"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

sábado, fevereiro 22, 2014

Sobre a Mobilidade Urbana

Na quinta-feira ouvi o Boechat fazer um comentário sobre um acidente trágico envolvendo o Deputado Estadual Fernando Ribas Carli Filho que matou dois jovens em Curitiba. O deputado estava a 160 Km/h, “decolou” em uma lomba e arrancou a cabeça dos rapazes. Convem ressaltar que o deputado tinha a época 130 pontos na carteira e estava alcoolizado. O advogado René Dotti do deputado tenta pôr a culpa nos rapazes pois ele teriam adentrado na via sem olhar a esquerda. A pergunta de Boechat, óbia, quem olha a esquerda ao lado de uma lomba? Quem poderia esperar um carro “voando” em sua direção?

Um ouvinte do Ceará escreveu para a redação tecendo um comentário que muitas vezes discuti com amigos. Por qual motivo, os carros brasileiros saem de fábrica com possibilidade de atingir tal velocidade, já que pelo Código de Trânsito o máximo permitido em rodovias é de 110 km/h? O que dirá em nossas ruas?

Lembro-me que a captiva V6 (que não existe mais) saía de fábrica com um limitador de velocidade. Se isso é possível para um veículo em que vários testes demonstravam sua estabilidade, mesmo com velocidades bem superiores a essa. Qual seria a razão dos demais veículos não sairem de fábrica com um limitador de por exemplo 130Km/h?

Os comerciais televisivos que reforçam a potência dos motores dos lançamentos respondem a essa pergunta.

Vi muito em Paris o renault Twizy, que custa algo em torno de 6.000 euros por lá. Também vi com frequência a moto Metropolis da Peugeot que sai em torno de 7.000 euros, e tem a possibilidade de ser completamente fechada como o Twizy. Soluções para uma cidade com trânsito enlouquecido e sem espaço para estacionamento (e olha que o metrô funciona muito bem).

Seria bem interessante se no Brasil se estimulasse a fabricação deste tipo de veículo e que a redução de IPI fosse focada para esse tipo de produto, mantendo os demais com tarifação normal. Como nós temos um grande uso de veículos nas grandes cidades por apenas uma pessoa, considero uma saída bem interessante, enquanto não se instala linhas de metrô realmente funcionais nas nossas metrópoles.

Aproveitando a abordagem do metrô. Nossa mobilidade urbana está um caos. A copa está aí, e as tais famosas obras nesse quesito… bem, quem anda pelas cidades sabe do que estou falando.

Não consigo entender a relutância e mesmo a ausência de linhas de metrô nas grandes capitais brasileiras.

Sei que o modelo rodoviarista implementado no Brasil, principalmente após JK tem grande peso nisso. E que o lobby no Congresso também. Mas, a falta de iniciativa dos políticos brasileiros (e aí independe o partido) nesse quesito é impressionante.

Para termos padrões de comparação, São Paulo tem a maior malha ferroviária com 74,3 Km e 58 estações. Em 1916 a mesma São Paulo apresentava 227 km de linhas de trilhos de bonde, ou seja três vezes o valor atual. Só que a população paulista de 1916 era bem inferior a de agora.

Comparando com a realidade de duas cidades europeias, o Metropolitano de Londres tem 268 estações e aproximadamente 400 km, o de Paris tem 213 km de linhas, com mais de 300 estações. Considerando que São Paulo é a 6ª maior cidade do mundo, Londres a 19ª, e Paris não aparece nem entre as 60 maiores, podemos chegar a conclusão de que algo está errado.

Sei… vão dizer que estou comparando a realidade de países europeus desenvolvidos com o Brasil. Então vamos ver a realidade da Argentina, que passou por crises econômicas intensas e vive mais uma.

O metrô de Buenos Aires foi inaugurado em 1913 e conta com 55,6 Km e 74 estações. Existe um projeto de ampliação para 75 Km de extensão com 127 estações. Detalhe, Buenos Aires tem 2.800.000 habitantes aproximadamente. São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador superam Buenos Aires. Brasília, Fortaleza e Belo Horizonte ficam abaixo por no máximo (caso de Belo Horizonte) 300.000 habitantes.

E aí, qual seria a desculpa agora?

quarta-feira, fevereiro 19, 2014

Cearense desenvolve equipamento de combate à escassez de água

Tribuna do Ceará 

Com apenas 20 anos e cursando Engenharia Mecânica na UFC, Osvaldo ficou em 2º lugar no Prêmio Jovem Cientista, promovido pelo CNPq

Osvaldo construiu, com ajuda do laboratório da UFC, um protótipo inovador (FOTO: Arquivo pessoal)
Osvaldo construiu, com ajuda do laboratório da UFC, um protótipo inovador (FOTO: Arquivo pessoal)
A escassez de água no semiárido nordestino é um problema que exige uma resposta prioritária. A falta de água ocasiona fome, sede e perdas agrícolas. Como ainda faltam soluções, iniciativas individuais pretendem combater a estiagem.
O estudante de Engenharia Mecânica, Osvaldo Tavares, de apenas 20 anos, criou um protótipo inovador, que pretende servir como ferramenta para resolver o problema da escassez no Nordeste, mais precisamente no Ceará. O experimento retira sais da água a partir da luz solar.
Cursando o 9º semestre do curso na Universidade Federal do Ceará (UFC), Osvaldo já recebeu manifestações de reconhecimento pelo trabalho. Ele ficou em 2º lugar na categoria Estudante de Ensino Superior do Prêmio Jovem Cientista, promovido nacionalmente pelo CNPq, do Governo Federal.
Com o suporte da equipe do Laboratório de Energia Solar e Gás Natural, fundado pela professora Maria Eugênia Vieira da Silva, Osvaldo desenvolveu um experimento dedessalinização da água por meio da energia solar. “O protótipo trata da dessalinização, com oobjetivo de torná-la adequada ao consumo humano, a partir do calor para provocar a evaporação das moléculas de água, ocorrendo a separação entre a água pura e os sais”.
> LEIA MAIS

Como funciona
O equipamento pode ser dividido em duas partes: os coletores de tubo evacuados, responsáveis por absorver a radiação solar e provocar o aquecimento da água que neles circula.; e a torre de dessalinização, constituída de um tanque e de múltiplos estágios empilhados, onde ocorre a dessalinização propriamente dita.
Equipamento dessaliniza água por meio da energia solar (FOTO: Divulgação)
Equipamento dessaliniza água por meio da energia solar (FOTO: Divulgação)
“A água aquecida dos coletores flui de forma natural (termosifão) até o tanque, onde evapora. O vapor condensa na superfície inferior, transferindo o calor para o estágio acima. Em seguida, o condensado é coletado por meio de calhas. O processo continua até o estágio mais alto da torre”, explica.
Litros
O experimento deu tão certo, que foram alcançados 28 L de água dessalinizadas no período de 24 horas. Com base nesse valor, cada protótipo pode fornecer água potável para até 13 pessoas em uma comunidade isolada.
Entretanto, segundo o jovem cientista, este ainda não é o resultado final. “O sistema foi concebido para operar em sete estágios instalados, estamos usando cinco”. Além disso, os pesquisadores estudam a possibilidade de usar refletores para aumentar a radiação incidente nos coletores solares, o que elevaria a produção de água dessalinizada.
A tecnologia pode ser importante ferramenta para combater o problema de escassez de água, porque é possível a instalação em regiões isoladas, diferente de outras técnicas de dessalinização que utilizam energia elétrica, além de poder ser manuseada por usuários sem muitos conhecimentos técnicos. “As áreas afetadas com o problema da seca têm como característica o sol forte o ano inteiro, o que evidencia o grande potencial solar dessas regiões”, diz Osvaldo.
Motivação
Estudante garantiu o prêmio Jovem Cientista com o equipamento (FOTO: Arquivo pessoal)
Estudante garantiu o prêmio Jovem Cientista com o equipamento (FOTO: Arquivo pessoal)
O fato de ter sido um dos vencedores do prêmio Jovem Cientista motivou Osvaldo a contribuir com soluções aos problemas sociais do país. De acordo com o estudante, o maior incentivo foi o reconhecimento do trabalho do laboratório por instituições federais, como o CNPq. Em dezembro, Osvaldo recebeu o prêmio das mãos da presidente Dilma Rousseff.
“As vezes, pensamos que estamos esquecidos (…) Mas chegar ao Palácio do Planalto e receber os cumprimentos da presidente como resposta ao trabalho que fazemos foi muito bom”, revela.

segunda-feira, fevereiro 17, 2014

O comércio internacional de droga e a lavagem de dinheiro

resistir info - 12 fev 2014


por Valentin Katasonov [*]
Em 01/Janeiro/2014 a Rússia assumiu a presidência do Grupo dos Oito (G8), um clube internacional que une os governos da Grã-Bretanha, Alemanha, Itália, Canadá, Rússia, EUA, França e Japão. Os países participantes do G8 representam cerca de 50% do PIB mundial, 35% das exportações mundiais e 38% das importações. A 40ª cimeira do G8 será em Sochi, Rússia, dias 4-5/Junho/2014. A Rússia propôs para a cimeira uma agenda na qual o comércio internacional de droga está no topo da lista.

Lavagem de dinheiro: A ligação entre o comércio da droga e os bancos

A questão do comércio da droga é extremamente vasta. Por regra, as organizações criminosas envolvidas neste comércio trabalham em quatro áreas principais:

a) assegurar a produção e o processamento de drogas e levá-las à rede de distribuição por grosso;

b) organizar as vendas de drogas através de redes grossistas e retalhistas, entregando-as a consumidores finais e recebendo cash pelas mercadorais;

c) legalizar o cash recebido, que é "lavado" injectando-o no sistema bancário e transformando-o em dinheiro não-cash;

d) depositar o dinheiro em contas bancárias em vários sectores da economia legal, completando o processo de lavagem do dinheiro.

As actividades do comércio de droga pressupõem sua estreita interacção com bancos, os quais recebem o dinheiro sujo. Por vezes a máfia da droga utiliza bancos sem o conhecimento do banco, mas isto habitualmente verifica-se quando pequenas quantias de cash são injectadas no sistema bancário. No caso de somas significativas e transacções regulares, a máfia da droga negocia directamente com banqueiros para a cooperação a longo prazo. Durante a última crise financeira ocorreu uma situação única: os próprios bancos começaram a procurar contactos com a máfia da droga e a lutar por absorver dinheiro "sujo" como meio de salvarem-se da bancarrota...

Os conceitos de "dinheiro sujo" e "lavagem de dinheiro"

A expressão "lavagem de dinheiro" foi utilizada pela primeira vez na década de 1980 nos EUA em relação às receitas do comércio de drogas para designar a transformação do dinheiro obtido ilegalmente em dinheiro legal. Foram propostas muitas definições deste conceito. Em 1984, o presidente da Comissão sobre Crime Organizado, dos EUA, utilizou a seguinte descrição: "Lavagem de dinheiro é o processo de ocultar a existência, a fonte ilegal ou a aplicação ilegal de rendimentos e o disfarce daquele rendimento para fazê-lo parecer legítimo".

No direito internacional, uma definição pormenorizada da legalização ("lavagem") de rendimentos de actividades criminosas e uma lista de tipos e meios de tal legalização está contida na Convenção das Nações Unidas contra o Tráfico Ilícito em Drogas Narcóticas e Substâncias Psicotrópicas, de 19/Dezembro/1988, a qual influenciou muito o desenvolvimento de legislação relevante em países ocidentais. A Convenção de Viena, de ONU, de 1988 declarou a lavagem de dinheiro recebido do comércio ilegal de droga como um crime, mas o desenvolvimento do crime organizado levou a um aumento do rendimento de organizações criminosas de outras espécies de crimes (tráfico humano, prostituição, tráfico de órgãos humanos, comércio ilegal de armas, extorsão, possuir secretamente substâncias radioactivas ou outras especialmente perigosas, etc). Uma parte deste rendimento também começou a ser lavado e investido na economia legal.

A Convenção do Conselho Europeu Nº 141 "Sobre lavagem, investigação, captura e confisco das receitas do crime", datada de 8/Novembro/1990, declarou que acções relacionadas com a lavagem de dinheiro recebido não só do comércio de droga como também de outras espécies de actividades criminosas, serem crimes. Diferenças na legislação de países individuais residem principalmente na lista de acções das quais procedem os fundos a serem legalizados. Nas leis de alguns países, todas as receitas recebidas durante o cometimento de qualquer violação criminosa é definida como dinheiro "sujo"; em outros, só receitas recebidas em consequência de tais violações criminosas são assim definidas; em outros ainda, mesmo rendimento ligado a violações civis e administrativas é considerado "sujo". Num certo número de países o dinheiro recebido como suborno (corrupção) também cai na categoria de dinheiro "sujo".

O comércio da droga é o principal fornecedor de dinheiro sujo para o sector bancário


A mais completa avaliação das receitas do crime organizado à escala mundial está contida num relatório do Gabinete das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (United Nations Office on Drugs and Crime, UNODC) de fins de 2011 chamado Estimativa de fluxos financeiros ilícitos resultantes do tráfico de droga e outros crimes organizados transnacionais (Estimating Illicit Financial Flows Resulting from Drug Trafficking and Other Transnational Organized Crimes). [1]

De acordo com este relatório, todas as receitas criminosas no mundo todo em 2009 montavam a cerca de US$2,1 milhões de milhões, ou 3,6% do PIB mundial. O relatório contém uma estimativa mais restrita que inclui apenas receitas do crime organizado internacional. No relatório isto significa tráfico de drogas, contrafacção, tráfico humano, tráfico de petróleo, fauna selvagem, madeira, peixe, arte e propriedade cultural, ouro, órgãos humanos e armas pequenas e ligeiras. Receitas que, na opinião dos autores, estão ligadas primariamente ao sector nacional não foram incluídas nestas estimativas. Isto inclui receitas de fraude, arrombamento, roubo, saque, empréstimo extorsivo ou venda de protecção, etc. Segundo o relatório, receitas do crime organizado transnacional chegam a aproximadamente US$875 mil milhões, ou 1,5% do PIB global. Dentre os tipos de actividade criminosa transnacional, o comércio de droga está em primeiro lugar: segundo o relatório, representa pelo menos a metade de todas as receitas, isto é, quase US$450 mil milhões, ou 0,75% do PIB global. O comércio de droga é uma espécie de crime organizado altamente internacionalizada: mais de 90 por cento de toda "mercadoria" é consumida fora dos países onde é produzida.

Em publicações sobre a questão do comércio mundial de droga também há outras avaliações dos volumes do comércio de droga. A estimativa mais conservadora é de US$400 mil milhões e a mais alta de US$1,5 milhão de milhões. Se bem que o relatório da ONU declare que o comércio de droga representa aproximadamente a metade de todas as receitas do crime organizado à escala mundial, outras fontes citam números muito mais elevados – 70% e ainda mais alto [2]
.

Tabela 1. Estimativa de receitas de actividades criminosas nos EUA, US$ mil milhões [3]
 
1990
1995
2000
2010
Receitas do comércio da droga 97 69 64 64
Receitas de outros tipos de actividade criminosa 112 137 160 236
Receitas totais de actividades criminosas [*] 209 206 224 300
Participação do comércio da drogas nas receitas totais de actividades criminosa, % 46 33 29 21
Rácio das receitas totais de actividades criminosas / PIB, % 3,6 2,8 2,3 2,0
Rácio das receitas do comércio da droga / PIB, % 1,7 0,9 0,7 0,4
[*] Sem contar com receitas resultantes de violações fiscais. 

 
A tabela acima apresenta estimativa de receitas de actividades criminosas em geral e receitas do comércio de droga nos EUA. Ali a fatia do comércio de droga no total de receitas da actividade criminosa é mais baixa do que no mundo em geral. Há mesmo uma tendência rumo a uma redução relativa no nível das receitas do comércio de droga. Mas isto significa que em outras partes do mundo, especialmente na periferia do capitalismo mundial, os números para as receitas do comércio de droga são mais altos do que a média mundial. Exemplo: no Afeganistão, que agora se tornou o principal fornecedor de drogas do mundo, as receitas da produção e exportação de drogas ultrapassam 50% do PIB do país. No vizinho dos EUA, o México, segundo estimativas conservadoras, a receita do comércio de droga chega a 2-3% do PIB.
Nenhum outro tipo de actividade criminosa chega aos pés do comércio de droga em termos de volume absoluta de receitas ou de lucratividade. Exemplo: segundo estimativas do Federal Bureau of Investigation (FBI) dos EUA, as receitas anuais do tráfico humano ilegal em todo o mundo em meados da última década equivaliam a US$9 mil milhões. Segundo estimativas do World Wildlife Fund o volume de tráfico ilegal de fauna selvagem em meados da década passada equivalia a US$6 mil milhões e a taxa de lucro neste negócio estava em segundo lugar após o comércio de droga, oscilando entre 500 e 1000 por cento.

Para onde vai o dinheiro "sujo"
Qual é o destino do dinheiro recebido de actividades criminosas? Parte do dinheiro sujo permanece na economia "negra" na forma de despesas pelo pagamento de trabalhadores na esfera criminosa, pagamento de "mercadoria" (drogas plantadas por agricultores>), compras de armas, etc. O dinheiro sujo pode fluir de um sector da economia "negra" para outro. Exemplo: receitas do comércio de droga podem ser investidas no comércio de armas ilegais, prostituição, tráfico humano, etc. Contudo, a maior parte do dinheiro sujo é lavada; isto pode ser feito ou no país onde o dinheiro foi recebido ou fora dele. No relatório UNODC acima mencionado é observado que mais de 3/4 do dinheiro sujo recebido de todos os tipos de actividade criminosa e 2/3 do dinheiro sujo recebido de actividades criminosas transnacionais é lavado.

Tabela 2. Estimativa à escala mundial de receitas de actividades criminosas e lavagem de tais receitas, 2009 [4]
 
Receitas recebidas de todos os tipos de actividades criminosas
Receitas recebidas de tipos de actividades criminosas transfronteiriças
 
(1)
(2)
Todas as receitas, US$ milhão de milhões 2,1 0,9
Rácio receitas / PIB global, % 3,6 1,5
Receitas "lavadas", US$ milhão de milhões 1,6 0,6
Rácio receitas "lavadas" / PIB global, % 2,7 1,0
Rácio receitas "lavadas" / todas as receitas 3/4 2/3
 
Lavagem de dinheiro da cocaína

Quanto ao nível da lavagem de dinheiro sujo do comércio de droga, estimativas na literatura variam de 60 a 80 por cento. No relatório UNODC este número é fixado em 62% para receitas do comércio da cocaína. Convém observar que o nível de lavagem de dinheiro do comércio grossista de cocaína era muito mais alto do que aquele do comércio a retalho: 92 e 46 por cento respectivamente.

Isto não é de surpreender. As receitas dos comerciantes (traders) grossistas podem chegar a milhões e dezenas de milhões de dólares; essa espécie de dinheiro precisa ser investida em algo, e para investimento precisam de dinheiro "limpo". Os lucros dos comerciantes individuais a retalho são uma ou duas ordens de grandeza menores. Uma parte significativa deles vai para utilização pessoal (se não forem para compras especialmente grandes) e parte retorna à economia "negra". Os comerciantes a retalho geralmente não retiram um montante significativo do seu dinheiro para fora da economia "negra"; o dinheiro sujo permanece ali em circulação constante.


O relatório UNODC menciona algumas estimativas relacionadas com o negócio mundial da cocaína. Uma análise dos números mostra que:

1) a maior parte do uso de droga faz-se fora dos países que a produzem;

2) a grande maioria dos lucros deste tipo de negócio forma-se fora destes países;

3) uma parte significativa do dinheiro recebido do comércio de droga é lavada fora dos países nos quais as drogas são consumidas.

De acordo com o relatório, em 2009 o volume de vendas a retalho deste tipo de droga equivalia a US$85 mil milhões, enquanto os lucros brutos dos comerciantes (grossistas e retalhistas) era de US$84 mil milhões (isto é, os custos directos da produção de cocaína estavam ao nível de aproximadamente US$1 mil milhões). A grande maioria dos lucros brutos foi recebida na América do Norte (US$35 mil milhões) e Europa Ocidental e Central (US$26 mil milhões). Nos lugares onde a cocaína é produzida (América do Sul, incluindo países da Bacia do Caribe) foram recebidos lucros de US$3,5 mil milhões, isto é, 4 por cento do total dos lucros brutos do comércio à escala mundial neste tipo de droga.
31/Janeiro/2014
 
(1) Estimating Illicit Financial Flows Resulting from Drug Trafficking and Other Transnational Organized Crimes. United Nations Office on Drugs and Crime. Vienna, October 2011.
(2) M. Glenny, por exemplo, perito em crime organizado internacional, estima a fatia do comércio de droga em 70%.
(3) Peter Reuter. Chasing Dirty Money – the Fight against Money Laundering. - Washington 2004, p. 20; ONDCP, What America's Users Spend on Illegal Drugs, Washington D.C., December 2001, p. 3. World Bank. World Development Indicators (WDI), 2011.
(4) A tabela foi compilada utilizando dados do relatório: Estimating Illicit Financial Flows Resulting from Drug Trafficking and Other Transnational Organized Crimes. United Nations Office on Drugs and Crime. Vienna, October 2011.


[*] Economista.

O original encontra-se em www.strategic-culture.org/...

Hackers invadem Skype para alertar usuários: \'Vocês estão sendo monitorados\'


 portal TIC - 30 jan 2014

                                                                              Escrito por Alcyon Junior

201Hackers invadem Skype para alertar usuários: 'Vocês estão sendo monitorados'4 mal começou e já tem os primeiros ataques virtuais revelados. Depois que mais de 4 milhões de senhas e logins dos usuários do Snapchat foram roubados, agora foi a vez do Skype ter suas contas nas redes sociais invadidas por hackers do Exército Eletrônico Sírio (SEA, na sigla em inglês).
De acordo com o The Next Web, o grupo burlou a segurança do Twitter, Facebook e até do blog oficial do serviço para alertar os internautas de que estão sendo espionados. Nas mensagens, os hackers aconselham os usuários a não utilizar o Skype nem o Outlook.com, o serviço de e-mail da Microsoft, porque a companhia \"monitora suas contas e vende os dados para os governos\".
\"Não use e-mails da Microsoft (Hotmail, Outlook). Eles estão monitorando suas contas e vendendo os dados para os governos. Mais detalhes em breve. #SEA\", diz o post no Twitter do Skype, que teve mais de 8.000 retuítes antes de ser apagado duas horas depois da postagem, como informa o The Verge. A mesma mensagem foi publicada na fan page do Facebook e no blog oficial do Skype, além de um outro post no qual o SEA confirma a autoria das invasões.
Invasão do Skype
A BBC afirma que o Exército Sírio Eletrônico apoia o presidente Bashar al-Assad, que recentemente foi ligado a vários ataques hackers ao microblog e jornal The New York Times, além de outras empresas de mídia como CNN, The Guardian e a própria BBC.
A Microsoft ainda não se pronunciou sobre o caso, mas o Twitter do Skype afirma que os dados pessoais dos usuários não foram atingidos. A companhia foi uma das organizações acusadas de ajudar o serviço de inteligência americano a coletar informações dos usuários, de acordo com documentos secretos revelados em junho do ano passado por Edward Snowden, ex-técnico da Agência De Segurança dos Estados Unidos (NSA). Todas as empresas citadas, incluindo Google, Facebook, AOL, YouTube e Apple, negaram envolvimento.
No caso da Microsoft, o jornal britânico The Guardian afirmou na época que os documentos mostram que a NSA teve acesso aos principais produtos da companhia norte-americana, entre eles Hotmail, Outlook.com, Skype e o Skydrive, serviço de armazenamento na nuvem da empresa. Os arquivos ainda revelam que o Skype fornece dados dos internautas mesmo antes de ser comprado pela Microsoft, em 2011.
Também vale lembrar que, em janeiro de 2013, algumas organizações não-governamentais publicaram uma carta aberta alegando que o Skype grava e armazena em seus bancos de dados conversas de todos os usuários, mas que a direção do serviço não informa os motivos pelos quais intercepta e salva as mensagens. Atualmente, mais de 600 milhões de pessoas utilizam o programa em tablets, celulares e computadores.
Recentemente, a Microsoft e mais sete grandes empresas de tecnologia publicaram um manifesto que solicita aos governos de todo o globo, incluindo os Estados Unidos, uma reforma mundial no sistema de vigilância norte-americano e de outros países para garantir mais segurança às companhias e usuários.
Fonte: CanalTECH

Chineses compram um terço de São Manoel


segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

                                                                                   



Por Claudia Facchini | De São Paulo
 
No mesmo dia em que a chinesa State Grid, maior empresa de transmissão de energia elétrica do mundo, vencia o leilão para a construção da linha que ligará Belo Monte à região Sudeste, outra estatal de Pequim avançava no mercado brasileiro de geração de energia. A China Three Gorges (CTG), a maior empresa de geração de energia hídrica do mundo, anunciou na sexta-feira a aquisição de um terço da hidrelétrica de São Manoel, leiloada em dezembro do ano passado pelo governo federal.

Os dois negócios mostram o forte interesse de Pequim em se expandir no Brasil e em toda a América Latina. Os chineses têm acesso a um capital de baixo custo, o que permite às estatais do país oferecer taxas de retorno mais baixas para os projetos de infraestrutura, que demandam pesados investimentos.
A CWE, companhia controladas pela CTG, informou que, na quinta-feira, assinou um contrato para aquisição de 33,3% de São Manoel, uma hidrelétrica com capacidade instalada de 700 MW e que será construída na fronteira entre os Estados do Mato Grosso e Pará, no rio Teles Pires.

"A CWEI Brasil reembolsará os custos incorridos pela EDP Brasil e assumirá futuros compromissos de capital até o final da construção [da hidrelétrica], bem como riscos e benefícios do projeto na proporção da participação adquirida", informou a EDP Brasil em comunicado à Comissão de Valores Mobiliários. A empresa é subsidiária do grupo português EDP, do qual a China Three Gorges também é acionista, com uma participação de 21,3%.

A EDP vendeu aos chineses metade de sua participação de 66,6% no consórcio Terra Nova, que venceu a licitação de São Manoel. Furnas, subsidiária da Eletrobras, já possuía um terço e manterá sua parte no empreendimento, leiloado há dois meses.

De acordo com a EDP, o financiamento do projeto considera dívidas de longo prazo com alavancagem estimada de até 66,6% do investimento, estimado em R$ 2,7 bilhões, sem considerar inflação e juros.

Valor Econômico