"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

quinta-feira, julho 24, 2014

Ordenaram ao MH17 que voasse sobre a zona de guerra no Leste da Ucrânia



– A Malaysian Airlines confirma que recebeu instruções para que o MH17 voasse a uma altitude mais baixa sobre o Leste da Ucrânia
por Michel Chossudovsky

Sobre a questão do plano de voo (flight path) seguido pelo MH17, a Malaysian Airlines confirma que o piloto recebeu instruções da torre de controle de tráfego de Kiev para voar a uma altitude mais baixa no momento em que entrou no espaço aéreo da Ucrânia. 

"O MH17 possuía um plano de voo exigindo que voasse a 35 mil pés através do espaço aéreo ucraniano. Isto está próximo da altitude "óptima". 

"Contudo, a altitude de um avião é determinado pelo controle do tráfego aéreo no terreno. Ao entrar no espaço aéreo ucraniano, o MH17 foi instruído pelo seu controle de tráfego aéreo para que voasse a 33 mil pés". 

(Para mais pormenores ver comunicados de imprensa em: www.malaysiaairlines.com/my/en/site/mh17.html

A altitude de voo de 33 mil pés [10 km] está 1000 pés [305 m] acima do limite (ver imagem ao lado). A exigência das autoridades ucranianas de controle de tráfego aéreo foi implementada. 

Desvio do plano de voo "normal" que fora aprovado 

Em relação ao plano de voo do MH17, a Malaysian Airlines confirma que seguiu as regras estabelecidas pelo Eurocontrol e pela International Civil Aviation Authority (ICAO) (negritos acrescentados):


Gostaria de mencionar comentários recentes divulgados por responsáveis do Eurocontrol, o organismo que aprova planos de voo europeus sob as regras do ICAO. Segundo o Wall Street Journal, os responsáveis declararam que cerca de 400 voos comerciais, incluindo 150 voos internacionais atravessavam diariamente o Leste da Ucrânia antes do crash. Responsáveis do Eurocontrol também declararam que nos dois dias anteriores ao incidente, 75 diferentes companhias aéreas voaram a mesma rota do MH17. O plano de voo do MH17 seguia uma rota aérea importante e movimentada, como uma auto-estrada no céu. Ele seguia uma rota que fora especificada pelas autoridades internacionais da aviação, aprovada pelo Eurocontrol e utilizada por centenas de outros aviões. 

O aparelho voava à altitude estabelecida, e considerada segura, pelo controle local de tráfego aéreo. E nunca se desviou no interior daquele espaço aéreo restringido. [esta declaração da MAS é refutada por evidências recentes]. 

O voo e seus operadores seguiram as regras. Mas, sobre o terreno, as regras de guerra foram rompidas. Num acto inaceitável de agressão, parece que o MH17 foi derrubado; seus passageiros e tripulantes mortos por um míssil. 

A rota sobre o espaço aéreo da Ucrânia onde se verificou o incidente é habitualmente utilizada para voos da Europa para a Ásia. Um voo de uma outra companhia aérea estava na mesma rota no momento do incidente com o MH17, assim como um certo número de outros voos de outras companhias aéreas nos dias e semanas anteriores. O Eurocontrol mantém registos de todos os voos através do espaço aéreo europeu, incluindo aqueles através da Ucrânia.

O que esta declaração confirma é que o "plano de voo habitual" do MH17 era semelhante aos planos de voo de cerca de 150 voos internacionais diários através da Ucrânia do Leste. Segundo a Malaysian Airlines, "A rota habitual de voo [através do Mar de Azov] fora anteriormente declarada segura pela Organização Internacional da Aviação Civil (ICAO). A International Air Transportation Association havia declarado que o espaço aéreo que o avião atravessava não estava sujeito a restrições". 

O plano de voo aprovado está indicado nos mapas abaixo. 

O plano de voo regular do MH17 (e de outros voos internacionais) ao longo de um período de dez dias antes de 17 de Julho (a data do desastre), cruzando a Ucrânia do Leste numa direcção para Sudeste é através do Mar de Azov. (ver mapa ao lado) 

O plano de voo foi alterado em 17 de Julho. 


O voo e seus operadores seguiram as regras. Mas sobre o terreno, as regras da guerra foram rompidas. Num acto inaceitável de agressão, parece que o MH17 foi derrubado; seus passageiros e tripulantes mortos por um míssil. (MAS, ibid)

Embora os registos áudio do voo MH17 tenham sido confiscados pelo governo de Kiev, a ordem para alterar o plano de voo não veio do Eurocontrol. 

Será que a ordem para alterar o plano de voo veio das autoridades ucranianas? Será que o piloto recebeu instruções para mudar a rota? 

Falsificações dos media britânicos: "Vamos fazer aparecer uma tempestade" 

Reportagens dos media britânicos reconhecem que houve uma alteração no plano de voo, afirmando sem prova que foi para "evitar temporais com trovões (thunderstorms) no Sul da Ucrânia". 

O director de operações da MAS, Capitão Izham Ismail também refutou afirmações de que a meteorologia tempestuosa (heavy weather) levasse o MH17 a alterar seu plano de voo. "Não houve relatos do piloto a sugerir que isto fosse caso", disse Izham. ( News Malaysia , 20/Julho/2014) 

O que é significativo, contudo, é que os media ocidentais reconheceram que a alteração no plano de voo ocorreu e que a narrativa da "meteorologia tempestuosa" é uma falsificação. 

Caças da Ucrânia num corredor reservado para a aviação comercial 

Vale a pena notar que um caça SU-25 ucraniano equipado com mísseis R-60 ar-ar foi detectado a 5-10 km do avião da Malásia, dentro de um corredor aéreo reservado à aviação civil. 

Imagem: cortesia do Ministério da Defesa russo

Qual foi a finalidade desta deslocação da força aérea? Estava o caça ucraniano a "escoltar" o avião da Malásia numa direcção vinda do Norte rumo à zona de guerra? 

A alteração no plano de voo do MH17 da Malaysian Airlines em 17 de Julho está indicada claramente no mapa abaixo. Ela conduz o MH17 sobre a zona de guerra, nomeadamente Donetsk e Lugansk. 

Comparação: Plano de voo do MH17 em 16 de Julho e plano de voo do MH17 sobre a zona de guerra em 17 de Julho de 2014 


Capturas de écran de planos de voo do MH17 de 14 a 17/Julho/2014 




O primeiro mapa dinâmico compara os dois planos de voo. O segundo plano de voo, que é aquele de 17 de Julho, conduz o avião sobre a zona de guerra do oblast de Donetsk na fronteira com o oblast de Lugansk. 

As quatro imagens estáticas mostram capturas de écrans dos Planos de Voo do MH17 no período de 14 a 17 de Julho de 2014. 

A informação transmitida por estes mapas sugere que o plano de voo foi alterado em 17 de Julho. 

O MH17 foi desviado da rota normal do Sudoeste sobre o Mar de Azov para uma rota sobre o oblast de Donetsk. 

Quem ordenou a alteração do plano de voo? 

Apelamos à Malysian Airlines a que clarifique sua declaração oficial e pedimos a divulgação das gravações áudio entre o piloto e a torre de controle de tráfego aéreo de Kiev. 

A transcrição destas gravações áudio deveria ser tornada pública. 

Também deve ser confirmado: Esteve o caça ucraniano SU-25 em comunicação com o avião MH17? 

A evidência confirma que o plano de voo em 17 de Julho NÃO era o habitual plano de voo aprovado. Ele foi alterado. 

A alteração não foi ordenada pelo Eurocontrol. 

Quem esteve por trás deste plano de voo alterado que dirigiu o avião para dentro da zona de guerra, resultando em 298 mortes? 

Qual foi a raxzão para alterar o plano de voo? 

O prejuízo causado à Malaysian Airlines em consequências destas duas trágicas ocorrência também deve ser considerado. A Malaysian Airlines tem altos padrões de segurança e um registo excelente. 

Estes dois acidentes fazem parte de um empreendimento criminoso. Eles não resultam de negligência da parte da Malaysian Airlines, a qual enfrenta uma bancarrota potencial. 

21/Julho/2014

Ver também: 



How American Propaganda Works: "Guilt By Insinuation" (Como funciona a propaganda americana: "Culpado por insinuação"), Paul Craig Roberts

O original encontra-se em www.globalresearch.ca/...

quarta-feira, julho 23, 2014

Estrutura do viaduto que desabou em Belo Horizonte tinha 10% do aço necessário

Aconteceu no Vale - data de publicação: 22 de julho de 2014 - 19:31

Empresa responsável pela obra afirmou que a alça que ainda está de pé do Viaduto dos Guararapes também corre risco de desabar

Engenheiros e calculistas contratados pela Cowan para fazer estudos que indicassem as causas do desabamento do Viaduto dos Guararapes, no Bairro São João Batista, em Venda Nova, afirmaram, na tarde desta terça-feira, que falhas no projeto executivo foram responsáveis pela queda. Conforme a análise feita pelos profissionais, a estrutura foi construída com um décimo da ferragem necessária.

Logo depois do desabamento, a Cowan contratou uma equipe de engenheiros e calculistas para fazer um estudo que indicasse as possíveis causas. Foram feitas sondagens do solo, análise do concreto, entre outros levantamentos. Foi constatado que o material atendia todos os procedimentos exigidos pelas normas técnicas.

(Duas pessoas morreram esmagadas pela estrutura – Foto: Leo Fontes / O Tempo)

Porém, ao analisarem que o projeto executivo, encontraram alguns erros que foram determinante para o desabamento. Conforme o parecer divulgado nesta terça-feira pelo calculista Catão Francisco Ribeiro, as duas alças foram construídas com um décimo da ferragem necessária. Por causa do número inferior de aço, o peso da estrutura, de aproximadamente 13 mil toneladas, ficou concentrado em apenas duas estacas. Como elas não foram projetadas para receber toda essa carga, e como o bloco não tinha armadura suficiente para o esforço, um dos pilares centrais afundou junto com as estacas. O afundamento, conforme o estudo, provocou o desabamento.

Conforme a Cowan, o projeto executivo entregue para a Sudecap apresentava alguns equívocos. O aço do bloco projetado para os esforços de flexão foi de 50,3 centímetros quadrados. Sendo que, segundo o estudo, deveria ter 685 centímetros quadrados. O projeto não considerava o aço para os esforços ao cisalhamento e de torção. Os engenheiros informaram que as ferragens para estes trabalhos tinham que ter 184,1 centímetros quadrados e 10,2 centímetros quadrados, respectivamente.

Outro erro no projeto, segundo a Cowan, estava na estacas. O estudo apontava que a carga de trabalho na estaca, de 80 centímetros de diâmetro e profundidade de 20 metros, foi de 250 tonelada força. Para os engenheiros contratados pela empresa, a carga deveria ser de 467 toneladas força, ou seja, ou as estacas deveriam ser mais profundas ou deveriam ter um diâmetro maior. Outra solução seria um aumento do número de estacas.

Como as duas alças do viaduto foram projetados igualmente, a Cowan, responsável pela obra, determinou a paralisação do escoramento que era feito na estrutura.“Acho que foi um milagre não ter caído antes. Inclusive a outra alça oferece risco de cair a qualquer momento. Os trabalhadores também correm riscos”, afirmou o calculista Catão Francisco Ribeiro.

A Cowan informou na coletiva que entregou uma carta para o prefeito Marcio Lacerda recomendando a demolição da alça que ainda está de pé.

Monitoramento dos viadutos

Depois do desabamento do viaduto dos Guararapes a Prefeitura de Belo Horizonte determinou que a Cowan fizesse o acompanhamento dos outros elevados ao longo da Avenida Pedro I. Conforme a empresa, as estruturas não oferecem risco de cair. Nenhuma movimentação foi detectada durante os dias de monitoramento.

O viaduto caiu, pessoas morreram, a empresa é acusada de erro no projeto executivo, etc. Veio-me uma dúvida. Não há engenheiros trabalhando para a Secretaria de Obras da Prefeitura de Belo Horizonte que pudessem ter visto tal erro?

As notícias sobre isso não saem na mídia televisiva porquê há blindagem pró-PSDB (aliado do PSB na capital mineira)?

Muito interessante…

terça-feira, julho 22, 2014

Os BRICS contra o Consenso de Washington

Data de publicação em Tlaxcala: 17/07/2014




Pepe Escobar 
Traduzido por  Coletivo de tradutores Vila Vudu



A notícia do dia é que a partir de hoje, 3ª-feira, em Fortaleza, nordeste do Brasil, o grupo dos BRICS, das potências emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul) começa a combater a (Des)Ordem (neoliberal) Mundial, com um novo banco de desenvolvimento e um fundo de reserva criado para contrabalançar crises financeiras.
O diabo, claro, reside nos detalhes de como farão tudo isso.

Foi estrada longa e sinuosa desde Yekaterinburg em 2009, na primeira reunião de cúpula do mesmo grupo, até o contragolpe longamente aguardado, dos BRICS contra o Consenso de Bretton Woods – do FMI e do Banco Mundial – e do Banco Asiático de Desenvolvimento [orig. Asian Development Bank (ADB)] dominado pelo Japão, mas sempre respondendo às prioridades dos EUA.


BRICS bank holds promise

O Banco de Desenvolvimento dos BRICS – com capital inicial de US$50 bilhões – não visará só a projetos dos BRICS, mas também investirá em projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável em escala global. O modelo é o BNDES brasileiro, que apoia empresas brasileiras que investem em toda a América Latina. Em poucos anos, alcançará capacidade para financiamento de mais de $350 bilhões. Com fundos extras vindos de Pequim e Moscou, a nova instituição pode fazer o Banco Mundial comer poeira. Comparem (i) acesso a capital realmente existente gerado por poupança, e (ii) acesso a papel pintado de verde que o governo dos EUA imprime sem lastro. 
E há também o acordo que estabelece um pool de $100 bilhões de moedas de reserva – o CRA [orig. Contingent Reserve Arrangement, Acordo de Reserva de Emergência], que o ministro de Finanças da Rússia Anton Siluanov descreveu como “uma espécie de mini-FMI”. É um mecanismo de não-Consenso-de-Washington, contragolpe para neutralizar a fuga de capitais. Para esse pool, a China contribuirá com $41 bilhões; Brasil, Índia e Rússia, com $18 bilhões cada; e África do Sul com $5 bilhões. 
O banco de desenvolvimento deverá ter sede em Xangai – embora Mumbai muito se tenha empenhado em causa própria.[1] 
Muito mais que de economia e finança, aqui se trata de geopolítica: potências que estão emergindo oferecem uma alternativa ao fracassado Consenso de Washington. Ora, afinal, como dizem os apologistas do Consenso, os BRICS podem bem conseguir “aliviar os desafios” que lhes são impostos pelo “sistema financeiro internacional”. A estratégia é também é um dos elos-chaves da aliança progressivamente mais firme entre China e Rússia, que já se viu firmemente amarrada no “negócio do século”, de gás, e no Fórum Econômico de São Petersburgo.

Vamos ao jogo de bola geopolítica
Assim como o Brasil conseguiu, contra muitas expectativas, construir e oferecer uma Copa do Mundo inesquecível – apesar de a seleção nacional do Brasil ter-se liquefeito –, Vladimir Putin e Xi Xinping chegam agora à mesma grande área para uma exibição de geopolítica categoria top
O Kremlin considera altamente estratégica a relação bilateral com Brasília. Putin não se limitou a assistir ao jogo final da Copa do Mundo no Rio de Janeiro; além do encontro com a presidenta Dilma Rousseff do Brasil, também se reuniu com a chanceler alemã Angela Merkel (discutiram detalhadamente a Ucrânia). Um dos membros mais importantes da comitiva do presidente Putin é Elvira Nabiulin, presidenta do Banco Central da Rússia; ela tem divulgado em toda a América Latina o conceito de que as negociações com os BRICS devem deixar de lado o dólar norte-americano. 
O encontro extremamente potente, emocionante, simbólico, entre Putin e Fidel Castro em Havana, além do cancelamento de $36 bilhões da dívida cubana, não poderiam ter impacto mais significativo em toda a América Latina. Comparem a visita e o perdão da dívida, ao embargo perene e doentiamente vingancista que o Império do Caos impõe a Cuba. 
Na América do Sul, Putin reúne-se não só com o presidente Pepe Mujica do Uruguai – com quem discutirá, dentre outros itens, a construção de um porto de águas profundas –, mas também com Nicolás Maduro da Venezuela e com Evo Morales da Bolívia. 
Xi Jinping também está em Fortaleza, Brasil. Visitará, além do Brasil, Argentina, Cuba e Venezuela. O que Pequim anda dizendo (e fazendo) complementa Moscou: a América Latina também é vista pela China como altamente estratégica. É ideia que se pode traduzir em mais investimentos chineses e maior integração Sul-Sul. 
Essa ofensiva comercial/diplomática russo-chinesa integra-se ao movimento dessas potências na direção de um mundo multipolar –, lado a lado com líderes sul-americanos. Exemplo claríssimo disso é a Argentina. Enquanto Buenos Aires, já mergulhada em recessão, ainda combate contra os fundos-carniceiros norte-americanos – o ápice da especulação financeira –, Putin e Xi chegam a New York oferecendo investimento para tudo, de estradas de ferro à indústria da energia. 
Claro que a indústria russa de energia precisa de investimentos e de tecnologia das multinacionais ocidentais privadas. E é verdade que a “Made in China” que se conhece desenvolveu-se sem investimento ocidental, mas explorando mão de obra barata. Agora, os BRICS tentam apresentar ao Sul Global uma escolha.
De um lado, a especulação financeira, os fundos-carniceiros e a hegemonia dos EUA, Patrões do Universo. Do outro lado, um capitalismo produtivo – uma estratégia alternativa para o desenvolvimento capitalista, se comparada ao que sempre fez e faz o ‘Trio’ (EUA, UE e Japão). 
Seja como for, ainda falta muito para que os países BRICS projetem um modelo produtivo independente do ‘modelo’ de especulação & jogatina do capitalismo de cassino, o qual, por falar dele, ainda mal se recupera da crise massiva de 2007/2008 (a bolha financeira não rebentou ‘bem’...). 
Há quem talvez veja a estratégia dos BRICS como parte de uma crítica construtiva, em andamento, em processo, em que o criticado é o próprio capitalismo: como livrar o sistema de ter perenemente de financiar o déficit fiscal dos EUA e sua síndrome da militarização planetária – relacionada ao complexo militar orwelliano/Panopticon – subordinado a Washington. 
Como diz o economista argentino Julio Gambina, o importante não é ser “emergente”; o importante é ser “independente”. 
Em coluna publicada essa semana em RT,[2] Claudio Gallo, jornalista de La Stampa, introduz a questão que talvez seja a questão definitiva de nossos tempos: o fato de que o neoliberalismo – regendo quase todo o mundo, diretamente ou indiretamente –  parece estar produzindo uma desastrosa mutação antropológica que nos está jogando, todos nós, num totalitarismo global (por mais que tantos falem tanto, praticamente sem parar, das “liberdades” das quais goza(ria)m no ‘ocidente’). 
É sempre instrutivo voltar ao caso da Argentina. A Argentina está presa a uma crise de dívida externa gerada, há mais de 40 anos, pelo FMI – e atualmente ‘assumida’ e perpetuada pelos fundos-carniceiros. O banco dos BRICS e o fundo de reserva, como alternativa ao FMI e ao Banco Mundial oferece a possibilidade de que dezenas de outros países escapem ao suplício argentino. Para nem falar da possibilidade de que outras nações emergentes, como Indonésia, Malásia, Irã e Turquia também passem a  contribuir para as novas instituições. 
Não surpreende que a gangue de Patrões do Universo ainda hegemônica esteja agitada, nas suas poltronas estofadas. OFinancial Times resume o pensamento da City de Londres, notório paraíso do capitalismo de cassino.[3] 
Vivem-se dias entusiasmantes na América do Sul, em mais de um sentido. A hegemonia atlanticista ainda permanecerá por aí, como parte do quadro, é claro. Mas é a estratégia dos BRICS que indica o rumo a tomar, na marcha para futuro mais adiantado. E é a roda multipolar que continua a rodar.

Notas
[1]Para conhecer mais da posição da Índia sobre os BRICS, vide  India Tribune, 14/7/2014, “Construindo sobre tijolos [ing. bricks] de solidariedade” (ing.) em http://epaper.tribuneindia.com/c/3147122?fb_action_ids=635204433254025&fb_action_types=og.comments&fb_source=aggregation&fb_aggregation_id=288381481237582.
[2] “Totalitarismo Global. Não é proibido mudar: é impossível”, 8/7/2014, Claudio Gallo,*RT, Moscou, em http://rt.com/op-edge/171240-global-totalitarismo-change-neoliberalism/

[em tradução] (NTs).
http://tlaxcala-int.org/upload/gal_8592.jpg
Antes: "Vocês precisam de reformas!"-Depois: "Vocês precisam de reformas!"