"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

sábado, março 14, 2009

Thomas Carlyle: se ninguém reagir, Gilmar dá o Golpe! É um atrevido!

Conversa Afiada - 12/março/2009 14:45

A audácia de Danton, porém, acabou mal: na guilhotina

A audácia de Danton, porém, acabou mal: na guilhotina

Diálogo (à moda de Mino Carta) com Thomas Carlyle, autor de um opúsculo sobre a revolução francesa:

- Thomas, você já viu coisa igual ao que o Gilmar Mendes faz no Brasil?

- Jamais houve coisa igual no mundo.

- No mundo, Thomas?

- No mundo!

- Como você explica isso, Thomas?

- Ele é um atrevido.

- E até onde pode chegar esse atrevimento?

- Se não houver reação a ele, ele vai dar o golpe?

- O golpe? Mas, ele consegue?

- Claro, ele está chantageando o Lula! Ele vai para o impeachment do Lula.

- Pêra aí, Thomas. Impeachment como? Baseado em que lei?

- Num decreto secreto. Ele faz um decreto secreto, a imprensa apóia e acabou-se o Governo Lula.

- Mas, como o Lula seria chantageado?

- Ele deve saber de algumas coisas inadequadas…

- Vai ver, também, que o Lula tem medo do Gilmar condenar o PT todo no mensalão…

- Claro, o Lula tem medo de muita coisa. O medo do Lula cevou o Gilmar, disse o Thomas.

- E qual é a arma mais poderosa do Gilmar?

- A audácia!

- A audácia, mais audácia, sempre audácia, não é isso?

- É, mas querer comparar o Gilmar ao Danton é o mesmo que comparar a luz do sol com a de um candeeiro!

Paulo Henrique Amorim

Algoz de Protógenes absolve Protógenes. Protógenes vai preso por “perigo de gol”

Conversa Afiada - 12/março/2009 13:10

CPI do Lunus Itagiba: sem comentários...

CPI do Lunus Itagiba: sem comentários...

Extraído do Globo (quase não dá para ler, porque o Globo tentou esconder, pág. 8):

“… Mas Amaro (delegado Amaro Vieira Ferreira, que investiga o vazamento do vazamento do vazamento) registrou que, em tese, os 450 grampos foram fruto de escutas autorizadas pela Justiça”.



Conclusão número um: Protógenes não cometeu crime nenhum.Conclusão número dois: a reportagem de Veja é uma fraude.

Conclusão número três: a CPI dos Amigos do Dantas, sob a presidência de Marcelo Lunus Itagiba, é uma fraude.

Conclusão número quatro: a CPI do Lunus Itagiba vai servir para chantagear. Enfiar lá dentro tudo o que ajudar a chantagear. Por exemplo, o Lulinha, que o delegado Protógenes não investigou.

Conclusão número cinco: que o Ministro da Justiça Abelardo Jurema se postou de quatro diante da reportagem da Veja, porque tem vocação para a subserviência. Nem parece gaúcho. Ah, se o Brizola soubesse disso!

Conclusão número seis: quem se saiu bem da história foi a Ministra Dilma Rousseff que ridicularizou a “reportagem” de Expedito Filho, um especialista em colocar sacos vazios de pé.

Conclusão número sete: que o presidente Supremo do Supremo, Gilmar Dantas, segundo Ricardo Noblat, propôs o controle dEle, pessoal, totalitário, da Polícia Federal com argumento que não fica em pé: a “reportagem” da Veja. Cadê o grampo sem áudio? Quem vai vazar o áudio para o William Bonner exibir? (Clique aqui para ler sobre a ultima do jornal nacional).

Conclusão número oito: quem vai mandar fechar a Veja? É a terceira capa consecutiva da Veja com grampos inventados, corroborados pelo Supremo Presidente e pelo PiG (*)? Era bom alguém perguntar como é que fizeram com a famiglia Civita na Argentina. Ah, se o Brizola fosse vivo!

Conclusão número nove: e o José Dirceu, que apoiou a Veja? Onde vai se esconder?

Conclusão número dez: o ínclito Delegado Protógenes Queiroz vai ser indiciado (tomara que seja preso!) por “perigo de gol”. Ele chegou muito perto da elite branca e de olhos azuis. Ele prendeu Daniel Dantas duas vezes. Ele apanhou (a equipe dele) os 12 HDs atrás da parede falsa do apartamento de Dantas no Rio. E a República brasileira – dos tucanos aos petistas – está toda lá dentro dos HDs. Perigo de Gol, marcou o Supremo Juiz! Tomara que prendam o Protógenes !

Paulo Henrique Amorim

(*)Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista

Protógenes e De Sanctis deveriam processar William Bonner

Conversa Afiada - 12/março/2009 10:37

O Bonner também acredita em grampo sem áudio ?

O Bonner também acredita em grampo sem áudio ?

O jornal nacional, através de William Bonner, disse que durante a Operação Satiagraha houve uma interceptação ilegal de uma conversa telefônica do Supremo Presidente do Supremo. Ele, com o senador Demóstenes Torres.



Quem disse isso ao Bonner ? O Presidente Supremo do Supremo ?O deputado serrista Itagiba Lunus ?

O delegado Protógenes Queiroz leva no bolso uma decisão da Justiça que diz que ele NÃO é sequer investigado pelo suposto grampo do Presidente Supremo Gilmar Dantas, segundo Ricardo Noblat.

Uma Juíza Federal, amiga de Gilmar Dantas, segundo Noblat, também acreditou que o corajoso Juiz Fausto De Sanctis tivesse autorizado o grampo “ilegal” do Supremo Presidente do Supremo.

Deu com os burros n’água.

A Abin já chegou à conclusão de que não houve grampo nenhum.

O ministro da Justiça, Abelardo Jurema, também já disse que a Polícia Federal não achou grampo nenhum.

Por que o Bonner não exibe o áudio desse grampo ?

Ele acredita em grampo sem áudio ?

Acredita em Papai Noel ?

Ou o Bonner deu para mentir ?

Se eu fosse o Protógenes ou o De Sanctis processava o Bonner.

Paulo Henrique Amorim

Mainardi se debate com Santos Dumont

Conversa Afiada - 12/março/2009 9:36

O problema de Mainardi é com a inteligência

O problema de Mainardi é com a inteligência

O Conversa Afiada recebeu de um navegante amigo a seguinte nota da Aeronáutica:

O Centro de Comunicação Social da Aeronáutica lamenta o desconhecimento do brasileiro Diogo Mainardi sobre a história dos Heróis da Pátria de seu país, demonstrado em artigo publicado na edição n. 2.103 da revista VEJA, de 11 de março de 2009, sob o título “A Inteligência Brasileira”.

Ao se referir a Alberto Santos-Dumont, inventor do avião, o cético Diogo Mainardi desconhece que o brasileiro voou pela primeira vez em 23 de outubro de 1906, no Campo de Bagatelle, Paris - França, dois anos antes dos americanos irmãos Wright.

No evento, com o testemunho de uma multidão de pessoas, Santos-Dumont conquistou o “Prêmio Archdeacon”, honraria concedida ao primeiro aviador que conseguisse voar uma distância de 25m com ângulo máximo de queda de 25%. O fato teve o reconhecimento e a homologação pelo órgão de aviação da época, L`Aero-Club de France e sancionado pelo embrião da International Aeronautics Federation (FAI).

Ainda sim, em 12 de novembro de 1906, Santos Dumont conquistou o “Prêmio Aeroclube da França”, concedido ao aviador que voasse uma distância de 100m. Na ocasião, todos os aviadores foram convidados a participar da competição e Santos-Dumont voou com seu 14-Bis uma distância de 220m. Em 1939, a revista norte-americana “National Aeronautics”, em seu nº 12, volume 17, também registra esse voo como o primeiro recorde de aviação (distância) do mundo.

Já os irmãos Wright, com seu “Flyer”, demonstraram o voo em público pela primeira vez somente em 21 de setembro de 1908. De acordo com o “New York Times”, de 17/12/1951, o telegrafista Alpheus W. Drinkwater, uma das poucas testemunhas oculares de um suposto voo ocorrido em 17 de dezembro de 1903, afirmou que naquela data o “Flyer” apenas planou, sendo que o primeiro voo somente aconteceu em 06 de maio de 1908, tanto que em 22 de maio de 1906 eles obtiveram, nos EUA, a patente nº. 821.393 para um planador.

Por fim, seguindo a linha de raciocínio adotada pelo Sr. Mainardi, um ótimo exemplo dessa inteligência brasileira a que o texto se refere seja ele mesmo, que distorcendo a história e omitindo fatos oficialmente registrados, perde a oportunidade de homenagear um herói brasileiro.

Centro de Comunicação Social da Aeronáutica

Santayana: Por que FHC e Serra temem as prévias?

Conversa Afiada - 12/março/2009 9:00

Por que eles tem medo do povo?

Por que eles tem medo do povo?

O Conversa Afiada reproduz artigo de Mauro Santayana publicado hoje no Jornal do Brasil:

Coisas da Política - Por que temer as prévias?

Mauro Santayana

Insurge-se, e de forma direta, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso contra a realização de prévias eleitorais para a escolha do candidato de seu partido à sucessão do presidente Lula. A primeira pergunta que todos fazemos é simples: por que temer a consulta às bases partidárias? Os partidos são organizações da cidadania para a conquista do poder, não devem ser rebanhos de eleitores, encabrestados por uma direção partidária, que se julga capaz de pensar por todos, decidir por todos, a todos impor a sua própria visão da política e de governo. Os que temem o povo não podem reivindicar o direito de governá-lo.

As prévias são prévias. Não constituem a eleição, mas a escolha democrática, pelos partidos, de seus candidatos. Há uma distância entre os postulantes, na esfera partidária, e os candidatos, nas eleições populares. Mas é preciso ser soberbamente elitista alguém que se considere mais apto a escolher os candidatos do que a própria base partidária. Essa presunção acarreta grave responsabilidade. Se o escolhido pela cúpula for derrotado – e a derrota, nesse caso, é possibilidade maior do que a vitória – caberá à direção o ônus do malogro eleitoral. Se a decisão é obtida nas prévias, ela é da responsabilidade do corpo partidário. Como advertia Aristóteles, uma multidão tem menos possibilidade de errar do que um só. Um só, ou um pequeno grupo. A escolha será tanto mais legítima quanto mais plural.

O ex-presidente da República se considera o maior líder político brasileiro, como confidenciam alguns de seus amigos. Se assim é, ele sabe que poderá influir sobre os militantes e filiados, de forma a assegurar a escolha do candidato que prefira. A menos que o sociólogo tenha recebido sinais de que o seu prestígio míngua, assolado pelas novas realidades. Ele sabe que, se sair às ruas, provavelmente será indagado por que aderiu com tanto entusiasmo ao Consenso de Washington, a ponto de comprometer, de forma irreparável, a economia nacional. Ele só não conseguiu privatizar tudo e desnacionalizar mais o sistema financeiro, porque houve reação viril à desestatização do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal e de boa parte do setor de energia elétrica. Hoje, mesmo economistas neoliberais concluem que ainda não fomos à breca porque dispomos de um sistema estatal de crédito, que escapou da fúria entreguista do governo FHC.

O mundo está passando por momento de reflexão. Mesmo os mais ricos da América Latina, que se reuniram agora em Cartagena de Índias, sabem que terão que se desfazer de alguns anéis. Não é possível continuar o enriquecimento cada vez maior de reduzida minoria em prejuízo da imensa maioria dos excluídos dos padrões de saúde, de educação, de segurança e do conforto da vida moderna.

É curioso que alguns tucanos sugiram um “gabinete de crise”, com a presença da oposição, a fim de cuidar da administração da crise econômica. Primeiro, eles, se fossem intelectualmente honestos, admitiriam que o governo passado agiu mal quando aceitou as regras da globalização, sem qualquer reciprocidade, e hoje desmascaradas de forma contundente. Admitimos, aqui, normas redigidas pelos serviçais do grande capital financeiro, como a Lei de Responsabilidade Fiscal, a ditatorial Lei de Patentes, a abertura ao fluxo de capitais, a criação dos paraísos fiscais, com as empresas off-shore, a constituição dos fundos especulativos, entre eles o capitaneado pelo banqueiro Daniel Dantas e seus sócios da chamada equipe econômica. Hoje, no centro mundial do capitalismo, essas práticas são inquinadas de criminosas. Mas, entre nós, as coisas são diferentes. O senhor Madoff está de grilhões eletrônicos, confinado em sua casa, enquanto, aqui, o banqueiro Dantas encontra a proteção de altos senhores. Os tucanos que querem ajudar a administrar a crise devem ficar calados. Nos governos parlamentaristas é natural que a oposição crie shadow cabinets, a fim de demonstrar sua capacidade de enfrentar as crises e, assim, preparar-se para confrontar-se com o governo no Parlamento. Nos sistemas presidencialistas, como o norte-americano e o nosso, isso seria apenas inútil petulância.

Já temos, no Brasil, o exemplo da participação direta dos cidadãos nas decisões administrativas e políticas de alguns municípios. Quanto mais se ouve a cidadania, que se torna interessada e vigilante na fiscalização, melhores são os resultados, seja no emprego dos recursos públicos, seja no combate à corrupção. Por isso é difícil entender por que os tucanos de São Paulo não querem ouvir o resto do Brasil.

HIPOCRISIA POLÍTICA

aijesus.blogspot.com - 12/03/09


escrito por Carlos M. E. Lopes

Enquanto Nino era enterrado perante o desprezo internacional e sobretudo de Portugal, José Eduardo dos Santos era recebido como salvador da crise em Portugal, tal como o Rei Fadh em Marbella.

Nino Vieira era Presidente de uma República onde a corrupção campeia, as instituições democráticas não funcionam, os militares fazem o que querem
(embora haja eleições).
Em Angola, não. O presidente é eleito, as instituições funcionam e a corrupção não existe.

Sabemos que na Guiné não há muito para roubar, mas em Angola... caramba!…

Portugal, como o resto do Mundo, rege-se por firmes princípios de respeito dos direitos humanos e não podia pactuar com a situação na Guiné. Os guineenses terão de compreender este facto.

Angola é um exemplo de lisura, respeito pelos direitos humanos e uma democracia avançada. Não há comparação...

Veja e os dados da CPI

Blog do Luis Nassif - 12/03/09

Atualizado

Por Fabio

Nassif,

Eu só não entendo uma coisa.

Há uma semana o juiz Ali Mazloum abriu o sigilo do inquérito contra o Protógenes ( o da Kroll, sobre a espionagem feita por Daniel Dantas, o Gilmar Dantas não deixa abrir ).

A VEJA faz uma matéria escandalosa, cujo único documento que ela mostra é um depoimento de um sujeito que fala algo que ele diz ter ouvido de Protógenes. O ÚNICO DOCUMENTO!!! O resto é só tergiversação do Expedito Filho que é famoso por usar fontes picaretas e fazer um caldo condenatório, como nessa reportagem.

O material, cujo sigilo foi aberto, está na CPI há uma semana. A matéria da VEJA serviu para prorrogar essa CPI dos Amigos de Dantas, que deveria estar toda na cadeia, não no plenário.

E a VEJA disse que tinha o inquérito, CUJO SIGILO FOI ABERTO, 1840 videos, 38943 grampos, 354756 arquivos, etc, etc. Eu abro o jornal todo dia e não vi UM AINDA!!!! Nada!!!! Pelo contrário, a notícia começa a sumir nos jornais. O GLOBO hoje fala que o Delegado Amaro acha que todos os audios são com autorização judicial, o Painel da FOLHA diz que deputados pensam em vazar tudo na imprensa para ver se acham alguma coisa, etc, etc.

Ora, ora, pergunto eu? O sigilo não foi aberto pra todo mundo??? É só pra VEJA ou para os deputados picaretas??? Vamos publicar esse inquérito contra o Protógenes na internet, como fizeram com um relatório “parcial” da Satiagraha. Aí desmascara de vez essa VEJA e esse GIlmar Dantas, e a gente pode entender porque eles, e o Ali Kamel, estão tão desesperados.

Dando nomes aos bois?

Blog do Luis Nassif - 12/03/09

Por Stanley Burburinho

A estudantes, Protógenes diz que dará “nome aos bois” na CPI

Sebastião Montalvão
Especial para o UOL Notícias

Em Goiânia

Pivô da polêmica sobre supostas ilegalidades em investigações de autoridades, o delegado Protógenes Queiroz, da Polícia Federal, afirmou ontem em Goiânia que vai “dar nome aos bois” quando for prestar esclarecimentos à CPI dos Grampos.

Protógenes foi convocado a depor novamente pela Comissão Parlamentar de Inquérito, que foi prorrogada por 60 dias após reportagem da revista “Veja” do fim de semana passado.

“Prestarei todos os esclarecimentos necessários. Inclusive sobre a participação das pessoas do cenário nacional. O Brasil saberá o nome de cada pessoa envolvida”, declarou. (…)

Logo na abertura, uma aluna da faculdade, identificada como Iara Neves, rasgou um exemplar da “Veja”, sob aplausos da maioria presente. A publicação apontou supostas irregularidades nos métodos de investigação de Protógenes na Operação Satiagraha, que resultou na prisão, dentre outros, do banqueiro Daniel Dantas.

Referindo-se a Dantas como “Banqueiro Bandido”, Protógenes disse que não teme a CPI e que até faz questão de ser questionado. “Estou muito tranquilo com essa questão. As provas são claras. Faço questão de ir à CPI.” Ele também disse que não teme represálias: “Só temo a Deus. Tenho medo da desonra. Não da morte.” Protógenes permaneceu em Goiânia até o final da manhã de hoje, quando seguiu para Brasília.

A reação contra os assassinatos de reputação

Blog do Luis Nassif - 12/03/09

Por Paulo

Nassif, o Parlamento britânico montou uma comissão de inquérito sobre “os padrões da imprensa, privacidade e difamação no país”, segundo a BBC. Está ouvindo vítimas de assassinatos de reputação, como o pai da Madeleine McCann, acusado de ter relação com o sumiço da filha. Ele denunciou, por experiência própria, que os jornais têm “potencial para arruinar a vida das pessoas”.

Agora imagina se fosse no Brasil! Veja e Globo fariam discursos contra a ditadura petista e o senador Arthur Virgilio apareceria no Jornal Nacional defendendo a liberdade de imprensa! Mas o Reino Unido por acaso é uma ditadura? Então por que a mídia brasileira tem tanto medo de se submeter à fiscalização pública?

Segue link para a notícia: clique aqui Leia mais »

Crise da água poderá ser dramática, revela estudo da ONU

Instituto Humanitas Unisinos - 12/03/09

Há uma real ameaça de crise planetária dos recursos de água. Se nada for feito, o desenvolvimento humano e econômico e a estabilidade política de muitas regiões do mundo estarão em perigo. Esta é, em resumo, a mensagem da ONU, que publica neste dia 12 de março o terceiro relatório mundial sobre os recursos de água, a apenas alguns dias do Fórum Mundial da Água, que deverá reunir cerca de 15.000 pessoas em Istambul (Turquia), a partir do dia 16 de março.

Segue a reportagem de Gaëlle Dupont e publicada no jornal francês Le Monde, 11-03-2009. A tradução é do Cepat.

Sob a égide da Unesco, 27 agências da ONU trabalharam nesse documento, publicado a cada três anos sempre antes de cada Fórum. Pela primeira vez, o tom é alarmante. “Apesar do caráter vital da água, o setor sofre de uma falta crônica de interesse político, de uma má gestão, e de falta de investimentos”, afirma Koïchiro Matssura, diretor da Unesco, no preâmbulo ao texto. “É preciso agir com urgência para evitar uma crise global”.

Demografia. O crescimento da população mundial, de 80 milhões de pessoas por ano, aumenta as necessidades em água em 64 bilhões de metros cúbicos a cada ano. Fator agravante: esse crescimento é concentrado nas cidades, cujo fornecimento será um dos maiores desafios no futuro.

Usos. A parte da água potável no consumo doméstico ainda continua baixa. As exigências são maiores para a agricultura, para a produção de energia e para o desenvolvimento econômico. Na questão agrícola, a evolução dos hábitos alimentares pesa fortemente. “O crescimento econômico nos países emergentes leva ao aparecimento de uma classe média consumidora de leite, pão e carne”, destaca o texto. A produção de um quilo de trigo necessita entre 400 e 2.000 litros de água, de acordo com as regiões, ao passo que um quilo de carne necessita entre 1.000 e 20.000 litros.

Indústria. A energia é o segundo setor que mais utiliza água. A luta contra as emissões de gás de efeito estufa estimula o desenvolvimento da hidroeletricidade, que representa hoje 20% da produção elétrica mundial, e os agrocombustíveis. Ora, são necessários 2.500 litros de água para a produção de um litro de combustível “verde”. Um recurso abundante é também indispensável para o resfriamento das centrais térmicas e nucleares. As empresas, em particular nos setores têxtil, eletrônico, agroalimentar, mineiro e metalúrgico, também têm necessidade de grandes quantidades de água para funcionar.

Mudança climática. Ao mesmo tempo, os regimes hidrológicos são desregulados pelo aquecimento global. Os modelos climáticos concordam em prever secas mais longas e inundações mais frequentes. Nas regiões alimentadas por glaciares ou neves, o degelo é mais precoce, disponibilizando a água na primavera e não no verão, quando há maior necessidade.

Ecossistemas degradados. Múltiplas facetas da crise da água são visíveis. Os conflitos entre usuários, as tensões entre países se multiplicam. Os ecossistemas, super-explorados, se degradam. “Em algumas regiões, a redução dos estoques e a poluição atingiram um ponto de não retorno”, afirmam os autores do relatório. Alguns grandes rios, como o Colorado, o Nilo, ou o rio Amarelo, não correm mais ao mar. O desaparecimento das zonas úmidas, a queda dos lençóis freáticos subterrâneos, a poluição pelos dejetos industriais, agrícolas ou urbanos, a proliferação de algas nocivas, não têm somente graves consequências para a biodiversidade, mas elas hipotecam a capacidade dos ecossistemas em fornecer uma água potável às gerações futuras.

Impacto econômico. As secas na Austrália, China, Califórnia, implicam uma limitação da produção agrícola e perdas econômicas. No Quênia, o impacto combinado das secas e das inundações ocorridas entre 1977 e 2000 foi avaliado em 4,8 bilhões de dólares, ou seja, 16% do Produto Interno Bruto (PIB).

Saúde. A crise da água tem consequências sanitárias dramáticas. Nos países em desenvolvimento, 80% das doenças estão ligadas à água. Elas causam 1,7 milhão de mortes por ano. A ausência do acesso a uma água potável de qualidade e, sobretudo, a falta de infra-estrutura de saneamento, estão em xeque. A epidemia do cólera no Zimbábue, que causou mais de 4.000 mortes desde agosto de 2008, dada a ruína da infra-estrutura hídrica do país, é um caso ilustrativo.

Desafio político. “Após décadas de falta de ação, os problemas são enormes e se agravarão caso não forem atacados”, afirma o texto. “Mas se os desafios são grandes, não são insuperáveis”. O primeiro imperativo é parar de pensar o recurso como inesgotável, e refundar uma gestão até aqui “não sustentável e desigual”. É preciso “utilizar melhores o que temos”.

O déficit de financiamento das infra-estruturas (de fornecimento, saneamento ou estocagem) foi considerado durante muito tempo como o principal obstáculo. “Os recursos consagrados à água são minúsculos comparados às somas investidas na luta contra as emissões de gás de efeito estufa ou a crise financeira”, constatam os autores. Segundo eles, “um equilíbrio melhor” deverá ser encontrado entre a luta contra a mudança climática e a adaptação aos seus efeitos.

Entretanto, o que mais faz falta é a tomada de consciência política. “A água deverá estar no centro das políticas agrícolas, energéticas, de saúde, de infra-estruturas, de educação”, afirma Olcay Unver, coordenador do relatório. “Os gestores da água estão convencidos, mas não são eles que tomam as decisões. São os chefes de Estado e de governo que devem se inteirar do assunto”.

CTNBio se prepara para aprovar arroz transgênico

Instituto Humanitas Unisinos - 12/03/09

Depois da soja, do milho e do algodão, órgão responsável pela liberação de transgênicos no Brasil deve aprovar uma variedade de arroz modificado desenvolvida pela transnacional Bayer. Novo transgênico é resistente ao glufosinato de amônio, herbicida proibido em diversos países.

A reportagem é de Maurício Thuswohl e publicada pela Carta Maior, 12-03-2009.

Depois da soja, do milho e do algodão, chegou a hora do arroz transgênico. A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), órgão responsável pela liberação de organismos geneticamente modificados no Brasil, marcou para o dia 18 de março uma audiência pública com o objetivo de discutir o pedido de liberação comercial feito pela transnacional de origem alemã Bayer CropScience para uma variedade de arroz transgênico desenvolvida pela empresa. O anúncio da audiência foi recebido com repúdio pelo movimento socioambientalista, pois o arroz transgênico da Bayer foi modificado para se tornar resistente ao glufosinato de amônio, um herbicida proibido em diversos países devido aos riscos que traz à saúde humana.

O glufosinato de amônio foi banido pelo Parlamento Europeu em uma decisão tomada em janeiro deste ano. O herbicida, ao lado de 21 outras substâncias, foi considerado pelos parlamentares como “carcinogênico, mutagênico e tóxico à reprodução”. Os deputados europeus tomaram como base um estudo desenvolvido pela Autoridade Européia em Segurança Alimentar (EFSA, na sigla em inglês), que afirma que o glufosinato “representa grande risco para mamíferos”. A substância, também banida no Japão, é apontada pelos cientistas como causadora de abortos, nascimentos prematuros e morte intra-uterina em ratos de laboratório.

Apesar da reprovação científica, o glufosinato produzido pela Bayer, sob as marcas Liberty e Basta, é um dos herbicidas mais vendidos do mundo. Os mercados dos Estados Unidos e da América Latina garantiram à empresa em 2007 um faturamento de 241 milhões de euros. O mercado brasileiro é um dos maiores alvos da Bayer desde que a CTNBio aprovou a liberação comercial do milho transgênico Liberty Link, desenvolvido pela empresa. Questionada no Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS) pelo Ibama e pela Anvisa, a liberação do milho Liberty Link acabou sendo confirmada no ano passado.

Em nota divulgada no fim de fevereiro, as organizações reunidas na Campanha por um Brasil Livre de Transgênicos afirmam que “está se armando uma verdadeira invasão de sementes transgênicas de milho no país”. Segundo a organização AS-PTA, das 261 novas cultivares registradas desde 2008 no Ministério da Agricultura, 146 são transgênicas. Isso significa que, já na primeira safra desde a liberação do milho da Bayer, cerca de 56% das sementes que entrarão no mercado são transgênicas.

“Este fato não é sem explicação e nem sem nefastas conseqüências. A causa desse fenômeno é simples: o mercado de sementes comerciais no Brasil sofreu, ao longo da última década, um incrível processo de concentração e transnacionalização. Hoje, um pequeno grupo de empresas transnacionais, a maioria das quais atuando também no setor de agrotóxicos, domina o mercado”, afirma a nota divulgada pela Campanha por um Brasil Livre de Transgênicos.

Com a possibilidade da liberação também do arroz transgênico da Bayer, o movimento socioambientalista teme que o Brasil seja invadido de vez pelo glufosinato, o que traria conseqüências óbvias à saúde da população. Na internet, o Greenpeace disponibilizou um link onde os internautas podem enviar mensagens para pressionar os membros da CTNBio. Até terça-feira (10), mais de dez mil mensagens já haviam sido enviadas: “A Bayer ronda o arroz com feijão nosso de todo dia com sua semente transgênica”, afirma a convocação feita pelas ONGs.

Cartas marcadas

Subordinada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, a CTNBio é claramente dominada, desde sua criação, por setores mais ligados à indústria de biotecnologia e menos preocupados com questões ambientais ou de saúde humana. Depois que diminuiu de dois terços para maioria simples seu quorum mínimo de aprovação em votações, a comissão virou uma máquina de aprovar transgênicos, para desespero daqueles que defendem a adoção do princípio da precaução no que se refere aos organismos geneticamente modificados.

A postura pró-transgênicos da CTNBio deve se aprofundar em 2009. As vagas hoje disponíveis na comissão serão preenchidas pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, que já afirmou que “não aceitará certas indicações” feitas pelos ministérios. Os alvos de Rezende são os representantes indicados pelos ministérios da Saúde, Meio Ambiente (MMA) e Desenvolvimento Agrário (MDA), que vêm adotando postura mais cautelosa frente aos transgênicos nas discussões travadas na comissão.

Na única reunião da CTNBio realizada este ano até o momento, alguns membros discutiram o objetivo de simplificar ainda mais as regras internas da comissão, que foram aprovadas no ano passado após um longo processo de consulta pública. Um grupo chegou a sugerir ao presidente da CTNBio, Walter Colli, a adoção de um procedimento “fast track” para liberações de campos experimentais. Também foi sugerida a importação do modelo adotado nos EUA, no qual as empresas são obrigadas apenas a notificar o governo informando que realizaram um plantio experimental com determinado transgênico e em determinada região.

Consensos problemáticos

Instituto Humanitas Unisinos - 12/03/09

É intrigante a facilidade com que se criam certos consensos e se mudam o conteúdo destes consensos de um momento para outro. Nós últimos meses assistimos a uma dessas mudanças. O Estado, que era apontado como vilão, passou a ser a solução. E o mercado passou a ser o problema. O artigo é de Boaventura de Sousa Santos, sociólogo, e publicada pela Carta Maior, 12-03-2009.

Eis o artigo.

Há anos me intriga a facilidade com que nas sociedades européias e da América do Norte se criam consensos. Refiro-me a consensos dominantes, perfilados pelos principais partidos políticos e pela grande maioria dos editorialistas e comentaristas dos grandes meios de comunicação social. São tanto mais intrigantes quanto ocorrem sobretudo em sociedades onde supostamente a democracia está mais consolidada e onde, por isso, a concorrência de ideias e de ideologias se esperaria mais livre e intensa. Por exemplo, nos últimos trinta anos vigorou o consenso de que o Estado é o problema, e o mercado, a solução; que a atividade econômica é tanto mais eficiente quanto mais desregulada; que os mercados livres e globais são sempre de preferir ao protecionismo; que nacionalizar é anátema, e privatizar e liberalizar é a norma.

Mais intrigante é a facilidade com que, de um momento para o outro, se muda o conteúdo do consenso e se passa do domínio de uma ideia ao de outra totalmente oposta. Nos últimos meses assistimos a uma dessas mudanças. De repente, o Estado voltou a ser a solução, e o mercado, o problema; a globalização foi posta em causa; a nacionalização de importantes unidades econômicas, de anátema passou a ser a salvação. Mais intrigante ainda é o fato de serem as mesmas pessoas e instituições a defenderem hoje o contrário do que defendiam ontem, e de aparentemente o fazerem sem a mínima consciência de contradição. Isto é tão verdade a respeito dos principais conselheiros econômicos do Presidente Obama, como a respeito do Presidente da Comissão da União Europeia ou dos atuais governantes dos países europeus. E parece ser irrelevante a suspeita de que, sendo assim, estamos perante uma mera mudança de tática, e não perante uma mudança de filosofia política e econômica, a mudança que seria necessária para enfrentar com êxito a crise.

Ao longo destes anos, houve vozes dissonantes. O consenso que vigorou no Norte global esteve longe de vigorar no Sul global. Mas a dissensão ou não foi ouvida ou foi punida. É sabido, por exemplo, que desde 2001 o Fórum Social Mundial (FSM) tem feito uma crítica sistemática ao consenso dominante, na altura simbolizado pelo Fórum Econômico Mundial (FEM). A perplexidade com que lemos o último relatório do FEM e verificamos alguma convergência com o diagnóstico feito pelo FSM faz-nos pensar que, ou o FSM teve razão cedo de mais, ou o FEM tem razão tarde de mais. A verdade é que, mais uma vez, o consenso é traiçoeiro. Pode haver alguma convergência entre o FEM e o FSM quanto ao diagnóstico, mas certamente não quanto à terapêutica.

Para o FEM e, portanto, para o novo consenso dominante, rapidamente instalado, é crucial que a crise seja definida como crise do neoliberalismo, e não como crise do capitalismo, ou seja, como crise de um certo tipo de capitalismo, e não como crise de um modelo de desenvolvimento social que, nos seus fundamentos, gera crises regulares, o empobrecimento da maioria das populações dele dependentes e a destruição do meio ambiente. É igualmente importante que as soluções sejam da iniciativa das elites políticas e econômicas, tenham um carácter tecno-burocrático, e não político, e sobretudo que os cidadãos sejam afastados de qualquer participação efetiva nas decisões que os afetam e se resignem a “partilhar o sacrifício” que cabe a todos, tanto aos detentores de grandes fortunas como aos desempregados ou reformados com a pensão mínima.

A terapêutica proposta pelo FSM, e por tantos milhões de pessoas cuja voz continuará a não ser ouvida, impõe que a solução da crise seja política e civilizacional, e não confiada aos que, tendo produzido a crise, estão apostados em continuar a beneficiar da falsa solução que para ela propõem. O Estado deverá certamente ser parte da solução, mas só depois de profundamente democratizado e livre dos lóbis e da corrupção que hoje o controlam. Urge uma revolução cidadã que, assente numa sábia combinação entre democracia representativa e democracia participativa, permita criar mecanismos efectivos de controlo democrático, tanto da política como da economia.

É necessária uma nova ordem global solidária que crie condições para uma redução sustentável das emissões de carbono até 2016, data em que, segundo os estudos da ONU, o aquecimento global, ao ritmo actual, será irreversível e se transformará numa ameaça para a espécie humana. A existência da Organização Mundial de Comércio é incompatível com essa nova ordem. É necessário que a luta pela igualdade entre países e no interior de cada país seja finalmente uma prioridade absoluta. Para isso, é necessário que o mercado volte a ser servo, já que como senhor se revelou terrível.

A essa altura, a principal alavancagem é fiscal

Instituto Humanitas Unisinos - 12/03/09

Um estudioso de sistemas monetários e financeiros, o economista Fernando Cardim de Carvalho, da UFRJ, acredita que um corte de juros, agora, é pouco eficaz porque já houve “um colapso da confiança”. O BC chegou atrasado, diz Carvalho. Na sua opinião, é preciso ampliar investimentos públicos.

A entrevista é de Luciana Rodrigues e publicada pelo jornal O Globo, 12-03-2009.

Eis a entrevista.

Como o senhor avalia a eficácia do corte de juros diante da crise atual?

A política monetária, neste momento, tem importância secundária. O que não quer dizer que não foi bom os juros terem sido reduzidos e que não seria melhor se o corte fosse ainda maior. Mas a política monetária atua sobre agentes privados, sobre a decisão de empresários e consumidores. E, neste momento de colapso da confiança e do otimismo, surte pouco efeito. A essa altura da crise, a principal alavancagem é fiscal. É preciso uma atuação mais agressiva para sustentar a demanda, e só quem pode ser agressivo o suficiente é o governo. Então, o grande papel da política monetária é reduzir os encargos do endividamento público e, assim, aumentar a latitude da política fiscal.

É preciso mais gastos públicos?

É preciso mais investimentos públicos. Já passou a hora da política monetária. Teria surtido efeito em setembro ou outubro, quando o setor privado ainda estava disposto a investir e consumir, mas houve a contração do crédito. Agora, a preocupação dos consumidores é com o emprego, e a dos empresários, com a ociosidade de suas indústrias. E o setor bancário não vai emprestar mais só porque os juros caíram, até porque não vai emprestar para quem pode ir à falência ou perder o emprego. E também não haverá demanda por esse crédito. Até nos EUA o momento da política monetária já passou.

Então deveríamos seguir aqui o exemplo do presidente Barack Obama e ampliar investimentos públicos?

Sim, porém com muito mais liberdade, porque lá o presidente precisa da aprovação do Congresso para cada novo gasto. Aqui, nossos investimentos públicos são muito baixos, de 2% ou 3% do PIB. E este é o gasto público mais eficaz do ponto de vista de aumentar a demanda da economia. Existem mil boas justificativas para as políticas sociais mas, do ponto de vista de incentivar a economia, esse gasto não é tão importante quanto o investimento público. Quem recebe uma ajuda do governo, num momento de crise, pode optar por guardar, ou emprestar para um parente em dificuldades. Mas investimento público significa mais compra de asfalto, de maquinário, de força de trabalho.

Com a economia crescendo menos, a arrecadação deve cair. Será necessário reduzir a meta de superávit fiscal para ampliar os investimentos públicos?

Essa é uma discussão precipitada. Se a economia vai crescer menos, e será inevitável uma contração no PIB este ano, o corte de juros também vai diminuir as despesas financeiras, que hoje são enormes. O ideal neste momento é continuar reduzindo a Selic e talvez nem seja necessário reduzir a meta de superávit fiscal, porque a economia com encargos financeiros está longe de ser desprezível. Nossa dívida pública atrelada à Selic está perto de 40% do PIB. E uma redução dos juros acaba, indiretamente, barateando o custo dos outros títulos públicos também, por arbitragem no mercado financeiro. Um corte de 1,5 ponto percentual na Selic não é dinheiro que se jogue fora.

O senhor acredita que o corte feito pelo BC ontem poderia ter sido maior?

O corte em si, de 1,5 ponto percentual, não foi pequeno. O problema é de onde partimos, de uma taxa muito elevada. E ainda a demora que levou para isso ocorrer. Nosso Banco Central é muito lento quando se compara ao resto do mundo. Caminha a passos de cágado. Aqui, o BC se convenceu de que a atividade econômica e o emprego não é problema dele. E se vier com declarações e explicações naquele ramerrame de que está atento a sei lá o quê, aí o efeito positivo na confiança será nenhum. O problema aqui é que, cada vez que o Banco Central dá um pulo desse (ou seja, faz um corte maior de juros), fica depois um ano e meio parado para se recuperar da vertigem.

Há perspectivas de alívio na crise internacional?

Estamos indo para o terceiro ano de crise, pois os problemas do subprime americano começaram a ficar mais evidentes em março de 2007. Isso em si já é uma indicação de que estamos no campo da excepcionalidade. Estamos muito mais próximos do que ocorreu na década de 30 (a Grande Depressão) do que em qualquer crise anterior. Os EUA não devem se recuperar antes de 2010 ou 2011. A União Européia, que não tinha entrado ainda no abismo, começa a mostrar um colapso em Alemanha e França. Os novos países do bloco estão falidos. Há problemas bancários na Itália e na Áustria. Este é o segundo ato da crise.

Indústria e centrais sindicais dizem que corte é insuficiente

Instituto Humanitas Unisinos - 12/03/09

Embora considerem que a redução da Selic venha na direção correta, representantes da indústria, do varejo e de centrais sindicais dizem que o corte de 1,5 ponto percentual nos juros ainda não está na medida adequada e pedem ousadia do Banco Central.

A notícia é do jornal Folha de S. Paulo, 12-03-2009.

Segundo o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, o Copom (Comitê de Política Monetária) precisa agir com mais rapidez para evitar o agravamento do quadro de retração econômica, depois da queda de 3,6% no PIB no quarto trimestre de 2008. Para ele, o órgão deveria se reunir de 15 em 15 dias e promover reduções graduais até a Selic chegar a um nível entre 7% e 8%.

"Os responsáveis pela política econômica serão, também, os responsáveis pelo desemprego no Brasil se, a curto prazo, não acontecerem novos cortes na Selic", disse, em nota.

O presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), deputado Armando Monteiro Neto (PTB-PE), considera "frustrante" a redução de 1,5 ponto na taxa Selic. "Esse movimento de aceleração no corte dos juros não tem a intensidade necessária ao momento", disse. "O BC ainda mostra descompasso com o esforço de evitar a recessão."

Na mesma linha, o presidente da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), Alencar Burti, qualificou como "tímida" a decisão do Copom. "Esperávamos que a coragem revelada pelas autoridades monetárias em elevar as taxas de juros fosse demonstrada agora com uma redução mais ousada."

Para a CUT (Central Única dos Trabalhadores), a queda dos juros "era a única decisão aceitável diante da conjuntura". Mas a central avalia que a queda é " tardia".

"O Brasil ainda tem chances de registrar crescimento em 2009, e devemos ser ousados para não perder a oportunidade", disse o presidente da central, Artur Henrique.

A Força Sindical classificou a decisão do Copom como "nefasta" para os trabalhadores. "Os insensíveis tecnocratas do Banco Central perderam uma ótima oportunidade de afrouxar um pouco a corda que está estrangulando o setor produtivo, que gera emprego e renda. Infelizmente, mais uma vez, o governo se curva diante dos especuladores", diz Paulo Pereira da Silva, presidente da central.

Corte de juros reduz em R$ 7 bilhões as despesas com a dívida pública

Instituto Humanitas Unisinos - 12/03/09

A decisão do Banco Central de reduzir em 1,5 ponto percentual a taxa básica de juros Selic significará, de imediato, uma economia de R$ 7,06 bilhões aos cofres públicos. Essa é a quantia que o governo deixará de pagar de encargos da dívida nos títulos públicos indexados a Selic, nos próximos 12 meses, segundo cálculos de Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating.

— Trata-se de um volume significativo. E essa economia virá caso a Selic seja mantida neste novo patamar nos próximos 12 meses. Como há a previsão de novos cortes de juros até o fim do ano, o alívio para os cofres públicos poderá ser até maior — afirma.

A reportagem é de Luciana Rodrigues e publicada pelo jornal O Globo, 12-03-2009.

Cresceu parcela de títulos indexados à Selic Hoje, a Selic corrige quase 40% da dívida pública federal.

Essa parcela chegou a ser de apenas 33% em março do ano passado. Mas, com o agravamento da crise internacional e a depreciação do real, os investidores passaram a privilegiar os títulos pós-fixados, ou seja, os papéis atrelados à Selic, explica Carlos Thadeu de Freitas, exdiretor do Banco Central.

Além de ter um impacto imediato sobre a parcela da dívida indexada à Selic, os especialistas explicam que a decisão de ontem do BC deverá reduzir as despesas do governo com os demais títulos públicos. Afinal, a Selic é o principal parâmetro de juros do mercado, e a tendência é que os investidores passem a cobrar menos, daqui para frente, para comprar os títulos do governo.

— Nos últimos meses, a dívida prefixada já estava pagando juros menores justamente porque havia a expectativa do mercado de um corte dos juros — explica Freitas.

O economista acredita, porém, que o BC deveria ter sido mais ousado na redução dos juros, com um corte de pelo menos dois pontos percentuais, diante do tamanho da contração recente da economia.

— Em cenários de retração forte, os juros têm de cair mais rapidamente para evitar uma inércia na economia. Ou seja, evitar o tipo de situação em que, diante de uma crise de confiança, o sujeito deixe de tomar um empréstimo hoje porque espera novos cortes de juros no futuro, quando então o crédito ficará ainda mais barato.

Uma pérola sobre o caráter de Fernando Henrique

Conversa Afiada - 11/março/2009 9:27

Fernando Henrique é uma coisa de sexta a segunda e outra de segunda a sexta ...

Fernando Henrique é uma coisa de sexta a segunda e outra de segunda a sexta ...

. Tancredo Neves chama Fernando Lyra a Belo Horizonte, num sábado de manhã.

. Logo ao chegar, Fernando percebe que Tancredo não estava bem: alguma coisa tinha acontecido.

. Tudo bem ?

. Tudo bem, e o senhor ?

. Tudo bem, respondeu Tancredo, seco.

. E completou: você já leu o Estadão ? Viu o Fernando Henrique ?

. Vi !

. Como é que ele dá uma declaração dessa, defendendo o Ulysses ? Ele não está conosco ?

. Dr. Tancredo, o Fernando Henrique é presidente do PMDB de São Paulo, explicou Fernando Lyra, pacientemente. De sexta a segunda, ele fica em São Paulo, onde é mais ligado a Ulysses. De segunda à tarde a sexta, ele está em Brasília. E, aí, fique tranqüilo, que ele vota com a gente. O voto dele é nosso !

………………….

. Ouvi essa história de Fernando Lyra, nessa terça-feira, em Recife, em torno de um prato de camarão ao molho de cerveja.

. É um testemunho sobre “Tancredo e a transição democrática”.

. Esta pérola sobre o caráter de Fernando Henrique é uma das muitas histórias que Lyra conta em seu livro “Daquilo que eu sei”, que será lançado segunda feira, em Recife, com a presença do neto de Tancredo, Aécio Neves e do governador de Pernambuco, Eduardo Campos.

. Lyra foi do MDB autêntico, articulou a eleição de Tancredo no Congresso, - Tancredo derrotou Paulo Maluf numa eleição indireta, no Colégio Eleitoral – e se tornou Ministro da Justiça de Tancredo e de Sarney.

. Até que Ulysses o tirasse do Ministério (está tudo lá no livro).

. Bem que Fernando Lyra colaborou para sair: ele é autor da célebre frase, Sarney é “a vanguarda do atraso”.

. Menos famosa, por motivos óbvios – o PiG(*) não perdoa ! – é outra frase de Lyra, muito parecida: “Fernando Henrique é o atraso da vanguarda !”

. É o tipo da coisa que o PiG de São Paulo não gosta de publicar …

Paulo Henrique Amorim

(*)Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

Governo americano pode rebloquear bens de Dantas

Conversa Afiada - 11/março/2009 17:53

De Grandis (em primeiro plano) quando anuncia a primeira prisão de Dantas (logo depois revista pelo Supremo Presidente do Supremo)

De Grandis (em primeiro plano) quando anuncia a primeira prisão de Dantas (logo depois revista pelo Supremo Presidente do Supremo)

Acabei de conversar por telefone com o Procurador do Ministério Público Federal, São Paulo, Rodrigo De Grandis, sobre a decisão do juiz americano John Bates de desbloquear parte dos bens de Daniel Dantas.

O Governo brasileiro, com a ajuda dos Governos da Suíça, Inglaterra e dos Estados Unidos, conseguiu bloquear, por enquanto, US$ 2 bilhões de Dantas no exterior.

O Juiz americano teria desbloqueado, provisoriamente, US$ 50 milhões.

O jornal O Globo diz que Bates tomou a decisão porque não há no Brasil uma condenação definitiva de Dantas.

Diz ainda O Globo, que “o inquérito principal da Satiagraha (*), que apura crimes financeiros, ainda está em fase de diligências. O Ministério Público Federal sequer ofereceu denúncia contra Dantas” (pág. 9, da edição de hoje).

O Procurador de Grandis, que ajudou a prender Dantas duas vezes - e Gilmar Dantas, segundo Ricardo Noblat, lhe deu dois HCs em 48 horas – explicou:

A decisão do Juiz Bates não levou em consideração a ausência de uma acusação formal, mas o fato de não haver uma decisão da qual não caibam mais recursos; e porque no Brasil não há uma lei específica sobre “perdimento civil de bens”.

Bates teria tomado a decisão, segundo de Grandis, mesmo que um juiz brasileiro o tivesse condenado numa instância de que não coubesse mais recurso.

Segundo de Grandis, o Juiz Bates teria decidido de forma equivocada, já que infringiu uma convenção internacional – a de Palermo -, que está na base da cooperação internacional para o bloqueio de bens de criminosos do colarinho branco, como Dantas.

Esse é o mesmo entendimento de Romeu Tuma Júnior, do Ministério da Justiça, com quem também conversei: se a Convenção de Palermo for revogada, os criminosos do colarinho branco vão dar uma festa !

Se for esperar decisão transitada em julgado, jamais se bloqueará bens de criminoso, acredita Tuma Júnior.

O principio da Convenção de Palermo é: bloquear.

Depois, se a condenação for revertida, devolver.

Mas, primeiro, bloquear.

É provável que os próprios procuradores americanos reajam contra a decisão, porque ela prejudica a luta da Justiça americana contra o crime organizado.

Qual a saída ?

Dantas vai meter a mão nessa grana ?

Ainda não.

O Ministério da Justiça brasileiro – através de Tuma Júnior – vai recorrer.

E recorrer à Secretaria do Tesouro (Ministério da Fazenda) americana, que apoiou o pleito original brasileiro, para que a Justiça americana volte a bloquear os bens de Dantas.

Como disse Tuma Junior, quando bloqueou os bens de Dantas – tão importante quanto prender o criminoso do colarinho branco é secar a fonte de recursos dele.

Perguntei ao Procurador De Grandis: e quando vêem as outras acusações contra Dantas ?

Depende da Polícia Federal, ele disse.

E os HDs, os 12 HDs que contêm as vísceras da República, de tucanos a petistas - os 12 HDs encontrados atrás da parede falsa do apartamento de Dantas ?

Depende da boa vontade do Governo americano, ou seja, da CIA.

Resultado: Daniel Dantas é um homem de sorte.

O crime que o levou à condenação por 10 anos – subornar um agente federal – é o mais leve dos crimes que cometeu.

Ele atentou contra o sistema financeiro, lavou dinheiro e formou quadrilha - é o que pode vir na nova fase de acusações.

Pode, pode, porque tudo depende do delegado Saadi da Policia Federal, que tem a hercúlea tarefa de substituir o ínclito delegado Protógenes.

O delegado Saadi herdou o trabalho incompleto do ínclito delegado Protogenes Queiroz.

Incompleto, por falta de tempo.

O Presidente Lula demitiu Protógenes abruptamente, numa entrevista à televisão, ao chegar de uma viagem ao Haiti, de tal forma que Protógenes teve que dar por concluída a investigação de quatro anos em quatro dias.

Está nas mãos do delegado Saadi a coleção de transcrições telefônicas e troca de e-mails que levaram à construção da patranha da BrOi.

É a herança magnífica que Protogenes lhe deixou.

A BrOi é a operação em que o dinheiro do BNDES deu um cala-a-boca de US$ 1 bilhão a Dantas e 78% da telefonia fixa do Brasil a dois empresários que não botaram um tusta no negócio.

A investigação do ínclito delegado Protógenes chegou lá dentro, na marca do pênalti do Palácio do Planalto: Gilberto Carvalho, Dilma Roussef, Luiz Eduardo Greenhalgh, Geddel Vieira Lima, Nelson Jobim, José Dirceu, Mangabeira Unger, a fina flor do PT e do Governo Lula.

Pergunta: o delegado Saadi vai meter a mão nesse câncer ?

Vai entregar tudo pronto ao Dr. De Grandis, para que esse encaminhe ao Dr. Fausto De Sanctis ?

Ou vai ser adido policial do Brasil em Paris ?

(*) Apesar das respeitáveis observações do Dr. de Grandis, muita gente boa acha que a Satiagraha já contém indícios suficientemente fortes para pedir a condenação de Dantas por crime financeiro, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Aliás, a bem da verdade, como diz Mino Carta, já no inquérito da Kroll, com a Operação Chacal, há motivos de sobra para Dantas estar atrás das grades, se o Brasil não fosse um Estado partido ao meio.

Quem rouba as armas de alto calibre de São Paulo?

Conversa Afiada - 11/março/2009 9:40

Ué, mas o PCC não tinha acabado?

Ué, mas o PCC não tinha acabado?

O Conversa Afiada recebeu o seguinte e-mail de um navegante amigo:

Paulo Henrique,
Uma fonte daquela nossa amiga, que é comandante da polícia militar de São Paulo, pediu para te passar o seguinte raciocínio.
- Na quinta-feira, criminosos roubaram 22 fuzis de um centro tático de treinamento em Ribeirão Pires.
- No domingo, criminosos roubaram 7 fuzis de um quartel de Caçapava.
De onde temos duas perguntas:
- Quem roubou 29 armas de alto calibre em São Paulo em menos de cinco dias? São grupos diferentes ou é o mesmo grupo criminoso (que age nos presídios paulistas)?
- Se for o mesmo, por que o grupo criminoso quer esse tipo de armamento tão rapidamente?

Controle externo sobre Gilmar

Blog do Luis Nassif - 11/03/09

Do Valor de Hoje

Presidentes do STF e do CNJ, sempre unidos

Maria Inês Nassif

12/03/2009

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, propôs “uma corregedoria judicial” ou outra forma de controle externo das instituições policiais, a propósito de supostas escutas telefônicas que teriam sido feitas indiscriminadamente pela Polícia Federal (PF) no decorrer das investigações da Operação Satiagraha - que resultariam em dois pedidos de prisão do empresário Daniel Dantas pela justiça de primeira instância, seguidas de dois habeas corpus de Mendes que beneficiaram o empresário.

Essa pode ser uma discussão para se colocar na mesa em um debate sobre a ampliação da democracia brasileira, e seria recomendável que se discutissem com seriedade limitações à atuação das polícias que lidam diretamente com a segurança pública, e sobre as quais, em especial nos grandes centros urbanos, chovem acusações de violações de direitos humanos. Mas seria bastante conveniente se, aproveitando a oportunidade, fosse debatida igualmente uma forma de controle externo do Judiciário. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) é uma experiência de eficiência bastante duvidosa quando se tem uma gestão personalista e voluntariosa no STF. Acaba se tornando um instrumento de controle pessoal sobre as instâncias inferiores e não consegue coibir uma expansão excessiva de poder da presidência do Supremo.

É difícil falar em atuação independente do CNJ. Um exemplo disso é o fórum criado pelo CNJ e pelo STF para analisar as ações relativas a problemas fundiários. Essa iniciativa resulta de mais um conflito público de Mendes. Na semana passada, ao comentar do assassinato de quatro capangas de uma fazenda por integrantes do Movimento do Sem Terra (MST) - um crime que pode chegar a ser julgado pelo Supremo que preside, e existem grandes chances de isso acontecer -, Mendes aproveitou e apontou o dedo acusador para o governo. Acusou-o de ser conivente com atos ilegais do MST. Não satisfeito, atacou o Ministério Público Federal. “Os recursos públicos não são recursos do governo. Será que nós na sociedade queremos pagar por isso? (…) Claro que nós não podemos esperar. Do contrário, daqui a pouco nós vamos ficar celebrando uma missa de sétimo dia, missa de trigésimo dia, missa de um ano. Nós estamos falando em mortes”, disse o presidente do STF, cobrando o MP. Quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva relativizou as opiniões do ministro, afirmando que ele falou como cidadão, Mendes esclareceu: não falou como cidadão, não, mas como “presidente do Judiciário”.

Daí, o presidente do STF, Gilmar Mendes, reagiu contra o governo que atacou e acordou com o presidente do CNJ, Gilmar Mendes, que o conselho vai fazer um “fórum” para monitorar as decisões judiciais e o cumprimento delas em todos os Estados.

O STF, com a vigência da súmula vinculante, passou a ter um enorme controle sobre as decisões de instâncias inferiores da Justiça. Faz parte do jogo, mas esse é um poderoso instrumento de centralização do Judiciário. Paralelamente, o CNJ, a partir do início da presidência de Gilmar Mendes, tem atuado como força auxiliar do Supremo. Mendes deu dimensão a isso, por exemplo, quando usou os cargos cumulativos na presidência do STF e do CNJ para pedir, em nome das duas instituições, ao corregedor-geral do Tribunal Regional Federal da 3ªregião, desembargador André Nabarrete, que acionasse o juiz Fausto De Sanctis, que decretou a prisão de Dantas duas vezes. A acusação é a de que De Sanctis teria afrontado todo o STF, na figura de Gilmar Mendes. Gilmar Mendes, presidente do Supremo, e Gilmar Mendes, presidente do CNJ, reclamam oficialmente contra um juiz que teria atentado contra todo o Supremo, na figura de Gilmar Mendes.

Ao botar o seu dedo na questão dos conflitos de terra, que tem um potencial explosivo muito grande e deve ser tratada preferencialmente como política de governo (que tem votos e mecanismos de negociação para evitar a radicalização de lado a lado), Mendes conseguiu ir além do que o próprio ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, que não poupa críticas ao governo Lula. FHC acusou o governo de ser indulgente com o MST, mas evitou condenar o repasse de recursos a assentamentos. “Não existe reforma agrária sem o repasse de recursos a assentamentos. O que é preciso saber é se são legítimos”, afirmou. Os governos de FHC não foram nada tolerantes com o MST, mas nem o tucano conseguiu evitar de incluir repasses a assentamentos como políticas de governo.

A questão agrária tende a provocar cada vez mais conflitos, daqui até a eleição de 2010. Os partidos políticos claramente manipulam o tema com fins políticos. E já existe uma evidente radicalização ideológica em torno do tema, que se acirrou com ofensivas e contra-ofensivas de proprietários rurais e sem-terras. Não é preciso colocar mais lenha nessa fogueira.

Maria Inês Nassif é editora de Opinião. Escreve às quintas-feiras

As culpas do Banco Central

Blog do Luis Nassif - 11/03/09

Coluna Econômica - 12/03/2009

Ontem o governo da Nova Zelândia cortou os juros básicos em 3 pontos percentuais. A taxa era de 6,5% ao ano, caiu para 3,5%.

Enquanto isto, com a produção industrial registrando quedas recordes, com o PIB do quarto trimestre de 2008 mostrando queda recorde, com os preços sob controle, reunido ontem o Copom (Comitê de Política Monetária) resolveu reduzir a taxa Selic em apenas 1,5 ponto percentual, caindo para ainda expressivos 11,25% ao ano.

***

Durante a tarde, a FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) divulgou um estudo comparativo entre as diversas economias mundiais. Constatou que a queda do PIB (Produto Interno Bruto) brasileira foi a segunda maior do mundo, desde o início da retração da economia global. Saiu de um crescimento de 1,7% no terceiro trimestre para uma queda de 3,6% no quarto.

Mesmo assim, não se identificava uma recessão clássica, daquelas definidas nos livros-texto.

Alguns dias atrás, o economista Yoshiaki Nakano havia identificado bem as razões da expressiva queda dos investimentos e da produção industrial nos últimos meses.

Constatou que houve queda discreta no consumo e praticamente nenhuma queda em serviços.

Qual a razão, então, de queda tão grande? Dois motivos, segundo ele. Primeiro, o corte repentino das linhas externas, que apavorou as empresas, muitas delas enroladas com operações especulativas. Depois, as altas taxas de juros do Banco Central, que aprofundaram o temor geral das empresas.

***

Criou-se, então, a situação estranha do consumo se manter, dos serviços conservarem o dinamismo e da indústria parar.

Em um segundo momento, o que era um reflexo psicológico transforma-se em crise de fato. As empresas demitem, aumenta o desemprego, reduzem as encomendas, afetam a cadeia produtiva gerando mais desemprego. E aí a demanda passa a ser afetada, de fato.

***

O governo, através do Ministério da Fazenda, conseguiu ser rápido em várias frentes.

O movimento falhou justamente devido ao Banco Central e sua inacreditável incapacidade de entender a economia em tempo real. Em dezembro, quando a atividade econômica despencava - conforme os dados confirmam, agora - o BC falava em “atividade robusta”, porque só conseguia enxergar a economia através dos dados oficiais - que em média refletem o que se passou dois ou três meses antes.

Para ter o pulso da economia no momento, é necessário um conhecimento e uma experiência que passam ao largo do BC. Seus diretores conversam apenas com o mercado - entendido por tal os gestores de fundos e os economistas ligados a instituições financeiras. São capazes de conversar com o economista do Bradesco, não com o presidente do banco. Jamais conversaram com donos de supermercados, com diretores de siderúrgica, com entidades da construção civil, com executivos de multinacionais para saberem o que se passava no presente.

***

Com isso, sempre correm atrás dos fatos. Conseguiram transformar a marolinha em uma crise. Era hora de uma queda de 3 pontos na Selic, algo que produzisse impacto.

Com um ano de atraso, derrubam a taxa em apenas 1,5 ponto.

Painel Internacional

Blog do Luis Nassif - 11/03/09

Exportações chinesas despencam e saldo comercial sofre queda vertiginosa

O saldo comercial da China permanece superavitário, mas a sua desaceleração foi acentuada, refletindo a queda brusca da demanda mundial. A receita comercial atingiu US$ 4,8 bilhões em fevereiro, ante US$ 39,1 bilhões em janeiro. O saldo de fevereiro é resultado de exportações de US$ 64,9 bilhões e importações de US$ 60,1 bilhões. Na comparação com o mesmo mês de 2008, as vendas externas caíram 25,7% e as importações recuaram 24,1%.

http://news.bbc.co.uk/2/hi/business/7936528.stm

EUA e Reino Unido querem apresentar plano global de ajuda no G20

Os Estados Unidos e o Reino Unido estão preparando um plano global para disponibilizar financiamentos de centenas de bilhões de dólares para combater a maior contração do comércio mundial desde a Grande Depressão (1929). O programa deverá ser anunciado no dia 2 de abril, durante a reunião do G20, em Londres.

A proposta é que os recursos viriam dos países industrializados e em desenvolvimento que formam o G20. As nações gastariam metade do dinheiro para capitalizar as suas respectivas agências de fomento às exportações. A outra metade seria destinada ao Banco Mundial, bancos regionais de desenvolvimento e o Fundo Monetário Internacional (FMI), para ajudar a financiar as exportações das nações mais pobres do mundo.

http://online.wsj.com/article/SB123674030849291781.html?mod=WSJ_TimesEMEA

Toyota reduz salário e jornada de trabalhadores ingleses

A fabricante japonesa de carros Toyota anunciou que vai cortar o salário e reduzir a carga horária dos trabalhadores de suas fábricas na Inglaterra em 10%, como forma de se ajustar à queda nas encomendas. A medida entra em vigor no dia 1º de abril e vai durar um ano. Com isso, os 4,5 mil operários das unidades de Burnaston, Derby, Deeside e Flintshire vão trabalhar e ganhar menos. A Toyota justifica que a medida vai “manter empregos nesse período difícil”.

http://news.bbc.co.uk/2/hi/business/7936397.stm

Congresso dos EUA aprova orçamento de US$ 410 bilhões para 2009

O Senado norte-americano aprovou ontem um orçamento de US$ 410 bilhões para financiar os gastos do governo até setembro de 2009, mês que vence o ano fiscal. A bancada democrata, do partido da situação, levou mais de uma semana para negociar a aprovação e em função disso sua capacidade de agregar votos foi questionada, em um momento em que os EUA se preparam para discutir questões relacionadas à saúde e alterações climáticas.

http://www.nytimes.com/2009/03/11/us/politics/11spend.html?partner=rss&emc=rss

UBS acrescenta mais 1 bilhão de francos ao prejuízo de 2008

O banco suíço UBS afirmou que seu prejuízo em 2008 totaliza 20,89 bilhões de francos suíços, mais de 1,19 bilhão de francos acima da estimativa preliminar de 19,7 bilhões de francos anunciado em fevereiro. A perda adicional é composta por um acordo judicial com os Estados Unidos e transferência compulsória de recursos para o Banco Nacional Suíço.

No relatório anual, o recém nomeado presidente do UBS, Oswald Gruebel, alertou que o “balanço permanece exposto à liquidez e volatilidade dos mercados, e os ganhos vão permanecer sob risco por mais algum tempo”.

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