"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

segunda-feira, abril 27, 2015

Turismo

Outro dia li uma reportagem que tratava sobre a vantagem de se investir em experiências ao invés de coisas. Abaixo trechos dessa reportagem.

O professor de psicologia da Universidade de Cornell, Dr. Thomas Gilovich Gilovich, realiza pesquisas para investigar como é possível adquirir a verdadeira felicidade. Gilovich afirma que um dos inimigos da felicidade é a adaptação. Ele afirma que as pessoas compram bens materiais para serem felizes e também para transmitir uma imagem de sucesso a seu círculo social. Apesar da excitação inicial, a sensação de bem-estar vai embora quando o proprietário se adapta com aquele objeto, que passa a ser o novo “normal”.
Por isso Gilovich sugere que, ao invés de produtos, as pessoas optem por gastar seu dinheiro (que não é infinito) com experiências que provoquem um sentimento real de felicidade, como fazer atividades ao ar livre, aprender novas habilidades ou viajar para conhecer a história e cultura de diferentes lugares.
E aí volto ao assunto turismo. Com o euro quase equiparado com o dólar, e os franceses sempre mais atentos a receber turistas brasileiros, a França (Europa como um todo - com exceção da Inglaterra por conta da libra) é sem dúvidas uma excelente resposta a novos roteiros que o turista brasileiro pode explorar no exterior. Saindo do "mesmismo" de frequentar somente os EUA.
Uma das grandes vantagens é a não necessidade de visto para entrada na Europa, outra, é a grande quantidade de acervo cultural que se encontra na região. 
Levando-se em consideração a proximidade dos países, se pode visitar dois ou três em um período de 15 dias com excelente rendimento.
Apenas a titulo de curiosidade, a Alemanha é um dos destinos mais baratos juntamente com Portugal, para os brasileiros.

domingo, abril 26, 2015

O que foi o genocídio armênio e por que tantos líderes se recusam a falar sobre o assunto?

REDAÇÃO ÉPOCA - 24/04/2015 08h00

Nesta sexta-feira, o país relembra os cem anos do massacre de armênios cometido pelo Império Otomano (atual Turquia)
Membros da Igreja Apostólica Armênia fazem cerimônia de canonização das 1,5 milhões de vítimas do genocídio armênio em 1915 (Foto: Brendan Hoffman/Getty Images)Membros da Igreja Apostólica Armênia fazem cerimônia de canonização das 1,5 milhões de vítimas do genocídio armênio em 1915 (Foto: Brendan Hoffman/Getty Images)
Nesta sexta-feira (24), a Armênia se prepara para relembrar os cem anos do que é considerado o primeiro grande crime contra a humanidade no século XX: o genocídio armênio. A cerimônia deverá contar com nomes importantes da política mundial, como o presidente da França, François Hollande, e da Rússia, Vladimir Putin. Mas chama a atenção a ausência de países como os Estados Unidos e Reino Unido, que evitam usar o termo "genocídio" para descrever os acontecimentos de 1915. O que foi o genocídio armênio, e por que, cem anos depois, continua causando controvérsia?
O que foi o genocídio armênio?
No dia 24 de abril de 1915, as autoridades do Império Otomano (atual Turquia) prenderam e mataram cerca de 200 intelectuais armênios em Constantinopla (atual Istambul). Segundo a Armênia, o ato foi o início de um programa sistemático das autoridades otomanas para exterminar toda a população armênia.
Nos dias que se seguiram, o governo otomano desapropriou cidadãos armênios em toda a Anatólia e iniciou um programa de deportação em massa. Os armênios foram forçados a deixar suas terras e seguir em uma marcha insana no meio do deserto da Síria, onde homens foram mortos por militares ou por tribos locais, mulheres foram alvo de estupro e crianças foram raptadas. Os que conseguiam chegar ao destino final simplesmente não tinham como sobreviver no meio do deserto - muitos morreram de fome ou de doenças.
No início de 1915, mais de 2 milhões de armênios viviam no território do Império Otomano. Cinco anos depois, eles eram menos de 400 mil.
Trecho do jornal The New York Times de agosto de 1915 relata sobre o genocídio armênio (Foto: Reprodução/The New York Times)
Trecho do jornal The New York Times de agosto de 1915 relata sobre o genocídio armênio (Foto: Reprodução/The New York Times)
Por que aconteceu?
O massacre dos armênios ocorreu em meio à Primeira Guerra Mundial. Na época, o Império Otomano controlava não só a Turquia, mas também parte da Síria, da Arábia, dos Balcãs e do território onde hoje é a Armênia. Em 1914, os turcos entraram na guerra ao lado da Alemanha. O objetivo era recuperar o território que estava ocupado pela Rússia.
A campanha dos otomanos foi um desastre, e os russos venceram uma série de batalhas. Alguns grupos de nacionalistas armênios apoiaram os russos na guerra, vendo a possibilidade de uma derrota otomana resultar na criação da República da Armênia. O resultado é que os otomanos passaram a culpar os armênios pelas derrotas, acusando-os de cooperar com a Rússia e de trair o império.
Mas foi mesmo genocídio?
O termo "genocídio" só foi cunhado algumas décadas depois – em 1944, pelo jurista Raphael Lemkin, para descrever o assassinato em massa de judeus na Alemanha nazista. O termo é geralmente interpretado como uma forma de designar uma tentativa organizada e sistemática para destruir um povo, um grupo ou uma etnia por parte de um governo. Reportagens e documentos diplomáticos da época indicam que houve, sim, um plano autorizado e organizado pelo governo otomano para acabar com o povo armênio, o que, portanto, caracteriza o massacre como genocídio.
A Turquia, no entanto, coloca grande esforço diplomático para negar isso.Para os turcos, não houve genocídio, e as mortes foram resultado da situação caótica que o país vivia durante a Primeira Guerra Mundial. A Turquia, como conhecemos hoje, foi formada após o colapso do Império Otomano. Vários dos oficiais otomanos que executaram o genocídio criaram, anos depois, as fundações da Turquia moderna. Eles são considerados heróis nacionais pela reconstrução do país. O resultado é que negar o genocídio virou uma política de Estado. Isso atinge tal nível de repressão que um dos maiores escritores da Turquia, o prêmio Nobel Orhan Pamuk, foi processado e condenado pela Justiça a pagar uma multa por dizer que houve genocídio.
Foto de 1915 mostra longa fila de armênios marchando após serem deportados pelas autoridades russas. Armênia relembra os cem anos do genocídio armênio, considerado o primeiro grande massacre do século XX (Foto: AP)Foto de 1915 mostra longa fila de armênios marchando após serem deportados pelas autoridades russas. Armênia relembra os cem anos do genocídio armênio, considerado o primeiro grande massacre do século XX (Foto: AP)
Por que outros países, além da Turquia, se recusam a tratar o caso como genocídio?
Em 2007, os Estados Unidos quase aprovaram um projeto de lei reconhecendo o massacre de armênios como um genocídio. O projeto foi barrado na última hora pelo então presidente George W. Bush. O cálculo do governo Bush era simples: a Turquia era um aliado do país na Guerra do Iraque. Mais de 70% dos suprimentos que os americanos enviavam para suas tropas no Iraque e no Afeganistão passavam pela base de İncirlik, controlada por turcos e americanos. Perder o apoio dessa base seria um problema. Barack Obama não mudou essa política. Ele deverá fazer um discurso nesta sexta, mas sem mencionar a palavra que começa com "g". Em vez disso, usará o termo "Meds Yeghern", que significa "grande calamidade" em armênio.
Na Europa, muitos países evitam o termo para não atrapalhar as relações diplomáticas com a Turquia, como é o caso do Reino Unido. No entanto, isso está mudando. No dia 12 de abril, o papa Francisco classificou o massacre como "o primeiro genocídio do século XX". Nesta sexta, espera-se que a Alemanha reconheça não só o genocídio, como também assuma uma parcela de responsabilidade, já que os alemães eram aliados dos otomanos em 1915.

Os países que reconhecem o genocídio podem esperar retaliações diplomáticas ou comerciais. Quando a França fez isso, por exemplo, os turcos cancelaram um contrato militar. O caso mais recente ocorreu com a Áustria. O governo turco chamou seu embaixador em Viena de volta para Ancara e publicou uma nota acusando os austríacos de "dar lições aos demais sobre história".

Mesmo caso quando durante a Guerra do Kosovo e demais na região, quando o Conselho de Segurança da ONU utilizou o eufemismo "Limpeza Étnica", para fugir à sua obrigação de intervenção.