"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

quinta-feira, dezembro 11, 2008

A “receita” do Estado fraco era só para a periferia do mundo

Conversa Afiada - 11/dezembro/2008 17:32

Em artigo publicado hoje no Valor Econômico, o economista Carlos Eduardo Carvalho sustenta que a intervenção estatal na crise não é uma demonstração de enfraquecimento do chamado neoliberalismo. Nos países centrais, ao contrário do que se apregoa, o neoliberalismo nunca enfraqueceu os Estados nacionais, afirma Carvalho.

Imprensa diz que países "injetam" liquidez; eles emitem dinheiro

Imprensa diz que países

A intervenção estatal na crise e o chamado neoliberalismo

Carlos Edurardo Carvalho
11/12/2008

A vigorosa intervenção estatal no enfrentamento da crise financeira nos países centrais deu lugar a avaliações de que o chamado neoliberalismo estaria derrotado. Não é assim. O que se convencionou chamar de neoliberalismo nunca pressupôs Estado fraco nos países centrais e nunca o enfraqueceu. A receita era para as periferias do mundo, onde encontrou adeptos fervorosos, com resultados quase sempre muito negativos.

Nos países centrais, a onda neoliberal desencadeada 30 anos atrás buscou e conseguiu ampliar a capacidade de intervenção discricionária do Estado, e não o oposto. Tratava-se de liberar o Estado de compromissos com a democracia e com os direitos sociais e econômicos da maioria dos cidadãos. Nada de Estado fraco! Ao contrário, Estado ainda mais forte e mais ágil para cuidar dos interesses da grande finança, do grande capital.
É exatamente o que ocorre agora. Diante de grave crise financeira, a principal forma de intervenção estatal é a emissão de grandes quantidades de moeda, para inflacionar mercados ameaçados pela forte desvalorização de ativos e para impedir a quebra de setores produtivos inteiros. A “injeção de liquidez”, eufemismo para ocultar a emissão monetária, demonstra a força do Estado nas economias centrais, e por mais de um motivo relevante.
Um deles é a capacidade de colocar dinheiro público em circulação em quantidades inusitadas e de forma discricionária, sem ter dúvidas de que essa moeda será aceita pelo sistema econômico e pelos cidadãos. Nos países centrais, os governos contam com demanda garantida pelo seu dinheiro quando decidem ampliar a oferta. Nesses momentos, simplesmente ignoram teses e dogmas sobre a necessidade de regras e de evitar a discricionariedade na conduta do setor público. Estas teses e dogmas ocupam intermináveis preleções e modelagens matemáticas nas universidades que seguem os cânones do mainstream econômico, mas de nada servem em momentos de crise. Nos países centrais, as elites intelectuais, políticas e financeiras sabem que esta produção acadêmica de suas universidades não serve para nada nos momentos em que é necessário tomar decisões com grande grau de incerteza.
Outro motivo, igualmente relevante, é a capacidade de ocultar a natureza do que está sendo feito. O debate público sobre a crise e o noticiário da imprensa evitam sistematicamente a palavra “emissão”. Fala-se de “injeção de liquidez”, como se houvesse dinheiro em um cofrinho nos Bancos Centrais, pronto para ser inoculado na economia. A palavra emissão não pode ser pronunciada. Aceitar que se trata de emissão enfraqueceria o dogma da “austeridade monetária e fiscal”, tão importante para disciplinar as elites políticas e intelectuais dos países da periferia.
A capacidade de disciplinar a semântica, de selecionar as palavras utilizadas para discutir a crise, delimita o campo de discussão e as alternativas que entram em disputa. Afinal, por que não se poderia emitir dinheiro à farta para garantir seguro-desemprego para todos os cidadãos atingidos pela crise? Ou para socorrer os que perderam suas casas? Ora, isso seria emitir dinheiro e provocar desequilíbrio fiscal e inflação, ou risco moral. Fazê-lo para bancos e mercados é outra coisa, é “injeção de liquidez”.
Essa força do Estado, contudo, não significa que o neoliberalismo tenha sido uma fantasia, uma figura de retórica. Ao contrário, trata-se de um ideário muito forte e poderoso, gestado, como se sabe, em reação aos avanços da democracia e dos direitos sociais e econômicos depois da Segunda Guerra.
O neoliberalismo realmente existente, contudo, não foi uma volta ao passado liberal. O prefixo “neo” se justifica inteiramente por se tratar de liberalização com Estado forte e intervencionista, capaz de atuar na área econômica de forma ampla, discricionária e seletiva, como agora, e capaz também de abandonar áreas em que intervinha fortemente, como os direitos sociais e econômicos, apontados como impossíveis de manter por conta da chamada “globalização”. Trata-se de uma obra de engenharia social e política impressionante, em que a ação do Estado é ocultada e é designada pelo que não é.
O neoliberalismo é forte por ser um paradigma amplo e poderoso, mas também muito flexível. Muitas vezes se afirmou que o ideário neoliberal significava caminho único e sem alternativas. Essa afirmação é caso típico de meia verdade: o neoliberalismo é ideologia única, sim, mas capaz de abrigar políticas econômicas as mais variadas. Basta lembrar o que fez o governo dos EUA e seu Banco Central nos últimos oito anos, políticas agora criticadas pelo que tiveram de original e de polêmico, em meio à adoção de novas políticas originais e polêmicas.
O paradigma neoliberal continua pautando os debates sobre o enfrentamento da crise e sobre as mudanças nas instituições e nas políticas econômicas. Não se cogita rever a precarização do trabalho, por exemplo, ou o direito dos Bancos Centrais de emitir dinheiro e comprar ativos desvalorizados sem prestar contas a ninguém, ou a responsabilização dos governos centrais pelos danos que os capitais especulativos trazem aos países periféricos com a desregulamentação financeira.
A crise atual é provavelmente a maior e mais grave desde a depressão dos anos 1929-1933, mas felizmente ainda está muito distante daquela em termos de efeitos econômicos e sociais. As semelhanças são fracas e há a solidez do dólar como reserva mundial. Pode ser este um motivos para ainda não ter dado lugar a questionamentos fortes sobre os paradigmas de política econômica dominantes. Para tanto, talvez seja necessário um agravamento ainda maior dos problemas, a ponto de tornar insuficiente a aplicação desordenada de receitas aprendidas décadas atrás.
Ou talvez as idéias novas não surjam porque a crise ainda não despertou conflitos políticos graves. Até agora as reações das vítimas são tímidas e localizadas. A força do paradigma neoliberal continua ajudando a manter a ordem, enquanto as elites políticas centrais e a grande finança mundial definem políticas para conter os problemas e preservar seus interesses.
Carlos Eduardo Carvalho, economista, é professor da PUC/SP - cecarv@pucsp.br

Cade congela negócio e BrOi quer mais tempo para “quitar” dívida de leilão 3G

Conversa Afiada - 11/dezembro/2008 12:39

Mais um capítulo da fusão das teles BrT e Oi. Matéria veiculada pelo Valor Econômico informa que o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) congelou parte da compra. O órgão indicou que pretede fazer uma minuciosa investigação, e caso ache necessário, fará restrições ao negócio. Segundo os conselheiros, os provedores de internet deverão ser mantidos separados.

Jereissati e Andrade vão controlar a BrOi

Jereissati e Andrade vão controlar a BrOi

A BrOi, por sua vez, pediu mais tempo para o pagamento da dívida de R$ 1,2 bilhão releativa ao leilão de compras das licenças de telefonia móvel da 3G.

Masturbação mental com pornografia alheia

Blog do Luis Nassif - 11/12/08

O vazamento da Polícia Federal para a imprensa de que os "equipamentos da ABIN" continham material pornográfico, coloca em dúvida essa suposta profissionalização da organização (clique aqui).

Não é possível que, em um momento de quase crise institucional, sob o argumento de que as operações não respeitam o sigilo, a PF se valha desses métodos - justamente na operação destinada a coibir esses supostos abusos.

Se amanhã se encontrar material pornográfico em um computador da PF, a responsabilidade será de um agente que utilizou indevidamente o equipamento ou de toda a PF?

O tom da matéria - "A Polícia Federal não crava que os computadores da Abin só armazenam cenas de sexo. O Relatório de Análise de Mídias indica elevado número de registros sobre atividades inerentes à agência" - não é do repórter Fausto Macedo, é das fontes da Polícia Federal que lhe passaram os dados.

Posso imaginar o delegado do inquérito morrendo de rir, por conseguir identificar uma ação de uma agente e jogar a conta nas costas de toda a Agência: "ôrra, meu, f... aqueles caras", enquanto a imagem de profissionalização da PF escoa pelo ralo.

É essa a Polícia Federal do terceiro milênio, a futura FBI brasileira, a organização profissional que tem como foco a busca de resultados? Nada foi encontrado que pudesse incriminar a ABIN. Mas, no relatório enviado ao senador Heráclito Fortes - ligado a Daniel Dantas - a Polícia Federal diz:

"Na análise prévia dos arquivos, por ora, nada foi encontrado que pudesse colocar em risco a segurança nacional. Porém, segundo o relatório, um considerável número de arquivos contendo filmagens de atos sexuais foi detectado nos computadores."

Repito, o agente da ABIN que colecionava vídeos pornográfico não o fazia como representante da ABIN. Já o delegado que vaza essas bobagens representa a Polícia Federal, como titular em um inquérito.

Por Carlos Graça Aranha

Um delegado fazendo masturbação mental com a pornografia alheia.

Vaidade com despreparo

Blog do Luis Nassif - 11/12/08

O Banco Central conseguiu desmoralizar as metas de inflação e a tese do BC independente. A alegação de que manteria a Selic por conta das incertezas futuras é uma piada.

Juros altos funcionam em uma conjuntura de economia aquecida, visando reduzir o nível de atividade através do encarecimento do crédito na ponta. Sobre o nível e atividade, a única incerteza é em relação ao tamanho do desaquecimento da economia – se pequeno ou grande. Sobre os juros, a mudança de cenário já operou elevação de juros em todas as frentes.

A redução da Selic teria impactos psicológicos sobre empresários e consumidores, em um momento em que se precisa vencer o pessimismo diante da crise. Ajudaria a reduzir o peso dos juros sobre o déficit nominal, liberando recursos para investimentos.

No entanto, mantém-se a taxa de juros apenas para demonstrar que o BC é autônomo. Ora, o homem que diz sou, não é, porque quem é mesmo, não diz. BC com respeitabilidade não precisa recorrer a demonstrações vazias de força. Consegue-se respeitabilidade sendo coerente, produzindo análises consistentes e medidas que reflitam a situação econômica do momento.

Demonstração de força, em um momento em que o país inteiro luta contra o fantasma da recessão é irresponsabilidade, pura vaidade, falta de compromisso com o país e com a política econômica, desprezo pelos recursos públicos.

Se Lula não vencer o temor reverencial pelo mercado, não segurará a onda da crise. Conseguiu colocar no BC a pior mistura, de vaidade e despreparo de um presidente com ambições políticas, que se prevalece da gravidade da situação para auto-afirmações inconcebíveis em pessoas maduras e senhoras de si.

Do Valor Econômico

Dólar não se submete ao sentido do fluxo


Luiz Sérgio Guimarães


11/12/2008



Após um pouco mais de quatro horas de discussões, o Copom decidiu o que o mercado de câmbio já previa: a manutenção da Selic em 13,75%, por unanimidade. Depois que os investidores se convenceram de que a tendência seria mesmo a manutenção do juro, o dólar só caiu. A percepção de que a série de seis altas consecutivas, encerrada no dia 4, durante a qual a moeda americana valorizou-se 11,5%, teve como finalidade pressionar o BC a não reduzir o juro básico cristalizou-se ontem após a divulgação do fluxo cambial ocorrido na primeira semana do mês. Ao contrário do que normalmente acontece quando a lei da oferta e da procura não está submetida aos interesses da especulação, a alta do dólar não resultou de fluxo negativo. Na verdade, o dólar subiu a despeito de a balança ter voltado a ficar positiva.

UMA VERDADEIRA AUTÓPSIA

Site do Azenha - Atualizado em 11 de dezembro de 2008 às 00:17 | Publicado em 11 de dezembro de 2008 às 00:13

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Eu hoje conversei longamente com um juiz federal que atua em Mato Grosso do Sul, especializado em crimes financeiros e lavagem de dinheiro. E ele fez elogios tanto ao delegado Protógenes Queiroz quanto ao juiz De Sanctis. Estou falando de um juiz com 22 anos de experiência.

Ele sugeriu que o caso Daniel Dantas é simbólico do avanço do crime organizado sobre as instituições do estado brasileiro.

É verdade. Vejam só como são as coisas: os crimes do banqueiro passaram para o segundo plano.

A mídia corporativa já batiza de "Grampolândia" a cobertura da Satiagraha. Quem são as vítimas da Grampolândia? Supostamente, o presidente do STF, Daniel Dantas e sua turma.

No caso do mensalão, os acusados são definidos como quadrilheiros.

Mas Dantas, não. Merece tratamento VIP.

Notem as manchetes que reproduzo acima. Duas das quatro trazem acusações a Protógenes. E três das quatro poderiam ter sido produzidas pela assessoria de imprensa do banqueiro.

Eu nunca vi o advogado de um acusado obter tanto espaço na mídia quanto o Nélio Machado. Se alguém se der ao trabalho de calcular a centimetragem vai descobrir que se trata de um recorde.

De qualquer maneira, saí do encontro certo de que a rede de apoio ao juiz De Sanctis é muito mais ampla do que faz parecer o noticiário. Além disso, nunca uma fatia tão grande do público leitor pode se debruçar desta forma sobre o comportamento da mídia corporativa. É uma verdadeira autópsia.

‘Haverá desapontados com Obama’, diz Chomsky

Instituto Humanitas Unisinos - 11/12/08

O prestigioso lingüista e teórico político norte-americano Noam Chomsky advertiu ontem, em São Paulo, que “haverá muitos desapontados” com as políticas do próximo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, após mostrar-se surpreso pela formação do futuro gabinete. “Aqueles que escolheram se iludir sem dúvida vão ficar desapontados”, disse ChomslyFolha de S.Paulo, no dia em que completava 80 anos. em uma entrevista ao jornal

A reportagem é do jornal Página/12, 09-12-2008. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Apesar de sua enorme contribuição à ciência do século XX, fora do âmbito acadêmico, ChomskyEstados Unidos e do Estado de Israel. Chomsky, famoso por suas posições de esquerda, disse porém que “não é culpa de Obama”, pois ele “nunca se apresentou como outra coisa além de um democrata familiar de centro, mais ou menos no molde de Bill Clinton”. O teórico político se mostrou ainda surpreso pela formação do gabinete da futura administração e destacou que “não esperava muito”, mas ficou “surpreso” pela nomeação de Hillary Clinton como secretária de Estado e pela permanência do secretário Robert Gates no Departamento de Defesa. é muito mais conhecido por seu ativismo político e suas duras críticas à política exterior dos

Ambas as nomeações, explicou o professor emérito de Lingüística no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), são tão indicativas da “não-mudança” e da “não-esperança” que Obama se sentiu obrigado a explicar que seu governo terá como base a experiência e a visão. “Isso deve confortar os incrédulos”, disse o professor.

Em junho deste ano, o ativista político afirmou que os democratas obteriam a maioria no Senado e no Congresso sob a liderança de Barack Obama, mas que o republicano John McCain ganharia as eleições presidenciais. As duas razões que apontava eram o racismo que subsiste na sociedade norte-americana, sobretudo no sul do país, e a falta de escrúpulos dos republicanos na hora de desqualificar seus rivais.

Na entrevista, Chomsky criticou ainda duramente o sistema estadunidense de construção midiática dos candidatos. A indústria de relações públicas, que apregoa abertamente vender os candidatos da mesma maneira que vende mercadorias, deu seu prêmio anual na categoria ‘melhor marketing’ à venda da ‘marca Obama’, disse o lingüista. Esse modelo – continuou – é muito claramente não-democrático, um tipo de ditadura por escolha, uma construção política na qual o público – observadores intrusos e ignorante – são ‘espectadores da ação’, não ‘participantes’”. Chomsky atribuiu a vitória de um afro-americano pela primeira na história dos Estados Unidos “ao ativismo dos anos 60, que teve um efeito civilizador”.

'Alca' de Lula reúne países da AL e Caribe e exclui os EUA

Instituto Humanitas Unisinos - 11/12/08

A pouco mais de um mês da posse de Barack Obama na presidência dos Estados Unidos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenta criar, no continente, uma espécie de Alca sem a presença dos americanos e dos canadenses e com a participação de Cuba. O projeto se chama "Cúpula da América Latina e do Caribe sobre Integração e Desenvolvimento (Calc)" e será lançado no dia 16, na praia de Costa do Sauípe, na Bahia.

A reportagem é de Cristiano Romero e publicada pelo jornal Valor, 11-12-2008.

Segundo o Ministério das Relações Exteriores, 29 chefes de Estado, dos 32 convidados, já confirmaram presença, inclusive, o presidente do Equador, Rafael Correa, que se envolveu num incidente diplomático com o Brasil depois de recorrer a uma corte internacional para suspender o pagamento de dívida de seu país com o BNDES.

Liderada pelos EUA, a "Cúpula das Américas", que lançou as negociações da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) em 1994, reunia 34 países do continente, com exceção de Cuba. Agora, com a Calc, a diplomacia brasileira quer que, sob a liderança de Lula, as nações americanas tenham uma "agenda própria", isto é, que não seja imposta pelos EUA.

"Trata-se de uma iniciativa inédita. É a primeira vez que os 33 países discutirão temas comuns a partir de uma agenda própria", definiu o diretor do Departamento de Aladi e Integração Regional do Itamaraty, Paulo França. O diplomata disse que não se trata de fazer um contraponto à liderança dos EUA. "(A Calc) não é contra o projeto de um país determinado. Tem uma agenda positiva."

A idéia da Calc foi lançada pelo presidente Lula em fevereiro deste ano. Desde então, foram realizadas reuniões de chanceleres para definir o formato e a agenda do encontro e de "altos funcionários" dos países para preparar o projeto da declaração conjunta que dará o tom do encontro ao fim da cúpula. Até agora, não se chegou a um consenso quanto ao teor da declaração. Amanhã e no sábado, esses funcionários voltarão a se reunir para tentar fechar o texto.

Segundo França, a agenda da Calc tratará da integração dos 33 países frente às crises financeira, alimentar, energética e da mudança climática. Os temas comerciais não serão prioritários. "Vamos chegar, com a Calc, ao livre-comércio? Não é esse o espírito", disse. "Já há vários acordos comerciais na região. Há densidade de relações. A idéia é aprofundá-las."

Além do livre-comércio, estão fora da agenda da Calc temas como a reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas, onde o Brasil almeja ter um assento. A aspiração brasileira é rejeitada por pelo menos dois países latino-americanos - Argentina e México. "(A Calc) não pode ter questões muito específicas", justificou França, acrescentando que, neste momento, a prioridade é intensificar o diálogo dos mecanismos regionais já existentes, como o Mercosul, a Unasul, o Caricom, a Can, a Sica, a Aladi e a Alba.

Numa demonstração da disposição em marcar independência em relação aos EUA, ao fim da Calc, no dia 17, haverá uma reunião extraordinária do Grupo do Rio para anunciar a entrada de Cuba - o presidente Raul Castro já teria confirmado presença na cúpula. Esse grupo, que reúne 19 países da América Latina e do Caribe, foi criado em 1986 com o objetivo de buscar soluções diplomáticas para conflitos nas Américas.
A reunião da Calc ocorrerá em meio a outros encontros de cúpula, na Costa do Sauípe. Além da reunião do Grupo do Rio, agendada para o dia 16, nos dias 15 e 16 haverá a 36ª Cúpula do Mercosul. No dia 16, ocorrerá também a reunião da União das Nações Sul-Americanas (Unasul).

Na cúpula do Mercosul, os quatro integrantes do bloco (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai), acompanhados da Venezuela, cujo ingresso definitivo depende ainda da aprovação de paraguaios e brasileiros, tentarão fechar a negociação para o fim da cobrança dupla (ou múltipla) da Tarifa Externa Comum (TEC). Atualmente, um produto importado pelo Paraguai da China, por exemplo, paga a TEC na entrada e na reexportação para outros países do bloco. Na prática, essa cobrança inviabiliza a exportação.

Em 2004, os países do Mercosul decidiram acabar com o problema, mas a implementação da medida esbarrou em vários obstáculos. "A eliminação da dupla cobrança exige um sistema de certificação de origem mais moderno do que aquele que temos hoje. Exige também uma interconexão entre as aduanas, com consulta em tempo real sobre a entrada de produtos nos mercados do bloco", explicou Bruno Bath, chefe do Departamento de Mercosul do Itamaraty.

Na reunião, os membros do bloco tentarão regulamentar a decisão sobre a dupla cobrança e analisar as "perdas aduaneiras" que os países terão na implementação da medida. Além disso, vão discutir a criação de um código aduaneiro para harmonizar os procedimentos de importação. "Será a terceira tentativa de se aprovar isso", informou Bath, acrescentando que há obstáculos legais do ponto de vista de cada país. A expectativa é aprovar a criação do código e implantá-lo em quatro etapas, de acordo com os níveis tarifários.
A cúpula do Mercosul servirá também para sacramentar a criação do Fundo de Garantia para Pequenas e Médias Empresas. Esse fundo terá US$ 100 milhões e ajudará a financiar empresas fornecedoras de cadeias que promovam a integração produtiva no bloco. Durante a cúpula, será criado ainda um foro para debater a harmonização tributária no Mercosul. Dos quatro países do bloco, o Brasil é o que tem o regime tributário mais distinto dos demais.

Um tema que poderá surgir durante o encontro é o aumento da TEC para determinados produtos, como fios têxteis, móveis e artefatos de couro (reivindicação da Argentina), além de produtos lácteos (Brasil). O governo brasileiro, segundo o diplomata, não levantará o tema na reunião. Paralelamente à cúpula, os chanceleres debaterão o "impacto social" da crise internacional, deverão aprovar a criação do Instituto Social do Mercosul - um "Ipea social" - e lançar um "plano de ação social", voltado para replicar na região experiências bem-sucedidas de combate a problemas sociais.

Peixes ensinam como gerar eletricidade em águas calmas

Instituto Humanitas Unisinos - 11/12/08

Quase toda a energia elétrica produzida no Brasil vem das hidroelétricas, que usam o desnível naturalmente encontrado em regiões de quedas d'água, usando a energia cinética da água represada para girar as turbinas que produzem a eletricidade.

A reportagem foi publicada pelo página Envolverde/Portal do Meio Ambiente, 09-12-2008.

Agora, cientistas da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, descobriram uma nova tecnologia para gerar eletricidade a partir de correntes de água que se movem lentamente, como os rios em regiões sem cachoeiras ou mesmo o movimento dos oceanos.

Energia de águas calmas

O equipamento, batizado de Vivace, é capaz de gerar eletricidade utilizando cursos de água que se movimentam a pouco mais de 3 km/h (2 nós). Isso transformaria praticamente todos os rios do planeta em fontes exploráveis para a geração de energia.

Vivace é uma sigla para Vortex Induced Vibrations for Aquatic Clean Energy. A idéia nasceu da observação dos peixes e de como eles lidam com as turbulências para se movimentar de forma eficiente. Essa nova forma de exploração da energia hidrocinética não depende de ondas, marés, turbinas e nem represas - apenas das vibrações induzidas pelos redemoinhos.

Vibrações induzidas por vórtices

Vibrações induzidas por vórtices são ondulações que um objeto redondo ou cilíndrico induz no fluxo de um fluido, seja a água ou o ar. A presença do objeto induz mudanças no fluxo do fluido, criando redemoinhos, ou vórtices, que se formam em um padrão nos lados opostos do objeto. Os vórtices empurram e puxam o objeto para a direita e para a esquerda, perpendicularmente à corrente.

"Nos últimos 25 anos, os engenheiros - eu inclusive - vínhamos tentando suprimir essas vibrações induzidas pelos vórtices. Mas agora nós estamos fazendo o oposto. Nós melhoramos as vibrações e domamos essa poderosa e destrutiva força da natureza," conta o Dr. Michael Bernitsas.

Inspirado nos peixes

Os peixes fazem isso o tempo todo, usando as forças dos vórtices para se mover de forma eficiente.

"O Vivace copia alguns aspectos da tecnologia dos peixes," diz Bernitsas. "Os peixes curvam seus corpos para deslizar entre os vórtices criados à sua frente. Apenas seus músculos não poderiam impulsioná-los através da água na velocidade em que nadam," explica ele.

O protótipo mostra a simplicidade do projeto e dá a entender que a adoção do princípio na prática pode ser bastante simples. O aparelho consiste unicamente de um cilindro ligado a algumas molas. Os testes foram feitos em um tanque no qual a água flui a 1,5 nó.

A simples presença do Vivace na corrente de água cria vórtices alternados acima e abaixo dele. Os vórtices empurram e puxam o cilindro para cima e para baixo ao longo de suas molas. Esta energia mecânica é utilizada para acionar um gerador, que produz a eletricidade.

Necessidades de energia do mundo

"Não há uma solução única para as necessidades de energia do mundo. Mas se nós usarmos apenas 0,1 por cento da energia dos oceanos, nós poderemos produzir a energia necessária para uma população de 15 bilhões de pessoas," diz o engenheiro.

Segundo seus cálculos, a energia dos vórtices poderá ser gerada em larga escala a um custo de US$0,055 por kilowatt/hora (kW/h). A energia eólica hoje custa US$0,069 por kW/h e a energia nuclear ao redor de US$0,046. Dependendo do local onde é produzida, a energia solar fica entre US$0,16 e US$0,48 kW/h.

Os pesquisadores planejam fazer o primeiro teste da nova tecnologia em escala piloto em 18 meses.

Supremo manda tirar arrozeiros de reserva em RR

Instituto Humanitas Unisinos - 11/12/08

O Supremo Tribunal Federal (STF) já decidiu: a demarcação da terra indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, deve ser contínua, os arrozeiros que ocupam a região terão de deixá-la, mas os índios ou a Fundação Nacional do Índio (Funai) não podem impedir que a União entre nas terras para defender as fronteiras ou construir escolas e hospitais. Apesar da decisão antecipada de 8 dos 11 ministros, um novo pedido de vista, desta vez do ministro Marco Aurélio Mello, deixa suspensa a solução do conflito em torno da demarcação, que já dura 31 anos. Também está pendente a decisão do tribunal sobre cassar ou não uma liminar que mantém os arrozeiros na reserva.

A reportagem é de Felipe Recondo e Mariângela Gallucci e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 11-12-2008.

A retomada do julgamento dependerá apenas de Marco Aurélio e deverá ficar para 2009, pois o Judiciário entra em recesso na próxima semana. Enquanto o julgamento não é concluído, os arrozeiros poderão permanecer na área. A tensão na região, portanto, não deve se dissipar antes da decisão final do STF.

A sessão de ontem começou com o voto do ministro Carlos Alberto Direito, praticamente três meses depois de suspenso o julgamento. Em agosto, depois do voto de Carlos Ayres Britto, relator da ação, favorável aos índios, Direito pediu vista. Por isso, o governo esperava dele um voto divergente, contrário à demarcação contínua.

Ocorreu o contrário. Direito decidiu manter a demarcação contínua nos moldes definidos pelo governo, mas estabeleceu 18 ressalvas à atuação dos índios na região. Praticamente todas foram confirmadas pelos ministros. Entre elas está a afirmação de que o Exército e a Polícia Federal podem adentrar a região para defender as fronteiras sem depender da autorização dos índios ou da Funai.

“As tarefas de segurança nacional não podem ficar a cargo de populações que não têm capacidade nem equipamentos”, afirmou o ministro Cezar Peluso. O livre ingresso de militares e policiais federais evita a exclusão da faixa de fronteira da reserva, como defendia o governador de Roraima, José de Anchieta Júnior.

Também na lista das ressalvas está a restrição ao uso dos recursos naturais do Parque Nacional do Monte Roraima, que representa 6,72% da terra indígena. Os ministros propuseram que os índios só poderão caçar, pescar e extrair produtos vegetais se tiverem autorização do Instituto Chico Mendes.

“Considerando que o meio ambiente é um bem de todos os brasileiros e toda a humanidade, a área do parque deve ser administrada por um órgão do meio ambiente, com a participação das comunidades indígenas, que poderão circular por ali livremente”, afirmou Direito, autor do voto que recebeu o apoio da maioria dos integrantes do STF.

GARIMPO

Das restrições praticamente acertadas estão o impedimento de os índios cobrarem pedágio nas estradas que cortam a reserva, de explorarem recursos hídricos e potenciais energéticos e de garimparem o subsolo.

Para as próximas demarcações, os ministros fizeram recomendações para evitar que todo o processo fique nas mãos da Funai. Direito sugeriu que os laudos de avaliação das áreas sejam feitos por pelo menos três antropólogos e uma equipe multidisciplinar. Além disso, autoridades estaduais e municipais deveriam ser previamente ouvidas sobre a demarcação. Como são apenas sugestões, a Funai não será obrigada a segui-las.

O presidente da Funai, Márcio Meira, avaliou que o julgamento de ontem foi uma grande vitória. “O STF sacramentou que a terra contínua é a forma correta, que não afeta a segurança nacional e o princípio federativo”, disse. Após a entrevista, Meira foi abordado pelo índio Sílvio da Silva, que fez duras críticas à atuação da Funai na região.

ILHAS

A decisão do Supremo representou a vitória da União e uma derrota do governador de Roraima. Nenhum dos oito ministros cogitou a possibilidade da demarcação em ilhas e da manutenção dos fazendeiros na região. “A demarcação por ilhas, realizada em Mato Grosso do Sul, resultou em grave situação, que ameaça a preservação dos indígenas”, exemplificou Joaquim Barbosa.

Estadão: STF permite e Maluf viaja ao exterior

Conversa Afiada - 10/dezembro/2008 11:29

Deu nesta quarta-feira no Estadão:

STF permite e Maluf viaja ao exterior

AE - Agencia Estado

SÃO PAULO - O ex-prefeito Paulo Maluf (1993-1996) viajou no sábado para a Europa, acompanhado da mulher, Sylvia. Havia pelo menos 4 anos que Maluf não saía do País. Receoso de ser detido em alguma capital européia, ele preferiu se precaver e recorreu ao Supremo Tribunal Federal, a quem solicitou autorização para deixar o Brasil. Recebeu sinal verde do STF. O nome do ex-prefeito foi inserido há alguns anos na difusão vermelha (grau máximo de alerta) da Interpol. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Dez motivos para baixar já os juros

Conversa Afiada - 10/dezembro/2008 12:35


Lacerda: baixar juros significa fazer ajustes ao novo cenário

Lacerda: baixar juros significa fazer ajustes ao novo cenário

O Conversa Afiada reproduz o artigo de Antonio Corrêa de Lacerda, veiculado no Estadão desta quarta-feira (10).

A melhor contribuição que o Comitê de Política Monetária (Copom) poderia dar ao País na reunião de hoje seria baixar a taxa de juros (Selic).

O agravamento da crise internacional, com seus reflexos na economia brasileira e o esforço de bancos centrais (BCs) e governos mundo afora para combater os seus efeitos, torna imprescindível ajustar as políticas macroeconômicas domésticas ao novo cenário. Há pelo menos dez motivos para baixar já a Selic:

1) Os BCs dos principais países vêm promovendo reduções nas taxas de juros. Desde setembro, o Banco Central Europeu reduziu os juros de 4,25% para 2,5%; o Fed, banco central dos EUA, de 2,0 % para 1,0%; e o Banco do Japão, de 0,5% para apenas 0,3% ao ano. Isso significa que o diferencial entre essas taxas de juros e a taxa de juros doméstica brasileira, que já era expressivo, tornou-se ainda maior;

2) se o pior da crise deflagrada com a falência do banco Lehman Brothers, em 15 de setembro deste ano, e a conseqüente quebra de confiança e risco sistêmico financeiro internacional se dissiparam, o impacto sobre o desempenho das economias dos países desenvolvidos, por outro lado, está apenas começando - em muitos casos com recessão;

3) no Brasil, olhando para os próximos 12 a 18 meses - o que, aliás, é o que o Copom deve fazer -, não há riscos inflacionários expressivos. Pelo contrário, a queda nos preços internacionais das commodities, de 65%, em média, e o desaquecimento da demanda global vão provocar uma onda deflacionista, como, aliás, já vem ocorrendo em vários preços;

4) isso, por outro lado, representa uma janela de oportunidade para o Brasil ajustar o câmbio, saindo da armadilha da valorização que perdurou nos últimos anos e, ao mesmo tempo, sem gerar pressões inflacionárias adicionais. O pass through (repasse) da taxa de câmbio aos preços é compensado pela queda dos preços em dólares no mercado internacional. Passada esta fase mais aguda, a desvalorização do real deverá ser amenizada;

5) no passado recente, a aceleração da demanda interna e a elevação dos preços das commodities no mercado internacional foram justificativas para o Copom elevar a Selic. O desafio agora será olhar mais para o pára-brisa e menos para o retrovisor, e promover o ajuste rápido da taxa de juros;

6) o risco é cometer um erro de avaliação e que, daqui a seis meses, quando efetivamente as taxas de juros definidas agora passarem a fazer efeito na “economia real”, venham a ser um fator adicional para derrubar ainda mais o nível de atividades - exatamente o contrário da função que deveriam exercer;

7) o Banco Central do Brasil agiu, segundo suas próprias palavras, tempestivamente (que equivale a em tempo certo, adequado) para subir as taxas de juros e com parcimônia para mantê-las. Deve, da mesma forma, agir com o mesmo princípio para baixá-las. É muito importante a combinação das políticas monetária, cambial e fiscal para agir anticiclicamente;

8) uma menor taxa de juros deve amenizar o efeito da contração do nível de atividades e dos investimentos produtivos, não só pela diminuição do “custo de oportunidade”, como também pelo seu efeito psicológico positivo, inclusive para o consumidor;

9) da mesma forma, a redução dos juros diminui o custo de financiamento da dívida pública. Cada ponto porcentual a menos na Selic representa a economia potencial de cerca de R$ 10 bilhões ao ano no financiamento da dívida pública, diretamente sobre os títulos pós-fixados e, indiretamente, sobre os prefixados. Ao reduzir o gasto do governo com o financiamento da dívida, abre-se mais espaço para ampliar os investimentos públicos, fundamentais para fomentar o nível de atividades e motivar os investimentos privados; e

10) mesmo que houvesse um risco inflacionário iminente - o que está longe de ser o caso - a prioridade deve ser a manutenção do nível mínimo de atividades. Uma estagnação, ou mesmo recessão - que não pode ser descartada -, representaria um agravamento de todas as demais condições econômicas e sociais em razão de seus efeitos deletérios.

*Antonio Corrêa de Lacerda, professor doutor da PUC-SP, doutor em economia pela Unicamp, é economista-chefe da Siemens e co-autor, entre outros livros, de Economia Brasileira (Saraiva)

E-mail: aclacerda@pucsp.br

Estados intervêm na economia e mexem no tabuleiro geopolítico mundial

Conversa Afiada - 10/dezembro/2008 11:01

O Conversa Afiada reproduz o texto veiculado originalmente no site francês Alternatives Economiques e traduzido pela Carta Maior. Leia abaixo:

Cada vez mais, os Estados intervêm na economia internacional, com importantes repercussões políticas. A França criou um fundo soberano de 20 bilhões de euros. A China, um de 300 bilhões de dólares. A Alemanha anunciou uma lei para controlar de perto os investimentos estrangeiros. As sociedades de investimento controladas pelos Estados multiplicam-se. Perspectiva de ver suas grandes empresas sob controle de países como China ou Rússia preocupa EUA e Europa.

Christian Chavagneux - Alternatives Economiques

Um fundo de investimento soberano para defender a indústria francesa: eis um dos projetos-base apresentado pelo presidente da França, Nicolas Sarkozy, que ganhou corpo com o anúncio, no dia 20 de novembro, da formação de um “fundo de investimento nacional”. É o exemplo mais recente de uma tendência mundial: cada vez mais Estados investem na finança internacional.

A França não é a única a dotar-se de um fundo soberano: os 20 bilhões de euros do novo “fundo de investimento nacional” podem ser comparados aos 300 bilhões de dólares do fundo criado pelo Estado chinês em 2007. Os sovereign wealth funds, assim designados pelo jargão internacional, ou, à letra, os “fundos de riqueza soberana”, ou seja: as sociedades de investimento controladas pelos Estados multiplicam-se. Estão impondo-se como novos e potentes atores da finança internacional. Apenas com o seu novo fundo, a China poderia comprar sem problemas a Microsoft ou a EDF, ou a Société Génerale, o BNP Paribas, o Crédit Agricole e a AXA juntos!


Leia o texto na íntegra.

Montadoras americanas: governo ajuda, mas vai interferir em tudo

Conversa Afiada - 10/dezembro/2008 10:32

Por 237 votos a favor e 170 contra, a Câmara de representantes do Estados Unidos aprovou um pacote de US$ 14 bilhões para socorrer as montadoras da GM e Chrysler nesta quinta-feira (11/12). A Ford declarou que ainda possui recursos de caixa e, por enquanto, ficará fora do pacote.

Clique aqui para ler.

Setor será regumentado e monitorado

Setor será regumentado e monitorado

Intervenção, mas com regras. Foi assim que o governo americano aprovou um pacote de socorro às três maiores montadoras americanas: Ford, GM e Chrysler. Matéria veiculada nesta terça-feira (10/12) no Valor Econômico, de Ricardo Balthazar, traz as exigências feitas para a concessão do empréstimo. Entre elas, o governo pede revisão de políticas de remuneração aos executivos e aos acionistas e uma pessoa do governo responsável pela supervisão e monitoramento do setor.

Leia abaixo trechos da matéria:

O pacote de socorro à indústria automobilística que está em discussão nos Estados Unidos obrigará as três grandes montadoras americanas, General Motors, Ford e Chrysler, a aceitar um grau inédito de interferência do governo nos seus negócios em troca da ajuda financeira que elas precisam obter para enfrentar a crise que engolfou o setor.

Conforme o rascunho do projeto em discussão no Congresso, as empresas terão que rever as políticas de remuneração dos seus executivos, suspender o pagamento de dividendos aos acionistas e submeter seus investimentos à aprovação de um funcionário do governo que terá a missão de monitorar as empresas beneficiadas pelo plano.

Qualquer transação cujo valor seja superior a US$ 25 milhões terá que ser submetida à avaliação desse funcionário e poderá ser simplesmente vetada por ele. De acordo com o projeto, a restrição se aplica a vendas de ativos, investimentos, contratos e qualquer outro tipo de compromisso assumido pelas empresas.

Observações sobre o Copom

Blog do Luis Nassif - 10/12/08

Por Andre Araujo

INDEPENDENCIA : Nenhum BC é independente dos objetivos do Governo do qual faz parte. A ideia é pregada como ficção em salas de aula mas não existe na vida real. Banco Central é parte do Governo e tem que operar dentro dos objetivos desse Governo. A autonomia é um truque que o Governo usa para não ser pressionado pelo Congresso e por centrais sindicais, empresariado, funcionários. Mas nenhum Governo pode admitir um BC que funcione à margem do Governo, traçando sua propria politica economia, como se estivesse acima do Estado. Isso não existe mas é propalado pelos circulos de opinião que apoiam o BC como fonte de poder.

ATAS DO COPOM : Uma farsa. As atas não dão a principal informação para definir responsabilidades. Quem vota o que, nominalmente. Nas atas do FOMC do FED cada voto de cada membro é nominado. No COPOM o voto é secreto, algo incabivel em um colegiado do Poder Executivo, faz-se isso para esconder responsabilidades, ninguem assume o estrago que causa. é contra o sistema legal brasileiro que exige a responsabilidade objetiva do agente público, o MP deveria cobrar nos tribunais.

Por Roberto São Paulo/SP

Já não é mais possível alegar que não sabiam ou estavam errados, agora já unanime o diagnóstico mínimo da atual crise econômica, e também é nítido que a recente decisão visa preservar interesses específicos do mercado financeiro, basicamente dos grandes Bancos Brasileiros e de investidores internacionais.

Estamos diante de uma enorme queda da atividade econômica internacional, onde quase todos estão tentando evitar a depressão que se anuncia, mas os membros do COPOM estão jogando todas as suas fichas para tentar evitar o fim lde ongo ciclo de depedência do goveno brasileiro das garras do mercado financeiro, que se daria com a forte edução da dívida pública e o aumento da produção da petróleo no Brasil.

Com uma dívida pública abaixo dos 30% do PIB a situação atual seinverteria totalmente e seria o mercado financeiro......

Barack Obama e a nova energia para a América


Energia é um dos temas centrais na estruturação das mudanças propostas pelo presidente eleito dos Estados unidos, Barack Obama. A política energética proposta pelo novo presidente sugere mudanças radicais na maneira de enfrentar os problemas, que terão impactos significativos, não só para os americanos, mas também para o resto do mundo; inclusive para nós.

O diagnóstico e a solução dos principais problemas enfrentados pelos Estados Unidos na área de energia constituem o eixo central de estruturação da política energética da nova administração democrata, com impactos sobre um conjunto de políticas públicas que transcendem o restrito campo energético.

A política energética é uma política pública que, graças a sua abrangência, se articula com um amplo conjunto de intervenções estratégicas do Estado. Esse conjunto heterogêneo e variado, que inclui objetivos, mecanismos e organizações distintas, gera um grande desafio para os policy makers que é a compatibilização entre essas intervenções. Nessa compatibilização sempre está presente alguma forma de hierarquização de objetivos, mecanismos e organizações. Essa hierarquização gera conflitos e desequilíbrios no interior do conjunto de políticas públicas que devem ser reconhecidos e precisam ser reduzidos ao longo tempo. Caso contrário, a sustentabilidade da política geradora dos desequilíbrios é colocada em xeque pela própria tensão que ela cria dentro desse conjunto.

Nesse sentido, o primeiro ponto a ser analisado em uma política energética é como ela se insere no conjunto de políticas públicas e qual a hierarquização implícita na sua articulação com esse conjunto.

A nova política energética americana identifica dois problemas principais: a dependência do petróleo estrangeiro e a mudança climática global. Contudo, e aqui que está o ponto principal, aponta uma única causa para os dois problemas: a dependência dos combustíveis fósseis.

Em termos estritos, pode-se dizer que a dependência do petróleo estrangeiro é um problema clássico de política energética, associado à segurança do suprimento. Por outro lado, a mudança climática global, nesses mesmos termos, poderia ser encarada como uma questão básica da política ambiental, associada à preservação do meio-ambiente. Obama não só coloca as duas questões no mesmo nível hierárquico de problemas, mas as unifica mediante uma terceira e única questão: a dependência dos combustíveis fósseis.

Notem, meus caros leitores, que ele poderia propor simplesmente a ampliação da produção de energia doméstica para reduzir a dependência externa; contudo, se assim o fizesse, entraria em conflito com o outro objetivo. Quando Obama propõe a redução da dependência dos combustíveis fósseis, ele hierarquiza, de fato, os objetivos das duas políticas, privilegiando o combate à mudança climática global.

Desse modo, pode-se afirmar que o principal objetivo da política energética do novo presidente americano é o combate à mudança climática global. Será esse objetivo que irá hierarquizar o seu conjunto de políticas públicas, e serão os impactos e os desequilíbrios gerados no seio desse conjunto, a partir dessa opção, que ele terá de administrar, se quiser garantir a sustentabilidade no tempo de sua política.

Se o principal problema é a dependência dos combustíveis fósseis, a solução então é propor um novo conjunto de fontes energéticas para a América. Essa opção implica em incentivar as fontes renováveis e penalizar as fontes convencionais. Em outras palavras, há que se incentivar a nova energia e se penalizar a velha energia.

Nesse contexto, o sistema de cap-and-trade (estabelecimento de limites de emissão e comercialização de créditos e direitos de emissão) constitui uma síntese da combinação de incentivos e penalizações. Para reduzir em 80 % as emissões de carbono, em 2050, em relação aos níveis observados em 1990, Obama propõe que todos os créditos de poluição sejam leiloados. Dessa maneira, todas as indústrias irão pagar por cada tonelada de emissões que elas lançarem no ar. Por outro lado, os recursos arrecadados nesses leilões serão utilizados para sustentar as fontes renováveis e reduzir os impactos sobre as famílias e comunidades da transição para a nova economia baseada em fontes limpas.

É evidente, meus amigos, que uma política como essa implica em sacrifícios para a sociedade americana que se traduzem em aumentos de custos, perda de competitividade, etc. E aqui entra um outro movimento estratégico de Obama que é a retomada da liderança americana no combate a mudança climática global.

Nesse sentido, se o problema é global, a solução tem que ser global. No entanto, essa solução deve ser liderada pela América, de acordo com a proposta de Obama. Assim, na medida em que a América se sacrifica, ela adquire o direito ético e moral de exigir dos outros países um comprometimento maior com as metas de redução das emissões. Nesse contexto, Brasil e China são explicitamente citados no documento oficial do candidato do Partido Democrata: while it is time for America to lead, developing nations like China and Brazil must not be far behind in making their own binding commitments.

Portanto, o reengajamento dos Estados Unidos na luta contra as mudanças climáticas globais, nesse caso, não deve ser visto simplesmente pelo lado da volta dos americanos aos fóruns e convenções ambientais globais, como a U.N. Framework Convention Climate Change, mas como um movimento claro na direção da conquista de uma liderança que lhes permita arbitrar a divisão dos custos e benefícios associados àquela luta. O que pode se traduzir na aplicação de sanções àqueles países que não se enquadrarem nas novas normas ambientais, por exemplo.

Em bom português: se nós nos sacrificamos, vocês também têm que se sacrificar. Desse modo, meus amigos, assim como assistimos, na década de noventa, a um movimento na direção de construir um ambiente institucional que garantisse a desregulamentação dos mercados financeiros e uma privatização e regulamentação competitiva da infra-estrutura, poderemos assistir a um novo movimento internacional objetivando uma homogeneização das regras ambientais, visando a redução dos impactos climáticos das emissões. Nesse quadro, eu posso colocar barreiras tarifárias às importações de um determinado país, tanto pelo trabalho infantil embutido nos seus produtos quanto pelas elevadas emissões de carbono presentes em sua produção.

Pelo lado da política de geração de empregos, a mudança climática também está presente através do New Deal Verde proposto pelo novo presidente americano. Obama propõe investir 150 bilhões de dólares nos próximos dez anos em carros híbridos, energias renováveis, plantas de carvão de baixa emissão, nova geração de biocombustíveis e digitalização da rede de transmissão de energia americana. Esses investimentos seriam capazes de gerar, na sua visão, 5 milhões de novos empregos, altamente qualificados e bem remunerados. Esse movimento exigiria investimentos pesados em programas de qualificação de mão-de-obra e de centros industriais nas novas tecnologias verdes. Os recursos para esse fim viriam justamente dos programas de “taxação” das emissões citados anteriormente.

Essa política de geração de emprego passa pela articulação entre a política energética e as políticas tecnológica e industrial. Articulação essa feita em torno da ampliação da participação das fontes renováveis na matriz energética americana, que encontra a sua síntese na reestruturação da indústria automotiva dos Estados Unidos.

Na medida em que Obama propõe que em dez anos se reduza o consumo de petróleo em proporções iguais às importações atuais do Oriente médio e da Venezuela, a mudança do perfil da indústria automotiva americana torna-se fundamental. Nesse caso, o que se pretende é alcançar a liderança tecnológica e industrial na produção de carros mais eficientes e que consumam combustíveis limpos. Na visão de Obama, haverá uma grande demanda no futuro para esse tipo de veículo, portanto, é necessário saltar na frente, de forma que os empregos, a renda, a qualificação industrial nesse campo fiquem nos Estados Unidos.

Isso implica no desenvolvimento de veículos avançados Híbridos plug-in* e flex-fuel. Obama propõe que, em quatro anos, todos os novos veículos sejam flex-fuel; que, em 2015, haja 1 milhão de carros híbridos plug-in rodando pelas estradas americanas.

No que diz respeito aos combustíveis que esses veículos vão utilizar, Obama propõe, por um lado, estabelecer um novo padrão de conteúdo de carbono no combustível mais baixo - com uma redução de 5 % em cinco anos e de 10 % em dez anos -, e, por outro, desenvolver a nova geração de biocombustíveis sustentáveis e toda a sua infra-estrutura. Esse último item nos interessa diretamente.

Notem, meus amigos, que Obama fala em combustíveis de nova geração, e não em etanol de cana-de-açucar, tampouco em etanol de milho. Aqui se trata de se desenvolver avanços em biocombustíveis, incluindo etanol celulósico, biobutanol e outras novas tecnologias que produzam petróleo sintético a partir de insumos sustentáveis. Aqui se está falando de uma produção de energia renovável com alto conteúdo tecnológico, que também seja americana, que também garanta a liderança tecnológica e industrial aos Estados Unidos.

Logo, no limite, o que Obama está propondo, no longo prazo, é a construção de uma forte articulação industrial entre a indústria automotiva e a indústria de produção de biocombustíveis de nova geração, em torno do uso de combustíveis limpos no transporte, de forma a garantir liderança tecnológica e industrial, renda e emprego para os americanos.

Observem, caros leitores, que com essa estratégia ele mantém a coerência da sua política em relação aos dois principais problemas a serem atacados: a segurança do suprimento energético e a ameaça ambiental. Caso ele optasse pela importação de etanol brasileiro, por exemplo, o enfrentamento à mudança climática global entraria em conflito com o objetivo de redução da dependência do suprimento à fontes externas. Dessa forma, ele reduz, no longo prazo, o trade-off entre os dois objetivos das políticas energética e ambiental, mediante o recurso ao aumento da produção doméstica de combustíveis de nova geração.

No campo da geração de eletricidade, mais uma vez, a mudança climática estrutura a proposta da nova administração americana. Nesse caso, a proposta é que 10 % da eletricidade consumida, em 2012, sejam de fontes renováveis – solar, eólica e geotérmica -, subindo esta participação para 25 % em 2025. Atualmente, essa participação gira em torno de 2 %.

No caso da geração nuclear, a proposta Democrata é que apenas após a resolução dos problemas associados à segurança dos combustíveis e resíduos, à estocagem dos resíduos, e aos riscos da proliferação nuclear, deva-se avançar em um programa de expansão desse tipo de geração nos Estados Unidos. Contudo, cabe ressaltar, que alguns analistas acham que esta disposição não deve ser lida ao pé da letra, e que Obama, de fato, é ambíguo em relação a este tema. Principalmente, no que diz respeito ao grau de resolução dos problemas citados que liberaria a construção de novos reatores.

Ainda no setor elétrico, Obama propõe dois pontos tradicionais da agenda energética americana: o avanço nas tecnologias limpas de carvão e a modernização da rede de transmissão e distribuição de energia elétrica americana. O primeiro envolve a aceleração do desenvolvimento e a comercialização de plantas de carvão com emissão zero de carbono; e segunda envolve inovações significativas na forma como se transmite eletricidade e se monitora o seu uso.

Por último, e não menos importante, Obama propõe um conjunto de ações na área do uso eficiente da energia que vão desde a redução do consumo de energia elétrica em 15 % em 2020 até a criação de incentivos às concessionárias de energia que lhes permitam rentabilizar a redução de consumo em suas áreas de concessão, ao invés da simples rentabilização pelo aumento do consumo; passando pela melhoria da eficiência do uso de energia em edifícios, climatização de 1 milhão de domicílios de baixa renda, por ano, e redução do consumo de energia do Governo Federal.

Enfim, meus amigos, essa é, em linhas gerais, a política energética de Barack Obama. A diferença maior em relação às políticas anteriores é a sua estruturação a partir do combate à mudança climática global. Essa opção envolve custos e benefícios. Obama aposta no avanço tecnológico, industrial, gerencial e institucional para reduzir esses custos ao longo do tempo e, dessa forma, garantir a sua sustentabilidade no longo prazo.

A implementação dessa política terá impactos importantes não só para os Estados Unidos, mas também sobre o resto do mundo. Nesse sentido, a questão mais importante para nós é quais serão seus impactos sobre o Brasil, não só em termos dos custos e benefícios que ela acarretará para o desenvolvimento energético brasileiro, mas também em termos da sua capacidade de servir, ou não, como referência para a elaboração da nossa própria política energética.

Para terminar seguem três vídeos oficiais: nos dois primeiros Barack Obama apresenta a sua política energética; no terceiro, a equipe responsável pela transição na área de energia e meio ambiente, apresenta os pontos principais da nova política Democrata.

*Um automóvel híbrido plug-in é um automóvel híbrido (que possui mais de um motor, sendo que cada um usa um tipo de energia para seu funcionamento) cuja bateria utilizada para alimentar o motor elétrico pode ser carregada diretamente por meio de uma tomada. No hídrido tradicional a bateria é carregada unicamente por meio do motor a explosão ou em alguns poucos casos pela energia regenerativa da frenagem. Essa possibilidade de alimentação alternativa diretamente da rede elétrica faz com que o modelo plug-in possa operar com uma quantidade significativamente reduzida de combustível fóssil.






RODRIGO: MIRIAM ME MATA DE RIR

Site do Azenha - Atualizado e Publicado em 10 de dezembro de 2008 às 23:34

por RODRIGO MONTEIRO

As vezes eu acho que os Blogs que leio são exagerados, mas só a vezes.

No fundo o Azenha, o Paulo Henrique Amorin e o Nassif tem toda razão.

Hoje saiu uma estatistica de crescimento de PIB daquelas que a imprensa cobrava o governo há anos.

Pois bem fui ler o que a Miriam Leitão escreveu a respeito. Pois ela divulgou um texto escrito por Leonardo Zanelli com o título "Os lados bom e ruim do resultado do PIB" são 8 parágrafos. 1 de introdução, 1 falando o lado bom e 6 falando o lado ruim. Desses 6 em alguns pontos é citada a possibilidade de o pior não acontercer, mas tais hipóteses são sempre seguidas da quase absoluta certeza de que " empresas quebrarão , empregos acabarão"...

No Terra Magazine o colunista Márcio Alemão mandou uma ótima. Ele leu que com a crise alguns seriados poderiam ser extintos. Lendo o texto foi esclarecido que tais programas tinham baixa audiência, ou seja, nem na bonança um programa de baixa audiência sobrevive, logo a culpa não é da crise.

Meus colegas de trabalho diziam que a GM quebrou por causa dos benefícios aos empregados e dos fundos de pensão, de modo que a culpa era dos sindicatos, quando não dos trabalhadores. Retruquei que, além de planos de benefícios "talvez" exagerados como plano de saúde (????) talvez o problema seja carros ruins, com preço alto. Carros bons com preço alto vendem, mas ruins não vendem de jeito nenhum.

É patético.

Se não fosse trágico seria cômico.

Não posso rir porque é de chorar.

Quer dizer que pelo Blog da Miriam o melhor seria "não ter crescido", assim não teria a "freada brusca".

Me poupe.

Cada dia mais vou me convencendo a abandonar as opiniões desses especialistas em nada.

É a turma do Quanto Pior Melhor.

Um bilhão de famintos no mundo. Uma obscenidade

Instituto Humanitas Unisinos - 10/12/08

Faltam somente seis anos e, finalmente, a hipocrisia foi desvendada: os Objetivos do Milênio, a fórmula-slogan com que os poderosos da terra tinham assumido o compromisso de diminuir radicalmente a fome no mundo, não serão atingidos. O novo relatório 2008 sobre “a insegurança alimentar” apresentado ontem pela FAO é, agora, mais que um grito de dor: é um grito de alarme. Ao invés de diminuir, a cota do conjunto dos seres humanos subnutridos aumenta: agora chegam perto de um bilhão. A contagem chega a 963 milhões. Uma cifra é de uma obscenidade insustentável.

A reportagem é de Giampaolo Cadalanu e publicada pelo jornal La Repubblica, 10-12-2008.

Mas também esta cifra será logo superada: o último salto, de 40 milhões de pessoas, foi registrado somente em 2008. Ou seja, ao invés de diminuir, o número dos famintos aumentou em 2008. Há dois anos eram 115 milhões a menos. Em 1996, eram 832 milhões de famintos.

Para salvar os famintos bastam 30 bilhões de dólares por ano. É pouca coisa se se compara com os gastos em armamentos ou com as somas comprometidas pela crise econômica, como sublinha pela enésima vez Jacques Diouf, diretor da FAO. O tema é bem conhecido, mas desta vez a coisa assumiu uma outra dimensão. Há algo novo. Em 2009, o Ocidente e, portanto, o mundo inteiro, será diferente. Yes, we can: deve valer também para os outros, pede Diouf. Deve ser alargada ao planeta inteiro a esperança de mudança suscitada nos EUA pelo advento do primeiro presidente negro. “Pedi a Obama que seja o promotor de uma iniciativa que tenha como objetivo erradicar a pobreza do planeta”, anuncia o diretor da FAO.

65% dos famintos vive em somente sete países, afirma o responsável pela FAO. Na África subsahariana uma pessoa em três sofre de fome crônica. Nos últimos meses irromperam revoltas por causa da fome em 25 países.

“É urgente ajudar o desenvolvimento da agricultura no Sul do mundo: bastaria menos de um décimo dos subsídios agrícolas dos países da OCDE”, sintetiza Marco De Ponte da ONG Action Aid. Mas além disso é preciso intervir logo onde os mecanismos de mercado estão triturando os mais débeis: a população dos países “difíceis” como a Coréia do Norte, o Zimbábue, o Congo. Ou as faixas mais baixas de outras sociedades: os pobres do campo, os trabalhadores sem terra, as mulheres sozinhas com crianças.

É verdade que os mecanismos de controle das emergências, com as intervenções do Programa Mundial de Alimentos, conseguem, geralmente, tirar dos telejornais as imagens chocantes de crianças esqueléticas cobertas de moscas, com a barriga cheia de ar. Mas há uma outra fome, que mina as vidas e acaba com a capacidade produtiva, mais insidiosa porque menos visível. Não é a que mata em poucos meses, mas é a que nega aos seres humanos uma ração calórica adequada e portanto escraviza os pensamentos, enfraquece o sistema imunológico, impede o trabalho. É a que nega também a esperança.

E agora? Agora, repete mais uma vez Jacques Diouf, serve a solidariedade internacional. “Não nos cansamos de pregar, não nos desencorajamos. É uma questão de prioridade política”.

Tratado de Itaipu não muda, diz Celso Amorim

Instituto Humanitas Unisinos - 10/12/08

O Brasil vai rejeitar novamente a demanda do Paraguai de “perdão” da dívida de US$ 19,6 bilhões da hidrelétrica de Itaipu com o Tesouro Nacional e a Eletrobrás. A proposta, que significaria o fim do passivo de US$ 9,8 bilhões do Paraguai com o Brasil e permitiria a Assunção quadruplicar sua receita anual com a hidrelétrica, que passaria a US$ 1,6 bilhão, será reforçada amanhã por representantes do governo de Fernando Lugo ao ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, em Foz do Iguaçu.

A reportagem é de Denise Chrispim Marin e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo,10-12-2008.

Na próxima semana, na Costa do Sauípe (BA), Lugo espera convencer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a acatá-la. Apesar da ameaça do novo governo paraguaio de rever a dívida externa do país, a exemplo do que fez o Equador, o chanceler Celso Amorim qualificou a demanda como “irrealista” e antecipou que o Brasil não vai aceitar mudanças no Tratado de Itaipu.

“Não, essa proposta não pode ser aceita. O Brasil não aceita o argumento do Paraguai de que a dívida de Itaipu é espúria nem concorda com a definição de que a venda da energia de Itaipu a terceiros países é uma questão da soberania do Paraguai”, disse Amorim, na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, do Senado. “Essas pretensões são irrealistas. Mas o Brasil tem interesse em manter uma relação saudável e em contribuir para o desenvolvimento do Paraguai.”

A fórmula paraguaia foi apresentada oficialmente ao governo brasileiro em outubro sob o título de “Solução Todos Ganham”. O perdão da dívida de US$ 19,6 bilhões - US$ 9,8 bilhões de cada sócio da usina- eliminaria o desembolso anual de US$ 1,03 bilhão pelo Paraguai, referente ao principal e aos juros do passivo.

A proposta prevê ainda o aumento de US$ 45 para US$ 57 por megawatt/hora (MWh) no preço da energia que o Paraguai exporta ao Brasil - quase a totalidade da cota de 50% da eletricidade gerada por Itaipu. Como “compensação” em suas respectivas cotas, os dois sócios comprariam a energia de Itaipu por US$ 12 por MWh. Hoje o Brasil paga US$ 40 por MWh, e o Paraguai desembolsa US$ 32 por MWh.

A demanda do Paraguai foi enunciada na primeira visita oficial de Lugo ao Brasil, em setembro. Na ocasião, o governo brasileiro escapou de qualquer compromisso e propôs uma comissão bilateral para tratar do tema. Sinalizou ainda com financiamento para uma linha de transmissão da energia de Itaipu até Assunção - uma obra de US$ 200 milhões - e com investimentos industriais. No fim de outubro, após a proposta ter sido formalmente apresentada, o embaixador Enio Cordeiro, subsecretário de Assuntos de América do Sul do Itamaraty, deixou claro que o Brasil não reabriria o Tratado de Itaipu nem zeraria a dívida da usina.

Emprego é o que vai definir 2009

Instituto Humanitas Unisinos - 10/12/08

Emprego será a palavra-chave em 2009. É esse indicador que vai dimensionar o tamanho da onda que irá atingir a economia brasileira, se será uma marola ou um maremoto. Entre os altos executivos e empresários brasileiros, começa a se desenhar um movimento de conscientização para a manutenção dos postos de trabalho, pelo menos no início de 2009, até que haja uma maior clareza sobre os impactos da crise mundial.

A reportagem é de Claudia Facchini e publicada pelo jornal Valor, 10-12-2008.

Preservar o número de empregos, sem abalar a produtividade, será um grande desafio para os executivos e empresários no primeiro quadrimestre do ano que vem, diz José Drummond Júnior, presidente da Whirlpool na América Latina. O grupo americano, dono das marcas Brastemp e Consul, é a maior indústria de linha branca (geladeiras, fogões e máquinas de lavar roupa) do Brasil e do mundo.

"Se conseguirmos manter as taxas de emprego nos primeiros quatro, seis meses de 2009, o país irá se sair melhor e irá reagir mais rápido (à crise mundial). O Brasil está, estruturalmente, em uma situação melhor do que estava nas crises anteriores e também está melhor do que outros países", diz o executivo. Drummond prefere evitar a palavra crise. Por enquanto, o que paira sobre a economia brasileira é uma grande incerteza. Falar em crise, neste momento, seria consumar algo que não aconteceu, argumenta. "Sobre o que irá acontecer no primeiro trimestre de 2009, só será possível responder no primeiro trimestre."
Nos últimos dois meses, Drummond procurou conversar com presidentes de empresas de diversos setores para trocar opiniões. Nos últimos 60 dias, o presidente da Whirlpool diz ter realizado mais encontros do que ao longo dos dois últimos anos. E o que ouviu foi uma forte disposição em manter os empregos, apesar das preocupações.

É de se esperar, segundo ele, que haja uma desaceleração do consumo em 2009, mas a estabilidade está longe de ser uma tragédia, afirma Drummond. Não será uma taxa zero de crescimento que fará a Whirlpool perder dinheiro. O ano de 2008 tem sido excelente para a empresa. A Whirlpool S.A., subsidiária do grupo no país, registrou um lucro líquido de R$ 467 milhões entre janeiro a setembro, 40% maior que o obtido em igual período de 2007. As vendas líquidas aumentaram 8%, totalizando R$ 3,6 bilhões. Segundo Drummond, os preços ao consumidor foram reajustados em cerca de 10% ao longo dos últimos meses para compensar a alta nos custos de matérias-primas, como o aço.

PIB cresce 6,8%

Instituto Humanitas Unisinos - 10/12/08

A economia brasileira superou todas as expectativas e, empurrada pelo consumo das famílias e por investimentos públicos e privados, levou o Produto Interno Bruto (PIB) ao seu melhor desempenho trimestral em quatro anos: 6,8% no terceiro trimestre, em comparação a igual período do ano passado, segundo apurou o IBGE. Vigor que, segundo os economistas ouvidos pelo Estado, ajuda o País a enfrentar um período ainda indefinido de forte declínio, mas não é suficiente para afastar o risco de recessão.

A reportagem é de Irany Tereza e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 10-12-2008.

Para o quarto trimestre, as expectativas são de crescimento próximo de zero, ou seja, de elevação inexpressiva ou de ligeira queda. “O terceiro trimestre já ficou para trás. E, definitivamente, pode ser o último de crescimento forte do governo Lula”, atesta o economista José Julio Sena, contrariando previsões do ministro da Fazenda, Guido Mantega. Amparado principalmente na elevação dos investimentos, o ministro considerou inevitável o recuo no quarto trimestre e no ano que vem, mas disse esperar, uma retomada de crescimento forte a partir de 2010.

Em 12 meses, até setembro, o PIB (conjunto de toda a riqueza produzida no País) avançou 6,3%, a maior taxa acumulada para 12 meses da série histórica do IBGE, iniciada em 1996. Com o novo resultado do PIB trimestral, os economistas estão revendo as projeções para o desempenho do ano. Até agora, eles projetavam um crescimento de cerca de 5% em 2008. Mas mesmo se não houver crescimento no quarto trimestre em relação ao terceiro trimestre, o PIB deve avançar cerca 6%, o que seria o melhor resultado desde 1986, quando o Brasil cresceu 7,49%.

O saldo também foi bastante positivo em relação ao segundo trimestre, com alta de 1,8%. A gerente de contas trimestrais do IBGE, Rebeca Palis, que divulgou ontem os resultados, chamou a atenção também para o ineditismo do forte crescimento no acumulado dos nove meses do ano: 6,4%.

Ela destacou que, no terceiro trimestre houve expressivas taxas de crescimento do PIB ante o mesmo período de 2007 dos segmentos componentes da indústria, como construção ( 11,7%); extrativa mineral (7,8%); indústria da transformação ( 5,9%); e serviços industriais de utilidade pública (5,7%). “Mas o destaque foi o setor da construção”, afirmou Rebeca, lembrando que a construção se beneficiou de um “aumento de crédito para o setor”.

RECESSÃO

Esse cenário, porém, passou. O quadro hoje é outro, como lembra o economista Luiz Gonzaga Belluzzo. “O PIB do terceiro trimestre não afasta um risco de recessão por um motivo simples: foi o resultado de um período de crédito e consumo acelerados, com crescimento bem acima do PIB. Esse impulso está perdendo força por conta da crise de crédito”. Para ele, não é correto fazer projeções com base nesse resultado e o futuro é uma incógnita. De certo, apenas a forte desaceleração esperada para o quarto trimestre.

“Essa crise é muito peculiar. Produz efeitos repentinos, é muito rápida. Assim foi em vários países e está sendo no Brasil. Não quer dizer que teremos recessão, mas tudo indica que teremos uma desaceleração considerável”, diz. A avaliação de que o ciclo de força econômica será interrompido próximo trimestre é consensual. “Esse resultado será o pico da série histórica, um crescimento forte que não se via desde o segundo trimestre de 2004, mas que, por conta da crise econômica, faz parte do passado”, diz Sérgio Vale, da MB Associados, lembrando que, a partir de outubro os indicadores trouxeram “uma quebra de tendência como há muito tempo não se via”.