre o enriquecimento de colaboradores do casal K. Entre estes está o ex-secretário de Transportes Ricardo Jaime, que renunciou após a derrota eleitoral sofrida pela Casa Rosada em 28 de junho. Jaime está sendo investigado por enriquecimento ilícito e pela utilização de aviões que pertencem a empresas privadas, beneficiadas pelos subsídios concedidos pela Secretaria de Transportes.

— A presidente não pode se mostrar como a defensora dos pobres num país no qual a distância entre ricos e pobres já supera os tempos do menemismo (governo do ex-presidente Carlos Menem) — disparou o advogado Ricardo Monner Sans, que denunciou o casal presidencial por enriquecimento ilícito.

Durante os quatro anos e meio de governo de Kirchner, o patrimônio do ex-presidente aumentou 30%, graças à compra de oito imóveis, dos quais seis estão localizados em El Calafate. Na cidade famosa por suas geleiras, o casal Kirchner possui o luxuoso hotel Los Sauces, cuja diária custa US$ 837.

A divulgação dos dados sobre o patrimônio presidencial veio à tona na véspera do primeiro encontro entre o governo e a oposição, previsto para hoje à tarde na Casa Rosada. Depois do duro revés eleitoral do mês passado, Cristina decidiu convocar partidos opositores para discutir uma reforma política no país. A convocação não foi aceita por parte da oposição, que disse desconfiar das intenções da presidente. A ex-candidata presidencial e deputada eleita Elisa Carrió, por exemplo, assegurou que reformas devem ser debatidas no Congresso, e não na Casa Rosada.

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