"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

domingo, setembro 14, 2008

Para entender a cobertura

Blog do Luis Nassif - 10/09/08

A mídia não pode se voltar contra os sentimentos hegemônicos de seus leitores. Como fazer para defender Daniel Dantas sem que o leitor perceba?

A fórmula é simples:

1. Criam-se factóides em torno de grampos. Caso típico é a capa da Veja. Até agora nem ela, nem Gilmar Mendes, nem Demóstentes Torres apresentaram um dado sequer de que o grampo foi da ABIN.

2. Criado o factóide, deflagra-se o processo legal-administrativo, seja através do STJ ou do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).

3. Consumado o movimento, os jornais voltam a defender escutas e procedimentos mais radicais. Livram a cara, depois de terem cumprido sua missão.

4. O mesmo vale para o equipamento de grampo da ABIN. Ampla cobertura ao que Nelson Jobim falou. Depois, aquele desaforo de afirmar que o equipamento pode ser usado para grampo, desde que acoplado a um equipamento próprio para grampo.

5. Afasta-se Paulo Lacerda e, agora, os desmentidos vêm a conta-gotas. Mas o objetivo já foi alcançado.

6. Finalmente, com a história do agente aposentado do SNI que ajudava na operação, a mesma coisa. Monta-se um movimento para “criar jurisprudência” através dos jornais. Algo insólito, mas entra jornal e colunista afirmando taxativamente que a Operação foi comprometida. Há toda uma discussão por trás, em que esse movimento atua como advogado de uma das partes. Depois de atingido o objetivo, ouça-se a outra parte, mas aí sem risco de comprometer a tese principal: livrar Daniel Dantas.

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