Na quinta-feira ouvi o Boechat fazer um comentário sobre um acidente trágico envolvendo o Deputado Estadual Fernando Ribas Carli Filho que matou dois jovens em Curitiba. O deputado estava a 160 Km/h, “decolou” em uma lomba e arrancou a cabeça dos rapazes. Convem ressaltar que o deputado tinha a época 130 pontos na carteira e estava alcoolizado. O advogado René Dotti do deputado tenta pôr a culpa nos rapazes pois ele teriam adentrado na via sem olhar a esquerda. A pergunta de Boechat, óbia, quem olha a esquerda ao lado de uma lomba? Quem poderia esperar um carro “voando” em sua direção?
Um ouvinte do Ceará escreveu para a redação tecendo um comentário que muitas vezes discuti com amigos. Por qual motivo, os carros brasileiros saem de fábrica com possibilidade de atingir tal velocidade, já que pelo Código de Trânsito o máximo permitido em rodovias é de 110 km/h? O que dirá em nossas ruas?
Lembro-me que a captiva V6 (que não existe mais) saía de fábrica com um limitador de velocidade. Se isso é possível para um veículo em que vários testes demonstravam sua estabilidade, mesmo com velocidades bem superiores a essa. Qual seria a razão dos demais veículos não sairem de fábrica com um limitador de por exemplo 130Km/h?
Os comerciais televisivos que reforçam a potência dos motores dos lançamentos respondem a essa pergunta.
Vi muito em Paris o renault Twizy, que custa algo em torno de 6.000 euros por lá. Também vi com frequência a moto Metropolis da Peugeot que sai em torno de 7.000 euros, e tem a possibilidade de ser completamente fechada como o Twizy. Soluções para uma cidade com trânsito enlouquecido e sem espaço para estacionamento (e olha que o metrô funciona muito bem).
Seria bem interessante se no Brasil se estimulasse a fabricação deste tipo de veículo e que a redução de IPI fosse focada para esse tipo de produto, mantendo os demais com tarifação normal. Como nós temos um grande uso de veículos nas grandes cidades por apenas uma pessoa, considero uma saída bem interessante, enquanto não se instala linhas de metrô realmente funcionais nas nossas metrópoles.
Aproveitando a abordagem do metrô. Nossa mobilidade urbana está um caos. A copa está aí, e as tais famosas obras nesse quesito… bem, quem anda pelas cidades sabe do que estou falando.
Não consigo entender a relutância e mesmo a ausência de linhas de metrô nas grandes capitais brasileiras.
Sei que o modelo rodoviarista implementado no Brasil, principalmente após JK tem grande peso nisso. E que o lobby no Congresso também. Mas, a falta de iniciativa dos políticos brasileiros (e aí independe o partido) nesse quesito é impressionante.
Para termos padrões de comparação, São Paulo tem a maior malha ferroviária com 74,3 Km e 58 estações. Em 1916 a mesma São Paulo apresentava 227 km de linhas de trilhos de bonde, ou seja três vezes o valor atual. Só que a população paulista de 1916 era bem inferior a de agora.
Comparando com a realidade de duas cidades europeias, o Metropolitano de Londres tem 268 estações e aproximadamente 400 km, o de Paris tem 213 km de linhas, com mais de 300 estações. Considerando que São Paulo é a 6ª maior cidade do mundo, Londres a 19ª, e Paris não aparece nem entre as 60 maiores, podemos chegar a conclusão de que algo está errado.
Sei… vão dizer que estou comparando a realidade de países europeus desenvolvidos com o Brasil. Então vamos ver a realidade da Argentina, que passou por crises econômicas intensas e vive mais uma.
O metrô de Buenos Aires foi inaugurado em 1913 e conta com 55,6 Km e 74 estações. Existe um projeto de ampliação para 75 Km de extensão com 127 estações. Detalhe, Buenos Aires tem 2.800.000 habitantes aproximadamente. São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador superam Buenos Aires. Brasília, Fortaleza e Belo Horizonte ficam abaixo por no máximo (caso de Belo Horizonte) 300.000 habitantes.
E aí, qual seria a desculpa agora?