"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

sábado, dezembro 06, 2008

'PAC mundial', propõem economistas

Instituto Humanitas Unisinos - 06/12/08

O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Luciano Coutinho, defendeu ontem a criação de um fundo global de desenvolvimento com recursos de até US$ 500 bilhões para financiar projetos de infra-estrutura nos países em desenvolvimento. A proposta foi apoiada pelo Nobel de Economia, Joseph Stiglitz.

A reportagem é de Denise Menchen e publicada no jornal Folha de S.Paulo, 06-12-2008.

Ele chamou esses projetos de "PAC mundial", numa referência ao Programa de Aceleração de Crescimento, do governo Lula. Segundo Coutinho, a proposta é uma das contribuições brasileiras para as discussões do G20 sobre a atual crise econômica internacional.

Coutinho comentou a proposta ao participar da conferência promovida pela Associação Mundial das Agências de Promoção de Investimentos, no Rio. Também estavam presentes os Prêmios Nobel de Economia Joseph Stiglitz (2001) e Edmund Phelps (2006), além do ex-presidente da Bolsa de Valores de Nova York William Donaldson.

Joseph Stiglitz, que apóia a idéia de criação do fundo, ressaltou a necessidade de que a busca de soluções para a crise passe por instituições com legitimidade e representatividade, como a ONU. Segundo ele, o enfrentamento da crise depende das economias em desenvolvimento. Ele ressaltou, porém, que esses países não podem fazer grandes concessões fiscais e reduzir os direitos trabalhistas para atrair investimentos.

Para Edmund Phelps, o crucial para essas economias é instaurar um clima pró-negócios. Segundo ele, a crise pode representar uma oportunidade estratégica para os países da América Latina, já que os investimentos nos Estados Unidos e na Europa serão reduzidos.

Donaldson defendeu uma série de mudanças globais para mitigar os efeitos da crise atual e evitar que situações semelhantes se repitam no futuro.

Ao explicar a idéia à imprensa, Coutinho comparou o fundo mundial ao FAT [Fundo de Amparo ao Trabalhador]. Criado a partir de contribuições trabalhistas, o FAT tem parte de sua verba destinada ao financiamento de programas de desenvolvimento no país. "É como se fosse um superFAT mundial, capaz de oferecer "funding" de longo prazo para as instituições de desenvolvimento e para o sistema bancário ser um repassador." Esses recursos deveriam ser aplicados prioritariamente em infra-estrutura. Ele citou, também, a importância de serem criadas linhas de suporte à pequena empresa e à exportação.

Coutinho disse ainda que a idéia já foi "ventilada" por várias lideranças, mas que a governança do fundo ainda é objeto de discussão. Ele defende que o fundo funcione no âmbito de instituições internacionais já existentes. Os recursos viriam de contribuições de diferentes países, especialmente aqueles com grande acúmulo de reservas. Segundo Coutinho, o valor proposto para o fundo, de US$ 400 bilhões a US$ 500 bilhões, corresponde a cerca de 10% das reservas cambiais atuais.

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