"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

sábado, janeiro 24, 2009

Boletim da Chuíça (*): SP não pode parar porque não tem onde estacionar

Conversa Afiada - 23/janeiro/2009 8:05

Simão: carro na São Paulo dos tucanos não paga IPVA. Paga IPTU

Simão: carro na São Paulo dos tucanos não paga IPVA. Paga IPTU

. No aniversário da Chuíça, aqui vão umas obras primas do José Simão:

Buemba! SP não pode parar. Porque não tem estacionamento!
… tem um buraco ali do lado da minha casa que eu vou fazer igual ao povo de Minas: vou colocar uma placa “Burack Obama”, porque é do tamanho da fama e da grandeza do Obama.

Como São Paulo vai parar se não tem onde estacionar?

Carro em São Paulo tem que pagar IPTU. Porque é imóvel. Totalmente imóvel.


(*) Chuiça é o que o PiG de São Paulo (com a única exceção do Simão) quer que o resto do Brasil pense que São Paulo é: uma combinação do dinamismo econômico da China com o IDH da Suíça.

Fisk: Obama continua errando (em Gaza)

Site do Azenha - Atualizado e Publicado em 23 de janeiro de 2009 às 20:03

Até aqui, Obama continua errando, no caso de Gaza...

Robert Fisk: The Independent, UK, 22/1/2009

http://www.independent.co.uk/opinion/commentators/fisk/robert-fisk-so-far-obamas-missed-the-point-on-gaza-1488632.html

Teria sido útil se Obama tivesse tido coragem para falar sobre o que todos falam, no Oriente Médio. Não, ninguém no OM fala sobre a retirada dos EUA, do Iraque. Sobre isso, já sabem. Todos esperavam o início do fim de Guantanamo, e a provável nomeação de George Mitchell, como enviado especial ao OM, foi apenas o mínimo que esperavam que acontecesse. Claro, Obama falou de "inocentes massacrados", mas não dos "inocentes massacrados" nos quais os árabes pensam, dia e noite.

Ontem, Obama telefonou a Máhmude Abbas. Talvez suponha que tenha conversado com o líder dos palestinos. Não. Todos os árabes sabem, exceto talvez o próprio Abbas, que Abbas é chefe de um governo fantasma, um já quase cadáver, mantido vivo à custa de transfusões de sangue que lhe chegam como apoio internacional e sob a forma da "parceria plena" que Obama aparentemente lhe ofereceu, e não se sabe o que significaria "plena". E ninguém se surpreendeu com o telefonema protocolar, para os israelenses.

Mas, para o povo do OM, a ausência da palavra "Gaza" – de fato, também da palavra "Israel" – foi como uma sombra tétrica sobre o discurso de posse de Obama. Será que não está preocupado? Está com medo?

Será que o jovem escrevedor de discursos de Obama não sabe que falar sobre direitos dos negros – muitos pais de negros podem não ter trabalhado em restaurantes há 60 anos – só faria chamar a atenção sobre o destino de um povo que só há três anos obteve o direito de votar, mas, então, imediatamente, o mesmo povo passou a ser castigado porque votou no candidato errado? Nem foi o caso do elefante na loja de porcelanas. O problema é a horrível pilha de cadáveres amontoados no chão da loja de porcelanas.

É fácil, sim, ser cínico. A retórica árabe tem alguma semelhança com os clichês de Obama: "trabalho duro e honestidade, coragem e respeito às regras do jogo... lealdade e patriotismo".

Mas por maior que seja a distância que o novo presidente queira interpor entre ele e o governo vicioso que está substituindo, o 11/9 paira como nuvem sobre New York. Obama teve de relembrar "a coragem dos bombeiros que subiram escadas tomadas de fumaça".

De fato, para os árabes, ouvir que "nossa nação está em guerra contra uma distante rede de violência e ódio" foi como ouvir a voz de Bush; a única referência a "terror", a palavra do eterno medo em Bush e nos israelenses, foi preocupante sinal de que a Casa Branca ainda não captou a mensagem. E mais uma vez, agora Obama, falando sobre os grupos islâmicos como se fosse o Taliban quem estivesse "massacrando inocentes" mas "não nos derrotará".

Quanto, no discurso, aos que são corruptos e cuja "silenciosa oposição", presumivelmente o governo iraniano, a maioria dos árabes leu aí referência a práticas habituais do presidente Hosni Mubarak do Egito (o qual, é claro, também recebeu telefonema de Obama, ontem), do rei Abdullah da Arábia Saudita e de outros autocratas e degoladores que se supõe que sejam amigos dos EUA no Oriente Médio.

Hanan Ashrawi[1] foi quem mais acertou. As mudanças no Oriente Médio – justiça para os palestinos; segurança para os palestinos tanto quanto para os israelenses, e fim da construção ilegal de colônias ilegais pra judeus e só judeus, em terra árabe; fim de toda a violência, não só da modalidade 'árabe' – têm de vir logo, "imediatas", como disse ela, já. Se a nomeação do gentil George Mitchell visava a responder a essas exigências, o discurso de posse (no máximo, discurso nota B-), nem isso fez.

A amigável mensagem aos muçulmanos, "um novo caminho, baseado nos interesses mútuos e em mútuo respeito", simplesmente não tomou conhecimento das fotos da chacina de Gaza que o mundo está vendo com vergonha e horror. Sim, os árabes e muitas outras nações muçulmanas e, é claro, quase todo o mundo, podem festejar que o horrendo Bush foi-se. Guantanamo, também, parece estar-se indo. Mas os torturadores que torturaram por ordem de Bush e de Rumsfeld serão punidos? Ou serão silenciosamente promovidos para cargos nos quais não se use água para torturar nem se dispam as pessoas nem se ouçam gemidos humanos?

Sim, sim, dê-se uma chance ao homem. É possível que George Mitchell reúna-se com o Hamás – ele é homem capaz de tentar esse encontro –, mas o que dirão os fracassados de sempre, como Denis Ross e Rahm Emanuel e, de fato, Robert Gates e Hillary Clinton?

O discurso de posse de Obama foi mais sermão que discurso de posse. Até os palestinenses em Damasco ouviram, gritante, a ausência de duas palavras: Palestina e Israel. Palavras escaldantes, num dia gelado em Washington. Obama ainda nem vestiu as luvas.

[1] Sobre ela, ver http://pt.wikipedia.org/wiki/Hanan_Ashrawi

Crise econômica faz cair em 82% o desmatamento na Amazônia Legal

Instituto Humanitas Unisinos - 23/01/09

O desmatamento da Amazônia Legal está em queda. Nos últimos cinco meses, entre agosto e dezembro de 2008, foram destruídos 635 km² de floresta — uma redução de 82% em relação ao mesmo período de 2007, quando foram desmatados 3.433 km² na região. Os dados são do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia), que monitora a floresta com satélites. Os pesquisadores avaliam que a crise econômica já influi na redução do desmate. A expectativa é que a redução seja ainda maior em 2009, por causa da crise.

A reportagem é de Soraya Aggege, Luiza Damé e Catarina Alencastro e publicada pelo jornal O Globo, 23-01-2009.

Para o Imazon, é o momento certo para aprofundar as medidas de restrição ao desmate.

— Com a crise, já há sinais de redução na produção do carvão vegetal, na pecuária e em algumas commodities agrícolas que estão em queda. Agora, há o desmate feito pela apropriação da terra, que se mantém acelerado. O cenário é muito bom para o governo agir — disse Adalberto Veríssimo, pesquisador e coordenador do Projeto Transparência Florestal do Imazon.

Os dados mostram que, em novembro, foram desmatados 61 km², e, em dezembro, mais 50 km². Em relação aos mesmos meses em 2007, a redução foi de 94% em novembro e 27% em dezembro.
Apesar da tendência de queda, os dados podem estar subestimados, alerta o Imazon.

É que entre novembro e janeiro a cobertura de nuvens na região é superior a 50%, bloqueando as imagens dos satélites. O levamento do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Aeroespaciais), será divulgado em fevereiro.

Desenvolvimento Agrário fará regularização fundiária

O presidente Lula decidiu ontem que a regularização fundiária da Amazônia Legal será comandada pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), contrariando proposta da Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos.

O ministro da pasta, Mangabeira Unger, defendia a criação de uma agência para cuidar do assunto. Segundo o ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, o governo vai acelerar a regularização da posse de propriedades de até 15 módulos de terra (cerca de 1.500 hectares), ocupados antes de dezembro de 2004.

— Chegamos a todos os acordos — disse Cassel, após reunião que mobilizou oito ministros, além do presidente.

Para cuidar da regularização fundiária na Amazônia Legal — que inclui os sete estados do Norte mais Maranhão e Mato Grosso —, o governo vai criar uma diretoria no MDA e requisitar funcionários do Incra e de outros órgãos federais. Segundo Cassel, não haverá necessidade de contratação de pessoal, pois todo o processo será feito em parceria com estados e municípios.

O governo, no entanto, terá de enviar uma proposta ao Congresso para mudar 11 leis diferentes que tratam do assunto.

No processo de regularização, o governo vai exigir que os posseiros comprovem ocupação da terra antes de dezembro de 2004, além da moradia no imóvel.

Serão cobradas contrapartidas: o posseiro não poderá desmatar a terra; e no caso das já degradas, deverá recuperá-las e não poderá vender o imóvel por dez anos. A prioridade serão as terras de até 400 hectares, e a meta é regularizar 290 mil posseiros que ocupam terras desse tamanho, em três anos.

Para o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, a questão ambiental será contemplada na nova fórmula. O mais importante, disse, é que quem ganhar a terra terá de assinar compromisso de não desmatar.

WWF pede boicote contra soja do Brasil

Instituto Humanitas Unisinos - 23/01/09

A organização não-governamental WWF está em campanha pelo boicote à soja produzida no Brasil.

A notícia é do jornal O Estado de S. Paulo, 23-01-2009.

O objetivo é reduzir o avanço das lavouras sobre o Pantanal e a Amazônia, impedindo o desmatamento de florestas. Além da preocupação ambiental, os ativistas também pedem à Comissão Europeia medidas de proteção do mercado e da produção doméstica. A campanha foi lançada nesta semana e ganhou destaque.

Segundo relatório da WWF, intitulado Mais Independência da Soja Importada, a França é o maior consumidor europeu do produto, importando 4,5 milhões de toneladas por ano, ou 84% do total consumido. Só o Brasil seria responsável por 22%.

Tudo pelo lucro, nada pela ética

Instituto Humanitas Unisinos - 23/01/09

Thomas G. Maheras, ex-supervisor de operações do Citigroup, é o protagonista de um episódio desta crise financeira que, pela simbologia, talvez explique melhor a bolha dos empréstimos "subprime" do que um gráfico da valorização irracional do mercado imobiliário americano nos últimos anos. Em setembro de 2007, diante de toda a diretoria daquela que é uma das maiores instituições financeiras do mundo, Maheras foi questionado por seu chefe, Charles O. Prince III: os US$ 3 bilhões em hipotecas representavam algum risco para o Citi? O executivo garantiu que as posições do banco eram seguras.

A reportagem é de Jorge Félix e publicada pelo jornal Valor, 23-01-2009.

As amizades e a palavra de Maheras foram suficientes para convencer a todos naquela sala. E ajudaram a ocultar segredos para manter a alavancagem do grupo e sustentar as remunerações milionárias da diretoria. No entanto, o conúbio revelou-se fatal. O governo teve de socorrer o Citigroup por duas vezes, nos últimos meses - sem resultado. Na semana passada, depois de divulgar perdas de US$ 8,29 bilhões no quarto trimestre de 2008, que elevaram os prejuízos no ano a US$ 18,7 bilhões, o banco anunciou que partia para o remédio extremo de cindir-se em duas partes, a (presumivelmente) sadia, dos negócios tradicionais de crédito, e a de corretagem de valores e gestão de ativos, envolvida em operações de qualidade questionável.

O caso Maheras, relatado pelo "New York Times", ilustra a impressão generalizada, se não a constatação, de que esta crise, tanto quanto financeira, é ética (no sentido mais geral, teórico, das opções de procedimentos possíveis, e no sentido das preferências morais de grupos e de indivíduos em sua orientação prática). Ao proporcionar um desfile de casos de gestão leniente, ganância desenfreada e equívocos governamentais, a cada episódio a atual turbulência confirma, e acentua, seus contornos e conteúdo enodoados pelo decaimento dos mercados. A amoralidade de executivos financeiros que se esmeravam na criação de instrumentos de negócios tanto complexos quanto escusos fica, então, como o registro mais forte e mais lembrado de escolhas, inspiradas no pior dos oportunismos, entre possibilidades éticas que sempre estarão à disposição do ser humano. A ausência de regulamentação mais rigorosa contribuiu em muito, é verdade, para a propagação irrestrita das malfeitorias, durante anos - nutridas, contudo, por essa amoralidade "escolhida" para parceira de ambições desmedidas, em todas as esferas do mercado. Espantoso também é que nesse vazio regulamentar e moral possa ter frutificado, ao lado de sofisticados instrumentos financeiros, o velhíssimo esquema de "pirâmides", usado por Bernard Madoff para montar uma fraude que acrescentou algo como US$ 50 bilhões, calcula-se, ao espetáculo de cifras gigantescas que ilustram, de diferentes maneiras, o colapso do sistema financeiro americano, até outro dia tido como um modelo para o mundo.

No entanto, o alerta de que o desprezo às melhores oções éticas estava contaminando o capitalismo contemporâneo americano poderia ter sido ouvido muito antes de a bolha dos empréstimos "subprime" estourar. "Tudo começa lá atrás, na Enron (em 2001), com os escândalos de maquiagem de balanços", observa Marcos Fernandes Gonçalves da Silva, coordenador pedagógico da Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas (SP), autor do livro "Ética e Economia-Impactos na Política, no Direito e nas Organizações".

"No caso da Enron e dos outros que vieram depois houve uma clara sinalização de que era necessário impedir, limitar, controlar as informações ditas sigilosas", lembra o professor de filosofia Roberto Romano, da Universidade de Campinas (Unicamp). Segundo ele, o fermento desta crise é a busca do sigilo, a necessidade de esconder informações em beneficio - ou por exigência - de um sistema desregulado.

A excessiva liberdade dos agentes econômicos desmontou aquilo que até mesmo Adam SmithA Riqueza das Nações" (1776) como um desdobramento de suas reflexões em "Teoria dos Sentimentos Morais" (1759), obra em que aparece pela primeira vez a frase sobre a tal "mão invisível" - muito citada e pouco compreendida, por sua interpretação moderna estar mais ligada à livre concorrência, quando o autor, na verdade, se referia à alocação de capitais. Como escreveu Joseph Schumpeter, a "Teoria" deve ser sempre lembrada para derrubar o argumento de que Smith não defendia a ética e a moral em detrimento da riqueza. Bem ao contrário. defendeu como condição sine qua non para o funcionamento do capitalismo. O "pai da economia política" escreveu "

Este particular do pensamento smithiano foi cada vez mais ignorado. "Aquilo tudo se perdeu e deixaram de impor limites ao auto-interesse dos agentes, a crise moral foi sendo constituída por uma defesa da busca do lucro com desregulamentação e, a partir daí, veio a crença de que não haveria nenhum problema com as contas de capital, com livre fluxo de capitais etc.", analisa Gonçalves da Silva. De acordo com Romano, esse arcabouço financista, sempre baseado em sigilo e segredo, acabou formando uma "nomenklatura financeira" tal qual aquela que existiu para sustentar os regimes totalitários ou absolutistas. "Mas no regime democrático a justiça e a fé pública fazem com que as coisas venham à tona em algum momento e isso hoje significa crise."

"O que ocorreu foi que o 'accountability' [a aceitação de responsabilidades e a implícita justificação de ações] era puramente uma estratégia financeira, só para o mercado, sem dimensão ética, política, jurídica, envolta em segredo e transparência inferior àquela necessária para se prestarem contas ao cidadão ou ao Estado, e rompeu-se a confiança", analisa Romano. Assim como ninguém viu que a bolha iria estourar, ninguém se deu conta dos rumos atrevidos que a gestão de riscos tomava, em empresas financeiras e em suas clientes da chamada economia real. Conselhos de administração com nomes famosos impressionavam os investidores, mas não tinham grau satisfatório de independência ou de influência sobre a gestão.

"O neoliberalismo confiou em um homem eticamente perfeito, num puritanismo weberiano, reinvindicando razões de Estado para enfraquecer valores éticos e permitir a licenciosidade nos pressupostos jurídicos." Em nome de quê? De algo que remete novamente a uma carência de atitude ética por trás da crise. "Tudo isso foi montado para atender a uma necessidade de superconsumo da sociedade moderna, que é um problema moral, não só devido à enorme desigualdade, mas também por que há escassez de recursos, há a questão ecológica e deveria haver um compromisso ético com as gerações futuras", destaca Gonçalves da Silva.

O professor da FGV lembra que a ganância, palavra do momento, foi a motivadora de hipotecas que permitiram a especulação e esta foi derrubando instituições criadas para emprestar ao capitalismo aqueles princípios éticos fundamentais. "A Califórnia consumir 20% da gasolina global é uma atitude absurda, sem ética nenhuma. Para isso, foi preciso destruir as regras de Bretton Woods, a fiscalização, a regulação, que agora terão que ser resgatadas", afirma Gonçalves da Silva, referindo-se ao acordo de gerenciamento financeiro internacional criado no pós-guerra.

Esse ressurgimento de princípios limitadores, no entanto, é cada vez mais difícil na sociedade contemporânea, movida pela velocidade da informação on line. Da mesma forma que a conectividade 24 horas acelerou o fluxo de capitais e ajudou a promover a crise, esta sociedade informacional também acirra a concorrência e suscita atitudes condenáveis em nome do rápido crescimento da riqueza e da acumulação insaciável. "Não nos demos conta disso. Esta sociedade veloz desafia a todos, desnorteia a humanidade, coloca em crise o Estado, coloca setores em antagonismo, por que quem não cresce, diminui", analisa Romano.

Será preciso enfrentar uma empreitada de reconstrução desses valores, na qual, segundo Romano, o Estado está sendo chamado a assumir um papel do qual abriu mão na historia recente, embora tenha sido fundamental para o desmonte da regulamentação. "Como podemos pensar em regras morais se a União Européia não tem uma Constituição?", pergunta Romano. "Os aparelhos de Estado não acompanharam a evolução dessas relações sociais complicadas e novas do capitalismo contemporâneo e chegamos a um período de negação dos direitos públicos. Logo, o cidadão é empurrado para as razões de mercado quando se pergunta quem vai lhe garantir a felicidade. Será defendido pelo Estado ou não? Quem vai pagar a aposentadoria?"

A diminuição do papel do Estado com a promessa de fazer-se presente em outras funções - como saúde e educação - levou, segundo Romano, a uma "proteção ilusória". Esta seria a chamada Nova Ordem. A conseqüência foi produzir um raciocínio que muito contribuiu para a construção da crise, aquele mais pernicioso para os valores éticos, de levar o cidadão a acreditar, às vezes inconscientemente, de que era tudo natural, as coisas são mesmo de um certo jeito. "O cidadão não pode parar para refletir, senão ele titubeia e não faz sua tarefa que é gerar lucro, fazer o maior número de operações no menor tempo possível".

Impor uma retomada da ética, afirma Romano, implica desconstruir o discurso inflacionado por palavras e números - a estratégia maquiavélica para impedir a transparência de informações - e menos individualismo. Algo como aquilo que Adam Smith imaginou ao escrever, na "Teoria dos Sentimentos Morais", que, "por mais egoísta que se suponha o homem, evidentemente há alguns princípios em sua natureza que o fazem interessar-se pela sorte de outros".

Santander elogiou Bernard Madoff

Instituto Humanitas Unisinos - 23/01/09

O Santander , maior banco da Espanha, encheu Bernard Madoff de elogios semanas antes de sua prisão pela suposta fraude de US$ 50 bilhões, chamando de "impecável" seu conhecimento sobre o momento para se entrar e sair do mercado, em informe para investidores. Advogados sustentam que o relatório levanta dúvidas sobre os controles de risco do banco.

A reportagem é de Joanna Chung, Victor Mallet e Brooke Masters, publicada pelo Financial Times e reproduzida pelo jornal Valor, 23-01-2009.

Administradores de recursos da divisão de investimentos no fundo hedge Optimal, pertencente ao banco espanhol, cujos clientes estão entre os mais prejudicados no escândalo, disseram a investidores institucionais estar impressionados com sua capacidade de "encontrar pontos de entrada e saída ótimos, para benefício dos investidores".

A revelação do conteúdo do informe traz suspeita sobre a efetividade das operações de gestão de risco e de análise das contas. Alguns advogados disseram que informes de fundos como o do Optimal poderiam dar munição para investidores que querem processar terceiros que lhes venderam o fundo Madoff.

"Os documentos serão devastadores", afirmou o advogado Jacob Zamansky, representando clientes que pensam tomar medidas legais contra o Banco Santander, entre outros. Ontem, uma firma de advocacia espanhola informou que negociará com o banco em nome de um grupo de cem clientes espanhóis e latino-americanos afetados pelo escândalo.

Fundos hedge, bancos e gestores de recursos que investiram recursos no esquema de pirâmide financeira de Madoff divulgaram avaliações similarmente positivas sobre seu desempenho, de acordo com processos de investidores nos Estados Unidos.

O banco espanhol é o maior da região do euro, em termos de valor de mercado, e seu presidente do conselho de administração, Emilio Botín, há muito se vangloria por seus controles de risco.

O relatório para investidores informava que o Strategic US Equity Fund, do Optimal, integralmente investido com Madoff, tinha um valor de 3,21 bilhões de euros no fim de setembro. Deste então, o Santander admitiu que as perdas dos clientes chegaram a 2,33 bilhões de euros.

Executivos de banco de investimento espanhóis disseram que o Santander estava preocupado com o nível de exposição do Optimal aos investimentos de Madoff a ponto de enviar Rodrigo Echenique, diretor do banco, para reunir-se com o suposto fraudador em 27 de novembro.

O que ocorreu no encontro é incerto. Um cliente do Santander acredita que o banco tentou resgatar os fundos do Optimal e que isso pode ter levado Madoff a supostamente confessar a fraude a seus filhos. Um executivo a par do encontro, contudo, descreveu-o como inspeção de "rotina".

O Santander não quis comentar os documentos.

E nesse tipo de agente financeiro que devemos confiar. As análises são impecáveis e quase nunca contém erros.

Empresariado critica barreiras para não demitir

Instituto Humanitas Unisinos - 23/01/09

A classe empresarial rebateu com duras críticas a proposta do governo de vincular os empréstimos do BNDES à garantia de manutenção de empregos nas empresas. Para o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, o BNDES "não faz nenhum favor" quando empresta. "O banco cobra juros, e a taxas muito altas se compararmos com outros países", disse ele.

Skaf, no entanto, evitou entrar em detalhes sobre a determinação do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de condicionar os desembolsos do banco de fomento à manutenção de postos de trabalho. "O fato é que ninguém recebe dinheiro [do BNDES] de graça. E, quando o empresário executa um projeto financiado pelo banco, ele naturalmente está investindo e gerando empregos", disse o presidente da Fiesp. De acordo com ele, os juros cobrados pelo BNDES, embora mais baixos em relação ao praticado internamente, são altos na comparação com outros países. "Há países em que os juros para financiar investimentos são negativos", disse.

A reportagem é de Paulo de Araujo e Denyse Godoy e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 23-01-2009.

O presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), deputado Armando Monteiro Neto (PTB-PE), chamou de "exercício demagógico" a ideia de vincular o crédito do BNDES à manutenção dos empregos nas empresas.

"Não é realista dizer "eu lhe forneço dinheiro e você assume tal compromisso [não demitir]. A demissão é um último recurso. Tudo o que violenta a lógica do mercado acaba sendo artificial", disse Monteiro. "O que segura o emprego é o crescimento econômico."

O presidente da CNI afirmou ainda que o desemprego na indústria ainda deve aumentar no primeiro trimestre deste ano, mas a situação deve começar a se equilibrar a partir do segundo trimestre.
"Ainda teremos um agravamento. Mas acho que no segundo trimestre a queda do emprego vai estancar", disse o presidente da CNI, após participar de reunião na Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) ontem.

De acordo com o presidente da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção), Aguinaldo Diniz Filho, metade dos empréstimos recebidos pelo setor em 2008 veio do BNDES. A indústria tomou R$ 1,2 bilhão no banco no ano passado e foi a segunda colocada na lista dos setores que mais demitiram no final do ano, com um total de 29 mil vagas formais extintas. "O que gera empregos é o mercado, é a demanda. O que acontece se a demanda for para baixo e essa crise levar a uma situação pior?", questionou.

Sindicato

Saudando a medida do governo como uma "boa notícia", Artur Henrique, presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), disse que os sindicatos também se encarregarão de fiscalizar o uso de financiamento do governo pelas empresas. Comparando as informações sobre liberação de crédito com os números de dispensas, pretendem pressionar as companhias e avisar o governo quanto a eventual inobservância das regras.

Concordo plenamente com o Skaf, mas como vivemos em uma democracia e ele (ou qualquer outro empresário) não é obrigado a pegar dinheiro do BNDES, que ele vá buscá-lo nos outros países que citou e deve conhecer muito bem.

'Governo deve estatizar crédito', diz Belluzzo

Instituto Humanitas Unisinos - 23/01/09

Luiz Gonzaga Belluzzo, ex-secretário de Política Econômica e professor da Universidade de Campinas, defende a "temporária estatização da concessão de crédito" no País. Para ele, a decisão do governo de deixar disponível ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) R$ 100 bilhões, via Tesouro Nacional, para financiar investimentos de longo prazo é bastante correta e precisa ser amplificada. "Os bancos no Brasil não estão realizando empréstimos às empresas e consumidores. Na crise, revela-se o caráter coletivista do sistema de crédito nacional."

A reportagem é de Ricardo Leopoldo e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 23-01-2009.

Para Belluzzo, o governo precisa adotar uma atitude mais positiva em relação ao crédito, como "emprestar diretamente às empresas", pois as instituições financeiras comerciais ficaram conservadoras demais num período de retração econômica e o risco é levar o País à recessão. Na avaliação dele, se os bancos não querem conceder financiamentos, o governo deveria fazê-lo diretamente com recursos do Tesouro Nacional. "Esse movimento está ocorrendo nos EUA e na Inglaterra, onde os respectivos governos estão injetando volumes expressivos de capitais para que o sistema financeiro e empresas voltem a trabalhar normalmente", comentou. "O Estado não pode deixar a economia parar se os bancos comerciais decidiram não conceder empréstimos."

De acordo com Belluzzo, o governo está correto em agir vigorosamente com medidas de cunho fiscal e monetário porque o País passa por uma profunda queda do nível de atividade. Ele ressaltou que tal desaceleração é perigosa e pode deprimir o consumo de forma crônica e ampliar a freada que o País já observou nos últimos três meses. E sem o retorno do fluxo pleno do crédito, destacou Belluzzo, a economia tende a declinar de forma ainda mais acentuada no curto prazo.

Nesse contexto, Belluzzo defende também que o governo adote uma estratégia mais ampla para sustentar os investimentos de longo prazo, como redução do superávit primário. "Uma diminuição do superávit primário na atual conjuntura é necessária para que tais recursos sejam destinados especialmente à ampliação da Formação Bruta de Capital Fixo, o que é essencial para proteger a produção e os empregos do País", destacou.

O economista-chefe da LCA, Braulio Borges, estima que tal poupança do Orçamento atingiu 4,2% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2008. Para cada queda de 1 ponto porcentual do superávit primário o País cresce 0,4 ponto porcentual. "O superávit primário precisa ser utilizado de forma anticíclica. E agora é o momento adequado para ser aplicado de forma expressiva para estimular a economia", aponta Belluzzo.

Deputado Flávio Dino

Instituto Humanitas Unisinos - 23/01/09

Há uma enquete em relação ao tema abaixo no site da IHU. Evidentemente o apoio popular a esta medida já passa de 80%.

Deputado Flávio Dino – PC do B – MA – propõe o fim da vitaliciedade dos ministros do STF.

BNDES terá R$ 100 bi para 'PAC privado'

Instituto Humanitas Unisinos - 23/01/09

Os investimentos em petróleo e gás, energia elétrica e infraestrutura terão financiamento garantido no Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). "Não faltarão recursos", disse ontem o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao anunciar que o Tesouro Nacional injetará R$ 100 bilhões adicionais no banco. O reforço ao caixa da instituição foi antecipado com exclusividade pelo Estado na terça-feira. Ele ataca o problema central criado pela crise financeira: a falta de crédito.

A reportagem é de Lu Aiko Otta e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 23-01-2009.

"É o maior volume que já colocamos à disposição do BNDES", disse Mantega. "É uma medida importante para garantir todo o crédito necessário ao investimento do País em 2009." O BNDES acredita que o repasse será suficiente para atender às necessidades de recursos em 2009 e em boa parte de 2010.

A expectativa do governo é que o crédito farto, e com custo reduzido, rebata a onda de pessimismo que tomou conta do setor produtivo e cortou empregos e projetos de expansão. A Petrobrás anuncia hoje seu plano de investimentos. Mantega assegurou que não faltará dinheiro para implantá-lo, mas não confirmou nem desmentiu que o BNDES teria reservado R$ 20 bilhões para a estatal. Tampouco haverá dificuldades para os projetos privados do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), segundo garantiu o ministro. "É assim que enfrentamos a crise mundial."

A criação de empregos será uma condição para a liberação dos empréstimos. "Investimento é sinônimo de emprego." O aporte adicional ao banco é parte do conjunto de medidas anticrise. Há outras providências a caminho, como novos estímulos à construção civil e uma versão ampliada do PAC. O ministro reafirmou a meta - "não é projeção" - de crescimento de 4% este ano.

Deverá ser editada hoje uma medida provisória regulando a operação, que será uma espécie de empréstimo à disposição do BNDES. Os recursos terão como origem a emissão de títulos do Tesouro e a utilização do superávit financeiro, composto por superávits primários (saldo entre receitas e despesas, exceto gastos com juros) acumulados em anos anteriores.

Dos R$ 100 bilhões, 70% custarão ao BNDES a variação da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) mais 2,5% ao ano, o que resulta, hoje, em 8,75%. Pelos 30% restantes, o banco pagará o custo de captação no exterior. Há cerca de duas semanas, o Brasil vendeu títulos à taxa de 6,19% ao ano.

Segundo Mantega, o BNDES tem um plano de financiamentos de R$ 116 bilhões para 2009. Para concretizá-lo, precisava de R$ 50 bilhões extras. "Estamos dando R$ 50 bilhões e mais R$ 50 bilhões. Portanto, a disponibilidade é de R$ 166 bilhões, e com isso o banco poderá não só viabilizar projetos em carteira, como também outros."

Fontes informaram que a expectativa do banco é desembolsar de R$ 110 bilhões a R$ 115 bilhões este ano, mesmo com o adicional. Ou seja, não seriam usados os R$ 50 bilhões que Mantega acrescentou ao pedido. Porém, os planos do Ministério da Fazenda são diferentes. "Eles vão ter de acelerar as operações para absorver as novas demandas", disse Mantega. Por meio da assessoria, o BNDES informou que recebeu a notícia com satisfação e aprofundará as tratativas com a Fazenda e com o Tesouro.

O GOVERNO E O SEU PARTIDO

aijesus.blogspot.com - 22/01/09


Avaliação dos professoresBreves comentários:

  1. se é o "Diário do Governo do Norte" (isso, o JN) que o diz, é porque é;
  2. esta é mais uma prova do que já sabíamos: o modo como os "nossos" políticos, pê-èsses incluídos, entendem a função parlamentar é para lamentar. Substituam os vários deputados de cada partido por um só, que represente todos os outros: consegue-se o mesmo resultado e fica-nos mais barato;
  3. se a escolha é entre o governo e a paz (e a qualidade) na Educação, pontapé no primeiro!
Obs: pelo menos sabemos de onde herdamos o desinteresse dos nossos políticos pelas problemáticas educacionais.

Jornalistas, às armas! às armas!

darussia.blogspot.com - 22/01/09



Alexandre Lebedev(na foto), antigo agente dos serviços secretos soviéticos e, actualmente, um dos homens mais ricos da Rússia, anunciou hoje que vai armar os jornalistas do seu bi-semanário Novaya Gazeta, alegando que a polícia é incapaz de garantir a sua segurança.
“Se vós não podeis garantir a nossa segurança, então permitam que os nossos jornalistas portem armas”, declarou Lebedev, numa conferência de imprensa, sublinhando que já enviou duas cartas com “esse pedido bastante original” ao Serviço Federal de Segurança (ex-KGB) da Rússia.
“Infelizmente, eu, por enquanto, não consigo garantir a segurança dos jornalistas”, reconheceu o milionário russo, que controla também outros jornais e estações de rádio na Rússia.
Na segunda-feira passada, Anastassia Baburova, jornalista da Novaya Gazeta, foi mortalmente ferida a poucos metros do Kremlin de Moscovo, tendo sido abatido a tiro no mesmo local o advogado Stanislav Markelov.
Markelov foi advogado de Anna Politkovskaia, outra jornalista do mesmo bi-semanário assassinada em 2006.
Um ano antes, faleceu em condições pouco claras Iúri Tchekhotchikhin, vice-director do Novaya Gazeta e deputado do Parlamento russo, conhecido pelas suas investigações jornalísticas sobre o crime organizado e corrupção na Rússia.
Alexandre Lebedev, que recentemente adquiriu o diário londrino The Evening Standard, anunciou, na mesma conferência de imprensa, que continua, juntamente com Mikhail Gorbatchov, antigo Presidente da URSS, a “seleccionar pessoas famosas para criar um bloco democrático e independente na Rússia.
“Estamos a fazer um concurso para seleccionar pessoas de acreditada reputação. As pessoas escrevem, nós fazemos perguntas. Já recebemos cerca de 150 cartas”, precisou o antigo espião.

Estudante caboverdiano alvo de ataque racista em Moscovo

darussia.blogspot.com - 22/01/09



Um estudante caboverdiano foi recentemente alvo de um ataque à mão armada perto da Universidade da Amizade dos Povos de Moscovo, onde estuda, tendo sido esfaqueado nas mãos e nas costas.
Este incidente, o primeiro entre estudantes caboverdianos na Rússia, está a preocupá-los seriamente e acusam as autoridades do seu país de “se terem esquecido deles”.
“No dia 11 de Janeiro, José Maria, estudante da Faculdade de Linguística da Universidade dos Povos de Moscovo, ia à loja fazer compras. Dois jovens aproximaram-se dele por trás, apertaram-lhe o pescoço e começaram a esfaqueá-lo”, relata à Lusa Máxima Neves, presidente da Organização dos Estudantes de Cabo Verde na Rússia.
“O Zé Maria tentou escapar, mas levou oito facadas nas mãos e oito nas costas. Esteve internado num hospital e teve alta há pouco tempo”, continua a estudante caboverdiana.
Máxima Neves reconhece que o medo se instalou entre os estudantes caboverdianos e sublinha que se sentem abandonados pelas autoridades de Cabo Verde.
“Ainda ontem mataram aqui perto um estudante vietnamita. Não sabemos o que fazer e eles (autoridades caboverdianas) não se preocupam connosco, não querem saber de nada, nem sequer sabem quantos somos na Rússia”, lamenta Máxima.
Em 2004, um grupo de neonazis assassinou Amaro Lima, estudante da Guiné-Bissau que estudava na cidade russa de Voronej.
As autoridades policiais de Moscovo reconhecem que a capital russa assiste a um aumento em flecha de ataques de neonazis e nacionalistas contra estrangeiros.
“Em 2008, na capital foram cometidos mais de 90 ataques contra cidadãos de fisionomia não-eslava. 47 foram assassinados e 46 gravemente feridos”, informou Vladimir Pronin, chefe da polícia de Moscovo.
“Em comparação com 2007, o ano passado registou-se um aumento de crimes racistas da ordem dos 300 pc”, concluiu.

Por que a oposição não pede uma CPI do BNDES? Até a Folha (*) quer

Conversa Afiada - 22/janeiro/2009 8:30

Virgilio e Tasso: para que serve a oposição?

Virgilio e Tasso: para que serve a oposição?

. Por que Rodrigo Maia, Arthur Virgilio, Agripino Maia, Tasso Jereissati, Sergio Guerra, Eduardo Paes, ACM Neto e o líder da Bancada Dantas no Congresso, Senador Heráclito Fortes – por que essa tropa de choque que ia derrubar o presidente Lula na CPI dos Correios não convoca uma CPI do BNDES?

. O BNDES botou dinheiro do trabalhador (FAT) na BrOi para beneficiar três empresários – Carlos Jereissati, Sergio Andrade e o bandido condenado Daniel Dantas.

. Dinheiro do trabalhador para beneficiar três empresários!

. Três!

. Agora, o BNDES põe o dinheiro do trabalhador (FAT) na Aracruz – clique aqui para ver que os eucaliptos da Aracruz, estranhamente, fedem…

. E a oposição não faz nada?

. Não estranha que o Governo e a candidatura Dilma Rousseff se beneficiem da generosidade da BrOi.

. Afinal, Sergio Andrade é um dos campeões do financiamento de Caixa Dois, desde os tempos de PC Farias.

. A família Ermírio de Moraes, agora beneficiada com o Bolsa Família do Eucalipto – a compra da Aracruz, que também gosta de Caixa Dois de político.

. Será que a oposição vai ficar calada?

. Senador Arthur Virgilio – onde estás que não respondes?

. Senador Tasso Jereissati – onde estás que não respondes?

. Vão deixar o Governo Lula chegar à campanha de 2010 com a burra cheia de dinheiro?

. Ou vocês se esqueceram de que são oposição?

. Ou a BrOi vai despejar dinheiro na campanha eleitoral do Ceará?

. Do Amazonas?

. Do Rio Grande do Norte?

. Que silêncio é esse, senador Agripino Maia?

. Senador Heráclito Fortes, a Nação não pode dispensar a sua oratória churchilliana.

. Onde está a sua indignação?

. ACM Neto – o nobre deputado não vai honrar a família, os udenistas radicais, defensores da moral pública?

. Cadê a oposição?

. Vão deixar o dinheiro do trabalhador ir para o bolso de três, quatro empresários?

. Obama não é Lula!

Em tempo: A Folha, na pág. B6, tem uma reportagem sobre o assalto a mão armada que o BNDES montou contra os minoritários da Aracruz. Até o PiG percebeu.

Como Romeu Tuma Junior deu o golpe fatal em Dantas

Conversa Afiada - 22/janeiro/2009 12:49

Romeu Tuma Jr e os americanos pegaram o bandido condenado

Romeu Tuma Jr e os americanos pegaram o bandido condenado

. Quando o delegado Romeu Tuma Jr foi nomeado Secretário Nacional de Justiça do Ministério da Justiça alguns disseram que se tratava de uma indicação política.

. O Conversa Afiada disse que Romeu Tuma Jr naquele lugar era “o homem certo no lugar certo”.

. Numa conversa telefônica, Tuma Jr me explicou que essa é uma nova tática para enfrentar o crime organizado: cortar o fluxo financeiro do criminoso.

. Tuma Jr montou essa operação com quatro países.

. Ele só pode revelar que obteve integral cooperação das autoridades policiais e judiciais dos Estados Unidos.

. Sobre os outros três países Romeu Tuma Jr não pode falar.

Comentários de Paulo Henrique Amorim:

. E agora?

. O Supremo Presidente Gilmar Dantas, segundo Ricardo Noblat, vai extinguir as ações que correm contra Dantas?

. Como é que ele vai se explicar ao governo do Presidente Obama?

. Vai dizer assim: o senhor acredita no ínclito delegado Protógenes Queiroz, mas eu não acredito.

. Como fica a teoria da “contaminação”?

. O governo americano não quis saber se o papel dos agentes da ABIN inocentava o bandido condenado.

. O Governo americano, a pedido do Ministério da Justiça do Brasil, estava preocupado em congelar a grana do bandido.

. Qual destino o ministro serrista Nelson Jobim dará à babá eletrônica?

. E como fica o bandido condenado?

. Ele vai ficar quieto?

. Os US$ 2 bilhões são o cala a boca que ele recebeu com o $$$ do FAT, com a ajuda do BNDES.

. Ele vai ficar quieto ou vai querer a Brasil Telecom de volta?

. E o que dirá o Ministério Público Federal?

. Deve dizer que o que funciona para pegar um bandido brasileiro é a Justiça americana?

. E cadê o áudio do grampo?

. E o Luciano Coutinho?

. Como é que ele explica aos americanos dar US$ 2 bilhões dos contribuintes a um bandido condenado?

. E cadê os 12 HDs que estavam atrás da parede falsa do apartamento de Dantas?

. E o que estava dentro da mochila em cima da mesa da sala de jantar quando Dantas se preparava para fugir?

Leia no iG :

Governo bloqueia US$ 2 bilhões no exterior de envolvidos na Satiagraha

. E tem a ver com a Operação Satiahgraha do ínclito delegado Protogenes Queiroz.

PHA pede a Genro que investigue ameaças de Serra e Dantas

Conversa Afiada - 22/janeiro/2009 12:30

Os agentes de Serra e Dantas podem estar na mira de Genro desde já

Os agentes de Serra e Dantas podem estar na mira de Genro desde já

. Eu, Paulo Henrique Amorim, recebi o seguinte e-mail do Ministro Tarso Genro:

. Paulo Henrique e membros de sua família estão ou estiveram sob a ameaça de agentes do bandido condenado Daniel Dants e do governador de (e tudo para) São Paulo, José Pedágio.

. Leia “Dantas e Serra não ponham a mão em mim”

. Leia também “Lula, Gilmar, Genro e Ministério público já sabem que Dantas e Serra querem me pegar”

. Diante do gentil e-mail do Ministro, faço deste post uma representação formal que dê a partida a uma investigação.

. Eu e minha família agradecemos.

. Em tempo: o Supremo Presidente Gilmar Dantas, segundo Ricardo Noblat, não acusou o recebimento desta denuncia.

FHC rompe contrato de Neschling. E diz que é por justa causa

Conversa Afiada - 22/janeiro/2009 10:00

Entre Toscanini e Furtwangler, FHC e Pedágio vão escolher o maestro de Hitler

Entre Toscanini e Furtwangler, FHC e Pedágio vão escolher o maestro de Hitler

. A colonista (*) da Folha (**) Mônica Bergamo fez uma reportagem irretocável – do ponto de vista do José Pedágio e de FHHC (o que esperar de um colonista (*) da Folha (**)?

. Leia o press release de José Pedágio, governador de (e tudo para) São Paulo

. Pedágio demitiu Neschling por causa de um mictório.

. O resto é uma sequência de arbitrariedades de um Putin que não pode conviver com o talento (diga aí, caro leitor, que talento habita, por exemplo, o secretariado do Pedágio?) e a critica.

. John Neschling é irascível.

. E, na raça, construiu uma obra que ficará gravada na história cultural do Brasil.

. Ele e Mário Covas.

. Pedágio e Fernando Henrique Cardoso não deixarão impressões digitais na história cultural do Brasil.

. FHC, o Farol de Alexandria, rompeu o contrato de Neschling que ia até 2010.

. E disse que foi por justa causa.

. O típico argumento daqueles empresários do Conselho da Osesp, empresários tucanos que estão em busca de emprego (diante das atribulações terminais de suas empresas).

. O argumento do Farol é que Neschling é um desbocado.

. Quando era presidente da República, seu Ministro das Comunicações, Sérgio Motta, disse que o trabalho da antropóloga Ruth Cardoso não passava de masturbação.

. O que o Farol fez?

. Nada.

. Disse que o Serjão, sabe como é, é o temperamento dele.

. Foi o que eu pessoalmente ouvi, numa entrevista coletiva no Hotel Hay Adams, a um quarteirão da Casa Branca, quando FHC visitou Bill Clinton.

. O Farol faz o que Pedágio manda.

. Antes de tomar posse do primeiro Governo, em Miami, no Hotel Fontainebleau, eu, correspondente da Globo, perguntei a ele se Serra seria ministro de seu Governo.

. Nem pensar, ele disse.

. Se o Serra sentar numa cadeira do Ministério ele vai querer mandar no Governo todo.

. E ali na minha frente conversou por telefone com o futuro Ministro, inimigo de Pedágio até hoje, ele, sim, confirmadíssimo, Pedro Malan.

. Serra foi ministro duas vezes: do Planejamento e da Saúde.

. Quem mandou o farol nomear Serra?

. Serjão.

. Serjão une Serra e FHC até a morte – e até Luxemburgo.

. Putin e o Farol não conseguiriam ter Toscanini como diretor da orquestra.

. Toscanini era insuportável.

. Um gênio furibundo.

. O Farol e o Pedágio preferem Furtwangler.

. Aquele que serviu a Hitler com devoção.

Paulo Henrique Amorim

(*) Se refere à “colônia”, dá a idéia de pessoa “colonizada”, submetida ao pensamento hegemônico que se originou na Metrópole e se fortaleceu nos epígonos coloniais. Epígonos esses que, na maioria dos casos, não têm a menor idéia de como a Metrópole funciona, mas a “copiam” como se a ela pertencessem.
José Pedágio demite Neschling por causa de um mictório

John Neschling, uma das vítimas do Putin

John Neschling, uma das vítimas do Putin

O governador José Pedágio, governador de (e tudo para) São Paulo, demitiu o maestro John Neschling, segundo informação de Mônica Bérgamo, na Folha Online.

O motivo da demissão é um mictório.

Leia também:

Serra é “maestro”: vai para o lugar de Neschling !

Os árabes não se ajudam

Site do Azenha - Atualizado e Publicado em 22 de janeiro de 2009 às 13:51

O Ocidente joga junto. Sempre. No Egito, da França à Alemanha, do Reino Unido à Itália, os líderes ocidentais se reuniram em torno de Hosni Mubarak e de Abu Mazen, o presidente da Autoridade Palestina, para falar sobre o futuro de Gaza.

Barack Obama assumiu o poder e nas primeiras horas de governo telefonou para... o presidente da Autoridade Palestina.

Está cada vez mais claro que o ataque de Israel ao governo do Hamás em Gaza fez parte de uma combinação que tinha como objetivo isolar o Hamás, enfraquecê-lo. O Hamás é odiado pelo governo do Egito, que teme a relação do grupo com a Irmandade Muçulmana -- o grupo religioso islâmico que se opõe ao ditador Mubarak.

O que fizeram os países árabes, depois de uma série de reuniões de cúpula? Nada. Ou quase nada. Houve promessas de ajuda bilionária aos civis de Gaza. Mas ninguém quer dar dinheiro ao Hamás. Assim é a política internacional. A causa palestina, que é justa, fica subordinada àqueles que pensam, acima de tudo, em seu próprio futuro político. Não é por acaso que Israel deita e rola na região há décadas e não sente qualquer constrangimento em sua atuação política, diplomática ou militar. Os árabes não se ajudam. Pobres dos palestinos, que contam com esse tipo de "apoio" para sua causa.

A Luciana Genro

Site do Azenha - Atualizado em 22 de janeiro de 2009 às 10:33 | Publicado em 22 de janeiro de 2009 às 10:30

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Antes e depois. A dica é do leitor Fernando.

Terapia econômica de choque matou 1 milhão de trabalhadores

Instituto Humanitas Unisinos - 22/01/09

A "terapia (econômica) de choque", com privatização em massa a toque de caixa no ex-bloco soviético, na primeira metade da década de 90, foi responsável pela morte prematura de 1 milhão de pessoas, segundo um estudo publicado na "Lancet", um periódico médico.

A reportagem é do Financial Times e reproduzida pelo jornal Valor, 22-01-2009.

A análise das mortes de 3 milhões de homens em idade economicamente ativa em todos os ex-países comunistas na Europa Oriental sugere que pelo menos um terço desse número foi vítima da privatização em massa, que produziu desemprego generalizado e ruptura do tecido social.

O estudo vem se somar a crescente número de pesquisas comprovando em que grau a transição econômica produziu sofrimento generalizado devido a mortes e doenças físicas e mentais.

A pesquisa, realizada por David Stuckler e Lawrence King, da Universidade Cambridge, e Martin McKee, da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, ataca duramente o legado de Jeffrey Sachs, economista americano, que à época defendeu o choque.

McKee enfatizou que morte por alcoolismo foi a mais importante explicação imediata para o surto nas mortes, mas também contribuíram a dieta pobre e o desnível cada vez maior entre os sistemas de saúde ocidental e comunista a partir da década de 60. Entretanto ele disse que demissões de pessoal, especialmente entre as pessoas com menor escolaridade e sem assistência de social, foi um dos principais motivos. Um comentário escrito por Martin Bobak e Michael Marmot, do University College London, na própria "Lancet", adverte que a pesquisa foi de difícil realização, pela heterogeneidade dos países.

Setor mais atendido por BNDES lidera cortes

Instituto Humanitas Unisinos - 22/01/09

O setor da indústria que mais demitiu nos dois últimos meses de 2008, o de alimentos e bebidas, foi também o que recebeu mais recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) entre janeiro e novembro.

A reportagem é de Juliana Rocha e Julianna Sofia e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 22-01-2009.

O recordista de demissões formais tomou R$ 8,6 bilhões em crédito no BNDES ao longo do ano -11% do desembolso total da instituição no período.

Um cruzamento feito pela Folha a partir de dados do BNDES e do Ministério do Trabalho apontou que os cinco setores que mais fecharam postos de trabalho com carteira assinada no fim do ano receberam R$ 16,9 bilhões em financiamento do banco, ou seja, 21% do total de desembolsos entre janeiro e novembro de 2008.

Nesse período, o banco concedeu R$ 78,5 bilhões para empresas investirem, com os juros mais baixos cobrados no sistema financeiro brasileiro.

Ao longo do ano, o setor de alimentos e bebidas foi também o que mais contratou. O saldo de 2008 mostrou que foram criados 57.529 postos de trabalho formais a mais do que o número de demissões. Mas no fim do ano, com os efeitos da crise mundial, as indústrias do setor fecharam 123,2 mil vagas.
Procurada, a Abia (Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação) informou que não tinha dados suficientes sobre as empresas associadas para que pudesse comentar.

Segunda colocada no ranking de setores que mais demitiram no fim do ano, com menos 29 mil vagas formais, a indústria têxtil tomou empréstimos de R$ 1,2 bilhão no BNDES.

O diretor-superintendente da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil), Fernando Pimentel, disse que o desembolso do banco com o setor ainda é pequeno se comparado com o tamanho desta indústria na economia brasileira. Ele diz que os recursos oferecidos pelo BNDES não podem ser considerados ajuda do governo.

"Não tem ajuda nenhuma. O desembolso do BNDES passa por crivo técnico. Não tivemos isenção de impostos, dinheiro a fundo perdido. O juro é barato porque este é um banco de desenvolvimento. Esta deveria ser a taxa de juros do país."

Os juros do BNDES são de 6,25% ao ano, mais a taxa de administração que repassa os recursos. Em média, os juros finais ficam em torno de 9% anuais. A taxa média para empresas que tomam empréstimos no país é de 31,2% (último dado do Banco Central).

O terceiro setor que mais demitiu em dezembro, o de calçados, recebeu R$ 643 milhões em financiamento do banco em 2008. A indústria calçadista foi uma das três que fecharam o ano com saldo de demissões (além da indústria de borracha e couro e moveleira) negativo, com 8.703 postos formais fechados. A Abicalçados não quis comentar os dados, também por falta de informações.

Nesta semana, o ministro Carlos Lupi (Trabalho) afirmou que o BNDES vem cumprindo as cláusulas dos contratos com as empresas que preveem punições em casos de demissão. "Caso um projeto financiado resulte em redução de pessoal da empresa beneficiada, o banco exige programa de treinamento ou recolocação dos trabalhadores", disse.

Segundo ele, tudo precisa ser acordado com os representantes dos trabalhadores e o não-cumprimento pode ser penalizado com o vencimento antecipado do contrato, o pagamento imediato dos recursos desembolsados e a suspensão de desembolsos pendentes. O BNDES informou, porém, que as demissões precisam ter sido causadas pelo próprio projeto financiado para que as punições sejam aplicadas, como no caso de compras de máquinas que resultam em demissões.

Para o professor da Unicamp Anselmo Luiz dos Santos, é "justo" o governo fazer cobranças das empresas beneficiadas com recursos públicos. "Elas precisam esperar mais um pouco antes de demitir", declarou.

Pacote vai dar R$ 100 bi a empresas, via BNDES

Instituto Humanitas Unisinos - 22/01/09

Embalado com a boa notícia do corte agressivo dos juros feito ontem pelo Banco Central, o governo vai anunciar hoje a primeira parte do pacote de medidas anticrise para estimular o crescimento e tentar controlar o efeito “manada” de demissões que já ameaça a economia brasileira. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve encaminhar ao Congresso Nacional uma medida provisória (MP) autorizando um reforço adicional em até R$ 100 bilhões no orçamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de 2009 e 2010. O governo aposta na combinação de juros menores e mais dinheiro para o BNDES para tentar animar as expectativas de consumidores e empresários.

A reportagem é de Adriana Fernandes e Fabio Graner e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 22-01-2009.

O “combustível” no motor do BNDES vai assegurar o crédito mais barato para as empresas manterem seus investimentos. O dinheiro adicional também vai permitir o financiamento do plano de investimentos da Petrobrás para os próximos anos, que será fechado em reunião do conselho de administração da estatal, marcada para amanhã. A estratégia é que o BNDES possa garantir os investimentos da petrolífera, que vem tendo dificuldades para captar recursos no exterior com taxas mais baratas. Estima-se que o financiamento à estatal possa chegar a R$ 20 bilhões. Com o financiamento do BNDES, a Petrobrás ganha margem de manobra nas negociações com os bancos.

Segundo fontes ouvidas pela Agência Estado, o restante das medidas do pacote - voltadas para construção civil, habitação, aumento do crédito, estímulo ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e à redução do spread bancário - será anunciado na semana que vem, provavelmente quarta-feira. A equipe econômica vai levar as propostas amanhã ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Outras medidas também poderão ser anunciadas hoje. Pela manhã, Lula vai se reunir com a equipe econômica e presidentes dos bancos oficiais: Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e BNDES.

Lula, afirmam as fontes, vai fazer uma avaliação geral do quadro econômico e cobrar empenho total de todos para “tirar a crise” do cenário brasileiro. Também vai cobrar, especialmente de BB e Caixa, reduções do spread bancário, considerado um dos maiores problemas do mercado de crédito do País.

O presidente quer um “choque” de investimentos e foi convencido pelo presidente do BNDES, Luciano Coutinho, da necessidade de aumentar a oferta de crédito com sinalização para um período mais longo. O crédito é considerado por Coutinho e outros desenvolvimentistas como o fator decisivo do crescimento dos últimos anos, e precisa ser destravado.

O anúncio da MP deverá ser feito pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, que vai também receber empresários. O reforço ao BNDES será feito pelo Tesouro Nacional e é adicional aos recursos já assegurados ao banco para este ano.

O pacote em gestação no governo deverá conter poucas medias de desoneração tributária, segundo a líder do PT no Senado, Ideli Salvati (SC). “Sem o decreto de programação orçamentária, é impossível discutir qualquer anúncio de desoneração. E ainda não está bem clara a situação da crise. Então, não sei se vão ser adotadas medidas de desoneração de imediato”, disse a senadora, que se reuniu com o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, principal articulador das medidas na equipe de Mantega. “Vai depender, obviamente, do presidente”, acrescentou.

Empresários e centrais sindicais pedem agora menos spread

Instituto Humanitas Unisinos - 22/01/09

Ao mesmo tempo em que apoiaram a queda de 1 ponto porcentual na taxa básica de juros, empresários e sindicalistas reclamaram que o Banco Central poderia ter ido além, diante da crise econômica considerada grave.

A notícia é do jornal O Estado de S. Paulo, 22-01-2009.

O presidente da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio), Abram Szajman, disse que, finalmente, o BC compreendeu a gravidade da crise. “Estamos clamando pela redução dos juros desde quando, no ano passado, ficou evidente que a inflação não ultrapassaria a meta e que a crise atingiria fortemente o Brasil.”

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) avaliou como “sensata e pragmática” a decisão do BC, mas destacou que só a queda da Selic não é suficiente. “São necessárias medidas que levem à redução do spread bancário, de modo a promover redução mais expressiva do juro para o tomador de crédito.”

O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Jackson Schneider, acha que a queda sinaliza uma retomada de consumo, mas não consegue avaliar se a medida vai frear demissões no setor. “É preciso ver como a redução chegará na ponta do varejo.”

Humberto Barbato, da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), lembrou que a Selic é um mero sinalizador. “Resta saber o que os bancos farão.” De qualquer forma, “poderemos ao menos amenizar o clima de catastrofismo dos últimos dias”.

Para o economista da Associação Comercial de São Paulo, Marcel Solimeo, a decisão do Copom de reduzir em 1 ponto porcentual a taxa básica de juros não surpreendeu. “O desaquecimento muito forte e rápido da economia influenciou a decisão do Copom.”

TRABALHADORES

O presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, defendeu a redução do spread bancário como “a próxima luta” para melhorar o acesso ao crédito e dinamizar a economia.

“A redução de 1 ponto é importante diante da crise, já que representa R$ 15 bilhões a menos em pagamento de juros”, disse o sindicalista.

O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, classificou a queda de “tímida e insuficiente para impulsionar a economia”.

Discurso de Obama une EUA, mas divide o mundo

Instituto Humanitas Unisinos - 2/01/09

"Os EUA podem estar prontos para liderar “mais uma vez”, mas e se o mundo não estiver mais pronto para os seguir? E se ele acreditar que os EUA perderam boa parte de seu direito moral de governar nos últimos oito anos, que não têm mais o poder que tinham, e de todo modo estamos caminhando para um sistema multipolar global, como o próprio Conselho de Inteligência Nacional em Washington prevê?", pergunta Timothy Garton Ash, professor da Universidade de Oxford, na Grã-Bretanha, bolsista sênior da Hoover Institution, da Universidade de Stanford, nos EUA, em artigo publicado no jornal O Estado de S. Paulo, 22-01-2009.

Eis o artigo.

Num discurso que foi muito bom, mas não com a tão propalada grandiosidade de Lincoln, o presidente Obama falou tanto para seu país como para o mundo. Acredito que ele se deu bem retoricamente e pode se dar bem praticamente com o primeiro público, apesar de todas as dificuldades correntes, mas tenho menos certeza sobre o segundo. Aliás, existe uma pouco notada tensão entre a maneira como ele fala para os EUA e a maneira como precisa falar para o mundo.

O grande tema de toda a sua vida até agora é a mescla de múltiplas identidades em um país que finalmente ficará de bem consigo mesmo. Ele não só é, como conscientemente se apresenta como a apoteose do sonho americano.

Como um artífice das palavras, ele é adepto de buscar uma linguagem para evocar essa mescla americana dos muitos e do um. Com o tempo, acredito que esse senso de um “nós” mais abrangente possa liberar novas e significativas energias humanas entre os membros menos privilegiados da sociedade americana.

“Nossa herança multifacetada é uma força, não uma fraqueza”, ele disse. Embora tenham sido loucuras financeiras americanas, tanto privadas como públicas, que originalmente nos meteram nessa confusão, os EUA, provavelmente, estão mais bem situados que a maioria dos países europeus para nos tirar dela. Isso pode não parecer justo, mas quem disse que a vida é justa?

CETICISMO

Então, a reconstrução dos EUA? Sim, ele pode. Nada no futuro é certo, exceto a morte e os impostos, mas ele tem uma chance mais do que esportiva, em especial se receber um segundo mandato. Mas reformar o mundo sob uma liderança americana renovada, nisso eu sou mais cético.

As coisas ficarão melhores que nos últimos oito anos, com certeza. Ele indicou algumas prioridades: combater a proliferação nuclear e a mudança climática, contribuindo mais para o desenvolvimento de “nações pobres”. Ele fez uma oferta especial ao mundo muçulmano: uma nova maneira de avançar “baseada no interesse e no respeito mútuos”.

A passagem-chave foi a seguinte: “E assim, para todos os povos e governos que estão nos assistindo hoje, das mais grandiosas capitais à pequena aldeia onde meu pai nasceu: saibam que os EUA são amigos de cada nação e de cada homem, mulher e criança que busquem um futuro de paz e dignidade, e estamos prontos para liderar mais uma vez.”

Maravilha! Mas o problema está no fim. Os EUA podem estar prontos para liderar “mais uma vez”, mas e se o mundo não estiver mais pronto para os seguir? E se ele acreditar que os EUA perderam boa parte de seu direito moral de governar nos últimos oito anos, que não têm mais o poder que tinham, e de todo modo estamos caminhando para um sistema multipolar global, como o próprio Conselho de Inteligência Nacional em Washington prevê?

RESTRIÇÕES

Estou chocado com a quantidade de pequenos “ses” e “mas” que protegeram até as costumeiras saudações de líderes internacionais. Angela Merkel, da Alemanha, ofereceu afeto e congratulações cristãs, mas acrescentou que “nenhum país sozinho pode resolver os problemas do mundo”.

Nicolas Sarkozy disse: “Estamos ansiosos para ele colocar a mão na massa para que juntos com ele possamos mudar o mundo.” (Assim, como vocês veem, a França está pronta para liderar mais uma vez.) Quando chegarmos à China, Rússia e a um mundo árabe irritado com o silêncio de Obama sobre Gaza, as advertências vêm não como farpas delicadas, mas como obuses pesados de artilharia.

É possível dizer seguramente que Obama, de todas as pessoas, compreende a profunda complexidade do mundo. Acho isso correto, e essa é a nossa grande esperança. O patriotismo americano, ligado também a essa ideia de uma missão para liderar, é a cola com que ele unificará sua nação cada vez mais discrepante.

Quanto mais discrepante ela for, mais cola será necessária. E isso não é apenas operacional. Essa história e essa missão são também, até onde posso julgar, coisas em que ele próprio acredita, pois a sua própria e extraordinária jornada pessoal não é uma prova cabal da verdade da história e da correção da missão?

Portanto, existe uma tensão entre a visão de liderança americana ao estilo Kennedy revivida no mundo que ele descortina para seu próprio país, e o que o resto do mundo quer ouvir ou estará agora pronto para aceitar.

Essa tensão, repito, não é uma absoluta contradição. Como lidar com essa tensão é um dos muitos desafios complexos que se apresentam a esse ainda jovem mestre da complexidade.