"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

sábado, maio 01, 2010

Permissividade na Lima e Silva

miltonribeiro.opsblog.org -Apr 20th, 2010

Não gosto do ranço moral a palavra “permissividade”, até porque a situação é mais grave do que indica o termo, mas não há nada de absurdo na nota abaixo, escrita por Carlos Schmidt, proprietário do Guion Cinemas. É tudo verdade e muito perigoso. Faz duas semanas, fui ao Guion da Lima e Silva e aguardamos, eu e meu filho, que minha mulher e filha viessem do outro Guion, o do aeroporto, buscar-nos. Tínhamos escolhido filmes diferentes que começavam no mesmo horário: nós, A Todo Volume; elas, Os homens que encaravam cabras. Ficamos na calçada da Lima e Silva, vendo passar uma fauna deveras interessante a um antropólogo, mas da qual mortais dotados de instinto de preservação acostumaram a evitar. Não somos, nem eu, nem ele, muito cagões, e começamos a fazer piadas:

– Qualquer abordagem eu te dou um beijo. Afinal, tu é o meu guri…

E, com efeito, um grupo mais ameaçador se aproximou e a gente ficou bem juntinho. Como proteção, claro…

Tenho a inteligência de ser sócio do Guion e pagar bem menos para ir ao cinema. Vou duas ou três vezes por semana ao Nova Olaria. Sei que a confusão é restrita aos domingos, mas que confusão, senhores!!! Começou bonitinha, como uma reunião de homossexuais que utilizavam a Lima e Silva e o shopping Nova Olaria (onde fica o Guion) — como local de encontros. Eu era simpático àquilo. Tornou-se também hererossexual e agora é flagrantemente um local de compra e venda de drogas. Os carros passam pedindo passagem à horda — a rua é dela, pois não? — e em apenas uma fila, formando enorme engarrafamento. Atrapalhada todo mundo, como poderemos ler abaixo. O cúmulo mesmo é que entramos numa blitz na Lima e Silva em plena quinta-feira. Perdemos 30 minutos até nos livrarmos da Brigada Militar, esta mesma que NÃO vai à Lima e Silva aos domingos, preferindo outras paragens quaisquer. É um absurdo e sou solidário ao Carlos Schmidt — uma pessoa tranquila, razoável, gentil e cheia de bom senso — nesta reorganização dominical da rua preferida da cidade.

Afinla, a cultura só faz recuar neste estado. Se o Guion fechar (entre neste link), todos nós acabaremos nos shoppings vendo apenas blockbusters? Não, Carlos, não faça isso conosco. Vamos brigar. Já basta o fechamento sorrateiro da Sala Norberto Lubisco. Abaixo, antes da nota do Carlos, copio um comentário deixado no Facebook do Guion:

Carlos
Como moradora há 11 anos do bairro, me solidarizo com esta iniciativa, porque nos domingos a população que ali circula e reside fica totalmente acuada, não restando opções senão ficar em casa. Não se pode ir sequer ao supermercado ou farmácia, porque o perigo está à espreita de quem se arrisca a fazê-lo. Sem contar os vidros quebrados que ficam pelas ruas, só pra não entrar na seara escatológica. Levando em conta as várias matérias que saíram, inclusive de TV, sobre o assunto, não acredito mais em solução para isto. Mas tomara que eu esteja errada.
Um abraço

Vera Pinto
Jornalista

E aqui, finalmente o texto do Carlos Schmidt:

Permissividade na Lima e Silva

Neste domingo, em respeito ao nosso público e em protesto, não daremos a tradicional sessão das 22h no Guion Center Cinemas. O descaso e a negligência do poder público permitiu uma permissiva aglomeração na Rua Lima e Silva, o que impede e oprime quem tentar usar de seu direito de ir e vir.

Constantes solicitações foram feitas ao poder público nos diversos setores da Infância e Adolescência, Brigada Militar , EPTC, etc. Estes setores devem estar esperando que aconteça algum incidente trágico para daí tomar uma atitude que preserve o comezinho direito de ir e vir do cidadão. Incidentes e verdadeiros atentados ao pudor acontecem todos os domingos, numa manifestação que indica o comércio de drogas e entorpecentes, pois tem hora para começar e para terminar, das 19h – 22h.

Vários estabelecimentos desta rua fecham suas portas nos domingos temendo pelas arruaças. Nosso próximo passo será fecharmos definitivamente o Guion Center Cinemas, pois muitos de nossos clientes acham que este “evento” acontece todos os dias e deixaram de frequentar nossas salas.

Carlos Schmidt

Entrevista de Carlos Schmidt em ZH:

Mais:

E a piada da folclórica Brigada Militar, tão briosa em outras circunstâncias: “Não seria um problema de segurança pública…”:

Consumo de drogas agora é uma questão apenas cultural?

Como morador da Cidade Baixa e frequente incomodado pela situação descrita acima (atravesso a horda todo domingo que saio com a família), faço coro às mudanças. Esse comentário da Brigada Militar é surreal, não sei de onde saiu.
Domingo passado percebi que todos os bares, além do próprio Olaria estavam fechados, e não era por preconceito cultural, era por segurança. O sentimento de insegurança que se tem ao passar pela horda é terrível pois se tem que passar acuado para evitar qualquer movimentação de repulsa por parte do grupo, neste domingo que falei acima vi meu carro ser cercado (por ter sido confundido com outro que felizmente para mim me alcançou) e nada podia fazer, mas o carro ao lado de modelo parecido e mesma cor teve garrafas arremessadas contra ele, além de ouvir ameaças. Além de toda essa situação nossas crianças não precisam ver as cenas que são expostas de forma tão explícita. Pena tão bela área de diversão estar rendida por esse grupo.

O ópio dos intelectuais é a retórica esquerdosa dos presidentes progressistas

darussia.blogspot.com - 01 mai 10

por James Petras [*]

Cartoon de Latuff. Chury: Ouvintes, estamos a iniciar aqui o panorama de notícias internacionais, de comentários internacionais e como todas as segundas-feiras preparamo-nos para dar as boas vindas a James Petras, nos Estados Unidos. Petras, bom dia, como estás?

Petras: Muito bem Chury, estamos aqui a pensar sobre várias coisas no último período, agora que temos na Bolívia a convocatória de um grande festival – mais carnaval, digo eu – sobre o clima e o aquecimento, convocado por Evo Morales supostamente para a protecção da terra. E também recebemos notícias das Filipinas onde estão em processo de eleição presidencial e além disso umas reflexões sobre as condições económicas mundiais dos Estados Unidos nestes tempos frente ao desafio da China. Então há vários temas, não sei com o que queres começar.

Chury: Penso que este último é muito interessante para nós, não porque os outros não o sejam. Se quiserem avançamos este último e algum outro que poderia ser esta concentração sobre o clima que vai haver na Bolívia.

Petras: Neste sentido, estou a olhar o panorama em grande escala e a longo prazo, é evidente que o império norte-americano está num declive crónico e não catastrófico, mas sim numa direcção de queda. E isso tem a ver com facto de que a China investiu muito dinheiro no sector manufactureiro e ultimamente estendendo-o a indústrias desde as costas até o interior, com enormes investimentos em ferrovias, aviões, transporte marítimo, etc. Enquanto aqui nos Estados Unidos todo o sector financeiro domina de uma forma parasitária todas as indústrias produtivas, deixando cidades como Detroit e outros centros industriais devastados.

É preciso fazer um giro pelas principais cidades industriais para ver em que condições estão. Os parques industriais, por exemplo, estão totalmente abandonados, quarteirões e quarteirões de fábricas... Parece como se houvesse caído uma bomba nuclear, deixam só o esqueleto e ficam assim. Mas mais além há bairros com casas e casas e quarteirões e quarteirões de casas abandonadas; há centros de recreio abandonados, em decadência. Alguns lugares que receberam prémios de arquitectura e que agora são ocupados só pelos ratos e os drogados. E isso se vê em Detroit, por exemplo, onde é muito evidente.

Mas se alguém passar por outros centros industriais é o mesmo e enquanto prosperam a Wall Street e os financistas em Nova York e em Los Angeles, vivem num mar de abandono. Um turista que visita Nova York, poderia ser Manhattan por exemplo, e fosse ao teatro, a algum museu poderia perguntar "o que diz o Petras? Isso é falso. Olhe as exposições, os ricos, os restaurantes cheios". Mas esta visão turística proveniente da classe média de Montevideo é uma visão muito parcial e muito limitada, não leva em conta o que se está a passar com milhões de trabalhadores e todo o sector industrial.

Por esta razão agora há um perigo aqui. Como não podem entrar em competição com a China devido aos defeitos internos, pelas estruturas parasitárias, começam a culpar a China dizendo que é um comércio desigual, que é uma competição desleal; que utilizam mão-de-obra barata, que não aceita investimentos norte-americanos no sector financeiro. Naturalmente os chineses não querem passar à experiência da Wall Street e por isso impõem restrições à penetração estrangeira. E além disso, o facto é que na China os salários aumentaram nos últimos dois anos uns 15 a 20% acima da inflação porque há escassez de mão-de-obra e por esta razão os salários estão a crescer. Podem dizer-te que vêm de um baixo nível, para te convencer. É verdade, mas em cinco anos nas regiões industriais o salário quase duplicou e a tendência é nessa direcção.

E outra coisa é que a China não tem nenhuma força militar lutando no exterior, só tem forças armadas defensivas, ao passo que os Estados Unidos gastam US$900 mil milhões por ano, mais subvenções a Israel, etc. E isto obviamente está a prejudicar a economia civil. Enquanto a China canaliza recursos para os mercados externos, os Estados Unidos estão a gastar dinheiro que não tem retorno em bases militares. Os Estados Unidos têm 850 bases militares no exterior, em cem países, ao passo que a China não tem nenhuma base militar em nenhum país.

Enquanto os Estados Unidos constroem bases a China está a construir ferrovias, portos, investindo em sectores económicos. Enquanto a China sobe os Estados Unidos baixam e nesta situação há gritos constantes aqui para tomar medidas de represália contra a China, essa é a ameaça: um imperialismo que não pode rectificar-se, incapaz de reconhecer a sua própria culpa pelo que se está a passar e a projectar todos os seus defeitos para fora, e a China é o bodo expiatório.

Essa é a situação. E aqui nos Estados Unidos alguém pode perguntar: por que as pessoas não reagem frente a isso, por que baixam a cabeça e continuam a trabalhar em dois, três trabalhos, para tentar manter o nível de consumo? Esse é o grande desafio, entender este factor. Em pleno declive, em pleno empobrecimento, não há nenhuma mobilização dos negros com uns 20% de desemprego, que inclusive foi pior sob Obama do que sob Bush. Foi quase duplicada a taxa de desemprego entre os negros em pouco mais de um ano do governo do negro presidente que supostamente ia ajudar os negros. Não há nenhum programa contra a pobreza, pelo emprego, etc.

E por que os negros não se levantam? É um problema de consciência política que agora não há neste país, ou pelo menos não que se manifeste em organizações políticas. Não temos dirigentes políticos que possam mobilizar as pessoas e deixar claro que o problemas não vem da China, nem dos iranianos e sim da sua própria classe dominante, o sector financeiro e os industriais que canalizaram mais dinheiro para a compra e venda do que para a produção.

Mas como dizia, entre os negros, os políticos que existem estão pendurados nos partidos tradicionais, o Partido Democrata, cujo papel é simplesmente controlar as massas, pendurar em alguns pequenos postos os que mostram alguma capacidade. Os hispanos estão muito incomodados porque não receberam nenhuma remuneração pelo seu voto em Obama e continuam as restrições no tratamento dos imigrantes. Agora no estado do Arizona a polícia tem direito de deter qualquer pessoa em qualquer momento e pedir-lhe identificação. É algo insólito. Um latino ou alguém com uma pele tipicamente morena, a polícia salta dos carros e param-nos e se não tiverem os papéis levam-te para a esquadra e começa um interrogatório.

Temos inclusive casos de cidadãos de três gerações de origem latino-americana que agora têm casa, têm profissão e são parados nas ruas do Arizona onde agora há 500 mil imigrantes sem papéis. É uma situação tremenda mas essa é a forma como maneja aqui a classe dominante. É tratar de por os problemas no exterior, no outro. Ou é a China ou são os mexicanos que cruzam a fronteira e não temos nenhum líder que lhes diga olhem, não são mexicanos que estão a tomar postos de trabalho, são os capitalistas que não estão a investir para criar empregos. Essa é a situação, Chury, de um império em decadência mas que ainda não está no ponto de ser transformado.

Chury: Pareceu-nos uma análise magnífica, Petras. Falta falar da reunião do aquecimento global [NR] onde parece que os êxitos até agora foram mínimos.

Petras: Sim, e há uma coisa que me surpreende muito, que é toda a imprensa de esquerda, progressista, ter entrado neste jogo do Evo Morales de falar na Pachamama e na terra sagrada e não olhar a realidade. A realidade é que há mais de cem empresas mineiras estrangeiras ou copatrocinadas entre capital multinacional e o estado da Bolívia, que estão contaminando a água, o ar e as próprias terras. E não há qualquer discussão sobre o facto de que há cem empresas – o máximo de toda a América Latina – a extrair minerais e a contaminar o ambiente.

Vão para lá encantados com o discurso das terras indígenas sagradas, a Pachamama, etc, sem levar em conta o seu próprio meio ambiente. Em torno de Cochabamba, a duas horas de caminho para Potosí, há dois dias a comunidade indígena levantou-se e queimaram a agência do Sumitomo, que é uma empresa japonesa que está ali a explorar minas de prata e a contaminar a comunidade, convidada por Evo Morales; e todos os seus funcionários estão a apoiar a empresa. Os indígenas, indignados, ocuparam os escritórios, queimaram-no e continuam a protestar.

Mas apesar disso os intelectuais, os turistas de esquerda que vão de um Congresso para outro, não vão falar com esses indígenas, não vão vê-los. Vão voltar e a dizer: magnífica a política ambiental de Evo Morales. Vão trazer vídeos, tirar fotografias, gravar as palestras, enquanto em seu redor não há qualquer reforma agrária, as grandes plantações de 100 mil hectares continuam a concentrar a sua produção com produtos químicos fertilizantes e pesticidas. Graças às subvenções de Evo Morales as petrolíferas e empresas de gás continuam a canalizar os recursos para fora, etc, etc.

Por isso digo que não vou a estas conferências. Os presidentes convidam-me muitas vezes. Correa convidou-me para a sua inauguração mas não vou porque é uma forma de ser cúmplice desta hipocrisia de líderes supostamente progressistas que continuam a fazer os mesmos contratos com as multinacionais que os governos anteriores faziam. Por esta razão creio que a causa não avança a partir destes fóruns, porque não se discutem os problemas dos países que organizam a conferência.

Devemos notar que Evo Morales tem uma maquinaria envolvendo muitos dirigentes indígenas, uma maquinaria política que deu subvenções e dinheiro a estes dirigentes. E esses dirigentes vão aparecer nesta conferência, muitos, uns dois ou três mil, vão falar das terras sagradas e do grande presidente indígena, alguns inclusive querem nomeá-lo para o prémio Nobel e as pessoas vão sentir que esta manifestação é uma indicação da popularidade e do afecto existente. Mas não vão visitar as minas, ver as condições sub-humanas que existem não só entre os próprios mineiros como os efeitos que tem sobre a comunidade.

Não vão visitar as plantações para ver os aviões a lançarem produtos químicos e a afectarem os jornaleiros no campo. Esta é a grande tragédia da esquerda que continua com este ópio. O ópio dos intelectuais é precisamente a retórica esquerdosa dos presidentes progressistas. O novo ópio não é a religião e sim a retórica contra todos os males do mundo enquanto cometem os mesmos males.

Chury: Petras, lemos uma notícia sobre esse acordo de compra de armas modernas do governo do Brasil e este estreitamente de fileiras entre o poder militar dos Estados Unidos e o Brasil.

Petras: Bem, é uma política de Lula que sempre fala pela esquerda e trabalha pela direita. Há muito tempo que combina esta política, desde que foi eleito, praticando e implementando o programa do Fundo Monetário, com o excedente de 4,4% do orçamento a acumular reservas para garantir os bancos, enquanto se financia com alguns milhões os programas de pobreza, que dão aos mais pobre uns quarenta dólares.

Então ele tem uma dupla política. Mil milhões para os banqueiros e investidores e alguns milhões para os pobres. Na política externa tem relações com a Venezuela, condena a intervenção e o golpismo, e enquanto isso está a pressionar Chávez a abrir as portas para o capital estrangeiro. Passa-se o mesmo com a Colômbia, criticando as bases militares e depois firmando um acordo militar com os Estados Unidos. É uma combinação de populismo e conservadorismo. Criticar os Estados Unidos e firmar acordos; gastar 4,4 mil milhões em compras de armas enquanto os habitantes das favelas não têm um sistema de drenagem para evitar os desabamentos de lodo que destruíram mais de 300 vidas. Parece-me que esse é o carácter de Lula.

[NR] Ver Acerca da impostura global .

[*] Comentarios para a CX36 Rádio Centenário, do Uruguai, do sociólogo norte-americano James Petras, nos Estados Unidos. Segunda-feira/19/Abril/2010. www.radio36.com.uy

O original encontra-se em http://www.lahaine.org/index.php?blog=3&p=44936

Moscovo promete apoio económico à Ucrânia

darussia.blogspot.com - Sábado, Maio 01, 2010



O primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, anunciou toda uma série de medidas com vista à aproximação económica entre a Rússia e a Ucrânia e à integração mais estreita deste último país na Comunidade de Estados Independentes.
Numa reunião do Comité para a Cooperação Económica entre os dois país, Putin revelou ter assinado um decreto que anula as taxas de exportação do gás russo para a Ucrânia, o que vai permitir a Kiev adquirir combustível azul com um desconto de 30 por cento. Porém, o desconto não pode ser superior a 100 dólares por mil metros cúbicos.
Foi também assinado um acordo que permite às empresas ucranianas não pagarem imposto de exportação para a Rússia de 260 mil toneladas de tubos ucranianos

Putin propôs também a criação de consórcios mistos em áreas como exploração e transporte de gás, esfera nuclear, construção e manutenção de aviões de carga Antonov.
“Eu e Nikolai Ivanovitch (Mykola Azarov, primeiro-minisdtro ucraniano) demos ordens aos dirigentes dos respectivos ministérios e departamentos russos e ucranianos para começarem a preparar a concretização de todas essas iniciativas”, acrescentou o dirigente russo.
À margem do encontro, Serguei Kirienko, presidente da Agência de Energia Atómica da Rússia (Rosatom), declarou que o seu país fará um desconto de mais de mil milhões de euros caso seja assinado com a Ucrânia um contrato de 25 anos para o fornecimento de combustível nuclear”.
“Quanto maior for o prazo, maior será o desconto... Estamos a falar de um desconto, e não do valor do contrato”, frisou.
Na conferência de imprensa realizada após o encontro, Putin anunciou igualmente que a Rússia e a Ucrânia acordaram criar “um grupo especial de alto nível para estar a integração da Ucrânia nos processos de integração no espaço da CEI”.
O primeiro-ministro russo mostrou-se disponível a fazer um empréstimo ao país vizinho “num valor até 500 milhões de dólares”.
“Graças aos descontos no gás, os nossos vizinhos poderão investir na sua economia, em dez anos, mais de 40 mil milhões de dálares. No fundo, trata-se de um salto qualitativo nas relações bilaterais, da criação de condições económicas para a construção de uma parceria estratégica real entre os nossos Estados”, acrescentou.
Segundo ele, “na interação russo-ucraniana forma-se uma situação radicalmente nova... torna-se possível a realização de grandes projetos conjuntos no campo da indústria, energia, aviação, agricultura, telecomunicações e transportes”.
P.S. Deixo aqui apenas uma pergunta: a esmola russa não é demasiada generosa?



Luis Nassif - Sobre economia, política e notícias do Brasil e do Mundo

Blog do Luis Nassif - 01/05/2010 - 08:00

Desburocratizando a vinda de cientistas

Por Rafael Vilela

Nassif,

a propósito: Ministérios querem desburocratizar a vinda de cientistas estrangeiros ao Brasil

Do Jornal da Ciência

Ministérios querem desburocratizar a vinda de cientistas estrangeiros ao Brasil

Proposta estabelece competência ao MCT para autorizar atividade de estrangeiro interessado em vir ao Brasil na condição de cientista, professor, pesquisador ou profissional de categoria vinculada à área de ciência, tecnologia e inovação

O Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) está empenhando em simplificar a vinda de cientistas estrangeiros ao país para exercer atividades em suas áreas de atuação. Para isso, encaminhou à Casa Civil, uma proposta de alteração do Decreto nº 86.715/81 para simplificar e tornar mais claras as exigências para admissão desses profissionais. A iniciativa é compartilhada com os ministérios, da Justiça (MJ), das Relações Exteriores (MRE) e do Trabalho e Emprego (MTE).

A intenção com a medida é desburocratizar o processo, tendo por fundamento a contribuição desses especialistas para o desenvolvimento nacional. O Decreto regulamenta a Lei nº 6.815/80, que define a situação jurídica do estrangeiro no país. O artigo 5º determina que sejam fixados, em regulamento, os requisitos para a obtenção dos vistos de entrada previstos nesta Lei.

A proposta estabelece competência ao MCT para autorizar a atividade e a participação do estrangeiro interessado em vir ao Brasil na condição de cientista, professor, pesquisador ou profissional de categoria vinculada à área de ciência, tecnologia e inovação.

A proposição, no artigo 23, ainda deixa claro que a atuação do MCT fica dispensada caso o estrangeiro tenha vínculo de trabalho ou emprego no país. Nessa condição, o estrangeiro deve ter seu contrato avaliado pelo MTE.

Por outro lado, o mesmo artigo 23, dispõe sobre a necessidade de o MCT dar ciência das autorizações concedidas ao MRE e ao MJ. A medida é justificada pelo fato da entrada de estrangeiro no Brasil alcançar competências dessas duas pastas. O MRE atua na concessão dos vistos e o MJ na fiscalização do ingresso e registro de pessoas de fora do país em território nacional.

A imediata comunicação ao MRE e ao MJ sobre a autorização concedida pelo MCT pretende assegurar a eficiência governamental e a segurança institucional no encaminhamento de pedidos de ingresso formulados por estrangeiro. A medida dispensa a pessoa estrangeira, por si própria ou por meio da instituição a que está vinculada, de apresentar a esses órgãos, documentos sobre as atividades a serem realizadas.

A determinação é genérica e abrange toda e qualquer atividade de cooperação científico-tecnológica, incluída a coleta de dados e materiais científicos, desde que não associada à bioprospecção (método ou forma de localizar, avaliar e explorar sistemática e legalmente a diversidade de vida existente em determinado local, tendo como objetivo principal a busca de recursos genéticos e bioquímicos para fins comerciais).

O decreto estabelece ainda a necessidade de relação entre a autorização emitida pelo MCT e o visto a ser concedido no exterior pela missão diplomática ou repartição consular de carreira brasileira. Caberá ao MCT expedir os atos necessários à execução do Decreto.

(Assessoria de Comunicação do MCT)

Excelente notícia. Já que temos tanta fuga de cérebros, uma contraposição a esse movimento é muito bem vinda. Lembro da época do desmantelamento da URSS e a consequente queda da qualidade de vida que se instalou de imediato, foi motivo para uma grande fuga de cientistas de ponta soviéticos, que foram, é claro, prontamente recebidos pelos países europeus e os EUA.

Comparato: STF sepulta sonho de entrar no Conselho da ONU

Conversa Afiada - Publicado em 30/04/2010

Bye- bye ONU, diria o Coronel Ustra

Deu na Agência Brasil:

Decisão do Supremo acaba com chance brasileira no Conselho de Segurança da ONU, diz Fábio Konder

Brasília – O jurista Fábio Konder Comparato, que formulou ação contestando a Lei da Anistia (Lei 6.683/79), acredita que a decisão de não revisar a legislação que perdoou crimes comuns cometidos por agentes do Estado durante o período militar é um “escândalo internacional”. Ontem (29), o Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou a ação proposta pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

“O Brasil é um país de duas faces. Lá no exterior, nós somos civilizados e respeitadores dos direitos humanos, sorridentes e cordiais. Por dentro, nós somos de um egoísmo feroz”, analisou. “Isso é um escândalo internacional. Nós somos o único país da América Latina que não julgou inválidas essas anistias.”

É incrível como os juristas não param de falar besteiras no Brasil. O Brasil entrar ou não no Conselho de Segurança não tem a mínima ligação com a Lei da Anistia, e sim com interesses dos membros permanentes. Independente de se prender ou fuzilar se assim o quisessem todos os torturadores do país, bastava o país entrar em conflito com os interesses internacionais dos EUA, China, Russia, França ou Inglaterra (Reino Unido) para que seu desejo de se tornar membro permanente fosse por água abaixo. Tais países tem o direito de veto, e não creio que desejem partilhar isso com mais ninguém. Se o Brasil conseguir, a Lei da Anistia não se configurará como empecilho, uma vez que dos membros permanentes, vários tem ações nada democráticas e tampouco de total cumprimento dos direitos humanos.

Sobre a Eleição Presidencial

Existe a ilusão (de alguns) de que a eleição presidencial que se aproxima seja polarizada entre a esquerda e a direita. Entenda-se a esquerda como aquele governo que quer promover a instalação de um modo socialista de produção e a direita, bem, essa não muda suas práticas, pelo menos a que aí está.
A esquerda que se apresenta através do Partido dos Trabalhadores que está na situação à dois mandatos, apesar de seus apelos de superioridade de seus integrantes (não todos é claro) no quesito ético, tem-se mostrado ao contrário pelos escândalos que povoaram a mídia nesses oito anos com integrantes corruptíveis e sim, nada éticos.
A direita que aponta essas falhas da esquerda, é a mesma que sempre as utilizou, envolveu-se em diversos escândalos também, muitos que somente agora podem vir à tona num embate de dossiês devido à disputa eleitoral.
Se faz diversas relações entre as linhas políticas dos dois principais partidos envolvidos e suas ligações/relações com governos de países vizinhos. Essa relação é bem mais complicada do que parece. Tem-se que ver o desenvolvimento histórico dos governos desses países. Por exemplo, como culpar o governo colombiano por ceder bases para a expansão do poder militar americano na região (apesar de isso ser terrível), quando foram os EUA que auxiliaram diretamente na solução de um grave problema interno que era o Cartel de Medellin na figura de Pablo Escobar? Podem ser acusados de apoio ao governo americano? De serem o governo com grande tendência à direita? Ou no sentido inverso a existência do Governo de Evo Morales, depois de toda problemática da privatização estúpida das empresas de água bolivianas que levaram à grande descontentamento populacional. O governo de Evo Morales, assim como o de Lula é apoiado por maioria da população. Na Bolívia há o redirecionamento de uma política que visa restabelecer uma vida digna à população indígena do país. Se tem tendências de esquerda e consegue se manter no poder são questões de erros políticos da direita, não foi um golpe de estado, e pelo contrário, Evo Morales já deu provas em diversos plebiscitos que se mantém no poder democraticamente.
Esse tipo de visão da esquerda e direita está no Brasil passando por situações interessantes, uma vez que, as ações políticas dos dois lados convergem em vários pontos. É claro que não todos pois assim teríamos um partido único.
Mas, a idéia de que o governo Dilma irá romper com diversas estruturas é simplesmente ingênua. Dilma, está e é candidata porque Lula assim o quer. E Lula como aconteceu com Geisel (sempre paralelos) escolheu a dedo o seu sucessor, para que não houvesse descontinuidade de suas políticas. Ao contrário de Geisel que não desejava retornar à política, Lula pode ter esse desejo e assim pavimentar e implementar uma série de mudanças que o país necessita e que os anos FHC não propiciaram, pelo contrário, como já afirmei a única coisa boa do período FHC foi o real com seu controle inflacionário.
Dilma fará um governo pragmático como o foi o de Lula, sem "chavismos" ou "bolivarianismos". Essa idéia de mudança radical é uma velha tentativa de impor medo na população.
Nenhum governo socialista deu certo. Não conseguiram fazer a distribuição eqüitativa da riqueza aliada ao desenvolvimento, nem tampouco instalaram democracias, algo vital tão correntemente falado pela mídia. Mas isso não os desmerece, uma vez que os governos capitalistas em sua maioria também não o conseguiram, e em alguns estados as duas coisas também.
A China, acho que serve de bom exemplo de uma linha política a ser melhorada. Apesar de ser um governo socialista, caminha a passos largos para a economia capitalista, ou melhor dizendo, está até o momento conseguindo equilibrar as duas correntes. Mantém o controle central, mas beneficia-se do modo de produção capitalista para retirar grandes parcelas da população da condição de pobreza (algo que o modo socialista não conseguiria).
A beleza do governo Lula e seu apoio popular reside exatamente nesse fato, a busca da redistribuição da renda (algo da ideologia socialista) dentro de uma economia essencialmente de mercado.
A redução do Estado pregada pelos neoliberais já mostrou ser de uma irresponsabilidade tremenda. A crise mundial pela qual passamos agora nos mostrou tais consequências. E se no Brasil não fomos tão duramente atingidos foi exatamente pela linha de ação do atual governo. Se estivéssemos nos anos FHC, essa crise teria afundado o país devido seu total alinhamento com a política americana. Por isso o retorno a essa linha política representada por José Serra é tão perigosa.
Precisamos enquanto eleitores observar melhor essas realidades e condicionantes para fazer uma melhor análise dos candidatos e projetá-las em termos de ações para os próximos anos, uma vez que, essa decisão afetará toda a sociedade em termos de políticas econômicas, política internacional (que no momento o Brasil está em excelente posição) e desenvolvimento social da população.
Essas bobagens de direita e esquerda na atual situação eleitoral, são exatamente isso, bobagens. O eleitor não deve se deixar influenciar por marqueteiros ou propaganda que tentem "colar" esses adjetivos nos candidatos, mas devem ter alta objetividade na comparação na melhoria da qualidade de vida nos anos FHC em comparação com o período Lula. Apenas como mais uma informação, diversos setores industriais estão apoiando o governo Lula pelo retorno que este deu em termos de possibilidade de investimento e crescimento, algo muito deficitário nos anos FHC. Se a indústria produz e gera riqueza, os demais setores acompanham, aumentando o emprego e consequentemente reduzindo a pobreza. Ao contrário dos anos FHC que teve um grande crescimento do mercado de capitais (bolsa) em que só ganham os investidores.

quarta-feira, abril 28, 2010

Juristas

Infelizmente não consigo ficar quieto quando vejo explodir na mídia as bobagens escritas ou ditas e sempre reeditadas não sei com qual objetivo real (o fictício é explícito) sobre a Lei da Anistia.
Como já publiquei anteriormente também diversas vezes a minha opinião sobre a "resistência", e a abragência da Lei da Anistia não vou me estender nesse tema, mas no que também já publiquei, que é a falta do que fazer de certos juristas que ao invés de se concentrarem em problemas reais da justiça nacional, dos problemas inerentes ao tempo de processo, de acesso real à justiça de quem não tem condições de pagar por uma, ou até mesmo do controle social das mais variadas associações que atuam na área judicial e que tem uma forte conotação corporativista.
Apenas para fazer uma breve comparação de situações. Se os torturadores (militares e da "resistência") vão ser punidos ou não, é um detalhe sem grande implicações sociais (ao contrário do que faz parecer a mídia). Vejamos: 1- os envolvidos em sua esmagadora maioria não estão mais em atividade, ou, já estão mortos; 2- o ressarcimento econômico que pudesse vir desse movimento já existe através do "bolsa ditadura" e 3- o destino dos desaparecidos (até mesmo os que foram mortos pelos companheiros de movimento) não necessita da revisão da Lei da Anistia (apesar de consideroar tal fato o
que provavelmente leve à resistência para que seja revelado toda essa estória em profundidade, afinal de contas ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo). Em contra partida tivemos mais recentemente na estória nacional alguns fatos bem diferentes em que os envolvidos não entraram em luta por desejo próprio como é o caso da nossa resistência, mas simplesmente foram atingidos e o seu destino? Bem o seu destino é bem diferente.
Vou começar pelo caso do indio Pataxó
Galdino Jesus dos Santos queimado em Brasília por quatro jovens de família influente. Vou colocar aqui um extrato do caso retirado de http://ftp.hardmob.com.br/showthread.php?t=347907 :

" Dos cinco envolvidos, um deles, na época do crime, era menor de idade e foi encaminhado para o centro de reabilitação juvenil do Distrito Federal. G.N.A.J. ficou preso por três meses, mesmo tendo sido condenado a um ano de reclusão. Os outros quatro foram presos - Tomás Oliveira de Almeida, Max Rogério Alves, Eron Chaves Oliveira e Antônio Novely Cardoso Vilanova. Em 2001, foram condenados pelo júri popular por homicídio doloso (com intenção de matar) a 14 anos de prisão, em regime integralmente fechado.

Condenados por crime hediondo, Max, Antônio, Tomás e Eron não teriam, à época, direito à progressão de pena ou outros benefícios. A lei prevê, apenas, a liberdade condicional após o cumprimento de 2/3 da pena. Mas, em 2002, a 1ª Turma Criminal fez uma interpretação diferente. Como não há veto a benefícios específicos na lei, os desembargadores concederam autorização para que os quatro exercessem funções administrativas em órgãos públicos.


As autorizações da Justiça permitiam estritamente que os quatro saíssem do presídio da Papuda para trabalhar e retornassem ao final do expediente. A turma de juízes chegou a permitir que os quatro também estudassem, mas, como há proibição específica na Lei de Execuções Penais, o Ministério Público recorreu e conseguiu revogar a permissão de estudo para Eron Oliveira e Tomás Oliveira. Mesmo assim, eles continuaram estudando em universidades locais, contrariando a decisão.


Em outubro do mesmo ano, o jornal "Correio Braziliense" flagrou três dos cinco rapazes bebendo cerveja em um bar, namorando e dirigindo o próprio carro até o presídio, sem passar por qualquer tipo de revista na volta. Após a denúncia, os assassinos perderam, temporariamente, o direito ao regime semi-aberto, que era o que permitia o trabalho e o estudo externos.


Mas a reclusão total durou pouco tempo. Em agosto de 2004, os quatro rapazes ganharam o direito ao livramento condicional, ou seja, estão em liberdade, mas precisam seguir algumas regras de comportamento impostas pelo juiz no processo para manter sua liberdade, tais como: não sair do Distrito Federal sem autorização da Justiça e comunicar periodicamente ao juiz sua atividade."

Um outro caso é o de Alex Thomas. Esse retirei do site do Ministério Público do Rio Grande do Sul:
"Na madrugada de 26 de fevereiro de 1986, caminhavam pela Avenida Paraguassu, em Atlântida, Litoral Norte, Alex Thomas, então com 16 anos, e dois amigos. Um desentendimento com jovens identificados como integrantes da Gangue da Matriz, causou sua morte por espancamento.

O caso teve repercussão em todo o Estado. Em Lajeado, amigos e colegas da vítima realizaram passeatas, pedindo a punição dos envolvidos.

O MP atuou na acusação em nome da sociedade. Os integrantes da gangue eram de famílias de classe média. Três deles foram condenados, um absolvido, e os adolescentes foram submetidos a medidas socioeducativas.

Um dos menores liberados foi o ator Ricardo Macchi, que sofreu como bem vimos pela Globo as consequências do seu ato. Os demais infelizmente não sei o destino.
Mas, como disse no início aonde estão os nossos juristas para escreverem sobre tais desmandos e nossos semanários para publicarem nas páginas centrais de tais escritos, ou será que isso não vende?

Recorde no crédito habitacional

Blog do Luis Nassif - 28/04/2010 - 16:47

Por Demarchi

Do UOL

Crédito habitacional da CEF mais do que dobra e bate recorde

28/04/10 – 15h30

InfoMoney

SÃO PAULO – A CEF (Caixa Econômica Federal) concedeu, de janeiro até o último dia 23, R$ 19,6 bilhões em financiamentos habitacionais para 323.268 famílias.

O montante emprestado é 126% superior aos R$ 8,7 bilhões registrados no mesmo período do ano passado e representa um recorde. Quando se trata de quantidade, houve acréscimo de 134.636 financiamentos, o que corresponde a um aumento de 71% no período.

Somando o Feirão da Casa Própria, para o qual estão previstos R$ 3,5 bilhões em negócios, o banco estima superar a marca de R$ 55 bilhões em crédito habitacional, que pode atingir R$ 60 bilhões este ano.

“Este ano, em menos de quatro meses, já superamos a contratação de todo o ano de 2007, que era também recorde de contratação, até então. Com o feirão, vamos alavancar a contratação no Programa Minha Casa, Minha Vida e bater novo recorde de crédito imobiliário”, afirmou o vice-presidente de Governo da Caixa, Jorge Herada.

O Programa Minha Casa, Minha Vida registrou até o momento 836.415 propostas de empreendimentos habitacionais, sendo que 486.821 são destinadas ao público de menor renda (até três salários mínimos). Já 349.594 são destinadas àqueles com renda entre três e dez salários mínimos.

Até o dia 26 deste mês, 417.814 contratos foram assinados, o que representa um valor de R$ 23,5 bilhões em investimentos.

Muito da nossa superação da crise internacional se deve a programas do Governo Lula como este. E ainda não entendem porque ele tem a maior popularidade de todos os tempos.

Aliado de Serra na Bahia privatiza e toma grana do consumidor

Conversa Afiada - Publicado em 28/04/2010

Privatagem é com eles mesmo

O Conversa Afiada publica e-mail do amigo navegante “j”, da Bahia:

Caríssimo PHA.

Tudo bem?.

Gostaria que comentasse esse assunto que diz respeito à privataria de FHC com a energia no Brasil.

Aqui, na época, no governo do Sr. Paulo Souto do DEM, que, ontem, estava dando desfile aqui na Bahia com Zé Alagão, manifestando o seu apoio a sua candidatura e é postulante nas próximas eleições a governador do estado pelo partido do DEM, privatizou a Coelba e entregou ao grupo espanhol IBERDOLA e que hoje pertence ao grupo NEOENERGIA. A empresa aumentou absurdamente o valor de conta de milhares de consumidores no mes de abril. Em alguns casos mais de 100% o valor das contas de energia.

Eu mesmo fui vítima. No meu caso, de um consumo no mês de março de 465,00Kv. e valor de conta R$230,48 para um consumo no mês de abril de 783,00Kv e um valor de conta de R$ 405,40.

Na Bahia existem 4.500.000 de consumidores. Imagine você que se eles aumentarem apenas R$ 1,00 em cada conta, o lucro faturamento seria de R$ 4.500.000,00.

Um grande abraço do leitor assíduo do Conversa Afiada e grande admirador,


Coelba é impedida de cortar luz após aumento abusivo

Tribuna da Bahia

Jolivaldo Freitas

A Coelba passando sufoco e calor

Publicada: 28/04/2010 00:38| Atualizada: 28/04/2010 00:15

Jolivaldo Freitas

No jargão futebolístico, aquele que os locutores de rádio AM/FM usam continuamente como se fosse algo erudito, dizer que um time está no maior sufoco é afirmar que uma bosta como o Esporte Clube Bahia está enfrentado o dream team formado por Neymar, Nadson, Ganso e Robinho (coisa que jamais vai ocorrer, pois a distância entre os dois é maior que daqui a Santos. Um é clube. O Outro é time).

Pois é o que vem acontecendo com a Coelba. Está passando o maior sufoco, coisa que nunca vi igual em tantos anos olhando a vida dos outros e comentando. Fiquei sabendo que ontem a empresa já admitiu que tem alguma coisa errada nas contas. O que significa dizer que ou não tinham desconfiômetro ou estavam querendo dar uma de João sem braço ou por lá ninguém está sabendo contar. Pior: calcular. A galera sabe somente somar e multiplicar. Mas os engenheiros e contadores parece que perderam a aula de diminuir ou dividir.

Como o povo não é besta, aí também somou queixas, esforços e pragas – uma das quais teria sido que faltasse luz na empresa, que absurdo, pois botaram até feitiço na encruzilhada da sede lá na Paralela, como se já não bastassem a perseguição e o sofrimento que já se constata com as constantes greves e piquetes promovidos pelos sindicalistas que – me disseram e eu não acreditei – estão ganhando fortunas e se escondendo do trabalho. Será que aí está o âmago da questão? Será que tem de aplicar um 171 no povo para pagar os salários dos neomarajás? Não acredito.

Então dona Creusa Cleomar, vizinha de minha mãe lá pelas bandas de Paripe (aliás, minha santa progenitora está querendo um liquidificador novo já que no período da chuva entrou uma corrente de energia elétrica tão braba que apagou tudo, queimou umas coisas e foi tão forte que até as obturações do meu cunhado brilharam e lançaram chispas no escuro), como dizia, dona Creusa, mãe-de-santo consagrada e afamada pelas do subúrbio ferroviário e nas beiradas da Estrada Cia-Aeroporto, decidiu botar a boca no mundo, pois não estava em condições de bancar a conta da luz que chegou.

Ela sempre pagou 40 reais “e a miserável da conta veio detonando, parecendo Exu quando não é convidado para a festa”, disse. O valor bateu lá para mais de 150 reais e ela disse que para pagar teria de fazer um ebó para socialite ou pagodeiro ou axezeiro, “única gente que tem dinheiro na Bahia”, enfatizou, fazendo movimento de Rebolation.

Pedi que ela se acalmasse e que não jogasse os santos contra a Coelba, pois se sem ziquizira a empresa já está vivendo o seu inferno astral (coitada, talvez nem tenha esta culpa toda, pois está lá nas leis federais que empresa de energia elétrica não pode e nem deve contabilizar prejuízo – veja se a Aneel deu as caras por aqui?), imagine com Xangô, Iemanjá, Oxalá e toda a sua tropa baixando sobre aquele horroroso conjunto quadrado e anti-Niemayer onde fica a empresa?

E se viesse Iansã, deusa dos raios e dos trovões, aí é que entesava de vez e nunca mais que a Bahia ia voltar a ter energia elétrica. Seria a volta aos primórdios do homem. Mas, o que se juntou ao preço da conta e deixou dona Creusa mais aloprada e querendo baixar todos os santos foi quando a Coelba disse que a culpa de tudo foi do calor. Ela respondeu para o digno representante da companhia de energia, olho no olho, encarando a tela da TV:

- Meu filho, calor, nem na bacurinha eu sinto mais.

Eparrê Iansã! Mande aí um ventinho para acabar com o calor e uma calculadora para atenuar a conta da luz. Aliás, quando Deus disse “Fiat lux”, a Coelba, mandou a conta.

Clique aqui para ver o momento histórico em que FHC diz que Serra lutou furiosamente para vender a Vale a preço de banana.


Monocle: Questões interessantes sobre a diplomacia brasileira

Site do Azenha - 26 de abril de 2010 às 2:15

por Luiz Carlos Azenha

A revista Monocle traz um artigo interessante sobre o papel do Itamaraty no mundo.

Com um certo exagero, diz que a diplomacia do verde-amarelo está substituindo a do vermelho-azul-e-branco. Se considerarmos que os Estados Unidos estão muito ocupados com duas guerras e meia (Iraque, Afeganistão e Paquistão) e o Brasil ampliou rapidamente sua presença diplomática e seu peso relativo no mundo (estou devendo um post para vocês sobre o papel que a Embrapa está jogando na África), quem sabe um dia… Seja como for, a Monocle decidiu vir ao Brasil, conhecer de perto o Itamaraty.

E levantou questões muitos interessantes na reportagem, que saiu na capa sob o título “A ascensão de Brasília: afiando a política externa do Brasil”.

Ao definir o Itamaraty como “ministério do Sol”, a revista pergunta: “Uma rede de embaixadas em rápida expansão e o uso inteligente da cultura significam que o Brasil faz amigos em todo o mundo. É só a tentativa de conquistar um assento no Conselho de Segurança ou uma nação emergente tentando mudar a ordem mundial?”.

Um outro trecho que me chamou a atenção diz respeito à opinião de um analista norte-americano que diz que existem obstáculos no caminho do Itamaraty, dentre os quais a dúvida sobre o que vai acontecer depois que Lula deixar o poder, o fato de que diplomacia forte depende de economia forte e, segundo o analista, o medo dos vizinhos do Brasil de que os Estados Unidos se retirem da região.

“Eles querem multiplicar suas opções, não querem ficar sujeitos ao poder do Brasil”, diz ele.

Aqui eu acho que o analista traz um preconceito de origem: ele acha que o Brasil age em relação aos vizinhos da mesma forma que os Estados Unidos sempre agiram. Ou será que ele está certo? Quantos golpes o Brasil patrocinou na vizinhança?

Aliás, na região fronteiriça de paises como o Paraguai, a Bolívia e o Uruguai, especialmente, o ressentimento contra a penetração cultural brasileira existe.

Este tema me fascina especialmente agora, depois que fiz várias viagens à África e li vários livros sobre a presença chinesa na África, dentre os quais destaco China Into Africa, organizado por Robert Rotberg, e China Safari, de Serge Michel e Michel Beuret.

Diante das acusações de que praticam neocolonialismo em território africano (de onde a China importa hoje mais de 15% de todo o petróleo que consome), os chineses respondem com grandes obras públicas de impacto social e uma leva de mercadorias baratas que permitem a milhões de africanos, muitos dos quais dependentes da agricultura, entrarem no mercado de consumo.

Questionados por europeus e pelos Estados Unidos, especialmente pelo apoio a regimes como o do Sudão e do Zimbábue, os chineses remetem à história do colonialismo e argumentam: embora os chineses tenham chegado muito cedo à África, através do Índico, nunca estiveram aqui para ocupar território, escravizar gente ou impor sua cultura.

Independentemente de considerar se o argumento é válido ou não, trata-se da versão chinesa da “diplomacia cultural”, “entre iguais”.

Os chineses, por seu tamanho específico, podem se dar ao luxo de exercê-la na África.

Ao se projetar no mundo, o Brasil deve à vizinhança um cuidado muito especial. No curso da campanha eleitoral, os candidatos devem ter cuidado para não se deixar levar por ideias alopradas, daqueles que:

1. Por paixão política, deixam de reconhecer o novo protagonismo brasileiro no mundo;

2. Por paixão ideológica, deixam de reconhecer que a posição brasileira num mundo multipolar requer a finesse histórica do Itamaraty e a calibragem das relações com os Estados Unidos para usá-las em nosso favor quando for do interesse nacional;

3. Por servilismo, querem saber antes o que pensa Washington;

4. Por ignorância, desprezam 900 milhões de consumidores na África (leiam Africa Rising, do professor Vijay Mahajan, que mostra como grandes empresas redesenharam seus produtos para se expandir lá) ou o fato de que o centro do mundo, ainda que lentamente, se desloca para a Ásia.

Para ir ao site da Monocle, clique aqui.

Se alguem qualificado se dispuser a traduzir o texto, publicaremos com grande prazer.

Me lembrei agora das recentes críticas ao Itamaraty que surgiram no Congresso. Espero que àqueles que se opuseram ao General Geisel, assim como os que agora se opôem ao Lula, aprendam que uma política externa independente da americana faz muito bem ao país.

“PSDB é coautor do assassinato de reputações na internet”

Site do Azenha - 28 de abril de 2010 às 19:16

por Conceição Lemes

O jogo sujo na rede contra Dilma Rousseff, candidata do PT à presidência da República, e o seu partido, está aumentando em quantidade e intensidade.

Na madrugada de 12 de abril, o site do PT foi invadido. Ficou um dia inteiro fora do ar. Ao acessá-lo, muitos usuários tiveram seus computadores infectados por vírus.

Em 14 de abril, nova invasão (veja aqui e aqui). Além de os crackers terem pichado a capa com dizeres favoráveis a José Serra, candidato do PSDB, redirecionavam o usuário para um blog apoiador do tucano.

Em 18 de abril, a TV Globo colocou no ar o jingle do aniversário dos 45 anos da TV Globo. Embutia, de forma disfarçada, propaganda favorável a Serra, como alertou prontamente pelo twitter Marcelo Branco, o responsável pela campanha de Dilma Rousseff na internet.

Ontem, 27 de abril, o deputado federal José Carlos Alelulia (DEM-BA) embarcou na demonização de Dilma, mas se deu mal.

A outra investida suja foi no site oficial do PSDB, que dá link para um outro – também registrado em nome do partido – intitulado “Gente que mente”, dedicado a atacar pessoalmente Dilma e os petistas.

“Ao dar espaço no seu site para um blog que ataca de forma virulenta a Dilma, tentando estigmatizá-la, o PSDB assina oficialmente a baixaria”, denuncia o deputado federal André Vargas (PT-PR). “Já pedimos ao nosso departamento jurídico o estudo de medidas judiciais cabíveis. O PSDB é coautor desses crimes de assassinato de reputações.”

“Os ataques na internet e o episódio do jingle dos 45 anos da Globo já mostraram que os adversários estão dispostos a tudo”, prossegue Vargas, que é Secretário Nacional de Comunicação do PT . “Se agem assim em abril, já imaginou a baixaria que adotarão em agosto, setembro, outubro? Temos de estar atentos o tempo inteiro e reagir rápido.”

Comunicação é considerada por muitos o calcanhar-de-aquiles tanto do PT quanto do governo federal. Por isso, resolvemos aprofundar esta entrevista, abordando algumas questões já levantadas pelos próprios leitores do Viomundo.

Viomundo – O PT está há 7 anos no poder. A mídia corporativa esconde as realizações federais, distorce ou mente sobre elas. Ao mesmo tempo, basta ligar TV, rádio, abrir jornais e revistas, para encontrarmos montes de anúncios do governo federal, Petrobrás, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal. É masoquismo?

André Vargas – Todos os meios de comunicação já existiam à época da ditadura. E se constituiu consenso de que é preciso anunciar na mídia independentemente do posicionamento político. Se você pega o governo do Fernando Henrique Cardoso (PSDB), havia sintonia entre o projeto neoliberal do ex-presidente e aquilo que o setor privado desejava. O nosso governo não é neoliberal, também não podemos dizer que é socialista. É um governo social-democrata preocupado com o bem-estar social, com a soberania e que entende o papel do estado na realização do projeto nacional de desenvolvimento.

Boa parte do setor privado, mesmo ganhando muito dinheiro, mantém na cabeça ideias, como “o mercado resolve”, “estado mínimo”. Concorda com a crítica do Serra de que “nós estamos fazendo o Estado crescer muito”, “não tem sentido o governo criar novas universidades federais”. Isso repercute nas linhas editoriais, dois anunciantes de peso na mesma linha. Na verdade, os meios de comunicação ainda têm o coração lastreado nos princípios do governo anterior.

Nesse contexto, como o governo federal não vai anunciar? Seria muito incompreendido no Brasil de hoje. Mas o governo está fazendo uma inversão na distribuição das verbas publicitárias. Na semana passada O Estado de S. Paulo disse que os gastos do governo Lula com publicidade cresceram 40% em seis anos. Mas “esqueceram” de dizer que são apenas 10% maiores que o maior gasto do governo FHC. Temos dissintonia de visão do setor público e privado e ao mesmo tempo distribuição mais democrática. Isso contraria interesses.

Viomundo – Como é a distribuição das verbas publicitárias?

André Vargas – No período FHC eram divididas entre 260/270 veículos de comunicação. Hoje, entre aproximadamente 2.500. Proporcionalmente os investimentos na chamada grande imprensa diminuíram. Está-se investindo em veículos pequenos no interior do país, que, antes, não recebiam nada. A internet também teve algum investimento. Ainda é pequeno, mas já cresceu. A ideia de democratizar fere os interesses dos grandes meios de comunicação. Na prática, o “bolo” é quase do mesmo tamanho da época do Fernando. Só que, agora, é dividido em 2.500 pedaços, antes, em menos de 300. É um critério técnico. É a democratização dos anúncios do governo.

Viomundo – Como senhor explica o fato de PT e o governo raramente reagirem com firmeza quando atacados? É medo, contemporização ou resignação?

André Vargas – O PT apanhou bastante ao longo da sua história, mas os episódios de 2005 deixaram o pessoal aturdido. Nunca se viu uma mobilização midiática tão grande contra um governo, contra um partido, estigmatizando-os. Isso não quer dizer que os erros do PT não têm de ser analisados pela mídia. Devem, sim. Mas o que reivindicamos é isonomia: tratamento idêntico para problemas idênticos. É só observar a cobertura da enchente em São Paulo para ver a discrepância. Quando a Marta estava no governo, era a maior ripa todo dia. Nas enchentes de dezembro de 2009 e começo de 2010, parecia que não tinha governador. O Serra sumiu do noticiário. A população acabou sendo a culpada.

Viomundo – Publicar informação correta não é favor; é obrigação de toda a mídia. Ao deixar de responder à altura, vocês não estariam contribuindo para desinformar a sociedade e, ao mesmo tempo, estimular a oposição a bater à vontade, já que ela conta com o apoio da mídia corporativa?

André Vargas – Uma coisa é o governo. Outra coisa, o partido político. No Brasil, a área de comunicação é uma das que mais resistem à democratização. Veja a reação dos grandes veículos à Conferência Nacional de Comunicação (Confecom). As emissoras de televisão e de rádio não se vêem como concessão pública. Mas, realmente, o governo e o partido poderiam ter entrado mais nesse debate. Precisamos usar todas as alternativas democráticas de comunicação. No próprio PT, muita gente ainda não se deu conta do papel que a internet terá nesta eleição. O cidadão vai poder interagir com a informação no momento em que ela está sendo construída e não só depois de pronta, no final do dia, após os telejornais. Reconheço que a sociedade está mais esclarecida sobre o que estamos fazendo por ação da internet. Graças à internet, aliás, muitos factoides foram desmascarados. Se dependêssemos da grande imprensa, estaríamos fuzilados.

Viomundo – A eleição deste ano promete muito golpe abaixo da cintura, e a mídia tradicional terá papel central. O que os senhores pretendem fazer?

André Vargas – Nós sabemos disso e estamos nos preparando para acompanhar, juridicamente, todas as possibilidades que os meios de comunicação têm de manipular as informações. Assim como nós estamos acompanhando a questão das pesquisas. Nós temos de estar muito vigilantes nestes meses agora – abril, maio, junho e julho – que não temos horário político. E como o Serra é o candidato bem tratado pela mídia, será favorecido em termos de espaço e/ou melhor exposição. Depois, vem o horário político e os tempos e espaços terão de ser iguais. Daí o desespero por parte dos aliados do José Serra de abrir larga vantagem agora. Aí, tentam construir uma imagem irreal dele e desconstruir a nossa candidatura. A tática da oposição será inclusive tirar o presidente Lula da eleição.

Viomundo – De que forma?

André Vargas – A nossa força é a relação do Lula com a população. Então, vão dizer que é abuso de poder político, que o Lula é o presidente, que ele não pode dar declaração… Essa é a estratégia da oposição capitaneada pela mídia. Como o presidente Lula já disse que fará campanha nos finais de semana, vão questionar: “Como ele vai separar o que é a presidência e o que é campanha?”

O episódio do jingle dos 45 anos da Globo mostrou que estamos atentos. Reclamaram, mas nós fizemos o que achávamos certo. E vai ser assim. Tem de ser assim. Vigilância total. E com rapidez. Na hora.

Viomundo – Como foi?

André Vargas – O Marcelo Branco, responsável pela campanha da Dilma na internet, enviou um twitter, avisando que o tal jingle embutia, de forma disfarçada, propaganda favorável a José Serra. No ato, apoiei o que ele fez e retwitei. O episódio do jingle mostrou que os adversários estão dispostos a tudo. Portanto, temos de estar atentos o tempo inteiro e reagir rápido. Entre a noite de domingo e a manhã de segunda-feira, a mensagem do Marcelo foi retwitada para mais de 100 mil internautas. À noite, por várias razões, inclusive a reação na rede, o anúncio foi tirado do ar.

O Marcelo Branco não foi criticado pelo PT, ao contrário da Folha noticiou. A campanha tem uma direção, mas é nosso dever reagir também. Na terça-feira, dia 19, nós tivemos uma reunião da Executiva Nacional do PT e todas as falas sobre o assunto foram positivas.

Viomundo – O senhor achaa que a blogosfera fará a diferença nesta eleição?

André Vargas – Não tenho a menor dúvida. Não interessa ao Brasil uma eleição judicializada, mas pode interessar à oposição. A oposição, aliás, já está judicializando o processo. É um caminho mais tortuoso, pois depende da cabeça de cada juiz. A oposição prefere a judicialização, pois não quer o debate, não quer a movimentação, não quer que o presidente Lula expresse a sua oposição.

Viomundo – O PT não fará nada contra a judicialização?

André Vargas – O PT de São Paulo já moveu uma ação e estamos nos preparando para essa batalha jurídica. Uma coisa é certa: não vamos entrar em baixarias.

Viomundo – E a militância? Muitos reclamam que o PT se afastou das bases, da rua…

André Vargas – A mobilização física é importante. Mas a mobilização pela internet talvez vá ser muito mais importante. E ela vai muito mais visível daqui em diante porque o PT e a esquerda têm conteúdo político, temos organizações sociais que atuam nas várias questões cruciais: gênero, meio ambiente, raciais, cotas, saúde, trabalhador…

Viomundo – Nós temos informação de que a oposição está preocupada com a blogosfera independente, que defende a informação correta, adequada, ética e verdadeira, os movimentos sociais, a democratização dos meios de comunicação. Fala-se que a oposição e seus aliados teriam como estratégia o sufocamento, o cerceamento e a intimidação desses blogues e sites progressistas. O que acha disso?

André Vargas – Nós temos de continuar garantindo à internet a liberdade de expressão, para que as informações verdadeiras cheguem à sociedade. Pelo Congresso Nacional, tentativas de restrição não passam. Não há ambiente propício a isso. Talvez tentem pelo Judiciário, mas acredito que não consigam seus objetivos. Mas temos, de novo, de ficar atentos. Caso tentem sufocar esses blogues e sites, nós teremos de ter uma reação dura da cidadania. Por isso, a gente de tem de estar mobilizado. A nossa força é a nossa mobilização. Se nós nos apropriarmos da internet, como aconteceu nos EUA, vamos ter condições de manter governos mais ousados, avançar mais nas conquistas sociais e insistir mais na liberdade de imprensa verdadeira.

Curitiba. Trabalhadores são encontrados em condições degradantes

Instituto Humanitas Unisinos - 28 abr 10

Cerca de 40 trabalhadores da construção civil foram encontrados, pelo Ministério Público do Trabalho no Paraná (MPT-PR) no fim de semana, em condições degradantes em um canteiro de obras em Curitiba. Os operários estavam em alojamentos precários e muitos com os salários atrasados. Segundo o MPT-PR, as verbas rescisórias dos trabalhadores estão sendo pagas na sede no órgão na tarde desta terça-feira.

A reportagem é de Gladson Angeli e publicada pelo sítio da Gazeta do Povo, 27-04-2010.

O procurador do trabalho Gláucio Araujo de Oliveira recebeu a denúncia no final da tarde de sexta-feira (23) e foi até o alojamento para verificar a situação. “Havia apenas um banheiro e um chuveiro no alojamento para cerca de 35 pessoas. A empresa não fornecia cobertores, nem roupa de cama. Os operários faziam suas refeições em cima de colchões, pois não existiam cadeiras e mesas. A alimentação também era precária”, afirmou o procurador por meio da assessoria de imprensa.

De acordo com o MPT-PR, os operários vieram do Piauí, Maranhão e São Paulo e trabalhavam para a empresa Pontual Empreendimentos e Construção Ltda. A empresa, por sua vez, prestava serviços a uma construtora de Curitiba, que não teve o nome divulgado.

Os encargos trabalhistas foram assumidos pela construtora, que também vai pagar passagens para os operários voltarem aos seus estados de origem. O MPT informou que vai ajuizar ação civil pública contra a Pontual Empreendimentos pedindo indenização por danos morais coletivos por aliciamento de trabalhadores e alojamentos precários.

Se essa situação ocorre em capitais como Curitiba, que é considerada umas das cidades brasileiras com melhor qualidade de vida, imaginem o que ocorre em outras parcelas do território nacional.

Embrapa e Syngenta fecham acordo para a área de pesquisas

Instituto Humanitas Unisinos - 28 abr 10

Syngenta e Embrapa formalizam hoje, em Brasília, uma parceria que no médio prazo vai ter como foco as pesquisas nas culturas de soja, milho, algodão e cana-de-açúcar. As duas empresas já vinham trabalhando juntas há pelo menos oito meses e decidiram colocar o acordo no papel para intensificar a troca de experiências.

A reportagem é de Paula Pacheco e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 28-04-2010.

A parceria marca a volta da Syngenta ao mercado de sementes de algodão, que tem se mostrado muito promissor. Nos últimos 12 meses, a cotação do algodão na Bolsa de Nova York aumentou por volta de 60%. Neste ano, a previsão é que a safra do algodão brasileiro tenha um acréscimo de 5%.

Até o fim do ano as primeiras sementes de algodão da Syngenta começarão a ser vendidas para os produtores brasileiros.

"Queremos oferecer novas alternativas e ter o pacote mais completo para nossos clientes, trabalhando com defensivos agrícolas para esta cultura e também com sementes", explica Laercio Valentin Giampani, diretor-geral da empresa no Brasil.

Há cerca de seis meses a Syngenta vem testando diferentes variedades de sementes de algodão da Embrapa em 30 propriedades de produtores. Os testes estão sendo feitos em cidades como Luiz Eduardo Magalhães (BA), Rondonópolis e Sorriso, em Mato Grosso.

"O algodão brasileiro tem um futuro fantástico por causa das características da pluma nacional. Isso faz com que o produto seja muito competitivo", explica Giampani.

Para Ademir Luiz Capelaro, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Syngenta, o acordo com a Embrapa vai acelerar os negócios. "Agora estamos formalizando um protocolo de trabalho."

A venda de sementes de algodão já fez parte do portfólio da Syngenta do Brasil. Mas, com o tempo, a matriz preferiu se desfazer do negócio e manteve apenas a área de pesquisa.

Açúcar e etanol

A cana-de-açúcar também é uma promessa para a empresa. Há cerca de um ano, a Syngenta conseguiu se lançar como a primeira a ter sementes de cana. A novidade ainda está em processo de validação em 50 usinas do Centro-Sul. O cultivo secular é por meio de gomos onde estão as gemas, que, plantadas, germinam.

A empresa está construindo uma fábrica em Itápolis, interior paulista, com dedicação exclusiva às pesquisas de cana. Numa etapa seguinte, a multinacional espera ter concluída a pesquisa da variedade geneticamente modificada da planta. "Queremos ter 15% de participação desse mercado até 2015 ou R$ 300 milhões de receita", diz Giampani.

Felipe Teixeira, chefe da Assessoria de Inovação Tecnológica da Embrapa, diz que a parceria na cana-de-açúcar tem como principal atrativo o potencial energético do País.

"A Embrapa entrou recentemente nas pesquisas nessa área. Com o acordo com a Syngenta e outros centros de pesquisa, teremos acesso a uma base genética importante", destaca.

FICHA TÉCNICA

Perfil da Syngenta, que opera em mercados como o grãos e de horticultura

País de origem: Suíça

Investimento mundial em tecnologia: US$ 1 bilhão/ano

Áreas de atuação: produção de sementes e agrotóxicos

Presença global: 90 países

Posição do Brasil no ranking da multinacional: 2º lugar

Inadimplência em 2009: 1,5%

Terrível notícia para o país. A Syngenta como a Monsanto foram diversas vezes denunciadas por questões ambientais. E a embrapa ainda vai se envolver com uma empresa dessas.

Creio na necessidade de investimentos em pesquisas, mas alianças a qualquer custo não deve ser a saída.

Grupo Bertin agora vai disputar trem-bala

Instituto Humanitas Unisinos - 28 abr 10

Depois de vencer o leilão da Hidrelétrica de Belo Monte, no consórcio Norte Energia, o Grupo Bertin se prepara para entrar em outra competição de peso. A empresa, tradicional no ramo frigorífico, deve ser um dos principais sócios brasileiros do consórcio coreano KTX, que vai disputar a concessão do Trem de Alta Velocidade (TAV), entre Rio, São Paulo e Campinas.

A reportagem é de Renée Pereira e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 28-04-2010.

Os dois empreendimentos (TAV e Belo Monte) são os maiores do Brasil na atualidade. Juntos somam investimentos de R$ 50 bilhões. A dúvida é se o Bertin terá capacidade financeira para bancar parceria nos dois projetos bilionários. Há cerca de dois anos, o grupo participou, em consórcio, de dois leilões de usinas termoelétricas, mas não conseguiu fazer o depósito das garantias no prazo estabelecido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), nos valores de R$ 370 milhões e R$ 196 milhões. Além de ser multado, também teve 1% da garantia executada pelo órgão regulador.

Para os coreanos, no entanto, o episódio ainda não é motivo de preocupação. Outras cinco companhias negociam uma possível entrada no consórcio para disputar o TAV. Três são brasileiras, uma é argentina e outra é italiana, afirma o representante brasileiro do grupo coreano, Paulo Benites. Ele não quis dar os nomes das demais empresas por ainda estarem em negociação.

Em visita de três dias pelo Brasil, os coreanos estão otimistas com a disputa e se colocam como "a solução para o TAV brasileiro". Ontem, eles se reuniram em um hotel em São Paulo para confirmar seu interesse no empreendimento. Além dos executivos das empresas KRNA (Korea Rail Network Authority), Korail e KRRI, núcleo do consórcio, a comitiva coreana contava com representantes de gigantes (construtoras) como Posco, Hyundai, GS Group, Lotte, Daewoo, Daelim, Samsung e SK.

Segundo o presidente da KRNA, Cho Hyun Yong, essas empresas vão ajudar o consórcio a preparar o modelo de negócios e a proposta coreana para o TAV brasileiro. "Assim que o governo definir as regras (lançar o edital), essa equipe estará pronta para adequar nossa participação no projeto."

Ele alertou, no entanto, que é preciso ter agilidade para conseguir liberar o processo o mais rapidamente possível, se o País quiser contar com o empreendimento até os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio. "Para colocar o trem em operação nesta data, temos de receber os estudos de viabilidade este ano e começar a construção em 2011."

Mudanças no traçado

O coordenador-geral do projeto, Daniel Sunduck Suh, destacou que o grupo, que tem total apoio do governo coreano, trabalha com algumas alternativas de mudanças no traçado do TAV para reduzir o custo e melhorar a rentabilidade do projeto. "Mas tudo vai depender das determinações do governo no edital. Se puder, podemos mexer até no número de estações, preservando aquelas estações mandatórias."

A comitiva deve participar hoje de reuniões em Brasília, com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a estatal Valec e o Ministério dos Transportes.

Os representantes não adiantaram qual a pauta, mas esperam alguma sinalização do governo em relação aos principais riscos do empreendimento, como a questão ambiental e as desapropriações. Na avaliação dos coreanos, se não forem bem definidos, os dois pontos podem atrapalhar o cronograma do projeto.

PARA LEMBRAR

Além dos coreanos, os chineses também devem entrar na disputa pelo Trem de Alta Velocidade (TAV), entre Rio, São Paulo e Campinas. Há ainda expectativa de ofertas por parte de japoneses, franceses e alemães. Mas, até agora, são asiáticos que tem demonstrado maior apetite pelo projeto. Diante da possível disputa, o governo brasileiro corre contra o tempo para tentar realizar logo o leilão de concessão. Como é um ano eleitoral, há prazos para assinatura de contratos. A ideia é fazer a disputa até julho para não correr o risco de deixar o processo para o próximo governo, que pode encostar o projeto. O edital está em análise no Tribunal de Contas da União (TCU).