"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

sábado, novembro 30, 2013

Uma encrenca chamada Joaquim Barbosa

sab, 30/11/2013 - 08:08 - Atualizado em 30/11/2013 - 12:34

Luis Nassif

Há um pensamento majoritário na opinião pública leiga e um consenso no sistema judicial – incluindo desembargadores, juízes, procuradores, advogados. O pensamento majoritário leigo é de que o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa é um herói. O consenso no meio jurídico é que trata-se de um desequilibrado que está desmoralizando a Justiça e, principalmente, o mais alto órgão do sistema: o STF.

No seminário de dois dias sobre “Democracia Digital e a Justiça” – promovido pelo Jornal GGN – Barbosa foi a figura dominante nos debates e nas conversas.

O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakai, lembrou a cena da semana passada, na qual Barbosa acusou todo o tribunal de fazer “chicana” – na linguagem jurídica, malandragem para atrasar julgamentos. A única voz que se levantou protestando foi a do calado Teori Zavascki. Os demais recuaram, com receio da baixaria – o mesmo receio que acomete um cidadão comum no bar, quando entra um bêbado ou um alucinado distribuindo desaforos.

***

Hoje em dia, há um desconforto generalizado no meio jurídico com a atuação de Barbosa.

O Código da Magistratura proíbe que juízes sejam proprietários de empresas ou mantenham endereço comercial em imóveis funcionais. O órgão incumbido de zelar por essa proibição é o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Barbosa é a única exceção de magistrado que desobedeceu a essa obrigação. Ao mesmo tempo, é o presidente do STF e do CNJ. Como se pode tolerar essa exceção?

Se algum juiz federal abrir uma representação junto ao CNJ para saber se liberou geral, qual será a resposta do órgão? E se não abriu, como tolerar a exceção?

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Outro princípio sagrado é o do juiz natural. Um juiz não pode ser removido de uma função por discordância com suas opiniões. Barbosa pressionou o Tribunal de Justiça do Distrito Federal a remover o juiz da execução das penas dos condenados do “mensalão”, por não concordar com sua conduta.

A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) entrou com uma representação junto ao CNJ, não contra Barbosa – respeitando seu cargo de presidente do STF, mas contra o presidente do TJ do Distrito Federal. Se o CNJ acatar a representação, automaticamente Barbosa estará incluído. E como conviver com um presidente do STF que não respeita a própria lei?

Seu desrespeito a associações de magistrados, de advogados, aos próprios pares há muito ultrapassou os limites da falta de educação. Por muito menos, juizes foram cassados por tribunais por perda de compostura.

***

No fechamento do seminário, o decano dos juristas brasileiros, Celso Antônio Bandeira de Mello, falou duramente sobre Barbosa. “Dentre todos os defeitos dos homens, o pior é ser mau. Por isso fiquei muito irritado com o presidente do STF: é homem mau, não apenas pouco equilibrado, é mau”.

Na sua opinião, a maneira como a mídia cobriu as estripulias de Barbosa colocou em xeque a própria credibilidade dos veículos. “Como acreditar em quem dizia que Joaquim era o grande paladino da justiça e, agora, constata-se que é um desequilibrado? Devemos crer em quem?”.

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O fato é que o show midiático na cobertura da AP 470 criou o maior problema da Justiça brasileira desde a redemocratização.

Ninguém do meio, nem seus colegas, nem os Ministros que endossaram seus votos, nem a própria mídia que o incensou, têm dúvidas sobre seu desequilíbrio e falta de limites.

Mas quem ousará mostrar a nudez de um herói nacional de histórias em quadrinhos?

 

Acho que a justiça não precisa de Barbosa para ser desmoralizar. Há muita coisa interna que auxilia nisso, principalmente as entidades da classe que defendem seus interesses acima do bem comum.

Amauri Teixeira: PSDB faz até “showzinho” para abafar propinoduto tucano

viomundo - publicado em 29 de novembro de 2013 às 13:11

José Anibal, Carlos Sampaio, Aécio Neves e Aloysio Nunes. Foto: George Gianni/site do PSDB

por Amauri Teixeira, especial para o Viomundo

O PSDB, encabeçado pelo senador Aécio Neves (MG), mostra mais uma vez que está sem rumo e  que gosta de se fazer de vítima quando é denunciado por envolvimento em esquemas de corrupção.  Os tucanos gostam de um showzinho para desviar o assunto, mas não conseguem explicar a enxurrada de denúncias que vêm da Justiça da Suiça e que se confirmam em documentos de ex-executivos das multinacionais Alston e Siemens sobre um megaescândalo de corrupção em São Paulo,  envolvendo direcionamento nas licitações para aquisição e reformas de trens, construção e extensão de linhas metroferroviárias no estado. Como sempre, tentam abafar o caso com a ajuda da mídia amiga.

É quase surreal, flagrados, com provas documentais de que há algo muito sério no mundo tucano paulista, agora querem culpar o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, por ter encaminhado documentos à Polícia Federal para que haja apuração do caso, conforme determina a lei. Tucanos de todas as plumagens estrilam, tentam confundir e não explicam nada à sociedade brasileira, pois há vinte anos, por manobras, abafam CPIs, na Assembleia Legislativa de São Paulo, que poderiam desvendar redes criminosas que operam nos subterrâneos do governo paulista.

A prova maior de como procede o PSDB está no fato de  nenhum deputado estadual desse partido ter assinado o pedido de CPI do Cartel da Corrupção no Metrô. A função do Legislativo é fiscalizar o Executivo. Mas, na Assembleia Legislativa de São Paulo, quem  fala mais alto é  o rolo compressor dos  governos do PSDB.  Essa intolerância à apuração da verdade caracteriza o modus operandi do tucanato, bem diferente da maneira petista de se relacionar com o patrimônio e o interesse  públicos.

O PSDB  gosta de CPIs…em Brasília

Os governos dos tucanos Geraldo  Alckmin e José Serra,  em São Paulo, são marcados  pela política do “abafa” a exemplo do que ocorreu nos dois mandatos de FHC, que não enfrentou nenhuma CPI, ao contrário do presidente  Lula, que enfrentou várias em  seus oito anos de  mandato , sendo que três delas foram simultâneas, o que rendeu uma saraivada de acusações contra seu governo e também contra o Partido dos Trabalhadores.

O caso atual, dos tucanos atacando o ministro da Justiça, merece reflexões, pois mostra as diferenças nítidas entre o PT e o PSDB no cuidado com o patrimônio público e no tratamento de denúncias relativas a corrupção. Esse  escandaloso  desvio de recursos públicos do metrô de São Paulo faz ressuscitar   um personagem de triste memória de nossa história recente: o  procurador-geral da República do governo FHC, Geraldo Brindeiro,  fartamente criticado por sua falta de apetite de colocar corruptos e corruptores na cadeia, durante o período  em que permaneceu à frente daquele órgão, nos anos de 1995 a 2002.

Vamos aos números: de 626 inquéritos criminais que recebeu, Brindeiro engavetou 242 e arquivou outros 217. Somente 60 denúncias foram aceitas. As acusações recaíam sobre 194 deputados, 33 senadores, 11 ministros e quatro sobre o próprio presidente FHC. Por conta disso, Brindeiro recebeu o certeiro apelido de “engavetador-geral da República”. Entre as denúncias que engavetou está a de compra de votos para aprovação da emenda constitucional que aprovou a reeleição para presidente, beneficiando o então presidente Fernando Henrique Cardoso.

Só o comportamento do procurador-geral da República na era tucana serve para ilustrar a  diferença abissal que separa o governo FHC e o modo petista de conduzir os assuntos da Nação brasileira.  Esse contraste é acentuado na forma de se acolher e apurar denúncias contra o Erário e a República. Enquanto o procurador-geral Brindeiro agia de forma facciosa, os governos dos presidentes Lula e Dilma agem de forma republicana, em obediência estrita aos mandamentos de nossa Constituição Cidadã.

Interferência

Não se tem notícias de qualquer interferência governamental, de 2003 para cá, em qualquer investigação ou acolhimento de denúncia em órgão direta ou indiretamente ligado ao presidente ou a seus ministros.  O exemplo mais patente é o da Ação Penal 470, que julgou e condenou injustamente diversos companheiros do Partido dos Trabalhadores.

Discordamos frontalmente dos métodos  empregados e do conteúdo dessas sentenças, mas até os mais ferrenhos adversários reconhecem que não houve nenhum traço de interferência oficial para o livre desenrolar dessas ações. Não há registro de nenhuma conversa reservada de integrante do alto escalão petista com membros de outros poderes para mitigar, ou mesmo frear, o curso das investigações e o andamento processual da AP 470.

Esse é, em síntese, o modo petista de se portar à frente dos governos. Qualquer que seja sua esfera: municipal, estadual ou federal.  Não à toa, os governos petistas, em números absolutos e relativos, são os que mais observam a Lei de Responsabilidade Fiscal e os que menos têm administradores investigados e condenados por atos contra a Administração Pública.

Agora, diante da tentativa do PSDB de tentar desviar o foco da denúncias  sobre o propinoduto em São Paulo, que prosperou durante os quase vinte anos de governos do PSDB naquele estado,  o  próprio Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, reafirmou a continuidade dessa linha de atuação. Disse ele que a  “época do engavetador-geral da República já acabou, e que não tem nada de disputa política a investigação da Polícia Federal envolvendo as graves denúncias sobre um grande esquema de propina na compra de equipamentos para o metrô de São Paulo”.

E acrescentou ainda o ministro da Justiça: “ É meu dever ético e jurídico encaminhar à Polícia Federal e ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) qualquer denúncia que chegue até mim, não importa contra quem quer que seja, o ministro tem que pedir investigação. Senão é prevaricação”.

O ministro Cardozo é movido pelo senso de justiça que sempre o caracterizou. No caso de São Paulo, três pontos são inquestionáveis. Senão, vejamos: O primeiro é que a multinacional Siemens confessou ter atuado em um cartel entre 1998 e 2008 com o objetivo de partilhar obras e elevar o preço das concorrências em São Paulo. Gigantes como a Alstom, a Bombardier, a CAF e a Mitsui teriam integrado o esquema;  o segundo é a condenação, na Suíça, de um ex-diretor da CPTM acusado de lavar dinheiro de corrupção; por fim, uma conta atribuída a Robson Marinho, que foi chefe da Casa Civil de Covas, foi bloqueada no mesmo país por suspeita de ter recebido propina.

As investigações do caso Alstom e Siemens  começaram em 2004 na Suíça. Com o acúmulo de provas, a partir de 2008, a Liderança do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo  entrou com mais de 15 representações nos ministérios públicos estadual e federal, que denunciavam direcionamento nas licitações para aquisição e reformas de trens, construção e extensão de linhas metroferroviárias no estado de São Paulo. Denunciou prática de corrupção, formação de cartel, lavagem de dinheiro,  pagamento de propinas a autoridades públicas e prorrogações ilegais de contratos. O Ministério Público alemão condenou a Siemens e apontou pagamento de  propinas de R$ 24,4 milhões para funcionários de alto escalão do governo do PSDB.

É falacioso dizer, como fez o senador Aécio Neves (PSDB-MG) , que tudo não passa de uma reedição do episódio dos “aloprados”, quando petistas foram presos com dinheiro que seria supostamente usado para comprar um dossiê contra Serra.

A atuação das bancadas estadual e federal se pauta dentro das prerrogativas do trabalho parlamentar, entre as quais se inclui a função de fiscalizar as ações do Executivo, diferente de como age o governador tucano Geraldo Alckmin que, ciente das denúncias que apresentam fatos relevantes e robustos sobre a existência de cartel, desconsiderou o Ministério Público e criou uma Comissão de Notáveis que, até o momento, não apresentou nenhum resultado.

Foi ótimo os deputados do PSDB se pronunciarem sobre as tentativas do PT de politizar as denúncias do propinoduto do metrô de São Paulo. Os fatos, por si sós, estão agora desmentindo mais claramente todos os discursos que os tucanos vêm fazendo aqui e em São Paulo. Os órgãos de investigação de São Paulo e os de nível federal já têm provas suficientes para fazer o elo entre as empresas corruptoras e os altos escalões do tucanato.

As justiças da Suiça e da Alemanha vão na mesma linha. As falas dos tucanos só podem ser justificadas por uma questão de desespero, pois eles sabem que é questão de tempo o esclarecimento das perigosas e danosas relações do PSDB paulista com o refinado esquema de corrupção que está vindo à tona.

Deputado federal (PT-BA) , vice-líder do partido na Câmara  Federal.

Investigação a fundo do caso e do mensalão tucano também, é o mínimo que o povo brasileiro merece. Quem sabe os “Dirceus” e “Genoínos” do PSDB também vão para a Papuda. Não seria excelente?

Memória: Mais perguntas e nenhuma resposta

viomundo - publicado em 30 de novembro de 2013 às 10:26

Governo

Mais perguntas e nenhuma resposta

O escândalo Waldomiro continua sem solução e já surge outro com conexões muito complexas

Policarpo Junior e Alexandre Oltramari, na Veja, em 07.04.2004

O subprocurador-geral da República, José Roberto Figueiredo Santoro, 50 anos, é um homem de múltiplos interesses. É apaixonado por cinema, música clássica e é fluente em quatro idiomas.

O subprocurador é sobrinho do físico Alberto Santoro, um dos descobridores da menor partícula da matéria, o top quark, e do músico Cláudio Santoro, autor de catorze sinfonias e um dos grandes maestros brasileiros.

Na semana passada, ele apareceu em uma fita cassete, divulgada pelo Jornal Nacional, tentando convencer o bicheiro Carlos Cachoeira a lhe entregar um vídeo no qual um ex-assessor do ministro José Dirceu, Waldomiro Diniz, é flagrado pedindo propina.

Na gravação, feita às 3 horas da madrugada no gabinete de Santoro, ouve-se o subprocurador explicar ao bicheiro que se eles forem vistos juntos tão tarde da noite seu chefe na procuradoria, Cláudio Fonteles, indicado pelo PT para o cargo, poderia desconfiar de seu excesso de zelo.

“Daqui a pouco o procurador-geral vai dizer assim: ‘P…, você tá perseguindo o governo que me nomeou procurador-geral, Santoro, que sacanagem é essa? Você tá querendo ferrar o assessor do Zé Dirceu, que que você tem a ver com isso?’ ”

Na contagem aritmética simples das abóboras políticas do microcosmo de Brasília, a divulgação da fita em que o subprocurador é grampeado foi um alívio para José Dirceu. Na visão do governo, o conteúdo da gravação deixa claro que houve manipulação política da outra fita, a de vídeo, em que Waldomiro pede ao bicheiro Carlos Cachoeira contribuição para campanhas políticas, além de uma propina.

O episódio retratado na fita de vídeo ocorreu há dois anos, portanto, antes de Waldomiro se instalar no Palácio do Planalto. Fora do Palácio do Planalto a visão é outra.

O surgimento da nova fita não melhora em nada a situação de quem quer que seja. Ela só ajuda a piorar a situação de um número ainda maior de pessoas. Os últimos acontecimentos em Brasília são terríveis para a imagem do Ministério Público, que até então estava fora do escândalo.

A guerra das fitas sugere que não existe propriamente um Ministério Público, mas ministérios privados, cujos membros teriam lealdade a interesses partidários, e não compromisso exclusivo com o interesse público. Nessa linha de raciocínio, por seu zelo em meter-se na apuração de um escândalo que acabaria estourando no colo de José Dirceu, ex-homem forte do Planalto, Santoro estaria querendo apenas “ferrar” o governo, e não apurar um crime.

Santoro pertenceria então ao ministério privado dos tucanos, os oposicionistas do PSDB. Outros procuradores, como o famoso Luiz Francisco de Souza, que se notabilizaram pelo excesso de zelo em apurar desvios do governo passado, o dos tucanos, e até agora não mostraram nenhum empenho em levantar escândalos de petistas, formariam no outro time. Esses últimos seriam, então, procuradores do ministério privado do PT. Péssimo negócio para os brasileiros.

O governo pode ter razões políticas para comemorar a divulgação do grampo em Santoro, mas os brasileiros só têm a lamentar o que parece ser o uso político de uma instituição que deveria, por sua própria natureza, ser integrada por “intocáveis”.

Trata-se de uma gangrena institucional, que acaba solapando os princípios republicanos e transformando cidadãos em súditos. Do Ministério da Justiça, saiu a idéia de criar o instituto do controle externo para o Ministério Público, e não só para o Poder Judiciário, e voltou-se a discutir a chamada Lei de Mordaça, que impede procuradores de fornecer quaisquer informações a respeito de investigações em andamento.

São idéias que precisam ser amadurecidas e debatidas num clima de serenidade, para evitar açodamentos. Na semana passada, na euforia da comemoração, o ministro da Justiça cometeu a leviandade de dizer que Santoro promovera uma “conspiração” contra o governo. Ora, que conspiração?

Se o ministro José Dirceu e todo o governo do PT garantem que não têm nenhuma relação com os apliques de Waldomiro, por que raios a apuração dos crimes cometidos pelo ex-assessor colocaria o governo em risco?

Com mais de vinte anos de trabalho, e há três como subprocurador-geral, penúltimo degrau da carreira, Santoro é um dos membros mais dinâmicos e talentosos do Ministério Público – e um dos mais enigmáticos.

Quase nunca aparece em público, não dá entrevistas, só recebe jornalistas para conversas reservadas e não gosta de fotos. Sua discrição é útil para seu hábito de perambular pelos bastidores de investigações com as quais não tem nenhuma ligação funcional.

Sendo um dos 62 subprocuradores da República, Santoro só pode atuar em processos que tramitam no Superior Tribunal de Justiça. Além disso, mas apenas se for designado pelo chefe, pode trabalhar em casos em andamento no Supremo Tribunal Federal e Tribunal Superior Eleitoral.

Na interpretação estrita de suas atribuições, Santoro não poderia participar da apuração do caso Waldomiro. Não poderia tomar a iniciativa de colher depoimento, tarefa que deveria ser executada por procurador comum, de primeira instância.

Relevando o fato básico de que Santoro estava apurando um crime, o procurador-geral Cláudio Fonteles preferiu ater-se às tecnicalidades que descrevem as funções dos subprocuradores. Fonteles classificou a ação de Santoro de “flagrantemente ilegal”.

Santoro esteve a cargo ou acompanhou com interesse muitos dos casos rumorosos dos últimos tempos, mas nunca apareceu sob holofotes.

Em alguns desses casos, houve ganhos políticos diretos ou indiretos para o ex-ministro José Serra.

O episódio de maior repercussão ocorreu em março de 2002, quando a polícia invadiu o escritório da empresa Lunus, de Roseana Sarney, em São Luís, flagrando a dinheirama de 1,3 milhão de reais num cofre. A foto do dinheiro exposto sobre uma mesa chocou o país.

A ocupação da Lunus foi concebida e planejada em Palmas, capital do Tocantins, onde trabalhava o procurador do caso, Mário Lúcio de Avelar. Na época, Santoro visitou Palmas com freqüência.

Dos 28 dias do mês de fevereiro, passou doze na cidade, sempre com a justificativa de acompanhar desvio de dinheiro do sistema de saúde. Há uma sincronia suíça entre suas viagens a Palmas e o andamento do caso Lunus.

Santoro estava em Palmas no dia 22 de fevereiro, quando foi apresentado à Justiça o pedido de busca e apreensão na Lunus. Santoro estava em Palmas no dia 1º de março, quando a polícia ocupou a Lunus.

“Ele foi o cérebro da operação”, denunciou o senador José Sarney. O caso Lunus cortou as chances de Roseana Sarney se candidatar à Presidência da República, em um momento em que ela aparecia em primeiro lugar nas pesquisas.

Na semana passada, com a figura de Santoro na crista da onda levantada pela divulgação das fitas, Sarney voltou a se interessar pelo assunto. Soube que Santoro esteve em São Luís nos dias anteriores à invasão da Lunus, em viagem até agora desconhecida.

De um amigo, Sarney recebeu um boleto do hotel Abbeville, em São Luís, no qual se lê que Santoro esteve na capital do Maranhão entre os dias 17 e 18 de fevereiro de 2002, participando de uma “convenção”, segundo informou no boleto do hotel.

Na lista oficial das viagens de Santoro, não há essa ida a São Luís. No dia seguinte, 19 de fevereiro, Santoro estava de volta a Palmas. “Eu já havia alertado sobre isso há tempos”, diz Sarney. “O comportamento do Santoro é uma traição a uma instituição séria como o Ministério Público.”

Em 2001, quando ainda disputava a indicação presidencial pelo PSDB com Serra, o hoje senador Tasso Jereissati passou por maus bocados. Em dezembro daquele ano, descobriu que estavam investigando sua vida e percebeu o súbito aparecimento de notinhas maldosas nos jornais. Era uma armação dos próprios tucanos?

Na dúvida, Jereissati foi ao Palácio da Alvorada reclamar com o presidente Fernando Henrique. No jantar, ele quase saiu aos sopapos com o então ministro da Justiça, Aloysio Nunes Ferreira, a quem acusou de agir com “safadeza e molecagem” por colocar agentes federais em seu encalço.

Na semana passada, Jereissati voltou ao assunto e, tal como Sarney, descobriu uma novidade: o ex-superintendente da Polícia Federal no Ceará, Wilson Nascimento, confirmou-lhe que, em 2001, quem estava no seu calcanhar era o delegado Paulo de Tarso Teixeira, da PF.

“O delegado estava buscando indícios de envolvimento do Tasso com lavagem de dinheiro”, conta Nascimento. A investigação foi encerrada sem que se descobrisse nenhuma novidade, mas não parou aí.

No início de 2002, quando Jereissati já desistira de concorrer à Presidência, Santoro fez uma visita a Fortaleza, onde se encontrou com o procurador José Gerin. Queria saber se a investigação de lavagem de dinheiro sobre Jereissati, feita no ano anterior, encontrara algo contra Ciro Gomes.

“Santoro passou uns três dias aqui”, conta Gerin, que ainda trabalha em Fortaleza. “Ele estava atrás de alguma coisa sobre um doleiro. Surgiu uma especulação de que esse doleiro tinha alguma coisa com o Ciro Gomes.” No início de 2002, Jereissati já estava fora da disputa presidencial e Ciro Gomes era mais candidato que nunca. Claro que, na época, Serra tinha interesse político em enfraquecer Ciro Gomes, assim como antes quis afastar Jereissati da disputa presidencial, mas nada disso autoriza acusá-lo de estar por trás das dissimuladas andanças de Santoro.

Jereissati, no entanto, ao saber desses novos detalhes, não se conteve. “Estou estarrecido”, disse. “Achava que essas coisas vinham de grupos que apoiavam esta ou aquela candidatura. Hoje, não tenho certeza. Espero que minhas suspeitas sobre a origem de toda essa perseguição não estejam corretas.” Na quinta-feira passada, Serra ligou para Jereissati para lhe dizer que desconhecia essa história.

No fim de 2001, um dos mais conhecidos lobistas de Brasília, Alexandre Paes dos Santos, deixou vazar que teria provas de que dois funcionários do Ministério da Saúde, então capitaneado por Serra, estavam achacando o presidente de um laboratório farmacêutico com o objetivo de fazer caixa para a campanha presidencial do tucano.

Ao saber do assunto, Serra convocou Santoro ao seu gabinete e pediu providências. Em vez de investigar os dois suspeitos, Santoro mirou no lobista, mas o fez da forma habitual – disfarçadamente.

No caso, recorreu a um dos seus auxiliares mais fiéis, o procurador Marcelo Ceará Serra Azul. “Ele me passou o caso, sim”, confirma Serra Azul.

De posse de um mandado judicial, Serra Azul invadiu o escritório do lobista e recolheu pencas de documentos, entre eles a célebre agenda que continha informações escaldantes – até códigos dos pagamentos de propinas a parlamentares.

A agenda chegou a passear pelo Ministério da Saúde, pousando de mão em mão. “Eu precisava identificar todos os nomes de funcionários citados na agenda”, diz Serra Azul, ao admitir que levou a agenda ao ministério.

“Como eu iria fazer isso sem a ajuda do governo?”, explica. Talvez ele pudesse pedir a lista de todos os funcionários do ministério para cruzar com os dados da agenda, não? “Demoraria séculos”, responde.

José Serra diz que conheceu Santoro por indicação de Geraldo Brindeiro, procurador-geral no governo de FHC. “Nunca foi meu amigo. Temos relações cordiais. Só isso”, diz Serra.

O ex-ministro afirma que jamais viu a agenda, nem soube que ela esteve circulando pelo ministério. “Se soubesse mandaria imediatamente devolver sem olhar”, diz.

O fato é que, com a exótica investigação, na qual se invadiu o escritório do denunciante e levaram-se as supostas provas ao denunciado, nunca mais se falou sobre a tal extorsão dos funcionários da Saúde.

É lamentável que a saúde política do país fique flutuando ao sabor de fitas nas quais um subprocurador enxerga o potencial de “ferrar” o ministro-chefe da Casa Civil e pelas quais o próprio governo se sente ameaçado a ponto de ver em seu tráfego uma “conspiração”.

“Entrega a fita”

No trecho abaixo, o subprocurador José Roberto Santoro tenta convencer o bicheiro Carlos Cachoeira a lhe entregar a famosa fita de vídeo em que Waldomiro Diniz, ex-assessor do Palácio do Planalto, pede propina.

SANTORO – Faz o seguinte: entrega a fita, não depõe, diz que vai depor mais tarde pra ver o que que aconteceu, porque aí você acautela que você colaborou com a Justiça, entregou a fita, acautelou prova lícita, o cacete a quatro… Aí você avalia o tamanho do cafofo… Aí você diz: “Aí eu quero falar…”

Nas mãos do governo

Sem querer entregar a fita, Cachoeira sugere que a Polícia Federal faça uma operação de busca e apreensão em sua casa e pegue a fita. Assim, ele, Cachoeira, não se comprometia e o subprocurador Santoro teria a fita que tanto desejava. Santoro não concorda sob o argumento de que a fita desapareceria nas mãos do governo:

SANTORO – A busca e apreensão vai ser feita pela Polícia Federal, a Polícia Federal vai levar a fita… é isso?… A primeira coisa que vai ser, vai ser periciada e a primeira pessoa que vai ter acesso a essa fita é o Lacerda (refere-se a Paulo Lacerda, diretor-geral da Polícia Federal). O segundo é o ministro da Justiça, o terceiro é o Zé Dirceu e o quarto, o presidente.

“Que sacanagem é essa?”

Diante da resistência de Cachoeira, Santoro comenta que ele mesmo está se expondo na conversa, mantida em plena madrugada no prédio da Procuradoria-Geral da República, de tal modo que pode ser flagrado, a qualquer momento, por seu chefe:

SANTORO – Daqui a pouco o procurador-geral vai dizer assim: “Porra, você tá perseguindo o governo que me nomeou procurador-geral, Santoro, que sacanagem é essa?… Você tá querendo ferrar o assessor do Zé Dirceu, que que você tem a ver com isso?…” Aí eu vou dizer: “Não, eu não tenho nada… tô ajudando… ” …”Porra, ajudando como? Você é um subprocurador-geral, você não tem que ficar na madrugada na procuradoria tomando depoimento dos outros…”

“Pra ferrar o chefe da Casa Civil”

Como Cachoeira não concordasse em entregar a fita, Santoro volta a dizer que seu chefe está prestes a chegar ao trabalho e poderá flagrá-lo tomando um depoimento comprometedor para o governo:

SANTORO – Estourou o meu limite. Daqui a pouco o Cláudio chega (refere-se ao procurador-geral Cláudio Fonteles), chega às 6 horas da manhã, vai ver teu carro na garagem, vai saber o que tem e vem aqui… e vai ver um subprocurador-geral empenhado em derrubar o governo do PT… Três horas da manhã, bicho! Ele vai vir aqui na minha sala, ele é meu amigo, ele vai vir aqui, e vai ver eu tomando um depoimento pra… desculpe a expressão… pra ferrar o chefe da Casa Civil da Presidência da República, o homem mais poderoso do governo, ou seja, pra derrubar o governo Lula… A primeira coisa que ele vai dizer é o seguinte: “O Santoro é meu inimigo, porque ele podia, como meu amigo, ter ligado pra mim e ter dito assim: ‘Olha, vai dar porcaria pro Zé Dirceu’ “.

“Ou você não acha que eu podia dar busca
e apreensão na tua casa em Anápolis”

Em outro trecho, Santoro diz a Cachoeira que poderia ter dado mandado de busca e apreensão na casa do empresário em Anápolis.

SANTORO – “Ou você não acha que eu podia dar busca e apreensão na tua casa em Anápolis, e isso eu perdia uma semana… eu poderia ter dado busca e apreensão na tua casa em Anápolis, podia ter dado… agora, tu imagina a violência… o cara fala: “nego tem filho, tem mulher, Santoro, (ele) sentou contigo, por favor”…você acha que eu não chegaria e falaria: “olha, o (barato)”… se eles não tivessem… vamos dar uma geral no cara… a Federal tinha arrebentado em cima de Anápolis, principalmente sabendo o conteúdo da fita… tinham pego essa fita e você sabe o que que eles iam dizer? Eles iam pegar documento na tua casa, carteira de identidade da tua mulher, e essa fita nunca ia aparecer, tá?… porque se eles soubessem que não fariam… (medo do) Lacerda… desculpe, ele vai ficar puto comigo, a instituição dele não é bem assim… mas em toda casa tem bandido, você sabe disso, não é não?…

PS do Viomundo: O mais cômico é ler o Caneta escrevendo sobre o Cachoeira e lamentando a política ao “sabor de fitas”.

PS2 do Viomundo: E o helicóptero, hein?! Apreendido bem no interior do Espírito Santo!

quinta-feira, novembro 28, 2013

Ecosport, Jetta e Focus são os carros mais seguros do Brasil

Exame - 27 nov 2013

Modelos vendidos no Brasil obtiveram nível máximo de segurança em testes de colisão realizados pela Latin NCAP; HB20 também teve boas notas


Novo Ford EcoSport 2.0 com câmbio automático
Ford Ecosport: modelo é o primeiro fabricado no Brasil a ganhar 5 estrelas no teste da Latin NCAP

São Paulo – O Ford Focus terceira geração, o Volkswagen Jetta e o Ford Ecosport vendidos no Brasil receberam cinco estrelas para os passageiros adultos nos crash tests promovidos pela Latin NCAP, programa independente de avaliação de carros novos vendidos na América Latina e Caribe. Para quem senta no banco da frente desses veículos, portanto, foi encontrado o nível máximo de segurança em caso de acidente. Trata-se da primeira vez que carros fabricados na América Latina obtêm a nota máxima nos testes da Latin NCAP.
Outros dois modelos, o Chevrolet Malibu e o Hyundai HB20 receberam quatro estrelas para os passageiros adultos nos bancos da frente. A proteção para crianças que viajam na cadeirinha no banco de trás, no entanto, como sempre deixou a desejar. O Ford Focus e o VW Jetta conseguiram boas notas, quatro estrelas cada um. Ford Ecosport e Hyundai HB20 tiveram proteção apenas mediana, com três estrelas. E o Malibu decepcionou, com uma estrela.
Os resultados foram divulgados nesta quarta-feira como parte da quarta fase de testes da Latin NCAP com os veículos vendidos no mercado latino-americano. O Ecosport e o HB20 testados são fabricados no Brasil, o Jetta é fabricado no México e o Focus na Argentina – todos vendidos no mercado brasileiro. O Malibu é um modelo global, fabricado nos EUA.
Com critérios mais rígidos, a quarta fase já tinha dado nota zero para outros dois modelos à venda no Brasil, o Renault Clio e o Chevrolet Agile, em julho deste ano. Como ocorreu com o Clio e o Agile, a Latin NCAP só costuma testar as versões mais básicas dos modelos vendidos na América Latina, que geralmente vêm sem airbags. Este fator pesou negativamente na nota de muitas versões de entrada testadas pela entidade anteriormente, uma vez que os ocupantes da frente do veículo ficam muito expostos durante uma colisão.
Contudo, as montadoras podem patrocinar testes de versões superiores de seus modelos, que costumam vir com mais equipamentos de segurança e ter notas melhores. É o caso da atual safra de resultados, que engloba apenas testes patrocinados pelas marcas. O teste do Ecosport passou por uma atualização, uma vez que a Ford decidiu patrocinar o crash test lateral; e o HB20 foi testado novamente após a Hyundai fazer melhorias na segurança do modelo. Ambos os modelos já haviam passado por testes na terceira fase da Latin NCAP.
Metodologia – Nos crash tests da Latin NCAP, os veículos se chocam frontalmente com um objeto deformável, que representa outro veículo, a 64 km/h, segundo os padrões da Euro NCAP. Os bonecos (dummies) representam dois adultos no banco da frente e duas crianças no banco de trás, nas cadeirinhas recomendadas pelo fabricante, sendo uma de 18 meses e a outra de três anos.
Para receber cinco estrelas para os adultos, o carro precisa ser aprovado no teste de impacto lateral, além de oferecer freios ABS e lembretes para cintos de segurança nos bancos da frente nos modelos padrão. Ganham pontos para a proteção infantil os modelos que oferecem o sistema de engate Isofix para cadeirinhas, que é mais seguro do que o sistema de engate com cinto.
No Brasil, o Isofix ainda não é certificado pelo Inmetro, mas esta situação deve mudar no ano que vem. Em função da ausência de certificação, são raros os carros que oferecem o Isofix por aqui, e não há cadeirinhas disponíveis com esse sistema. Em função disso, a maioria dos carros vendidos no Brasil obtiveram maus resultados para a proteção das crianças em seus crash tests, desde a primeira fase do Latin NCAP. Embora as cadeirinhas vendidas aqui atendam os requisitos nacionais, nos testes internacionais elas ainda deixam a desejar.

Sempre que leio algo do tipo me lembro do Collor com as "carroças"...

terça-feira, novembro 26, 2013

Cratera surge misteriosamente e engole lago na Bósnia

26/11/2013

Onde antes havia um lago tranquilo, existe agora uma gigantesca e misteriosa cratera. Um buraco engoliu a água, os peixes e as árvores próximas.

Cratera surge misteriosamente e engole lago na Bósnia

Os moradores do remoto vilarejo bósnio de Sanica estão em estado de choque desde que o lago foi varrido há duas semanas.

Cratera surge misteriosamente e engole lago na Bósnia

Bósnia-Pond Vanishes

Fuad Cemal segura uma foto de um lago que desapareceu na aldeia de Sanica, na Bósnia.

O lago tinha cerca de 20 metros de diâmetro e cerca de oito metros de profundidade. Agora, o “abismo”, como os moradores apelidaram a cratera, tem cerca de 50 metros de largura e 30 metros de profundidade – e vem crescendo.

Os cientistas dizem que não é incomum que lagoas e pequenos lagos de repente desaparecem. Segundo eles, o desaparecimento pode ter sido causado pela secagem de correntes de água subterrânea, ou mudanças na drenagem do solo devido à irrigação.

APTOPIX Bósnia-Pond Vanishes

As pessoas se reúnem em torno de um enorme buraco na aldeia de Sanica, na Bósnia.

O motivo exato da cratera ter surgido é ainda incerto, no entanto – investigações estão sendo conduzidas para explicar o fenômeno. [News.com.au]

segunda-feira, novembro 25, 2013

JUÍZES REPUDIAM “CORONELISMO” DE BARBOSA

Conversa Afiada - Publicado em 25/11/2013

 

Usar o “canetaço” é uma das acusações mais sérias que se pode fazer a um Juiz

Saiu no Blog Interesse Público, de Frederico Vasconcelos, na Folha (*):

AJD REQUER ESCLARECIMENTO DE BARBOSA


A Associação Juízes para a Democracia (AJD) distribuiu nota, sob o título “O ministro Joaquim Barbosa está com a palavra“, em que manifesta preocupação com as notícias sobre pressões que o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, teria feito para a troca de juízes de execução criminal no caso do mensalão.
Em nota assinada pela presidente da entidade, Kenarik Boujikian, a AJD requer do ministro os “imprescindíveis esclarecimentos”, por entender que “a acusação é uma das mais sérias que podem persar sob um magistrado” que acumula a presidência do Supremo e do Conselho Nacional de Justiça.
“O povo não aceita mais o coronelismo no Judiciário”, afirma a nota.
Eis a íntegra da manifestação:

São Paulo, 25 de novembro de 2013.

O MINISTRO JOAQUIM BARBOSA ESTÁ COM A PALAVRA

A Associação Juízes para a Democracia ,  entidade não governamental, cujos objetivos estatutários, dentre outros, são: o respeito absoluto e incondicional aos valores jurídicos próprios do Estado Democrático de Direito; a  realização substancial, não apenas formal, dos valores, direitos e liberdades do Estado Democrático de Direito; a defesa da independência do Poder Judiciário não só perante os demais poderes como também perante grupos de qualquer natureza, internos ou externos à Magistratura vem à público para:
a) manifestar sua preocupação com noticias  que veiculam que o Presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, estaria fazendo pressão para a troca de juízes de execução criminal e
b) requerer que  ele dê os imprescindíveis esclarecimentos.
A acusação é uma das mais sérias que podem pesar sob um magistrado que ocupa o grau máximo do Poder Judiciário e que acumula a presidência do CNJ ( Conselho Nacional de Justiça), na medida que vulnera o Estado Democrático de Direito.
Inaceitável a subtração de jurisdição depositada em um magistrado  ou a realização de qualquer manobra para que um processo seja julgado por este ou aquele juiz.
O povo não aceita mais o coronelismo no Judiciário.
A Constituição Federal e documentos internacionais  garantem a independência judicial, que não é atributo para os juízes, mas para os cidadãos.
Neste tema sempre bom relembrar a primorosa lição de Eugenio Raúl Zaffaroni: “A independência do juiz … é a que importa a garantia de que o magistrado não esta submetido às pressões do poderes externos à própria magistratura, mas também implica a segurança de que o juiz não sofrerá ás pressões dos órgãos colegiados da própria judicatura” ( Poder Judiciário, Crise, Acertos e Desacertos, Editora Revista dos Tribunais).
Não por outro motivo existem e devem existir regras claras e transparentes para a designação de juízes,  modos de acesso ao cargo, que não podem ser alterados por pressão das partes ou pelo Tribunal.
O presidente do STF tem a obrigação de prestar imediato esclarecimento à população sobre o ocorrido, negando o fato, espera-se, sob pena de estar sujeito à sanção equivalente ao abuso que tal ação representa.
A Associação Juizes para a Democracia aguarda serenamente  a manifestação do presidente do Supremo Tribunal Federal.
Kenarik Boujikian
Presidenta da Associação Juízes para a Democracia

Gostaria de compartilhar da fé de Paulo Henrique nas boas intenções das entidades classistas do setor judiciário. Jamais esperaria outro tipo de reação dos juízes, ou mesmo, da OAB.

É o mesmo setor judiciário que aboliu o emprego das algemas, mantém como pena máxima aos juízes sua aposentadoria com as baixas remunerações conhecidas, ou prega a inviolabilidade do escritório de advocacia.

INVESTIGAÇÃO 2474: QUEM BOTAVA $ NO VALERIODANTAS ?

Conversa Afiada - Publicado em 25/11/2013

 

Não se dá Golpe de Estado com Manual de Psicologia Aplicada. O Golpe está lá atrás, no Ali Babá

Há lógica na sua loucura” (Shakespeare, Hamlet, Ato 2o, cena 2).
No dia 11 de setembro de 2008, o Conversa Afiada publicou um post sobre a investigação 2474.
O ansioso blogueiro foi atrás desse post instigado pela reiterada questão que o Stanley Burburinho formula no twitter: o que está dentro da investigação 2474 ?
Em 2008, o Conversa Afiada dizia que tinha recebido a visita de passarinho, que pousou na janela de casa.
E contou:
Há várias ações derivadas dos crimes do mensalão.
A denuncia da primeira ação chegou ao Supremo e ao relator nomeado e re-nomeado por Lula, Antônio Fernando, ANTES da conclusão dos trabalhos da CPI do mensalão.
Antônio Fernando, então, propôs a ação 470 ANTES do fim da CPI.
Ou seja, não esperou as conclusões da CPI para denunciar aqueles que batizou de “Ali Babá e os 40 ladrões”.
Como eram 40 réus, o Ali Babá só poderia ser o Lula.
Portanto, tratava-se de uma ameaça velada ao Presidente da República: cuidado que, a qualquer hora, você entra na roda.
Tem um semi-aberto à tua espera, Ali Babá …
Segundo o Nassif, hoje, Antônio Fernando advoga para … quem ? Para o imaculado…
Encaminhar Lula ao “semi-aberto” do Barbosa foi o que se tentou várias vezes, no julgamento do mensalão (o do PT), inclusive quando o Ministro Marco Aurélio (Collor de) Mello chamou Lula de “safo “ –
clique aqui para ler “a que safo Mello se refere ?”.
Como se sabe, a CPI do Mensalão tentou, até os 45′ do segundo tempo, livrar o imaculado banqueiro.
Com a gentileza do deputado
Eduardo Cardozo, dos senadores Heráclito Fortes, Delcídio Amaral (tucano infiltrado no PT), e do relator do PMDB, Osmar Serraglio, quase que Dantas consegue ficar fora do relatório final.
A verdade é que ficou.
Porque Antônio Fernando procurou, procurou, procurou e achou 40 ladrões, achou um Ali Babá e não achou o imaculado.
Agora vem a outra ação.
Trata-se daquela que deriva da investigação 2474.
Aí, dizia, textualmente o Conversa Afiada, então: “Dantas, esse é o teu número: 2474”.
Em 2013 se soube que a investigação 2474 está sob sigilo de Justiça.
E, por decisão do Presidente Barbosa – que, segundo a AMB,
usou do “canetaço”- só Dantas teve acesso a ela.
Aí, na 2474 deve estar a resposta a uma pergunta trivial: de onde o Marcos Valeriodantas tirava dinheiro para financiar o Caixa Dois do PT.
(Sim, porque o dito “mensalão” sempre foi e será um Caixa Dois de campanha.)

Porque se sabe que o dinheiro da Visanet não foi usado para isso.

A Visanet não era estatal nem tinha grana suficiente para pagar as dividas do PT com o PL, com Duda e com o PTB.
Àquela altura, o Valeriodantas e Clésio Andrade – vice de Aécio – já não tinham acesso ilimitado aos cofres do PSDB – de Eduardo Azeredo, em Minas, e de Fernando Henrique Cardoso, na SECOM de então.
Nem os laços afetivos e financeiros  de Pimenta da Veiga com o Valeriodantas levantavam mais dinheiro no Rural e no BMG. 
Com os tucanos, Valeriodantas se esbaldava.
Mas, Itamar derrotou Azeredo, que tentava a reeleição, numa milionária campanha dirigia por Valeriodantas.
E sem os tucanos de Minas ?
E sem os tucanos generosos da SECOM ?
Com Itamar e Lula, Valeriodantas ficou sem guichê.
De onde, então, vinha o dinheiro do Valeriodantas ?
Quem botava grana naquele duto largo ?
Fala, Valerio, fala !
Clique aqui para ler um resumo das relações do Valeriodantas com BRT, então administrada (?) pelo imaculado banqueiro.
O amigo navegante entendeu por que interessa provar que o dinheiro da Visanet era estatal ?
Porque tira o imaculado banqueiro da roda.
E por que tantos defendem o Pizzolato, mas, subitamente, param diante da muralha, diante do imaculado ?
Por que a 2474 ficou em segredo ?
Agora, chegamos a Hamlet.
Há uma lógica no bonapartismo de Joaquim Barbosa.
É a lógica que vem lá detrás, do Antônio Fernando, que concebeu e montou a operação que equivale a apear o PT do Poder.
Um Golpe de Estado.
Pelo MP, uma adaptação do Golpe Paraguaio.
Clique aqui para ler “MP, o DOI-CODI da Democracia”.
A lógica que seguiu o
prevaricador, segundo Collor da tribunal do Senado.
É a mesma que o relator, juiz e juiz de execuções penais, Joaquim Barbosa executou.
Barbosa não foi acometido de súbita instabilidade emocional.
Reações que, mal interpretadas, possam dar a ideia de falta de equilíbrio.
Não.
A questão não é pessoal, produto de uma personalidade belicosa.
Não é uma questão de pessoas ou temperamentos.
Não se dá um Golpe de Estado com manuais de Psicologia Aplicada
Shakespeare tem razão.
Ele entende de reis e de césares.
E de punhalada pelas costas.
Tem uma lógica.
A questão não é ser ou não ser.
É mais simples, mais terra-a-terra: de onde vinha o dinheiro do Valeriodantas ?
Caía do céu ?
Chovia dinheiro na horta dele ?
Ele achou na lata do lixo ?
Ganhou na mega-sena da virada?
Está tudo lá: na 2474.
Por isso ela é secreta, Burburinho.
Paulo Henrique Amorim

A cobrança em relação ao caso Dantas é seríssima. Não dá para continuar empurrando isso. Dantas, Delta, tanta coisa que estorou e ainda falta ser melhor desvendado, porquê ao que parece, havia relações entre os vários casos relatados.

Médico Cubano Volta ao Trabalho e é Recebido com Festa

adelsoncarvalho – 25 nov 2013

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De volta. O médico cubano Isoel Goméz Molina, que foi afastado do Posto de Saúde da Família do bairro Viveiros, em Feira de Santana, retornou domingo, dia 25, às atividades. Ele foi recepcionado com cartazes de boas-vindas por pacientes do bairro.
Isoel Goméz Molina foi denunciado pelo vereador José Carneiro (PSL) após prescrever na receita 40 gotas de Dipirona a um menino de 1 ano e dois meses, que pesava 10 quilos e foi levado com febre ao posto pela mãe. Porém, o médico ficou afastado só até domingo, dia 25, uma vez que investigações realizadas por uma comissão do Programa Mais Médicos constataram que não houve erro médico.
A comissão apurou que as 40 gotas indicadas não eram para ser ministradas em dose única, mas divididas em quatro vezes, a cada seis horas, como consta na receita, desde que a criança sentisse dor ou apresentasse um quadro febril, e explicou detalhadamente à mãe da criança que seriam dez gotas, apenas, por vez. Gilmara dos Santos confirmou em entrevistas que Isoel Gomez a orientou sobre o fracionamento.

Emoção

Emocionado, o médico disse que não esperava a recepção. “Eu não esperava que fosse assim. Eu só quero fazer o que vim fazer aqui, que é trabalhar e ajudar a todas as pessoas. Agora sinto-me mais comprometido com eles, pela atitude que tiveram comigo. Quero dizer muito obrigado, por tudo o que eles fizeram”, disse Isoel Goméz Molina.

Foto: Acorda Cidade

domingo, novembro 24, 2013

Curtas

nucleomilitar.blogspot

Postado por Fabricio Gustavo Dillenburg

Acordo EUA/Afeganistão

Os Estados Unidos e o Afeganistão teriam derrubado os últimos obstáculos para um acordo de segurança que permitirá a permanência de tropas americanas no país asiático depois da retirada militar internacional prevista para o final de 2014, segundo porta-voz do presidente afegão, Hamid Karzai. Os EUA não confirmaram a informação, no entanto. O suposto acordo preveria que tropas americanas só poderão invadir residências afegãs em "circunstâncias excepcionais" e daria imunidade para os militares americanos à lei afegã. Segundo o porta-voz de Karzai, Aimal Faizi, o presidente americano Barack Obama fará um pedido de desculpas por escrito ao povo afegão por erros cometidos nos últimos 12 anos de guerra. Essa era uma exigência de Karzai, que teria sido aceita em uma conversa telefônica na terça-feira (19) com o secretário de Estado americano, John Kerry. A Casa Branca não confirmou se o presidente Obama concordaria com as demandas afegãs. O governo americano espera antes a aprovação dos termos do pacto pela chamada "Loya Jirga", ou grande assembleia, que reúne cerca de 2.500 líderes tribais do Afeganistão. Karzai já disse que só pode referendar o acordo se for aprovado pela assembleia, que começa amanhã em Cabul.

Em nome do treinamento das tropas afegãs e de prosseguir a guerra contra a rede terrorista Al Qaeda, os EUA estão dispostos a manter um efetivo estimado entre 7.000 e 15 mil homens no país, a partir de janeiro de 2015. Atualmente, são 60 mil soldados, número que cairá até fevereiro para 30 mil. No primeiro rascunho do acordo, de julho passado, as tropas americanas teriam direito a carregar armas, usar uniforme e manter veículos e aviões no país. Nesse documento, as tropas americanas ficariam no país até 2024. O cancelamento poderia ser feito com dois anos de antecedência. Segundo a rede NBC, o tratado a ser acordado entre os dois países não prevê a instalação permanente de bases militares americanas no país. O Exército americano teria acesso a instalações militares, algumas de uso exclusivo das tropas americanas. Atualmente estima-se que a guerra no Afeganistão, já a mais longa do país no exterior, custe US$ 8 bilhões por mês aos cofres americanos --mais de US$ 1 trilhão desde 2001, o equivalente a duas vezes o PIB da Argentina. Pesquisa do final de julho do jornal Washington Post e da rede de TV ABC dizia que 67% dos americanos achavam que "não valia a pena lutar" no Afeganistão. (Clipping - Fonte: Folha SP)

Israel e Arábia Saudita

Fonte diplomática afirma que sauditas estão furiosos com o Irã por causa de seu programa nuclear e estão dispostos a dar a Israel “toda a ajuda de que necessita.” O Mossad está trabalhando com autoridades sauditas num plano de contingência para um possível ataque ao Irã no caso de o programa nuclear iraniano não ser suficientemente controlado. Jerusalém e Riad têm manifestado desagrado com as negociações entre o Irã e o grupo de potências mundiais, na qual eles veem como fazendo pouco para parar o progresso do Irã rumo a uma arma nuclear. Segundo o Times, Riyadh já deu o seu consentimento para Israel usar o espaço aéreo saudita para um possível ataque ao Irã. O jornal citou uma fonte diplomática dizendo que os sauditas estavam dispostos a ajudar um ataque israelense por meio da cooperação sobre o uso de drones, helicópteros de resgate e aviões-tanque. “Uma vez que o acordo de Genebra for assinado, a opção militar estará de volta a mesa. Os sauditas estão furiosos e dispostos a dar a Israel toda a ajuda de que necessita “, citou uma fonte ao jornal Times. O primeiro-ministro Netanyahu disse em uma entrevista ao jornal francês Le Figaro que há um “encontro de mentes” entre Israel e os “principais estados no mundo árabe” sobre a questão do Irã. “Todos nós pensamos que o Irã não deve ser autorizado a ter as capacidades para fabricar armas nucleares. Nós (Israel e Arábia Saudita) acreditamos que se o Irã tiver armas nucleares, isso poderá levar a uma corrida armamentista nuclear no Oriente Médio, tornando o Oriente Médio um barril de pólvora nuclear.” “Nós vivemos aqui”, disse ele. “Nós sabemos algo sobre esta região. Sabemos muita coisa sobre o Irã e seus planos. Vale a pena prestar atenção ao que dizemos”… (Clipping - Fonte: Cavok / The Jerusalem Post / Herb Keinonm)

 

Guiana em Alerta

O governo da Guiana anunciou ontem que suas tropas na região da fronteira com a Venezuela estão em estado de alerta. O ministro da Defesa guianense, Roger Luncheon, afirmou que os militares receberam informação de que soldados venezuelanos pretendiam cruzar o Rio Essequibo, divisa de um território controlado pela Guiana, mas reivindicado pela Venezuela. Luncheon disse que a proximidade da eleição municipal no país vizinho acirrou a “retórica nacionalista”. Uma comitiva de opositores venezuelanos deve visitar a região nos próximos dias, sob proteção de forças guianenses. A adoção do estado de alerta é a primeira desde 1982, quando aviões venezuelanos sobrevoaram a área. Em outubro, a Venezuela deteve um navio fretado por uma empresa americana de petróleo para realizar exploração em águas litigiosas. (Clipping - Fonte: O Estado de S. Paulo / Forças Terrestres)