"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

sábado, dezembro 20, 2008

Cientistas descartam a mentira do aquecimento global

resistir info - 17/12/08
por WorldNetDaily

. A Conferência das Nações Unidas sobre alterações climáticas [1] , foi surpreendida pelos 650 lideres da ciência que refutam os relatórios apocalípticos sobre a culpabilidade humana no aquecimento global, considerando-os como uma mentira e um embuste que fazem parte de uma nova religião. [2]

Amanhã, as suas vozes serão conhecidas através do relatório da minoria do Senado dos EUA que cita estes cientistas, muitos dos quais são antigos e actuais colaboradores do IPCC que pertence à ONU [2]

Cerca de 250 dos cientistas citados no relatório [do Senado] passaram a fazer parte dos cientistas dissidentes só no ano passado.

De facto, o número total de cientistas referidos neste relatório é 12 vezes superior ao número de cientistas, colaboradores da ONU, que redigiram o relatório do IPCC, de 2007.

Eis alguns excertos escolhidos do relatório [do Senado]:

  • "Eu sou céptico … O aquecimento global transformou-se numa religião" – Ivar Giaever , Prémio Nobel da Física.
  • "Desde que deixei de fazer parte de qualquer organização e de receber algum financiamento [para investigação], falo com toda a franqueza … Como cientista continuo céptica" – Dra. Joanne Simpson , cientista da [Física da] Atmosfera, primeira mulher, a nível mundial, a receber o título de Ph. D. [Doutorada] em Meteorologia e ex-colaboradora da NASA, autora de mais de 190 estudos e designada como "pertencente aos mais proeminentes cientistas dos últimos cem anos".
  • O pânico climático é o "maior escândalo científico da história … Quando as pessoas souberem qual é a verdade, elas ficarão decepcionadas com a Ciência e com os cientistas" – Dr. Kiminori Itoh , colaborador japonês do IPCC, galardoado como Ph. D. da físico-química ambiental.
  • "O IPCC [2] ], actualmente, transformou-se numa organização fechada que não ouve mais ninguém. Não têm mentes abertas [os membros do IPCC] … Estou realmente espantado como foi atribuído o Prémio Nobel da Paz sobre conclusões cientificamente falsas que foram ditas por pessoas que não são geólogos" – Dr. Arun D. Ahluwalia , geólogo indiano da Universidade do Punjab, membro do comité da ONU do Ano Internacional do Planeta.
  • "Os modelos [informáticos do clima] e as previsões do IPCC [2] ] são incorrectos porque se baseiam em modelos matemáticos e apresentam resultados baseados em cenários que não incluem, por exemplo, a actividade solar" – Victor Manuel Velasco Herrera , investigador do Instituto de Geofísica da Universidade Autónoma de México.
  • "É uma mentira descarada erguer a voz na comunicação social para afirmar que apenas uma franja de cientistas não reconhece o aquecimento global de origem antropogénica" – Stanley B. Goldenberg , cientista estatal da Hurricane Research Division , da NOAA - National Oceanic and Atmospheric Administration [equivalente ao Instituto de Meteorologia dos EUA].
  • "Mesmo a duplicação ou a triplicação da quantidade de dióxido de carbono [na atmosfera] teria pouco impacto [climático], já que o vapor de água e a água condensada em partículas das nuvens [existentes na atmosfera] são e continuarão a ser dominantes na cena mundial [isto é, no estado do tempo e no clima a nível mundial]" – Geoffrey G. Duffy , Prof. do Departamento de Química e Engenharia de Materiais da Universidade de Auckland, Nova Zelândia.
  • "Depois de ler o comentário asinino de Rajendra Pachauri (Chairman do IPCC) sobre os Flat Earthers [3] (ao considerar os cépticos como tal), é difícil manter-me calado" – Dr. William M. Briggs , estatístico do clima, especialista em previsões estatísticas, trabalha no Comité de Estatísticas e Probabilidades da Associação Americana de Meteorologia, editor associado da Monthly Review Weather
  • "Quantos anos deve o planeta arrefecer até percebermos que ele não está a aquecer? Quantos anos mais deve continuar o arrefecimento do planeta [que entrou numa fase de arrefecimento depois de 1998, até nos inteirarmos disso]? – Dr. David Gee , geólogo, Chairman do Comité do Congresso Internacional de Geologia de 2008, publicou mais de 130 artigos científicos em revistas com revisão pelos pares, lecciona actualmente na Universidade de Uppsala, Suécia.
  • "Gore incitou-me a [realizar] uma investigação científica profunda que me levou rápida e solidamente para o campo dos cépticos … Os modelos climáticos, na melhor das hipóteses, podem servir para explicar as alterações climáticas depois delas terem sucedido" [4] Hajo Smit , meteorologista holandês, inverteu a sua crença no aquecimento antropogénico para se tornar num céptico, ex-membro do Comité Holandês junto do IPCC.
  • "Muitos (cientistas) estão a tentar regressar a uma vida pacata (depois de promoverem o pânico climático) sem arruinar as suas carreiras profissionais" – James A. Peden , Físico da Atmosfera, ex-colaborador do Centro de Coordenação de Investigações Espaciais, em Pittsburgh, Pensilvânia.
  • "É um perigoso disparate criar uma ideologia suportada no dióxido de carbono … O alarmismo actual das alterações climáticas é um instrumento de controlo social, um pretexto para grandes negócios e para o combate político. Transformou-se numa ideologia preocupante" – Prof. Delgado Domingos [Instituto Superior Técnico, Lisboa], Portugal, fundador do grupo de Previsão Meteorológica Numérica, tem mais de 150 artigos científicos publicados.
  • "As emissões de CO 2 não causam absolutamente qualquer problema … Qualquer cientista sabe isso, mas não lhe pagam para dizê-lo … [A alguns pagam para dizer o contrário!] O aquecimento global, como veículo político, mantém os europeus sentados no veículo e os países em desenvolvimento a andarem descalços" – Dr. Takeda Kunihiko , vice-reitor do Instituto de Ciências e Tecnologia da Universidade de Chubu, Japão.
  • "O alarmismo (do aquecimento global) tem a sua justificação no facto de que é algo que gera fundos [para investigação]" – Dr. Eduardo Tonni , Paleontólogo premiado, membro do Comité de Investigação Científica de Buenos Aires, chefe do Departamento de Paleontologia da Universidade de La Plata.
O relatório também inclui estudos científicos actuais, revistos pelos pares, refutando o medo do aquecimento provocado pelo homem e desenvolvendo conhecimentos climáticos que contradizem a [respectiva] teoria. [1] Realizou-se em Poznan, Polónia, entre 1 e 13 de Dezembro de 2008.
[2] O autor refere-se aos relatórios do IPCC – Intergovernmental Panel on Climate Change e ao conjunto de políticos, ambientalistas e cientistas pouco sérios que tomaram conta do processo a nível internacional.
[3] Significado pejorativo para uma pessoa sem senso comum. " The idea of a flat Earth is the idea that the surface of the Earth is flat (a plane), rather than the view that it is a very close approximation of the surface of a sphere. This was a common belief until the Classical Greeks began to discuss the Earth's shape about the 4th century BC". – vide http://en.wikipedia.org/wiki/Flat_Earth .
[4] Nem para isso, já que não representam a realidade total do sistema climático. Só podem ser úteis parcelarmente, em previsões de alguns dias, ou em estudos muito segmentados. – NT.

Ver também:
  • Aquecimento global: uma impostura cient�fica , de Marcel Leroux
  • A falta de senso do consenso , de Rui Moura

  • Apesar de já em publicações anteriores ter mostrado a falta de consenso nessa área e refutações bem sólidas, essa histeria permaneceu e permanecerá ainda por longo tempo.

    Redução das tropas do Ministério do Interior da Rússia suspensa devido a receios de levantamentos civis

    darussia.blogspot.com - 17/12/08



    As autoridades russas decidiram suspender a redução do número de efectivos das tropas do Ministério do Interior, alegando que eles serão necessários para garantir a segurança dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2014, mas os analistas atribuem essa decisão ao facto de o poder recear desordens devido à crise económica e social no país.
    Há dois anos atrás, o Conselho de Segurança da Rússia tinha decidido reduzir essas tropas de 200 mil para 140 mil até 2011, mas suspendeu esse processo agora, ao nível dos 170 mil efectivos.
    As tropas do Ministério do Interior são constituídas por destacamentos de operações especiais, unidades de segurança de alvos particularmente importantes.
    Vassili Pantchenkov, porta-voz dessa força militarizada, considera que o processo de redução foi suspenso com vista a garantir a ordem e segurança nos Jogos Olímpicos de Inverno, que se irão realizar em 2014 na cidade de Sotchi (Sul da Rússia), mas uma fonte do diário “Vedomosti” no Ministério do Interior tem uma opinião diferente: “Claro que ninguém irá anunciar abertamente que as tropas serão necessárias para reprimir desordens”.
    Andrei Ilarionov, antigo conselheiro de Vladimir Putin e hoje seu adversário, qualifica de "catastrófica" a queda da produção industrial no país, chamando a atenção para o facto de ela ter análogo apenas nos finais de 1941 e início de 1942, ou seja, durante a Segunda Guerra Mundial.
    Economistas do Clube Económico junto da empresa de consultadoria FBK não excluem a possibilidade de “levantamentos populares” em várias regiões da Rússia em Janeiro ou Fevereiro.
    “As pessoas querem, talvez pela última vez, festejar calmamente o Ano Novo. Mas, depois, Janeiro e Fevereiro serão um período muito difícil. O número de desempregados poderá duplicar”, considera Evgueni Gontmakher, dirigente do Centro de Política Social da Academia das Ciências da Rússia.
    “No nosso país, a estabilidade é a moeda com que o poder paga à população. O povo trocou-a pelos seus direitos políticos. Agora, o acordo é irrealizável, pois é impossível, num futuro próximo, restaurar a estabilidade”, defende Alexandre Auzan, presidente do Instituto “Contrato Social”.
    Segundo ele, “nessa situação de desencantamento crescente, quais deteriorações irão ser mais dolorosas: avarias nos sistemas de aquecimento, aumento do preço dos serviços comuniais”.
    Os economistas consideram que os recentes protestos populares no Extremo Oriente russo, provocados pelo aumento dos impostos sobre os veículos importados, poderão ser o primeiro sinal e não excluem levantamentos como os que têm lugar na Grécia.

    “Estamos lutando pela sobrevivência”, diz publisher da Detroit Media

    Conversa Afiada - 17/dezembro/2008 17:44

    Deu no Estadão:

    Dois jornais limitam edições impressas

    Pressionada pela queda nos lucros, a Detroit Media Partnership, que administra dois jornais de Detroit, nos EUA, anunciou que seus assinantes receberão suas edições em casa apenas três vezes por semana; nos outros dias, terão de ler edições online. As bancas seguirão recebendo todas as edições impressas. A empresa, que comanda os jornais Detroit Free Press e The Detroit News, deve demitir até 9% de seus 2,1 mil funcionários. “Estamos lutando pela sobrevivência”, afirmou o publisher David Hunke.

    Martin Wolf: Bernanke e o confronto com o tempo

    Conversa Afiada - 17/dezembro/2008 13:50

    Bernanke: difícil probabilidade de deflação

    Bernanke: difícil probabilidade de deflação

    A explicação para a redução rápida da taxa oficial de juros não está no temor de uma possível deflação. Quando ainda era diretor do FED Bem Bernanke já previa tal movimento. Leia artigo de Martin Wolf, colunista do Financial Times, traduzido no Valor Econômico desta quarta-feira (17/12).

    Bernanke e o confronto com o tempo
    Martin Wolf
    17/12/2008

    Os bancos centrais poderão em breve recorrer às suas mais poderosas armas contra a deflação: impressão de dinheiro e seu “lançamento de helicópteros”. É uma situação para a qual Ben Bernanke, o presidente do Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA), está preparado há muito tempo. Será que esse armamento funcionará? Indubitavelmente, sim: utilizado impiedosamente, eliminará a deflação. Mas um retorno posterior à normalidade revelar-se-á bem mais elusivo.

    Bernanke pronunciou um célebre discurso sobre o tema em novembro de 2002, quando ainda era diretor regional do Fed. O discurso aconteceu logo depois do estouro da bolha no mercado acionário americano, em 2000. As autoridades econômico-financeiras então temiam que os EUA poderiam em breve imitar o Japão, entrando num período de deflação persistente, com quedas no nível geral de preços.

    Entretanto, Bernanke, à época, insistiu “que a chance de deflação significativa nos EUA num futuro previsível é extremamente pequena”. Ele enfatizou “a vitalidade de nosso sistema financeiro: apesar dos choques adversos do ano passado, nosso sistema bancário permanece saudável e bem regulamentado, e os balanços patrimoniais de empresas e famílias estão, em sua maior parte, em boa forma”. As palavras “orgulho” e “queda” vêm à mente. Seis anos e uma bolha de crédito habitacional depois, o presidente Bernanke deve estar mais mais triste e mais sábio.

    A posição de Bernanke era também de que “a melhor maneira de solucionar um problema é, para início de conversa, não se deixar apanhar por ele”. O temor de que a reversão das expectativas deflacionárias revele-se difícil explica porque o Fed reduziu sua taxa oficial de juros tão rapidamente desde a irrupção da crise, em agosto de 2007.

    Será realista a probabilidade de deflação? Medidas do núcleo da inflação sugerem fortemente que não. Mas uma medida de inflação esperada - o diferencial entre rendimentos sobre os títulos do Tesouro americano convencionais e os corrigidos por índices sofreram um colapso, caindo para 14 pontos-base. Além disso, os rendimentos sobre bônus do Tesouro dos EUA com maturação em 10 anos já estão onde estavam os do Japão em 1996, seis anos após o início da crise nesse país.

    Por que, então, deveriam os bancos centrais temer a deflação? Em primeiro lugar, a deflação torna impossível, para a política monetária convencional, implementar taxas de juro reais negativas. Quanto mais rápida a deflação, maiores serão os juros reais. Em segundo lugar, conforme explicado pelo grande economista americano Irving Fisher na década de 1930, a “deflação da dívida” - elevação real do valor do endividamento à medida que os preços caem - torna-se então uma ameaça letal. Nos EUA, cujo endividamento bruto do setor privado disparou de 118% do PIB em 1978 para 290% em 2008, a deflação do endividamento poderia deflagrar uma espiral descendente de falência em massa, queda da demanda e deflação adicional.

    O Fed já adotou uma série de ações heterodoxas para impedir o naufrágio da economia. Em 10 de dezembro, o balanço patrimonial do Fed tinha chegado a US$ 2,245 trilhões, tendo dado um salto de US$ 124 bilhões no curso de uma semana e de US$ 1,378 trilhão ao longo de um ano. O Fed detinha uma ampla diversidade de papéis do governo e privados, compreendendo US$ 476 bilhões em títulos do Tesouro dos EUA, US$ 448 bilhões em “term auction credit”, US$ 312 bilhões em crédito de curto prazo e US$ 233 bilhões em “outros empréstimos”, valor que inclui US$ 57 bilhões de crédito apenas para a AIG. Se a tendência prosseguir, o Fed poderá tornar-se o maior banco do mundo.

    Estará o Fed sujeito a alguma restrição? Em verdade, não. Como demonstrou Robert Mugabe, qualquer pessoa pode mandar imprimir dinheiro. Depois que os juros chegam a zero, o Fed pode promover um alívio monetário bem maior. Com efeito, o Fed pode criar dinheiro sem limites. Imagine o que aconteceria se um alquimista conseguisse transformar chumbo em ouro, a custo zero. O ouro não valeria grande coisa. Os bancos centrais podem criar infinitas quantidades de dinheiro a custo zero. Por isso, podem reduzir seu valor a nada sem dificuldades. Curar deflação é moleza, quando se trata de “moeda fiduciária” - um sistema monetário artificial.

    Então, o que poderiam os bancos centrais fazer? Poderiam baixar as taxas de juro de longo prazo adquirindo tantos bônus governamentais de longo prazo quanto quiserem, ou prometendo manter os juros de curto prazo baixos por um período prolongado. Poderiam conceder empréstimos diretamente ao setor privado. Na realidade, poderiam adquirir qualquer ativo privado por qualquer preço e em qualquer quantidade que decidissem. Poderiam também comprar ativos em moeda estrangeira. E poderiam financiar o governo em qualquer escala que julgassem necessário.

    Alternativamente, as autoridades fiscais podem incorrer em déficits do tamanho que desejarem, e depois os financiarem com emissões de papéis de curto prazo que o banco central teria de adquirir para manter os juros baixos. Na fronteira do juro nulo, as políticas fiscal e monetária tornam-se una. O direito exclusivo do Banco Central de praticar política monetária evapora. Mas o reverso é também verdadeiro: o Banco Central pode dar dinheiro para cada cidadão. Isso seria o equivalente a “lançar dinheiro de helicópteros”, medida proposta pelo falecido Milton Friedman e recentemente discutida por Eric Lonergan no fórum de economistas do FT.

    Nesse ponto, seria o caso de indagar por que o Japão enfrentou dificuldades com a deflação durante tanto tempo. Quase não tenho idéia. Mas a explicação parece ser que o BC do Japão não quis tomar medidas tão drásticas e o Ministério das Finanças não ousou impor a idéia. Essa auto-contenção não deterá as autoridades americanas.

    Assim, será que o Fed submergirá o mundo em dólares, em conseqüência do que teremos condições de despertar do pesadelo? Como demonstra Willem Buiter em recente blog, “Confessions of a Crass Keynesian”, a resposta é “não”.

    Depois que a inflação retornar, o Banco Central necessitará vender ativos no mercado para enxugar o excesso de dinheiro por ele criado no combate à deflação. Analogamente, o governo precisa reduzir seu déficit a um tamanho que possa financiar no mercado. Do contrário, as expectativas deflacionárias poderão rapidamente transformar-se em expectativas de inflação acima da meta. Isso pode também acontecer se a dívida vendida durante os esforços para esterilizar o excedente monetário for considerada além da capacidade governamental de arcar com o serviço de tal dívida.

    Países desprovidos de uma moeda confiável poderão atingir esse ponto mais cedo. Assim que um banco central aludir a um “alívio quantitativo”, os agentes poderão fugir da moeda. Isso é particularmente provável quando países arcam com o ônus de um enorme excesso de endividamento doméstico e externo. Os credores sabem que um surto de inflação solucionaria muitos problemas nos EUA e no Reino Unido. Os EUA podem administrar o risco de ressurgentes expectativas inflacionárias. O Reino Unido provavelmente encontrará mais dificuldades para isso. Evitar deflação é fácil; obter estabilidade depois será bem mais difícil.

    Ironicamente, estamos onde estamos, em parte, porque o Fed estava tão apavorado diante de possível deflação, seis anos atrás. Agora, uma bolha de crédito mais tarde, Bernanke tem de enfrentar o que então temia, em larga medida devido às heróicas tentativas preventivas do Fed. Riscos similares agora surgem diante das medidas drásticas que parecem cada vez mais prováveis. Desta vez, desconfio, o resultado, em última instância, não será deflação, mas inflação inesperadamente elevada, embora provavelmente daqui a muitos anos.

    Com moedas de R$ 0,01, Serra quer arrecadar R$ 200 mil por dia

    Conversa Afiada - 17/dezembro/2008 11:47

    Serra e o pedágio: um caso de amor[/caption]

    Inicia-se hoje a cobrança de R$ 1,20 de tarifa para so motoristas que circularem pelo Rodoanel. Em matéria veiculada no IG, as expectativas do governo de São Paulo estão expostas: arrecadação de R$ 200 mil por dia. Veja o trecho abaixo:

    “A expectativa da RodoAnel, concessionária que detém a operação do trecho, é arrecadar R$ 200 mil diariamente, com o movimento de 145 mil veículos/dia. Os carros representam 80% desse volume de tráfego. Pelo contrato com o Estado, a concessionária deverá investir R$ 465 milhões, ao longo de 30 anos, em melhorias na pista. Uma manifestação de moradores da região de Osasco e Carapicuíba pretende fazer uma caravana, nos próximos dias, que vai pagar o pedágio apenas com moedas de R$ 0,01.”

    Leia a matéria na íntegra.

    Já na Folha de S.Paulo, Serra diz acreditar que “nenhum caminhoneiro preferirá pegar congestionamento nas marginais a pagar o pedágio..”

    Se aprovada, BrOi terá processo mais rápido da história

    Conversa Afiada - 17/dezembro/2008 9:07

    Para dar o aval, Anatel deverá estabelecer cerca de 30 contrapartidas. Reunião do conselho diretivo a portas fechadas definirá, hoje, regras que a BrOi deverá cumprir até junho de 2010. Se aprovado, o processo de anuência da BrOi será o mais rápido da história. A entrada foi dada dia 21/11. O menor prazo ocorreu em 63 dias. Acompanhe a matéria do Estadão.

    Estadão: Anatel pode aprovar hoje a fusão Oi-BrT

    Agência define, em reunião a portas fechadas, se dá o aval definitivo à polêmica união entre as operadoras

    Gerusa Marques, BRASÍLIA

    A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) deve aprovar hoje a compra da Brasil Telecom (BrT) pela Oi, que resultará em uma megaoperadora com posição dominante em todo o País, com exceção de São Paulo. A reunião do conselho diretor sobre a anuência prévia para a aquisição será fechada, e está marcada para começar às 10 horas. Há dois meses, quando aprovou a mudança de regras que permitiu a aquisição, a reunião foi aberta, e pôde ser acompanhada pelo público. A formação de uma grande operadora com capital nacional tem recebido apoio do governo, o que inclui R$ 6,869 bilhões de bancos estatais.

    Para dar seu aval ao negócio, a Anatel deve estabelecer cerca de 30 contrapartidas, que terão de ser cumpridas pela nova Oi até junho de 2010. Se concluído hoje, o processo de anuência prévia da BrOi, como foi apelidada a empresa, será o mais rápido da história da Anatel. A Oi deu entrada no processo no último dia 21. Levantamento da Associação Brasileira de Prestadoras de Serviços de Telecomunicações Competitivas (TelComp), que reúne rivais da Oi e da BrT, mostrou que o menor prazo até hoje foi de 63 dias.

    Leia reportagem na íntegra.

    A Folha de S.Paulo noticia que a TCU e o ministro Raimundo Carneiro podem baixar uma medida cautelar para que a agência adie o caso. Segundo o jornal, a decisão está em análise “no escuto”. Veja a reportagem.

    O derretimento do dólar

    Blog do Luis Nassif - 17/12/08

    Por João Carlos

    Nassif

    Dêem uma boa olhada no gráfico do dólar index.

    A bolha do dólar parece ter estourado. Se assim for, a queda será abrupta e violenta.

    Viveremos tempos interessantes.

    Por Jose Oswaldo Conti-Bosso

    Caro Nassif,

    Tem um video do Financial Times de 11-12 falando sobre o fato. Clique aqui.

    Algumas relação de matérias dos últimos dias:

    1- O colunista do Financial Times, John Authers, prevê fim da corrido para o dolar, vê falta de confidência na economia dos EUA, no ´video em sua fala de 2,28 min., mostra alguns gráficos com relação ao dolar nos últimos 12meses:

    Short View: Dollar rally ends

    The great rally in the US dollar is over for now. (A grande corrida para o dólar acabou).

    Is the buck taking a rest before resuming a rally, or is this the precursor for another decline? (O dólar esta descansando, antes de recomeçar a corrida, ou isso é o prenúncio para outro declínio?)

    Alcântara e os Quilombolas

    Blog do Luis Nassif - 17/12/08

    O ponto de Alcântara - base do lançamento espacial brasileiro - não pode mais ser ampliado. O espaço de ampliação virou área quilombola.

    Nada contra os direitos dos quilombolas, mas quero ver quem vai pagar a conta de todo o investimento que já se fez no programa espacial brasileiro, uma vez que não há mais possibilidade de expansão. Detalhe, Alcântara quase foi entregue aos EUA pelo Fernando Henrique Cardoso por ser um dos melhores pontos do planeta para programas aeroespaciais.


    Coltan, o presente envenenado do Congo

    Instituto Humanitas Unisinos - 17/12/08

    Morar numa terra cheia de riquezas pode ser uma condenação para um povo. É o caso do Congo. A exploração dos minérios de seu subsolo, vitais para a tecnologia, desembocou na exploração infantil e numa guerra sem fim.

    A reportagem é de Oriol Güell e publicada no jornal espanhol El País, 14-12-2008. A tradução é do Cepat.

    Num lugar castigado por injustiças, a mais cruel é a que obriga as crianças mineiras do leste da República Democrática do Congo a deixar a escola para escavar nas minas artesanais que proliferam nas províncias de Katanga, Kivu do Norte e Kivu do Sul. Por menos de um dólar por dia, quase nus e muitas vezes desnutridos, estes menores alimentam o mercado mundial de coltan [abreviação para columbita-tantalita], cobre, estanho e cobalto enquanto cavam ainda mais o buraco humano em que habitam.

    Num país incapaz de aproveitar suas enormes riquezas naturais, uma nova geração se perde condenada a trabalhar numa idade em que, no resto do planeta, as crianças vão à escola e brincam com videogames que funcionam com minérios que eles arrancam do subsolo. “Estão presos a um círculo do qual é quase impossível sair”, assegura François Philippart, cooperador belga que está a quatro anos na província de Katanga tratando de devolvê-las a uma vida de educação e família. “Sem dinheiro para pagar a escola e sem outra forma de se manter, muitas famílias se vêem obrigadas a fazer trabalhar as crianças. Muitas vezes encontramos famílias inteiras, pais, filhos e sobrinhos, trabalhando juntos nas escavações”.

    O colapso do Congo como Estado deixou muitos de seus concidadãos numa situação de extrema vulnerabilidade. Como em nenhum outro canto do mundo, neste país de 66 milhões de habitantes, tão grande quanto a Europa ocidental, torna-se evidente que viver sobre uma terra cheia de riquezas pode ser a maior das condenações para um povo e suas crianças.

    1. História de um espólio. A promessa de uma terra cheia de riquezas foi o que levou Leopoldo II, rei da Bélgica, a tomar posse deste pedaço de África coberto de selvas e sulcado por caudalosos rios, em 1884. O Congo não passou a ser uma colônia a mais, mas a única propriedade particular de um monarca obstinado em extrair tanto ouro, madeira e café – entre outros produtos tropicais que a metrópole estava ansiosa para consumir – quanto fosse possível. As coisas apenas mudaram a partir de 1908, quando o Governo belga assumiu a soberania do país, e o Congo chegou à independência em 1960 com 16 milhões de habitantes e menos de 20 pessoas com ensino superior. Para onde poderia ir um país desses?, pergunta-se o jornalista Stephen Smith, correspondente na região do jornal francês Le Monde, no livro Necrologia. Porque a África morre. A resposta é que iria ao encontro de uma das ditaduras mais corruptas e selvagens que já houve num continente quase tão rico em minérios como em regimes despóticos.

    Depois de cinco anos de convulsões e um golpe promovido pelos Governos dos Estados UnidosBélgica, Mobutu Sese Seko se adonou do poder no Congo em 1965, se enriqueceu tanto quanto pôde e não o largou até que Laurent Kabila, pai do atual presidente, Joseph Kabila, o expulsou do país em 1997. Mas a vida sem Mobutu não foi melhor para os congoleses, que passaram outros sete anos mergulhados numa guerra da qual participaram sete países e que, com mais de quatro milhões de mortos, foi a mais sangrenta desde a Segunda Guerra Mundial. Agora, a revolta do general tutsi Laurent Nkunda contra o Governo de Kabila ameaça pôr um fim na frágil paz que a comunidade internacional procura impor desde 2003. Nestes quase 135 anos, passaram os reis, os governos e as guerras, mas todos tiveram em comum o espólio de um país e o trabalho infantil nas minas, que financiaram os sistemas que os exploram. e da

    2. O pesadelo da coltan. As novas tecnologias chegaram no final do século XX ao leste do Congo em forma de um novo minério a ser arrancado das montanhas: a coltan. O país conta com as maiores reservas mundiais conhecidas (até 80%, segundo alguns cálculos) desta estranha liga da qual se extrai a tantalita, metal de grande resistência ao calor e de propriedades elétricas que o tornam insubstituível em telefones celulares, consoles de videogames e todos os tipos de equipamentos eletrônicos. Fácil de ser extraída e muita valiosa – no começo desta década chegou a ser cotizado em mais de 700 euros o quilo –, a coltan foi o combustível que lubrificou as múltiplas facções que protagonizaram a grande guerra entre 1997 e 2003.

    Com o país mergulhado num complexo conflito, com até seis facções que em certas ocasiões chegaram a lutar simultaneamente todos contra todos, milhões de pessoas se viram afastadas de suas colheitas. No momento seguinte, as mesmas minas que financiavam os grupos em luta se converteram em focos de atração para famílias inteiras que ali encontravam sua única fonte de ingressos.

    Mas, o mesmo minério que permitia a subsistência era o mesmo que envenenava todo o sistema político do centro da África. O povo congolês é pobre, desnutrido e pode apresentar taxas de analfabetismo superiores a 33%, mas aqueles que estavam por trás da guerra e da exploração da coltan eram eficientes ministros, generais e políticos. Um relatório elaborado por especialistas do Conselho de Segurança da ONU em 2002 deu nome e sobrenome a dezenas de militares e governantes do Congo, Uganda, Ruanda, Burundi e Zimbábue que, perfeitamente organizados, lucraram com a exportação da coltan à Europa, Ásia e América.

    A exploração da coltan se mantém ainda hoje no Congo, mesmo que tenha perdido peso devido à queda dos preços nos últimos anos. “Hoje é a cassiterita que está proporcionando os maiores casos de exploração infantil e trabalhos forçados”, explica Carina Tertsakian, da ONG Global Witness, especializada em denunciar a exploração dos recursos minerais no Congo. Este minério, do qual se extrai o estanho, componente essencial para múltiplas ligas, predomina na parte leste do Congo, a mais sacudida pela intervenção estrangeira e pelas lutas fratricidas no país.

    Os preços fixados nos mercados internacionais podem ter seu impacto nas explorações minerais no Congo, mas “terá poucos efeitos práticos”, assegura François Philippart. “A cassiterita e a coltan, por exemplo, costumam ser encontrados nos mesmos lugares e, enquanto se mantiverem as estruturas de poder e os sistemas de exploração fora da lei, por milícias ou pelo próprio Exército, as crianças continuarão sendo exploradas”, acrescenta.

    3. O Estado que não protege. Depois do fim da guerra, e com o apoio da comunidade internacional, o Congo teve eleições presidenciais em 2006. Abria-se, assim, um período de esperança que hoje decepcionou quase todo o mundo. Os exemplos estão em todas as partes em Goma, capital do Kivu do Norte, cidade tomada pelo Exército da República Democrática do Congo e os capacetes azuis da ONU. Assim mesmo, os rebeldes do general NkundaExército incorreram em múltiplas violações dos direitos humanos contra a população que deveria proteger, no último episódio depois da ofensiva de Nkunda em Goma, quando em sua retirada aconteceram saques, mataram dezenas de civis e violentaram milhares de mulheres. Os soldados estavam meses sem receber seu salário, que se perde nos emaranhados da corrupção dos oficiais. chegaram, em 30 de outubro passado, a apenas 10 quilômetros de seu traçado urbano. Os soldados do

    As escolas do sistema público também não funcionam. “Menos da metade dos professores tem seu salário e os centros se vêem obrigados a cobrar dos alunos para pagar os demais e manter as dependências”, afirma Juanjo Aguado, do Serviço Jesuíta aos Refugiados, ONG que trata de suprir as carências da educação pública na região de Rutshuru, no Kivu do Norte. “Muitas famílias não podem pagar estas contribuições, mesmo pequenas, o que joga as crianças no trabalho infantil”, alerta Tasha Gill, da Unicef no Congo.

    A violência sexual é outra grande cicatriz que machuca a infância no país. Sem as forças da ordem que as protejam nem educação com a qual cavar-se um futuro, jovens de ambos os sexos ficam expostos a todas as formas de exploração, desde as violações em massa à prostituição. “Para eles é um trauma que os marca para o resto da vida”, explica Gill. “A vergonha, as doenças sexualmente transmissíveis e o golpe brutal que sofrem desde muito pequenos em sua auto-estima fazem com que muitos casos só sejam capazes de sobreviver adotando, na idade adulta, os hábitos adquiridos de violência e falta de respeito que eles mesmos sofreram na infância”.

    O Congo se encaminha para outra geração perdida, a sétima ou a oitava consecutiva desde a chegada do poder colonial. Os dados da Unicef falam de um sistema sanitário público apenas existente, de quase metade das crianças sem escolarizar, de 31% de menores de cinco anos desnutridos e de uma mortalidade infantil que ceifa um de cada doze bebês antes de atingirem o primeiro ano. Um relatório da ONG Médicos Sem Fronteiras alerta que, nas zonas de conflito, cada ano morre um de cada oito menores de cinco anos. São dados que não melhoram nas últimas duas décadas.

    Enquanto isso, as crianças continuam trabalhando nas minas.

    Fed acirra divergências entre Fazenda e BC

    Instituto Humanitas Unisinos - 17/12/08

    A decisão surpreendente e histórica do Fed de praticamente zerar a taxa básica de juros deve acirrar ainda mais as divergências entre a Fazenda e o Banco Central na condução da política monetária. A avaliação da Fazenda é que o BC já deveria ter seguido o mesmo caminho na reunião do Copom da semana passada, quando decidiu manter a Selic em 13,75%.

    A reportagem é de Guilherme Barros e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 17-12-2008.

    Os técnicos da Fazenda acham que o BC errou ao não ter baixado os juros e a conseqüência será uma desaceleração mais forte da economia neste e no próximo trimestre. Para a Fazenda, ao contrário do que tem dito o presidente do BC, Henrique Meirelles, o Brasil não é uma ilha isolada do mundo para manter a taxa básica de juros no atual patamar.

    Para a Fazenda, a decisão do BC teve um caráter muito mais político do que técnico. O BC quis dar uma demonstração de força e de independência diante das pressões do governo para baixar os juros, quando a decisão tinha que ser técnica.

    Não é, na opinião da Fazenda, a primeira vez que o BC erra neste ano. Em abril, o BC também errou ao subir os juros com receio da alta dos preços das commodities. Na época, os técnicos da Fazenda diziam que essa alta seria temporária, o que acabou se confirmando.

    O BC, por sua vez, está convencido de que o Brasil terá uma desaceleração muito forte neste e no próximo trimestre, o que deve ficar claro na ata do Copom que será divulgada amanhã, e deve baixar o juro na reunião do dia 21 de janeiro.

    O que o BC avalia é que a situação no Brasil é diferente da dos Estados Unidos. Os EUA enfrentam um problema de deflação, e as previsões são que o PIB no quarto trimestre deve sofrer uma queda de 5%, sendo que o país já vem de um processo de desaceleração forte.

    No Brasil, ao contrário, para o BC, a economia estava crescendo em um ritmo muito forte até setembro. A inflação caiu nas últimas semanas, mas ainda não cedeu o suficiente para iniciar o processo de redução dos juros. A queda do dólar é um fator que contribui para baixar os juros, já que o efeito da valorização da moeda americana sobre a inflação era a maior preocupação do BC.

    Para o BC, dos três fatores que influenciam a demanda, que são o crédito, o emprego e a renda, apenas o primeiro foi muito atingido pela crise. O governo está tentando evitar ao máximo que o emprego e a renda sejam afetados. Se isso ocorrer, será inevitável uma nova onda mais forte de desaceleração. O que se espera é que os cálculos e o "timing" do Banco Central estejam corretos.

    Volks quer reduzir jornada semanal de trabalho

    Instituto Humanitas Unisinos - 17/12/08

    A Volkswagen, maior fabricante de carros do País, vai negociar com os metalúrgicos das quatro fábricas do grupo a flexibilização das normas trabalhistas a partir de janeiro. Segundo o presidente da montadora, Thomas Schmall, a redução da jornada semanal é uma das propostas possíveis. A companhia foi a primeira a adotar medidas flexíveis no fim dos anos 90, quando a indústria automobilística enfrentava crise de vendas.

    A reportagem é de Cleide Silva e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 17-12-2008.

    A maior parte dos 22 mil trabalhadores da Volkswagen está em férias coletivas e retorna no dia 5. Schmall vai esperar até meados de janeiro para analisar a situação do mercado e definir o programa produtivo para o primeiro trimestre. Até lá, será possível avaliar os resultados das medidas anunciadas pelo governo federal, como a redução do IPI para carros novos.

    “Normalmente no fim do ano vendemos mais do que no início do ano, por isso não faz sentido trabalhar a mesma quantidade de horas nos dois períodos”, disse o Schmall.

    Outro executivo da área da Recursos Humanos da Volks lembrou que o banco de horas, adotado há vários anos, tem limite de 12 meses para ser compensado e mudar essa regra jurídica seria outra alternativa.

    Para o vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Francisco Duarte de Lima, o mais importante é a busca de alternativas para garantir empregos. “Queremos que os trabalhadores retornem no dia 5 tranqüilos”. Uma das propostas a ser apresentada, disse ele, é a reabertura de programas de demissão voluntária para aposentados e trabalhadores com doença profissional.

    MENOS IMPOSTOS

    Além de mudanças na legislação que facilitem acordos trabalhistas - tema levado pelos empresários ao presidente Lula na semana passada -, Schmall informou que o setor espera outras mudanças para ajudar na retomada do mercado.

    “A redução do IPI é boa para o curto prazo, mas para o longo prazo precisamos de medidas como maior redução dos juros e menor carga tributária”, disse Schmall. As vendas de carros caíram 11% em outubro e 25% em novembro. Neste mês, os negócios estavam em baixa nos primeiros dias, mas o corte do IPI para modelos 1.0 e a redução pela metade da alíquota para modelos mais potentes pode reverter o quadro. Só a Volks vendeu 4,4 mil carros no primeiro fim de semana de vigência da medida. A GM vendeu 1, 3 mil unidades no feirão em São Caetano.

    A Volks manterá o investimento anunciado para novos produtos no período 2007-2011. Já o aporte previsto para ampliação de capacidade produtiva pode ser postergado. A área de produtos fica com dois terços dos R$ 3,2 bilhões previstos no plano. Só em 2009 serão apresentadas 16 novidades, duas delas no segmento de comercias leves. “Em tempos de crise, é preciso acelerar lançamentos”, disse Schmall.

    Sobre a venda da divisão de caminhões e ônibus feita pela matriz alemã ao grupo MAN, o executivo afirmou que a unidade brasileira “era o único negócio no mundo e, para crescer, não se pode ficar numa ilha”.

    Protógenes vai à Justiça exigir indenização da PF

    Conversa Afiada - 16/dezembro/2008 19:57

    Deu no site do Estadão:

    Delegado vai processar a instituição por danos morais

    Delegado vai processar a instituição por danos morais

    Protógenes vai entrar com ação de indenização contra a PF
    Ele adiantou, porém, que não tem pressa; delegado comandou a operação que prendeu Daniel Dantas

    Angela Lacerda - de O Estado de S.Paulo

    RECIFE - O delegado Protógenes Queiroz, que comandou a Operação Satiagraha, responsável pela prisão do banqueiro Daniel Dantas, afirmou nesta terça-feira, 16, no Recife, que vai entrar com ação judicial de indenização contra a Polícia Federal, que o afastou da operação e do setor de inteligência. “Não por mim, mas pela minha família”, disse ele, em entrevista coletiva. “A sociedade recebeu com indignação procedimentos contra mim, contra minha família e contra meus colegas”. “Minha intenção é buscar reparação”. Ele adiantou, porém, que não tem pressa. O prazo é de 20 anos.

    Quanto à imprensa - veículos e jornalistas que teriam sido colaboradores do “banqueiro bandido” Daniel Dantas na criação de provas contra ele - o delegado disse que não irá tomar nenhuma atitude. “A imprensa tem que ter liberdade e assumir as responsabilidades futuras”, disse. “A maior indenização que recebo da grande mídia que fabricou mentiras é quando encontro leitores que dizem não lêem mais revista Veja, revista Istoé. A reparação está sendo feita pela sociedade brasileira no nível da imprensa”.

    O delegado, que iria participar, à noite, de um debate sobre “Corrupção x Estado democrático de direito” na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PE), reforçou a defesa de a Polícia Federal vir a se tornar um órgão independente, funcionalmente, administrativamente e financeiramente. “Vou lutar Brasil afora para que isso se torne debate público e a população venha a engrossar fileiras conosco para se fazer da Polícia Federal um órgão independente que vai defender os interesses da sociedade, do País e não de uma minoria”.

    Indagado sobre quem seria o alvo de uma sapatada (a exemplo do jornalista que jogou os sapatos contra o presidente Bush) ele citou a história de um taxista que ficou honrado por transportá-lo, mas disse que ele havia prendido a pessoa errada. O taxista nominou a pessoa - o que ele não fez. Mas deixou claro que a sapatada iria para quem ele deveria ter prendido. “Está no inconsciente coletivo das pessoas”, afirmou o delegado. Depois de ter negado que o alvo seria o presidente Lula, Protógenes Queiroz não reagiu quando o presidente estadual do PSOL, Edílson Silva, partido responsável pela sua ida ao Recife, disse que o alvo da sapatada seria o presidente do STF (ministro Gilmar Mendes). Mendes criticou a “espetacularização” da Operação Satiagraha e concedeu hábeas corpus para Daniel Dantas e outros presos na operação.

    O delegado federal reforçou não ter intenção de entrar na vida política. “Contribuo mais com a sociedade como delegado da Polícia Federal”.

    Serra pavimenta caminho para 2010

    Conversa Afiada - 16/dezembro/2008 19:37

    Charge de Cláudio, publicada no jornal Agora São Paulo

    Fed reduz juros para 0,25%, o menor da história dos EUA

    Conversa Afiada - 16/dezembro/2008 19:19

    A taxa, que era de 1%, caiu nesta quarta-feira para 0,25%, a menor em toda a história americana.

    da Folha Online

    O Federal Reserve (Fed, o BC americano) decidiu nesta terça-feira estabelecer sua taxa de juros para uma margem entre zero e 0,25% ao ano, em sua última reunião regular de 2008, o menor patamar de sua história. A taxa estava em 1%, nível a que chegou na reunião de outubro.

    Na reunião, o Fed ainda decidiu, por unanimidade, cortar a taxa de redesconto em 0,75 ponto percentual, para 0,5% ao ano.

    Entre a reunião anterior, em 29 de outubro, e a de hoje, o Fed se viu diante de dois dados principalmente que evidenciam a fragilidade da economia americana: o mês de novembro registrou a perda de 533 mil empregos e o Nber (Escritório Nacional de Pesquisa Econômica, na sigla em inglês) informou que a economia americana está em recessão desde dezembro de 2007.

    Segundo o Nber — é um dos principais institutos de economia dos EUA e responsável por avaliar quando o país está oficialmente em recessão ou não e quando esta acabou–, a economia americana atingiu um pico em dezembro de 2007, que marcou o fim do ciclo de expansão começado em novembro de 2001 e o início da recessão. As estimativas são de que a economia dos EUA prosseguirá em recessão até meados de 2009.

    Mendes desconversa, tangencia, e faz programa virar “Roda Morta”

    Conversa Afiada - 16/dezembro/2008 18:55

    Entrevistadores ajudaram Presidente Supremo

    Entrevistadores ajudaram Presidente Supremo

    Conversa Afiada já havia antecipado que o Roda Viva da TV Cultura, com o Supremo Presidente Gilmar Mendes, seria uma Roda Morta. O programa, que teve entre seus entrevistadores Eliane Cantanhêde, da Folha, Márcio Chaer, do site Consultor Jurídico, Carlos Marchi, do Estadão, e Reinaldo Azevedo, blogueiro e articulista da Veja, deixou inúmeras perguntas sem resposta.

    Pior: a composição da bancada de entrevistadores favoreceu Mendes, segundo afirma o próprio ombudsman da TV Cultura. “Reinaldo Azevedo e Márcio Chaer, na tentativa de instrumentalizar o programa diante de um tema tão delicado e de um personagem tão controvertido, conspiraram contra a qualidade e o equilíbrio jornalístico desta edição do Roda Viva, o que sugere uma cuidadosa reflexão da direção do programa sobre os critérios de seleção dos entrevistadores”, afirma o ombudsman Ernesto Rodrigues, em crítica postada no site da TV Cultura.

    Para o ombudsman, contudo, o Roda Viva cumpriu seu papel, graças às intervenções da âncora Lílian Witte Fibe e da entrevistadora Eliane Cantanhêde. Ainda assim, o próprio Rodrigues reconhece que Gilmar Mendes não respondeu, ou o fez de forma evasiva, quando confrontado com perguntas mais incisivas.

    Gilmar Mendes deu de ombros diante do questionamento sobre o grampo sem áudio, que supostamente teria sido feito de uma conversa dele com o senador Demóstenes Torres. Não cabia a ele “demonstrar se existe ou não” o tal grampo, questão que, aliás, o Supremo Presidente considera “completamente irrevelante”.

    Questionado sobre o fato de ter se indisposto com delegados, Polícia Federal, Ministério da Justiça, Ministério Público, juízes e associações de juízes, como se todas essas instituições estivesse contra o estado de direito, o Presidente Supremo se saiu da seguinte forma: “Não estou disputando campeonato de popularidade”, disse. E ficou por isso mesmo.

    A cada inconsistência nas respostas de Mendes, o assunto era tirado de pauta pelas intervenções providencial de certos entrevistadores. “Quando o tema esquenta, Márcio Chaer muda totalmente o assunto para o caso do ativismo do Judiciário’’, pontua o Nassif em seu blog.

    Leitor do Conversa Afiada, Emerson Prado trouxe uma indicação interessante de leitura sobre o Roda Vida: o blog Blocaute, que compara o programa à hora do banho de uma criança muito mimada.

    Já o blog do Mello lembra que a única pergunta dos telespectadores que poderia atrapalhar o Supremo Presidente, foi mal formulada e, por conta disso, não obteve resposta. A pergunta começava pela afirmação de que o irmão do ministro, político de Diamantino (MT), tinha mais de 30 processos que nem chegavam à primeira instância. Foi o que bastou para que Mendes desqualificasse a pergunta, ironizando-a – com a ajuda de Márcio Chaer e Reinaldo Azevedo. O presidente do STF tratou dessa forma o questionamento sobre os desmandos da família dele, levantada por reportagem da Carta Capital e jogou a pá de cal no programa, comprovando que ele se transformou numa Roda Morta.

    Satiagraha, "a resistência da verdade" jurídica

    Blog do Luis Nassif - Elaborado em 08.2008.

    Luiz Fernando Cabeda

    juiz aposentado do Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região, com estágio na Escola Nacional da Magistratura da França

    Por que uma longa investigação da Polícia Federal sobre lavagem de dinheiro e crime organizado abalou estruturas judiciárias e do Ministério da Justiça, trazendo a sombra da demasiada proximidade do que é corrompido e do que é corruptor sobre a administração pública? Intriga, atentados ao Direito, bodes expiatórios, sacrifícios rituais e o perigo de, pela prepotência e a retórica da indignação, renovar-se o temor de Albert Camus: haverá sempre o risco do retorno da peste para sitiar nossa cidadela novamente.


    1.OS ELEMENTOS

    Os dias que correm entre os semestres de 2008, quando aconteceram os fatos mais notórios da Operação Satyagraha da Polícia Federal, têm de ficar bem documentados. Não só com os muitos registros na internet, misturando fatos, opiniões técnicas ou nem tanto, e especulações. Os acontecimentos que ultrapassaram os dados formalizados nos processos judiciais, que a referida operação suscitou, são aqueles que importam - no que respeita ao interesse público - restando os demais restritos à perseguição penal. Além do que nos foi apresentado como cidadãos, é preciso fazer os registros interpretativos, que assinalem as posições marcantes, com base no Direito que tem de ser aplicado, por trazer nele próprio seu elemento justificador, sua medida e sua necessidade. Trata-se, em suma, de acessar a verità effetuale percebida por Maquiavel, em sua era inquieta.

    Tempos virão em que será observado o quanto as circunstâncias de agora foram emblemáticas, puseram em teste a força das instituições, a ordem das prioridades e a lucidez das políticas públicas. Como temia o poeta Thiago de Mello em relação à liberdade (que, para ele, tinha de ser simplesmente vivida), a invocação no pântano das bocas da palavra "democracia", ou do compromisso de garanti-la, com o uso de afirmações frementes, serviu muito ou apenas para abjurá-la, diante de um caso concreto, histórico, retumbante, em que a retórica jurídica foi uma veste curta para esconder a desmedida vontade de mandar ou de impor. Quando o Poder Judiciário foi buscado para servir a esse fim, desviou-se da sua legítima investidura para pretender implantar uma "escravatura da toga". Ó gloria de mandar/ ó vã cobiça... prevenira-nos Camões em seu épico.

    Segundo Ortega y Gasset, Galileu Galilei escreveu: aqueles que não acreditam na corrupção deveriam ser transformados em estátuas. Supostamente, o grande físico se referia à transformação dos astros, trajetórias, massas, de tudo o que observava no céu. Mas isso, na época da Inquisição, também era referir-se a outra profunda transformação, a ideológica; mudança literal da visão do mundo. A amplitude da frase até a sua dubiedade (que comoveu Ortega quando escrevia exatamente sobre matéria política, em "Mirabeau ou O Político") se justifica a partir do adjetivo latino corruptibilis, que quer dizer transformado, alterado e corrupto. Diferente da Física - que trata da mudança dos corpos e dos estados - tanto no sentido penal como no dos costumes, corrupto é quem altera, pelo seu comportamento, o respeitável em vil, o honesto em fraude, o que é para o coletivo no que é um bem para si próprio. Há, neste último significado de apropriação indevida, mediante atos simulados, um conluio que sempre configura um certo grau de impostura. Na falsa suposição de que manda, pelo seu dever de ofício ou pelo poder de que está investido, o corrompido na verdade obedece, mediante algum tipo torpe de ganho. Aqueles que coonestam tais atos dão curso à aparência de legalidade, que pretende revestir tudo de uma noção repositória do certo-respeitável-absoluto, ícone da moral vitoriana só desfeito com a sistematização da psicanálise. Diante do estratagema, o bem jurídico protegido pela lei ou pelos códigos de conduta – na sua expressão mais técnica e estrita - foge ao nosso reconhecimento como a estrela cadente no céu. Voltando a Galileu, na dramatização de Bertolt Brecht, seu pedido não era o de que os poderosos da ordem estabelecida acreditassem nele, mas nos seus próprios olhos, mirando pelo telescópio. Então, supunha ele, as "estátuas" não ficariam em pé.


    2.A SINOPSE

    Por cerca de quatro anos procedeu-se a uma investigação policial, com o acompanhamento do Ministério Público e a autorização judicial para buscas, quebra de sigilos e interceptações, necessários para o descobrimento dos atos ilícitos visados. Tratava-se de um conjunto complexo de movimentações financeiras vultosas, com o uso de paraísos fiscais, para controlar companhias públicas que foram privatizadas; de evasão de divisas, lavagem de dinheiro, fraudes ao fisco, enriquecimento ilícito, tráfico de influência e corrupção ativa ou passiva.

    Um banqueiro e sua mulher suspeitos desses crimes ingressaram com habeas corpus perante o Tribunal Regional Federal da 3ª Região, postulando salvo-conduto, pois as investigações autorizadas pela 6ª Vara Federal de São Paulo visavam a seus interesses e pessoas. A pretensão foi denegada. Outro habeas foi interposto com o mesmo sentido no Superior Tribunal de Justiça, tendo a liminar sido negada pelo Ministro Relator. Mais uma ação de mesma natureza deu entrada no Supremo Tribunal Federal, apontando agora como autoridade coatora o Relator no STJ.

    Embora a Súmula 691 da Suprema Corte disponha que: "Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas corpus impetrado contra decisão do relator que, em habeas corpus requerido a Tribunal Superior, indefere a liminar", o Ministro Eros Grau recebeu a distribuição do processo HC 95009, conheceu do pedido, requisitou informações e postergou o exame da liminar pedida para depois de que fossem prestadas. Com isso, o Supremo descumpriu sua própria jurisprudência sumulada, sem expor nenhuma fundamentação, exatamente quando vem editando rapidamente súmulas vinculantes que submetem as instâncias ordinárias às suas interpretações.

    Durante o recesso do STF efetivou-se a prisão temporária de alguns implicados, por cinco dias. O Presidente da Corte, Ministro Gilmar Mendes, concedeu a ordem liberatória, mas não tratou da questão do salvo-conduto. Pouco depois, o banqueiro paciente voltou a ser preso, desta vez preventivamente, tendo em conta o fato específico da tentativa de suborno a Delegado da Polícia Federal. Novo pedido adjutório foi formulado e concedido pela mesma autoridade.

    Tendo em vista o teor das decisões, mais particularmente da última, a Associação dos Juízes Federais – AJUFE, a Associação dos Magistrados do Brasil – AMB, a Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho – ANAMATRA, a Associação Latino-Americana de Juízes do Trabalho – ALJT e a ONG Juízes Para a Democracia emitiram notas públicas de desagravo ao magistrado titular da 6ª Vara de São Paulo, posicionando-se contra qualquer atentado às suas garantias funcionais. O mesmo foi feito em duas listas de juízes nominados, uma no Estado de São Paulo, outra mais abrangente (incluindo procuradores) no Estado de Santa Catarina, totalizando pelo menos trezentos e trinta e um nomes. Também a Associação Nacional do Ministério Público Federal – ANMPF – publicou nota oficial defendendo a atuação e as garantias do Procurador da República e do Juiz Federal que atuam na 6ª Vara de São Paulo. Manifestação crítica sobre os desdobramentos judiciais do caso no STF, com a soltura dos presos, foi divulgada pela Associação dos Delegados da Polícia Federal – ADPF.

    De outro lado, um grupo de advogados de São Paulo e a Associação Nacional dos Defensores Públicos pronunciaram-se em apoio às decisões do Ministro Gilmar Mendes. A AJUFER – Associação dos Juízes Federais do Rio de Janeiro levou ao STF nota pública completamente anódina, defendendo a competência da Suprema Corte e manifestando-se preocupada com as repercussões. O Presidente do STF concedeu várias entrevistas e fez declarações públicas (há notícia de algumas no site do Tribunal) antes e depois de decidir. Já o Juiz Titular da 6ª Vara, Fausto Martin De Sanctis, divulgou informação à imprensa, através da assessoria do TRF da 3ª Região, no sentido de que as deliberações de instâncias superiores foram sempre acatadas por ele e que nunca existiu ordem para qualquer monitoramento no STF.

    Houve, por fim, manifestações incidentais nos meios de comunicação do Presidente da República e várias outras, pateticamente contraditórias, do Ministro da Justiça. Muitos falaram, tendo ou não tendo o que dizer; a confusão se instalou; pessoas leigas – que desejavam apenas estar bem informadas como cidadãos - de repente ficaram sem saber o que estava acontecendo. Em dado momento, parecia que o uso de algemas e a cobertura jornalística dos fatos teriam se convertido nos principais focos, passando a ser mais importantes que os próprios fatos. E logo tudo se encaminhou para o propósito de modificar de afogadilho a lei dos crimes de abuso de autoridade, para nela introduzir novos tipos e penas maiores (isso ainda não aconteceu). O Senado tratou de movimentar um projeto para a disciplina do uso de algemas (PLSen, 185/04, Senador Demóstenes Torres); pouco depois, o Supremo apressou-se na elaboração de uma súmula vinculante a respeito, tendo em conta o julgamento do HC 91952 e a nova redação do artigo 474 do CPP, dada pela Lei 11.689/2008, verbis : "Não se permitirá o uso de algemas no acusado durante o período em que permanecer no plenário do juri, salvo se absolutamente necessário à ordem dos trabalhos, à segurança das testemunhas ou à garantia da integridade física dos presentes". Essa lei foi publicada no DOU em 10.06.2008 e seu artigo 3º determinou a entrada vigor sessenta dias depois. Os atos culminantes da Operação Satyagraha ocorreram em 07.2008.

    Ocorreu ainda o afastamento do Delegado Protógenes Queiróz (que chefiou as diligências investigatórias por quatro anos), fato obscuro que é objeto de sindicância administrativa, e de exame pelo Ministério Público da hipótese de obstrução da Justiça, por parte de seus superiores na Polícia Federal.


    3.O EXAME EXTERIOR DO CASO

    De que trata l’affair ? Certamente é um caso amplo e continuado de corrupção, sob variados tipos penais; mas também da dificuldade do Estado brasileiro em lidar com esse problema, que gera tanta desmoralização social. Seu exame remete à pergunta: há respostas estatais possíveis para conter esse mal, ou ele é de tal modo crônico e ramificado que, ao contrário do esperado, são as pessoas que lhe dão combate as vítimas de alguma degradação ?

    Não foi levantada nenhuma dúvida a respeito da existência de muitos indícios de crimes e de motivos bastantes para a investigação policial. Logo, considerados os elementos existentes para caracterizar a causa legal, o inquérito policial está justificado. Há fatos e conexões suspeitas. A iniciativa da Polícia Federal não padece de nenhum questionamento de nulidade absoluta, que seja conhecido. O controle da legalidade foi feito pari passu pelo Ministério Público. Os atos de busca e interceptação que dependiam de autorização judicial realizaram-se na forma devida. Há uma suposição segura e geral de que a ampla investigação nunca teve essência de abuso.

    Um casal suspeito, levado ao temor da prisão, procurou repetidamente a Justiça.

    O habeas corpus visando a um salvo-conduto era o meio processual próprio. O trânsito sucessivo das impetrações no TRF-3ªR e no STJ foi normal. Já na instância extraordinária, o Ministro Eros Grau descumpriu a Súmula 691 de sua própria Corte, sem fundamentar porque o fazia, conheceu do pedido, requisitou informações e reservou-se para decidir sobre a liminar após recebê-las.


    4.AS DECLARAÇÕES PÚBLICAS

    As primeiras declarações públicas, inclusive do Ministro Gilmar Mendes, surgiram quando da efetivação das prisões temporárias. Elas tiveram como alvo de crítica, principalmente (1) o uso abusivo das algemas, tido como distoante do entendimento adotado pelo STF; (2) o caráter "de espetáculo" na cobertura daqueles eventos; (3) o vazamento de informações, de modo a permitir a cobertura instantânea de parte da imprensa e (4) o quadro de "total descontrole de ações constritivas da liberdade" colocando as medidas da tutela judicial (interceptações, apreensão) em choque com as garantias democráticas.

    Outras declarações foram feitas quando da segunda ordem de prisão, desta vez preventiva, com base no fato da tentativa de suborno de Delegado da Polícia Federal. Dessa vez foram mencionadas (1) a desobediência por via oblíqua da ordem liberatória do STF; (2) o monitoramento ilegal de autoridades daquela Corte; (3) a existência de juiz, ou juízes, na assessoria do Ministro Gilmar Mendes, com quem trataram – em abordagem normal - advogados dos pacientes.

    Deveres dos juízes - A Lei Complementar nº. 35/79 (Lei Orgânica da Magistratura Nacional) foi recebida pela Constituição Federal, está em vigor com todos os dispositivos não conflitantes, e assim permanecerá até que seja editado o Estatuto da Magistratura, cujo projeto ainda está em elaboração no STF.

    No art. 36, a LOMAN dispõe: "É vedado ao magistrado (...) III – manifestar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre processo pendente de julgamento, seu ou de outrem, ou juízo depreciativo sobre despachos, votos ou sentenças de órgãos judiciais, ressalvada a crítica nos autos e em obras técnicas ou no exercício do magistério." O Presidente do Supremo violou frontalmente essa regra. Criticou pelos meios de comunicação a atuação do juiz de primeiro grau e da Polícia Federal, quando esta cumpria mandado ou diligência autorizados judicialmente. Nisso incorreu em injustificável ilegalidade. Ilegalidade essa que afeta a garantia ao direito fundamental do due process of law. E isso leva ao justo temor de crítica pelo jurisdicionado pois, embora seja isso o que os seus olhos vêem, parece que o Direito só emana d’Ele, e ele, erigido em Ele, é quem diz o Direito, por considerar-se a sua fonte.

    Caso tivesse ocorrido o contrário (o Juiz De Sanctis criticar publicamente as intervenções do Ministro Gilmar Mendes), estaria já em curso o processo administrativo com finalidade punitiva daquele.

    Algemas - Não se pode dizer que o STF tivesse firmado posição definitiva a respeito do uso legal das algemas, guardado o permissivo do CPP (art. 474, parágrafo 3º, tanto na antiga como na nova redação), que trata unicamente dos julgamentos no Tribunal do Juri.

    Conforme se viu na retrospectiva acima, foi a Operação Satyagraha que despertou polêmica a respeito, dando causa a um surto de promessas e iniciativas sobre o uso adequado de algemas. As prisões realizadas ocorreram antes de entrar em vigor a Lei 11.689/2008 e não se destinavam à apresentação de preso a Tribunal de Juri.

    Até então, o julgamento mais completo da Suprema Corte, com a sua exata indexação, fora aquele que se encontra no site do STF, Processo HC/89.429-1, julgado em 22.08.2006. Porém, trata-se de um pronunciamento da Primeira Turma, não do Pleno. Por ser um acórdão bastante completo, era bem previsível que viesse a ser adotado como a interpretação constante do Supremo ao longo do tempo, com a cautela e o cuidado que costumam ser característicos dos tribunais.

    Quando daquele julgamento, relativamente recente em termos de jurisprudência, o Ministro Sepúlveda Pertence declarou, ao dar seu voto de acompanhamento, que – pela primeira vez – o Supremo enfrentava a questão do uso das algemas de modo sistemático e completo.

    A ementa da Ministra Cármen Lucia assim dispôs: "O uso legítimo de algemas não é arbitrário, sendo de natureza excepcional, a ser adotado nos casos e com as finalidades de impedir, prevenir ou dificultar a fuga ou reação indevida do preso, desde que haja fundada suspeita ou justificado receio de que tanto venha a ocorrer, e para evitar agressão do preso contra os próprios policiais, contra terceiros ou contra si mesmo."

    Do ponto de vista da técnica jurídica, não se poderia pressupor, quando das prisões ocorridas na Operação Satyagraha, a tipificação de arbitrariedade no uso universal praticado erga omnes da pulseira de contenção. Tal tipificação não existia. E ainda não existe. A Súmula vinculante que veio a ser agora editada, "Só é lícito o uso de algemas em caso de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado", é uma orientação jurisprudencial impositiva, mas para o futuro. Seu texto (por ser posterior às prisões do caso Satyagraha) será examinado em outro artigo. Por ora, não será ocioso lembrar que jurisprudência não é fonte de tipificação penal, matéria reservada à lei. Hoje, o que se tem por assentado em Direito Constitucional, é que o Supremo, como intérprete maior da Carta, reconhece e declara a inconstitucionalidade e a prevalência da declaração de direitos quanto a leis e atos normativos. Não quanto a atitudes e atos infracionais. Estes estão submetido às regras do ordenamento jurídico. Têm de ser determinados à luz do devido processo legal.

    O caso do banqueiro preso (e o de um ex-prefeito de São Paulo) suscitou uma repentina, obsessiva e ressentida ira, tudo a impor urgência urgentíssima, como se o fato de algemar tivesse absorvido todo o interesse processual do caso. Convém lembrar que existia um HC no STF com pleito de salvo-conduto. Nele poderia ter sido também pedido, alternativamente, no caso de não ser concedido, que não se usassem as algemas se sobreviesse o aprisionamento. Mas não foi.

    Exposição indevida - Com o uso dos meios eletrônicos, inexiste "exposição indevida" de pessoas públicas, dessas que divulgam fatos de seus negócios, de sua vida pessoal, das qualidades de que se julgam portadores, concedem entrevistas narcíseas, etc. O vaticínio de Marshall McLuhan se realizou: os media são a mensagem; o mundo é a global village. Se o fato aconteceu, se há uma situação de existência real de um acontecimento da vida em sociedade, ele pode ser divulgado. Dispositivos legais que resguardam a privacidade, o uso restrito da imagem, as situações internas vividas em família, não se aplicam ao caso aqui examinado. De outro lado, o resguardo da fonte constitui garantia ao exercício do jornalismo. O próprio Ministro Gilmar Mendes saudou o fato do pedido de prisão temporária de uma jornalista (flagrada em conversas telefônicas suspeitas com pessoas investigadas) ter sido negado pelo juízo de origem.

    A mesma jornalista anunciou no jornal em que trabalha a iminência das prisões. Quem apostou na veracidade da notícia, obteve a cobertura no acompanhamento delas.

    É isso o que se tem; nada mais que isso.

    Monitoramento - O pretenso monitoramento de ministros do STF não guardava, na época dos julgamentos, indícios consistentes de alguma tentativa de influir neles. Foram feitas as chamadas varreduras, sem resultado concludente. Existe um serviço especializado no Supremo para cuidar disso. Depois, vieram a ser divulgados pela imprensa indicativos de escuta telefônica. Até o momento, não se conhece dado conclusivo que tenha influenciado no teor das decisões tomadas.

    Por que, no curso de julgamentos (quando muito pouco se sabia a respeito), levantar uma questão dessa ordem, como se o juiz de primeiro grau devesse ser censurado publicamente e sitiado até o grau da paralisia, pelo que fez e pelo que não fez? Não seria essa sim a verdadeira "exposição pública" dolosa ?

    Competência disciplinar - O Supremo Tribunal Federal não exerce atividade censória, a não ser quanto aos seus próprios integrantes. Mesmo que ocorra o strepitus fori não se encontra na sua legítima e alta competência constitucional censurar publicamente a conduta processual de magistrado dos outros graus de jurisdição. O processo punitivo é da competência estrita dos tribunais aos quais o juiz se vincula.

    Juiz assessor ? – Em declarações incidentais, houve referência a cargo de juiz assessor do Presidente do STF e do CNJ. Se algum juiz em atividade faz isso, está incurso em grave ilegalidade. O magistrado não pode ser afastado do exercício de sua jurisdição, a não ser nos estritos casos previstos na LOMAN, mas nunca para prestar assessoramento. As "coortes" de áulicos desapareceram com o nome barroco. Demais disso, se o juiz-assessor recebe pelo exercício dessa função que não é dele, comete enriquecimento ilícito por acumulação vedada na Carta, a qual permite apenas acumular o cargo judicial com uma função de magistério.

    Se o juiz é convocado da inatividade, ainda assim a ilegalidade se faz presente, pois o entendimento (este sim reiterado) do STF é o de que não pode haver na inatividade acumulação que seja vedada na atividade.

    O resumo de todos esses tópicos indica, necessariamente, que as censuras públicas do Ministro Gilmar Mendes emitidas no caso, apontando o valor ou o desvalor de medidas jurisdicionais tomadas, foram indevidas. Serviriam melhor à justiça se tivessem sustentado teses nos autos, retirando-as "do pântano das bocas" que Thiago de Mello não suportava.


    5.A PRIMEIRA DECISÃO

    A decisão liberatória de 9/07/2008, adotada no HC 95.009, teve como base de fato a alteração do estado dos pacientes, de pretendentes a um salvo-conduto, pois eles foram presos. Invocando a base de direito na "inexistência de requisitos", como queriam os impetrantes; pela ausência de necessidade da prisão para a coleta de mais provas e por inexistir a justa causa, principalmente frente aos direitos e garantias individuais, o Ministro concedeu a soltura. Nos fundamentos, há uma breve notícia sobre a carência na individuação das imputações, não repetida na conclusão.

    O dispositivo se baseia unicamente na "falta de fundamentos suficientes" e na "ausência de necessidade" para manter a prisão, tendo em conta o efetivo cumprimento dos principais mandados de busca.

    A sentença de primeiro grau era minuciosa, estendendo-se por 175 páginas. Retiradas as longas transcrições e citações, a decisão do Presidente do STF foi curta. Lamentavelmente não apontou, embora os tenha contado, sequer um dos 88 incisos e 4 parágrafos, instituidores dos direitos individuais, que tenha sido violado em primeiro grau. Igualmente, nenhuma nulidade foi cogitada.

    Contudo, a decisão tomada no HC o foi pela autoridade competente e é uma peça de autoria, revela um tipo de entendimento que caberá somente ao coletivo do STF confirmar ou modificar. Não se deve fazer crítica apreciativa de mérito fora dos autos, salvo para a história, que só se constrói no curso do tempo, fora do objetivo visado neste texto.

    É muito relevante observar, ao fim, que a liberação dos presos não foi seguida pela concessão de um salvo-conduto, quanto ao prosseguimento das investigações. E a pretensão a este último constituía o pedido originário. Logo, a possibilidade de ser decretada nova prisão, por fatos e fundamentos diversos, nunca teve nenhum impeditivo prévio, fixado judicialmente.


    6.A SEGUNDA DECISÃO

    Nova ordem de soltura foi concedida em 11.07.2008, depois de decretada a prisão, desta vez preventiva, pela tentativa de suborno de Delegado Federal.

    A decisão do Presidente do STF qualifica como "argumentos especulativos" os motivos adotados para o encarceramento. Entendendo que o magistrado de primeiro grau apenas supõe a possibilidade de interferência do banqueiro na coleta de novas provas, qualificou essa motivação como "rematado absurdo".

    Embora a cena da tentativa de corrupção haja sido filmada, um dos presos tenha indicado em depoimento a intermediação em favor do banqueiro, sobrevindo a apreensão de dinheiro em valor compatível com a propina prometida, o decisum diz que "a própria materialidade do delito se encontra calcada em fatos obscuros, até agora carentes de necessária elucidação".

    A apreensão de documento na casa do paciente (contendo um rol de pagamentos) foi considerada imprestável como prova de autoria, por ser ele apócrifo e conter "lançamentos vagos relativos ao ano de 2004".

    Adiante, a "duvidosa idoneidade e vago significado" da prova documental foi repisado.

    A partir daí, a decisão atribui ao juiz de primeiro grau o uso de "nítida via oblíqua de desrespeitar a decisão deste Supremo Tribunal Federal". Invoca o precedente do HC 94.016, relatado pelo Ministro Celso de Mello, para apontar "reiterações de decisões constritivas" daquele magistrado. Afirma que "não é a primeira vez que o Juiz Federal Titular da 6ª Vara Criminal da Subseção Judiciária de São Paulo, Dr. Fausto Martin de Sanctis, insurge-se contra decisão emanada desta Corte". Determina o envio de cópias para o TRF da 3º Região, a Corregedoria-Geral da Justiça Federal, o Conselho da Justiça Federal e para a Corregedoria Nacional de Justiça.

    Diante do verdadeiro levante de juízes e de associações, relatado no início deste texto, o Ministro Gilmar Mendes recuou. Encaminhando ofício ao Presidente da AJUFE, afirmou que: "o envio de peças a órgãos jurisdicionais administrativos (sic) objetivou unicamente complementar estudos destinados à regulamentação de medidas constritivas de liberdade, ora em andamento tanto no Conselho Nacional de Justiça quanto no Conselho da Justiça Federal".

    Intervenção autoritária na atividade jurisdicional - As críticas pessoais feitas pelo Presidente do Supremo ao Juiz da 6º Vara Federal de São Paulo não se compadecem com a atividade jurisdicional.

    Se tivesse havido descumprimento de decisão do STF, o procedimento previsto no Regimento Interno daquela Corte seria o dos artigos 46 e 47, por desobediência. Nem o Ministro Celso de Mello, nem o próprio Ministro Gilmar Mendes procederam como ali está previsto. O primeiro desses julgadores, ao invés de censurar o Juiz De Sanctis, apenas explicitou a extensão da ordem de HC que havia deferido (de suspensão cautelar de uma ação penal). Dessa forma, não há precedente algum. Não existe nenhuma desobediência documentada.

    A desqualificação de um julgador, tentada em peça processual, é ela própria auto-desqualificante; atenta, ela sim, contra o exercício jurisdicional pleno estabelecido na divisão dos Poderes.

    Apreciação sumária da prova dando-lhe inidoneidade definitiva - A apreensão de um documento apócrifo não retira a validade como indício. O lugar onde foi encontrado importa. O tempo da datação pode indicar uma linha de continuidade até o presente. A regularidade do auto de apreensão preenche o requisito formal. A prova pericial posterior poderá acrescer a autenticidade e a grafoscopia, a autoria.

    O depoimento circunstanciado de preso, filmado na prática de ato ilícito, não pode ser descartado definitivamente em um exame liminar. Tanto mais se o teor não foi impugnado com base em algum vício de manifestação da vontade. Não pode ser descartado definitivamente como res derelicta em um processo.

    A suspeita de que o investigado venha a tentar a corrupção ativa, para interferir nas investigações, quando já existe um episódio documentado mostrando isso, não é nenhum "rematado absurdo". Esse abuso no uso da linguagem não convém à metodologia do processo penal; ele próprio é um deslize.

    A retaliação pessoal – O encaminhamento de cópias da decisão do Presidente do STF para duas corregedorias está em desacordo mesmo com a explicação dada pelo Ministro Gilmar Mendes ao Presidente da AJUFE. Se o propósito fosse o de colaborar com estudos no Conselho Nacional de Justiça, por que o envio não foi feito para esse órgão. Por que escolher duas Corregedorias como destinatárias ?

    O intento de intimidar o juiz de primeiro grau está claro. Essa vontade determinada superou mesmo o princípio da legalidade.

    A atividade correicional se destina unicamente a retificar vícios cometidos in procedendo, nunca in judicando. Caso contrário, invadiria a competência recursal dos tribunais. Também só estes detêm poder censório, que exige processo especial e se inicia por representação fundamentada.

    Supressão de instância – O banqueiro preso não foi beneficiado com salvo-conduto. Portanto, poderia ser preso novamente, por outro motivo específico não coincidente com o da primeira prisão, ainda que revelado no mesmo procedimento investigatório já deflagrado.

    Foi isso o que ocorreu.

    Logo, a instância recursal era o TRF da 3ª R. Da decisão dessa Corte, caberia ser formulado pleito perante o STJ. Só então, contra o último órgão, a competência decisória passaria ao STF.

    O mediano conhecedor de Direito Processual sabe disso; sabe também que houve supressão de instância na segunda decisão do Presidente do STF.

    Como disse bem o Procurador da República que atua na 6ª Vara Federal de São Paulo, Rodrigo de Grandi, ao suprimir-se o rito nas instâncias intermediárias, criou-se um foro especial para o banqueiro no STF.

    O Brasil ficou mais desigual, pois a desigualdade da sociedade foi introjetada na estrutura do Judiciário. Com soberbo despudor, a igualdade perante a lei foi assassinada.


    7. A CORRUPÇÃO SEMPRE OBCECA

    É digno de uma nota final o fato de que nenhuma das decisões do Ministro Gilmar Mendes tratou da "exposição pública" dos presos, do "caráter espetacular" pelo envolvimento da imprensa, da suspeita de interceptações e do uso abusivo das algemas. Tudo isso foi mencionado a latere do exame do caso, como um pano de fundo sem finalidade visível.

    Portanto, fica a pergunta: por que fazer repetidas declarações a respeito daqueles temas, como que com um propósito de desestabilizar as carreiras do juiz da causa e do delegado chefe das investigações, se isso nunca fez parte da res in judicio deducta ?

    O esteio deste texto é marcar um episódio de larga repercussão, muitas implicações já sabidas, outras por saber ou não, conforme ele se desenvolva.

    Esta marcação deveria ser feita por todos os que pudessem, em honra a muitos que devem ser repetidamente honrados. Para lembrar um só deles, basta invocar o nome do Ministro Ribeiro da Costa, que presidiu o Supremo ao tempo da escalada do estado de exceção. Foi eleito pelos iguais, independente da medida do mandato, até que se esgotasse o tempo da sua jurisdição. Ele manteve a lúcida defesa do direito efetivo de que todos nós precisamos para viver, sem pompas, sem algaravias, mas irrecusável na sua legítima grandeza, que tanto obceca poderosos fugazes, cuja herança é só a das suas mazelas.

    O mestre Paulo Rónai lembra-nos a Sátira de Juvenal: concedes licença aos corvos e envergonhas, com as tuas censuras, as pombas.

    Do episódio aqui já longamente exposto, foi tudo o que ficou.