"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

quarta-feira, julho 03, 2013

Por Obama, europeus colocam em risco vida de Evo Morales

viomundo - publicado em 3 de julho de 2013 às 9:41


Internacional| 03/07/2013 | Copyleft
A covardia europeia contra o presidente Evo Morales
Os europeus, os campeões da defesa da democracia, do Estado de Direito e da liberdade, demonstraram que suas relações com a Casa Branca estão acima de tudo e que podem pisotear os direitos de um avião presidencial caso isso seja preciso para que o grande império não se incomode com eles. Um rumor infundado sobre a presença no avião presidencial boliviano do ex-espião estadunidense Edward Snowden, conduziu a um sério incidente diplomático aeronáutico entre Bolívia, França, Portugal e Espanha.
Paris – Os europeus são incorrigíveis. Para não ficar mal com o império norteamericano são capazes de violar todos os princípios que defendem nos fóruns internacionais. O presidente boliviano Evo Morales foi o último a experimentar as consequências dessa política de palavras solidárias e gestos mesquinhos.
Um rumor infundado sobre a presença no avião presidencial boliviano do ex-membro da Agência Nacional de Segurança (NSA) norteamericana, o estadunidense Edward Snowden, conduziu a um sério incidente diplomático aeronáutico entre Bolívia, França, Portugal e Espanha.
Voltando de Moscou, onde havia participado da segunda cúpula de países exportadores de gás, realizada na capital russa, Morales se viu forçado a aterrissar no aeroporto de Viena depois que França, Portugal e Espanha negaram permissão para que seu avião fizesse uma escala técnica ou sobrevoasse seus espaços aéreos.
Os “amigos” do governo norteamericano avisaram os europeus que Morales trazia no avião Edward Snowden, o homem que revelou como Washington, por meio de vários sistemas sofisticados e ilegais, espionava as conversações telefônicas e as mensagens de internet da maioria do planeta, inclusive da ONU e da União Europeia.
O certo é que Edward Snowden não estava no avião de Evo Morales. No entanto, ante a negativa dos países citados em autorizar o sobrevoo do avião presidencial, Morales fez uma escala forçada na Áustria. As capitais europeias coordenaram muito bem suas ações conjuntas para cortar a rota de Evo Morales.
Surpreende a eficácia e a rapidez com que atuaram, tão diferente das demoradas medidas que tomam quando se trata de perseguir mafiosos, traficantes de ouro, financistas corruptos ou ladrões do sistema financeiro internacional.
Segundo a informação da chancelaria boliviana, o avião havia obtido a permissão da Espanha para fazer uma escala técnica nas Ilhas Canárias. Essa autorização também foi cancelada e, finalmente, o avião teve que aterrissar no aeroporto de Viena.
Segundo declarou em La Paz o chanceler boliviano David Choquehuanca, “colocou-se em risco a vida do presidente que estava em pleno voo”. “Quando faltava menos de uma hora para o avião ingressar no território francês nos comunicam que tinha sido cancelada a autorização de sobrevoo”.
O ministro pediu uma explicação tanto da França quanto de Portugal, país que tomou a mesma decisão que a França.

“Queremos nos amedrontar. É uma discriminação contra o presidente”, disse Choquehuanca.
Em complemento a esta informação, o portal de Wikileaks também acusou a Itália de não permitir a aterrisagem do avião presidencial boliviano.
Em Paris, o conselheiro permanente dos serviços do primeiro-ministro Jean-Marc Ayrault disse que não tinha nenhuma informação sobre esse assunto. Por sua vez, a chancelaria francesa disse que não estava em condições de comentar ocaso.
Bocas fechadas, mas atos concretos.
Ao que parece, todo esse enredo se armou em torno da presença de Snowden no aeroporto de Moscou. Alguém fez circular a informação de que Snowden estava no aeroporto da capital russa com a intenção de subir no avião de um dos países latino-americanos dispostos a lhe oferecer asilo político. Snowden é procurado por Washington depois de revelar a maneira pela qual o império filtrava as conversações no mundo.
O chanceler boliviano qualificou como uma “injustiça” baseada em “suspeitas infundadas sobre o manejo de informação mal intencionada” o cancelamento das permissões de voo para o avião de Evo Morales.
“Não sabemos quem inventou essa soberana mentira; querem prejudicar nosso país”, disse Choquehuanca.
“Não podemos mentir à comunidade internacional e não podemos levar passageiros fantasmas”, advertiu o responsável pela diplomacia boliviana.
Em La Paz, as autoridades adiantaram que não receberam nenhum pedido de asilo por parte de Edward Snowden.
Evo Morales havia evocado a possibilidade de conceder asilo a Snowden, mas só isso. O mesmo ocorreu com outra vítima da informação e da perseguição norteamericana, o fundador do Wikileaks, Julian Assange.
O mundo ficou pequeno para Edward Snowden. 

Assange está refugiado na embaixada do Equador em Londres e Snowden encontra-se há dez dias na zona de trânsito do aeroporto de Sheremétievo, em Moscou. Segundo Dmitri Peskov, o secretário de imprensa do presidente Vladimir Putin, o norteamericano havia solicitado asilo a Rússia, mas depois “renunciou a suas intenções e a sua solicitação”.
Peskov esclareceu, porém, que o governo russo não entregaria o fugitivo para a administração norte-americana: “o próprio Snowden por sincera convicção ou qualquer outra causa se considera um defensor dos direitos humanos, um lutador pelos ideais da democracia e da liberdade pessoal. Isso é reconhecido pelos ativistas e organizações de direitos humanos da Rússia e também por seus colegas de outros países. Por isso é impossível a entrega de Snowden por parte de quem quer que seja a um país como os EUA, onde se aplica a pena de morte.
Quando se referiu ao caso de Snowden em Moscou, Evo Morales assinalou que “o império estadunidense conspira contra nós de forma permanente e quando alguém desmascara os espiões, devemos nos organizar e nos preparar melhor para rechaçar qualquer agressão política, militar ou cultural”.
Os europeus, os campeões da defesa da democracia, do Estado de Direito e da liberdade, demonstraram que suas relações com a Casa Branca estão acima de tudo e que podem pisotear os direitos de um avião presidencial caso isso seja preciso para que o grande império não se incomode com eles.
Tradução: Marco Aurélio Weissheimer

Adriano Benayon: Desde 88, Brasil gastou 10 tri com a dívida

viomundo - publicado em 3 de julho de 2013 às 10:23


Para onde?
por Adriano Benayon*, via e-mail
01.07.2013
1. Por que milhões de pessoas vão às ruas manifestar-se, mesmo sem ter tido conhecimento dos passos mais recentes dados pelos poderes do Estado no sentido da destruição do País?
2. Claro que para revoltar-se nem precisam estar bem informados. Basta sentir os sofrimentos  decorrentes de problemas que continuam agravando-se: 1) transporte público insuportável e, além disso,  nas grandes cidades, transporte particular inviabilizado pelo excesso de veículos; 2) acesso  difícil ou inexistente a  serviços públicos de saúde e de educação, de alguma qualidade, além de, no âmbito privado,  preços absurdos sem qualidade correspondente; 3) salários baixos; 4) preços elevados, em mercados dominados por empresas e bancos concentradores; 5) impostos e taxas numerosos e custosos.
3. Credita-se ter desencadeado a faísca ao Movimento do Passe Livre (MPL), baseado em São Paulo e outras cidades, organizado há anos e voltado para objetivos justos, embora limitados
4. O momento em que surgiram os protestos devidos ao aumento das passagens de ônibus em São Paulo, coincidiu com os jogos da Copa das Confederações, a qual expôs os superfaturamentos e outros absurdos ligados à construção dos estádios.
5. É compreensível que associem esses gastos suntuários às carências no atendimento das necessidades da população.
6. Falta, porém, elevar mais o número dos manifestantes e motivá-los a lutar pela erradicação das verdadeiras causas das desditas do povo.  Para isso é urgente disseminar, para dezenas de milhões de brasileiros, as informações econômicas e políticas relevantes.
7. Dizer-lhes, por exemplo: Os gastos com a dívida pública absorveram 43,98% dos recursos federais em 2012. Mais de R$ 750 bilhões. Para a saúde foram destinados somente 4,17% desses recursos;3,34% à educação; 0,7 aos transportes; 0,39% à segurança e 0,01% à habitação.
8. Os R$ 750 bilhões para a dívida equivalem a quase o total dos investimentos públicos e privados no mesmo ano. Significa que se esse dinheiro fosse investido produtivamente, em vez de dilapidado em despesas financeiras, poderiam ser dobrados os gastos realizados na produção e na geração de  empregos.
9. Desde 1988 foram gastos 10 trilhões de reais com a dívida pública. Um trilhão é mil vezes um bilhão, e um bilhão é mil vezes um milhão, que é mil vezes mil.
10. De onde veio isso: A indústria e os mercados são controlados por empresas estrangeiras, que remetem dinheiro ao exterior de mais de quinze modos. Os bens e serviços que vendemos são subfaturados, e os que compramos são superfaturados.
11. Então se acumulam as dívidas.  O produto de nosso trabalho, os nossos minérios, a produção agrícola, tudo é mandado para o exterior por quase nada, e o governo ainda premia os exportadores e os isenta de ICMS e contribuições sociais.
12. Por que é assim? Os políticos recebem dinheiro das empresas e bancos concentradores para as eleições e dependem também das TVs comerciais e imprensa, tudo ligado aos concentradores financeiros.
13. Por isso o problema dos investimentos produtivos não é só serem poucos, mas serem mal escolhidos e realizados. Tudo é desenhado, orientado para o ganho dos  concentradores: transportes, educação,  saúde,  telecomunicações e energia.
14. E também: O transporte está ruim? Lógico, as ruas estão entulhadas com veículos produzidos por montadoras estrangeiras, às quais o  governo federal, os estaduais e os municipais dão prêmios e isenções de centenas de bilhões de reais. E não construíram linhas de metrô. Por isso o trabalhador se desgasta durante cinco horas por dia dentro das conduções. Não se fazem tampouco hidrovias nem ferrovias para transportar passageiros e cargas.
15. A corrupção tem efeitos muito mais graves que os percebidos pela grande maioria dos brasileiros. Esta se  indigna diante dos casos de enriquecimento, na ordem de milhões de reais, dos políticos e agentes públicos, que a grande mídia resolve expor, poupando os corruptos mais ligados aos interesses estrangeiros.
16. O povo não protesta, ainda, com a devida força, contra as lesões praticadas pelo atual governo ao patrimônio público nos leilões de petróleo — trilhões de dólares entregues praticamente de graça a petroleiras estrangeiras — nem contra a gradual destruição da Petrobrás.
17. Ainda por cima Executivo e Legislativo fazem demagogia decretando que 75% dos royalties do petróleo sejam carreados para a educação e 25% para a saúde. Ora, esses percentuais incidem sobre praticamente nada, além de a produção ainda demorar, os royalties são 10% das receitas subdeclaradas (o governo não controla o que sai).
18. Ainda se manifesta pouco contra as  concessões de ferrovias, portos e aeroportos financiadas pelo BNDES. Igual com os empréstimos de grande vulto para empresas concentradoras e para as parcerias público-privadas nos investimentos de infra-estrutura, em que o  setor privado tem lucros garantidos pelo Estado, sem sequer investir.
19. Não se mostra ao povo de que modo os bancos obtêm ganhos colossais. Apenas três bancos privados –  Itaú, Bradesco e Santander –  somam lucros anuais de R$ 30 bilhões, emprestando e aplicando dinheiro dos depositantes. E o art. 164 da Constituição obriga o Banco Central a financiar somente os bancos, proibindo-o de financiar o próprio Tesouro Nacional.
20. Ignoram-se, ainda, os prejuízos de trilhões de reais que resultaram das privatizações de FHC, como a da Vale, a do BANESPA, dado ao Santander, e as das siderúrgicas. E as de serviços públicos extorsivos e deficientes, como a eletricidade e as telecomunicações.
21. Nem falam das antigas estradas construídas com dinheiro público, mal conservadas e entregues a concessionárias, que se cevam através de absurdos pedágios. E ninguém constroi novas.
22. Está, pois, na hora de o povo ser informado do que precisa saber para exigir instituições que revertam a lastimável situação do País.
23. Conscientizá-lo de que a luta é árdua. A mídia condenará as manifestações quando focarem no que interessa, e recrudescerá a repressão policial, inexistente para vândalos e assaltantes.
24. Mas o povo terá de enfrentar isso tudo, se não quiser, mais uma vez, servir de massa de manobra para os interesses que o têm mantido sem perspectivas de se libertar. Libertar-se das imposições de potências estrangeiras, brutais embora ocultadas.
25. Em suma, ter-se-á de ir ao fundo da questão: exigir autodeterminação, só possível num sistema político em que os governantes não sejam escolhidos, cooptados, corrompidos nem acuados pelos concentradores.
26. Os obstáculos são muitos. Um dos principais é o tradicional jogo do império anglo-americano, de incitar o ódio ideológico. Para vencê-lo, os brasileiros têm de se unir em torno de questões concretas pautadas pelo interesse nacional.
27. Por exemplo, os manipuladores qualificam o governo de socialista ou neocomunista, quando as políticas dele privilegiam a oligarquia financeira imperial. Enquanto isso, partidos como o PT e PCdoB espalham o mito de serem de esquerda.
28. O programa de reconstrução do Brasil deve priorizar a reindustrialização sob capital nacional e dar ênfase à defesa do País. O oposto do que acabam de fazer lideranças da Câmara dos Deputados desengavetando o acordo que cede aos EUA, potência balística, nuclear e imperial,  a base de lançamento de foguetes em Alcântara.
*Adriano Benayon é doutor em economia e autor do livro Globalização versus Desenvolvimento.

Medo das massas

Folha de São Paulo - 3 jul 2013
 
Vladimir Safatle

Assim como o povo brasileiro, o povo da pequena Islândia um dia descobriu que estava em crise de representação. A crise econômica lhes havia mostrado a relação profundamente incestuosa entre classe política, imprensa e interesses econômicos do sistema financeiro.
Essa situação não seria superada por meio da troca dos partidos no comando, pois crises de representação exigem um movimento de outra natureza. Elas só podem ser realmente superadas quando saímos da própria esfera da representação, ou seja, quando fazemos apelo a uma força política bruta e instituinte fora do universo da representação.
Com essa consciência em mente, o povo islandês decidiu que era hora de ter outra Constituição. Mas, em vez de chamar juristas e políticos para preparar um esboço inicial do texto constitucional, eles fizeram algo mais ousado: mandaram, ao acaso, 950 cartas convocando 950 cidadãos a se reunirem em um estádio a fim de preparar as bases do que seria discutido na Assembleia Constituinte.
Essa incrível confiança no acaso, essa crença de que o acaso é o nome que desperta a potência da invenção democrática não foi a porta aberta para todos os delírios possíveis. Sua Constituição é uma das mais fantásticas peças da democracia contemporânea.
Há um tipo de pessoa incapaz de ter o único sentimento que realmente funda a democracia: confiança no povo. Para tais pessoas, toda vez que o povo é chamado à cena da instauração política, isso só pode significar convite ao caos e à desordem. O povo só pode aparecer dentro de um filme cujo cenário já está desenhado de antemão, seja para sorrir no dia da "festa eleitoral", seja para plebiscitar perguntas que a classe política previamente decidiu.
Nesse sentido, a única ideia sensata depois de semanas de ações paliativas para aplacar as manifestações populares foi a proposta de uma constituinte da reforma política capaz de colocar em questão todo o sistema atualmente em funcionamento. A ideia era tão sensata que foi abandonada em menos de 24 horas.
No seu lugar, ficou um plebiscito canhestro, em que a população será chamada a responder perguntas que ela não colocou. Ou alguém imagina que o povo brasileiro foi às ruas para decidir se as eleições teriam lista fechada ou aberta, voto distrital ou estadual? Há algo de piada de mau gosto nesse tipo de manobra.
Se alguém realmente ouvisse a população em nossos governos, a solução islandesa seria aplicada e as propostas de reforma política sairiam de fóruns de participação direta pela sábia mão do acaso. Isso, entretanto, seria pedir demais para quem, no fundo, tem medo das massas. 

O que me preocupa nessa ideia da "constituinte específica" que todos consideram iluminada, é a de que a especificidade se perca na entrada do Congresso, e ela não se torne assim tão específica. Mas, que a coisa como tá sendo conduzida parece piada, parece.

segunda-feira, julho 01, 2013

Les réseaux sociaux relancent la mobilisation au Brésil

Article publié le : lundi 01 juillet 2013 à 13:22 - Dernière modification le : lundi 01 juillet 2013 à 13:31

Graffiti sur un mur de Rio de Janeiro : «La Coupe tue les pauvres».
Graffiti sur un mur de Rio de Janeiro : «La Coupe tue les pauvres».
REUTERS/Ricardo Moraes

Par Achim Lippold
Au Brésil, le groupe Anonymous a posté un message sur Youtube appellant les Brésiliens à une grève générale ce lundi 1er juillet, au lendemain de la finale de la Coupe des Confédérations. Tout est parti d’une idée du musicien brésilien Felipe Chamone, il y a deux semaines. Il avait lancé une page Facebook, qui a disparu à présent, organisant une nouvelle manifestation. L’idée était de continuer à protester pour un Etat plus efficace et moins corrompu à un moment où la mobilisation sociale marque le pas après trois semaines d’intenses rassemblements à travers tout le pays.

Sao Paulo, la mégapole brésilienne de 11 millions d’habitants sera-t-elle paralysée ce lundi 1er, comme l’ont promis les organisateurs de la grève ? Rien n’est moins sûr. Les autorités en tout cas affichent une grande sérénité. L’appel à la grève générale a été diffusé sur les réseaux sociaux mais selon les autorités locales, aucune grande manifestation n’est prévue.
Pour l’instant, la police militaire n’a pas mis en place de dispositif spécial de sécurité. Selon un syndicat des transports publics, le métro fonctionnera normalement. Mais les habitants sont toutefois prudents, à l’instar d’Enaïde : « On ne sait pas ce qui va se passer, dit cette jeune femme. Si jamais tout est bloqué, cela va être difficile de se rendre au travail. Honnêtement, je ne sais pas encore ce que je ferais dans ce cas. Si je me débrouille en taxi ou si je reste à la maison. A ce moment-là, il faut que négocie avec mon patron ».
Une mobilisation pas encore essoufflée
Comme cette grève n’est pas lancée par des syndicats mais des réseaux sociaux, les salariés ne sont pas couverts par les conventions sociales. Si une personne veut s’absenter du travail pour manifester, il doit prendre un jour de congé. « C’est une des raisons pour lesquelles la mobilisation sera limitée », estime Mariana Campanatti de l’association Imagina na copa (qui profite de la Coupe du Monde pour lancer des projets sociaux). Cette militante avait participé à toutes les manifestations, mais aujourd’hui, elle va travailler.
Mariana Campanatti ne pense pourtant pas que le mouvement s’est essoufflé. « La Coupe des Confédérations était une première occasion de manifester, mais il y aura la Coupe du Monde dans un an, assure-t-elle. Et d’ici là, le mouvement va gagner en ampleur, j’en suis sûre. Le mécontentement va au-delà des revendications particulières ». Et de conclure : « Moi par exemple je ne peux pas m’identifier avec ceux qui prétendent me représenter ».
Panique à bord au PT
Le gouvernement reste donc sous pression. Ces derniers jours, la présidente Dilma Rousseff a fait de nombreuses concessions aux manifestants. Cela n’a pas empêché sa chute dans les sondages. Pour Claudio Weber Abramo, directeur de l’ONG Transparence Brésil, la vraie menace qui pèse sur Dilma Rousseff, c’est la sanction des électeurs l’année prochaine. « Moi j’attends de voir comment vont se dérouler les élections de l’année prochaine. Si j’étais à la place des organisateurs des manifestations, je ferais une grande campagne en faveur du vote blanc. Parce qu’au Brésil, plus de 50 pour cent de votes blancs annulent une élection », remarque-t-il.
Certains au sein du Parti des travailleurs doutent déjà que Dilma Rousseff soit la bonne candidate pour 2014. Selon Pablo Ortellado, du Mouvement Passe Livre qui était à l’origine des manifestations, la mobilisation pourrait compromettre l’avenir politique de la présidente : « Bien sûr elle a peur. Moi, à sa place j’aurais peur aussi. Personne ne sait quelle direction prendra ce pays ! ». Une incertitude qui pèse aussi sur cette journée, considérée comme un test pour l’avenir de la mobilisation sociale.

Espionnage: l'Europe furieuse exige la fin, Washington relativise

Paris (AFP) - 01.07.2013 14:14 - Par Sabine WIBAUX
Furieux après les révélations d'écoutes et de surveillance de leurs institutions par les Etats-Unis, les Européens ont exigé lundi l'arrêt immédiat de tout espionnage, Washington se bornant de son côté à relativiser l'affaire.
voir le zoom : La chef de la diplomatie de l'Union européenne (UE) Catherine Ashton à Bandar Seri Begawan, le 1er juillet 2013 
La chef de la diplomatie de l'Union européenne (UE) Catherine Ashton à Bandar Seri Begawan, le 1er juillet 2013 
afp.com - Jacquelyn Martin
voir le zoom : John Kerry le 1er juillet 2013 à Bandar Seri Begawan   
John Kerry le 1er juillet 2013 à Bandar Seri Begawan 
afp.com - Roslan Rahman
voir le zoom : La chancelière allemande Angela Merkel à Bonn en Allemagne, le 29 juin 2013 
La chancelière allemande Angela Merkel à Bonn en Allemagne, le 29 juin 2013
afp.com - Martin Meissner
Furieux après les révélations d'écoutes et de surveillance de leurs institutions par les Etats-Unis, les Européens ont exigé lundi l'arrêt immédiat de tout espionnage, menaçant de bloquer toute future négociation, Washington se bornant de son côté à relativiser l'affaire.
La France ne peut "pas accepter ce type de comportements" qui doivent cesser "immédiatement", a réagi le président français François Hollande, premier chef d'Etat à s'exprimer aussi vivement sur les soupçons d'espionnage américain de l'Union européenne (UE). "Les éléments sont déjà suffisamment réunis pour que nous demandions des explications", a-t-il ajouté.
Sans évoquer directement la création d'une zone de libre-échange transatlantique, objet de prochaines discussions, François Hollande juge que l'"on ne peut avoir de négociations ou de transactions" avec les Etats-Unis "qu'une fois obtenues (les) garanties" sur une cessation de l'espionnage par ce pays de l'UE et de la France.
En Allemagne, un porte-parole d'Angela Merkel, Stefen Seibert, a estimé que les Etats-Unis devaient "rétablir la confiance" avec leurs alliés européens. "Une discussion aura bientôt lieu" avec la chancelière, a-t-il précisé.
La Grèce réclamait de son côté des "clarifications" à Washington.
C'est un hebdomadaire allemand, Der Spiegel, qui a révélé dimanche que l'agence américaine NSA espionnait des bâtiments officiels de l'Union européenne aux États-Unis, mais aussi à Bruxelles depuis de longues années. Au sein de l'UE, l'Allemagne est, selon l'hebdomadaire, une cible privilégiée.
Le Spiegel fonde ses accusations sur des documents confidentiels dont il a pu avoir connaissance grâce à l'ancien collaborateur du renseignement américain Edward Snowden, auteur de révélations explosives sur le programme américain d'espionnage électronique.
Le quotidien britannique The Guardian a écrit dans la foulée que la France, l'Italie et la Grèce figuraient parmi les 38 "cibles" surveillées par l'agence américaine.
Barroso au créneau aussi
Le président de la Commission européenne, José Manuel Barroso, a demandé un contrôle de la sécurité des bâtiments de la Commission à Bruxelles, a annoncé sa porte-parole.
En première ligne, le secrétaire d'Etat américain John Kerry a rencontré lundi son homologue européenne Catherine Ashton, en marge d'un sommet asiatique à Brunei, minimisant l'ampleur du scandale.
"Je dirai que chaque pays dans le monde qui est impliqué dans les affaires internationales, de sécurité nationale, exerce de nombreuses activités afin de protéger sa sécurité nationale et toutes sortes d'informations qui peuvent y contribuer", a-t-il ajouté. "Tout ce que je sais, c'est que cela n'est pas inhabituel pour un grand nombre de pays".
"Nous coopérons avec l'Europe sur tellement de sujets, nous sommes si proches en raison de nos intérêts dans le monde que nos relations vont rester fortes", a renchéri Ben Rhodes, conseiller adjoint du président Barack Obama pour la sécurité nationale. "Nous allons travailler avec eux (les Européens) sur les questions de sécurité, économiques, et franchement nous partageons aussi beaucoup de valeurs démocratiques qui, je pense, peuvent transcender toute controverse", a-t-il ajouté.
Face au déluge de documents communiqués via Edward Snowden, au coeur d'un imbroglio mondial digne des meilleurs romans d'espionnage, Bruxelles a averti de possibles conséquences sur les négociations en vue de la création d'une zone de libre-échange transatlantique.
"Si c'est vrai que les Américains ont espionné leurs alliés, il y a aura des dégâts politiques. Cela dépasse de loin les besoins de sécurité nationale. C'est une rupture de confiance et on est parti pour quelque chose de très sérieux", a confié à l'AFP un responsable européen.
© 2013 AFP