"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

sexta-feira, dezembro 05, 2008

Reportagem da Folha (*) está no centro dos crimes de Dantas

Conversa Afiada - 3/dezembro/2008 10:25

Memorial do Ministério Público Federal aponta reportagem da Folha “sob encomenda” como ponto de partida dos crimes de Dantas

Por que Otávio Frias Filho decidiu publicar a "reportagem sob encomenda"

Por que Otávio Frias Filho decidiu publicar a reportagem sob encomenda?

Paulo Henrique Amorim

Máximas & Mínimas 2114

Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista

. O memorial de acusação dos Procuradores da República Anamara Osório Silva e Rodrigo De Grandis é uma peça irretocável.

. Lá está no parágrafo 2; no parágrafo 16; no parágrafo 19; e no parágrafo 22.

. A reportagem de Andrea Michael, produto de um vazamento (*) cuja origem deveria ser investigada pelo zeloso delegado Amaro, foi a senha para Daniel Dantas dar início a suas atividades criminosas.

. A Operação Satiagraha, resultado do competente trabalho do ínclito delegado Protógenes Queiroz, captou o momento em que, entre o Palácio do Planalto e a famiglia de Dantas, se trata dessa reportagem de Andrea Michael.

. Uma reportagem feita “sob encomenda – essa é a expressão textual, “sob encomenda”, que os membros da famiglia de Dantas e o pessoal do Planalto usam para se referir ao trabalho de Michael.

. Sob encomenda para, primeiro, justificar o pagamento de uma propina numa “conta curral”, na base do 50% mais 50%, em que o beneficiário seria José Dirceu.

. Segundo, para dar início às mobilizações de Dantas.

. No plano jurídico, Dantas, de posse dessa “encomenda” atacou o sistema Judiciário com um conjunto de pedidos de HC para uma prisão que não existia.

. Existia ainda, e apenas, na “reportagem” de Michael.

. (Um desses pedidos de HC está na origem do primeiro HC que o Supremo Presidente Gilmar Mendes, agora desmoralizado a pela decisão de De Sanctis, concedeu a Dantas. O primeiro de dois, em 48 horas …)

. A segunda movimentação de Dantas depois da reportagem, “sob encomenda” – agora se vê pelo memorial de Anamara Osório e Rodrigo De Grandis – foi a que levou ao crime que o condenou.

. Foi a partir da “encomenda” que ele montou a patranha do suborno ao delegado Protógenes Queiroz.

. Há um inesquecível diálogo entre Dantas e Humberto Braz.

. Braz dá a Dantas a péssima notícia de que Queiroz não aceita propina: “Mas, o problema … ele disse que não, né”, conta Braz, entristecido …

. A partir dessa negativa, e com a aquiescência do corajoso Juiz Fausto De Sanctis, Protógenes articulou o que se chama de “ação controlada” (**).

. Ou seja, informou à famiglia de Dantas que o policial federal que dirigia a investigação era Victor Hugo Rodrigues Alves Ferreira e não ele, Protógenes, como tinha, “sob encomenda” informado a “reportagem” da Folha (***).

. E, na “ação controlada”, gravada, filmada, e divulgada no jornal nacional (só o Gilmar Mendes não viu a reportagem…) Dantas e os membros da sua famiglia “subornam” Victor Hugo.

. A reportagem da Folha é central para a operação de Dantas.

. Para tentar comprar a Polícia.

. E para obter “facilidades” na Justiça (não na primeira instância, onde ele sabia que teria dificuldades).

. O Delegado Protógenes pediu o indiciamento de Andrea Michael.

. O Juiz De Sanctis não concordou.

. Vamos supor que Michael tenha agido de boa fé – se prevalecer, imagina-se, a percepção do Juiz.

. Se prevalecer a percepção do ínclito delegado Protógenes Queiroz, Michael fazia “parte da quadrilha”.

. Mas, se ela tiver agido de boa fé, o que dizer dos editores da Folha (***)?

. O que dizer dos responsáveis pela Folha (***)?

. O que acreditar na Folha, no PiG?

. No resultado da Mega Sena, se ela divulga o do concurso anterior?

. Nas “notícias” para valorizar e desvalorizar as ações da Brasil Telecom e da Oi, de acordo com os interesses desses grandes empresários Naji Nahas e Daniel Dantas ?

. Nos infomercials da seção “Mercado Aberto”, de Guilherme Bastos, o que, com uma manchete, lançou a pedra fundamental da “BrOi”?

. Ou quando ela diz que o Jose Serrágio está eleito em 2010?

(*) Quem passou as informações a Andrea Michael foi um alto funcionário da Polícia Federal, um delegado de longa carreira, que queria minar o trabalho de Protógenes e abortar a investigação. Alô, alô, delegado Amaro!

(**) A defesa de Dantas vai tentar fazer agora como fez com a derrota que Dantas sofreu na Corte de Cayman, em processo que moveu contra Luiz Roberto Demarco. Em lugar de recorrer e se defender da decisão que o condenou, Dantas vai “demonstrar” que o processo é uma fraude. Que as provas são uma fraude. E vai tentar anular o processo, com a ajuda do PiG, da CPI dos Amigos de Dantas, de Gilmar Mendes e Nelson Jobim, com a “teoria da contaminação”. Dantas vai tentar provar que a “ação controlada” foi uma “cilada”. Nesse ponto, os procuradores Anamara Osório e Rodrigo De Grandis desmontam, previamente, e de forma brilhante, a “defesa” de Dantas. Dantas usa aquele velho recurso: a melhor defesa é o ataque.

Em tempo – Do memorial dos procuradores cabe ressaltar também o papel sórdido, pré-criminoso do advogado Wilson Mirza Ibrahim, um dos 1001 advogados de Dantas. É ele quem faz a primeira aproximação para tentar subornar o ínclito delegado Protógenes. Alô, alô, Ordem dos Advogados, o Dr. Mirza ainda tem a sua carteirinha ? É bom não esquecer que Mirza é aquele que, num telefonema, tenta interceder junto a Ali Kamel para que César Tralli pare de fazer reportagens sobre Dantas no jornal nacional.

Clique aqui para ler a decisão do corajoso juiz Fausto De Sanctis. Caro leitor, recomenda-se ler APENAS a decisão de De Sanctis, porque o site Conjur pertence ao Sistema Dantas de Comunicação.

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