"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

segunda-feira, setembro 15, 2008

Apostando na quebra

Blog do Luis Nassif - 15/09/08

Um dos grandes problemas da sofisticação dos instrumentos financeiros é o fato dos mercados futuros permitirem ganhos apostando no sucesso mas também no fracasso das empresas.

Se o especulador vê uma empresa fraca, ele “vende” ações daquela empresa no mercado futuro. Digamos, a US$ 40,00. À medida que o valor da empresa vai derretendo, o “comprador” repassa a diferença para ele.

A Lehman Brothers estava nesse patamar quando começou sua queda. Terminou a US$ 4,00. Quem apostou na sua queda lucrou US$ 36,00 por ação, precipitando sua falência.

Esse é o problema da falta de controle e da regulação insuficiente nos mercados, somados à excessiva liquidez dos fundos especulativos. Qualquer movimento para cima forma bolhas; qualquer movimento para baixo, provoca quebradeira.

Some-se à insensibilidade do Banco Central Europeu (BCE), que continua achando que o problema do mundo é a inflação, e se terá a fórmula para uma baita crise mundial que já entrou pelo tombadilho do Titanic.

Por Neves

O quarto maior banco foi a nocaute. O terceiro também caiu, mas foi salvo pelo gongo. Corre o risco de arrastar o córner que foi socorrê-lo. A crise é de insolvência. A dívida total do mercado americano soma três vezes e meia o PIB deles, cerca de 50 trilhões de dólares. A conta do banquete imaginado grátis chegou. É o fim da maior pirâmide financeira da história.

A economia esteve sob hegemonia da escola do capitalismo científico, a turma dogmática que vendeu a idéia de controlar a anarquia econômica capitalista a partir de variáveis matemáticas e projeções estatísticas. Fizeram isso em prol do que mais anarquiza o capitalismo: a cobiça e a usura.

Para eles qualquer regulação é de natureza política, atrapalha, não tem fundamento, não é científica. Procuraram realizar a utopia financeira: a mágica do dinheiro se tornar mais dinheiro sem intermediação produtiva. Resultou numa economia eufórica onde o dinheiro cresce e se torna mais dinheiro, com ele o capitalista procura fazer mais dinheiro ainda; repetiu-se o ciclo até chegar o momento em que tudo é ficção contábil, não há nada que expresse materialidade ao dinheiro.

Economistas são “cientistas” que acreditam em que num mundo finito é possível se verificar crescimento infinito.

Aqueles que percorreram chão de fábrica ou de lavoura, canteiro de obras ou um simples balcão, têm noção do mundo produtivo, desconfiam levemente que as coisas não podem ser assim. Os que vivem na matemágica financeira perderam totalmente o juízo.

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