"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

sexta-feira, setembro 06, 2013

Femen: Por detrás destas mulheres, está afinal um homem

Cultura P - 05/09/2013 - 15:51

O movimento feminista, conhecido pelos protestos de rua de mulheres em topless, tem como mentor Victor Svyatski, revela um documentário apresentado nesta quarta-feira em Veneza.

Activistas do Femen estiveram em Veneza na apresentação de um documentário em que representam o seu próprio papel

O Festival de Cinema de Veneza recebeu esta semana, com honras de estrelas, as activistas do Femen para a apresentação de um documentário em que representam o seu próprio papel. Em Ukraine is not a Brothelconfessam a dependência de um homem que domina o movimento feminista fundado na Ucrânia em 2008 por uma mulher.

Ukraine is not a Brothel (A Ucrânia não é um bordel) começou por ser filmado como um retrato do dia-a-dia de um pequeno grupo de mulheres, fundadoras ou activistas do grupo feminista Femen, na Ucrânia, num apartamento em Kiev e nas ruas ou cidades onde protestavam em topless. O movimento, lembra o jornal inglês The Independent, causou vários embaraços ao Presidente russo Vladimir Putin, ao apresentar o seu regime como uma ditadura, e isso ainda antes das Pussy Riot.

Desde 2008, quando o Femen foi fundado, muitas foram as activistas detidas, raptadas, agredidas e perseguidas pelos serviços de segurança da Rússia e da Ucrânia, a mando dos respectivos Presidentes, lê-se na página do movimento. Desde então, o movimento – a sua missão e o seu clássico lema "O meu corpo é a minha arma" – estendeu-se a outros países.

Agora, o documentário Ukraine is not a Brothel, realizado pela australiana de 28 anos Kitty Green e apresentado nesta quarta-feira no Festival de Cinema de Veneza (fora da competição), levanta um pouco mais o véu sobre a origem e motivação do grupo através do papel que realmente teve e tem o homem por detrás dele: Victor Svyatski.

Nele, Inna e Sasha Schevchenko, Anna Hutsol e Oksana Scachko representam o seu próprio papel: de mulheres que protestam semi-nuas pelos direitos das mulheres. E confessam a sua dependência por este homem que Kitty Green, realizadora, diz ser muito mais mais do que um consultor do grupo. Victor Svyatski é apresentado como muito inteligente, mas também terrível, que maltrata e insulta as mulheres que, por serem bonitas – e assim mais facilmente chamarem a atenção dos media – escolheu e convenceu a serem os rostos do famoso Femen.

Pois é, por trás do grupo feminista mais famoso, um homem, que ainda por cima as maltrata. Muito interessante.

quinta-feira, setembro 05, 2013

Tulipa Ruiz

A umas duas semanas atrás, zapeando pelos canais, peguei apenas a parte final dessa música que foi paixão a primeira vista. 
Não costumo postar nada relacionado à música, mas, Like This de Tulipa Ruiz me fez pensar na última vez em que um vocal feminino havia me provocado tamanha sensação. Em 1989, Marisa Monte fez o mesmo comigo quando ouvia Negro Gato, de lá para cá, se passaram alguns anos até Tulipa Ruiz me maravilhar com sua voz.



quarta-feira, setembro 04, 2013

Ataque unilateral à Síria: Obama decidiu ser mais seguro comprar o Congresso do que avançar só

resistir info - 04 set 2013

por Paul Craig Roberts
Míssil Tomahawk. Enquanto continua a reclamar poderes ditatoriais para iniciar uma guerra por conta própria, Obama adiou seu ataque unilateral à Síria ao receber uma carta de mais de 160 membros da Câmara dos Deputados recordando-o que levar o país à guerra sem aprovação do Congresso é ofensa punível com o impedimento (impeachment). Além disso, teve de adiar quando viu que nenhum país poderia servir como cobertura para um crime de guerra, pois nem mesmo o governo fantoche britânico e os estados fantoches da NATO apoiariam a anunciada agressão militar da América contra a Síria.
No ataque à Líbia Obama conseguiu escapar sem um OK do Congresso porque utilizou fantoches da NATO e não forças militares dos EUA. Aquele estratagema permitiu a Obama afirmar que os EUA não estavam directamente envolvidos.
Agora que a falta de cobertura e o desafio do Congresso levou o aspirante a tirano Obama a adiar seu ataque à Síria, o que se pode esperar?
Se Obama fosse inteligente – e evidentemente alguém que indica Susan Rice como sua conselheira de segurança nacional não é inteligente – ele simplesmente deixaria o ataque à Síria desvanecer-se e morrer até o Congresso retornar do recesso em 9 de Setembro para enfrentar os problemas insolúveis do défice orçamental e do tecto da dívida.
Uma administração competente perceberia que um governo incapaz de pagar as suas contas sem a intensa utilização das máquinas de impressão está com demasiada perturbação para se preocupar com o que está a acontecer na Síria. Nenhuma administração competente arriscaria um ataque militar que pudesse resultar numa conflagração do Médio Oriente e uma ascensão nos preços do petróleo, piorando portanto a situação económica enfrentada por Washington.
Mas Obama e a sua colecção de incapazes demonstraram não terem competência. O regime também é corrupto e todo o edifício repousa sobre nada, excepto mentiras.
Agora que a Casa Branca percebeu que Obama não pode cometer um crime de guerra sem cobertura, eis o que provavelmente podemos esperar. A argumentação mudará da utilização ou não de armas químicas por Assad e tornar-se-á que o Congresso não deve minar o prestígio e a credibilidade dos EUA deixando de apoiar o presidente Obama, o homem frontal para guerras de agressão americanas.
A Casa Branca subornará, seduzirá e intimidará o Congresso. O argumento do regime será que o prestígio e a credibilidade da América estão em causa, portanto o Congresso deve apoiar o presidente. O presidente e o secretário de Estado fizeram declarações inequívocas acerca da culpabilidade de Assad e da sua determinação em puni-lo. Dada a insanidade de Washington, o modo como Washington pune Assad por (alegadamente) matar sírios com armas químicas é matar sírios com mísseis de cruzeiro.
Se isto não faz sentido para si, é porque não pertence ao governo de Obama ou aos media americanos e você nunca poderia ser um neoconservador.
A Casa Branca argumentará que Obama se comprometeu junto ao Congresso ao deixá-lo votar sobre a decisão e que parte do compromisso do Congresso é dar-lhe apoio. Encontramo-nos a meio caminho, dirá a Casa Branca.
O Lobby de Israel, Susan Rice, o neocons e belicosos como os senadores John McCain e Lindsey Graham argumentarão que a falta de apoio para o ataque de Obama prejudica a credibilidade da América, ajuda os "terroristas" e "deixa a América indefesa". Já é bastante mau, argumentarão, que Obama tenha mostrado indecisão com a espera da aprovação do Congresso e irresolução ao substituir por um ataque limitado o plano original de mudança de regime.
Confrontados com ameaças de um corte nas generosas doações de campanha do Lobby de Israel e do complexo militar/segurança, a Câmara e o Senado podem ser postos na ordem para "apoiar o país" quando ele comete mais um crime de guerra. A combinação de subornos, intimidação e apelos patrióticos para apoiar o prestígio da América pode inclinar o Congresso. Ninguém realmente sabe se os 160 e tantos membros da Câmara são sinceros acerca da advertência a Obama, ou se eles simplesmente queriam alguma coisa. Talvez quisessem apenas que Obama gaguejasse a pedir a sua aprovação.
Se o Congresso dá o seu apoio a mais este crime de guerra americano, o primeiro-ministro britânico David Cameron pode voltar ao Parlamento e dizer-lhe que Obama "agora pôs o Congresso na ordem, portanto providenciem cobertura e se o Parlamento não for em frente será privado do dinheiro".
Poucos políticos britânicos, além de George Galloway, ficam confortáveis ao serem privados do dinheiro.
Se Cameron arrebanha o Parlamento, os outros países NATO podem decidir embarcar no comboio da alegria (bandwagon) dos pagamentos. A regra predominante da civilização ocidental é que mais dinheiro é melhor do que nenhum dinheiro.
Washington e seus fantoches europeus da NATO criticarão a Rússia e a China por utilizarem seus vetos no Conselho de Segurança para impedir a ONU de levar justiça, liberdade e democracia à Síria. Estes falsos argumentos serão utilizados pela prostituída imprensa ocidental para minimizar a importância da oposição do Conselho de Segurança ao ataque de Washington à Síria. Por que deveria Washington ser dissuadida pelos membros do Conselho de Segurança que apoiam a utilização de armas químicas por Assad?, perguntarão os media prostituídos dos EUA. Os prostitutos que compõem os media estado-unidenses farão tudo o que podem para assegurar que Washington mate ainda mais sírios. Matar é a característica inconfundível da América.
Como prova a história da humanidade, as pessoas farão qualquer coisa por dinheiro. Excepções notáveis são Edward Snowden, Bradley Manning e Julian Assange. Se qualquer destes homens que dizem a verdade tivesse ido a Washington e dissesse "compre-me", em troca do seu silêncio Washington lhes teria proporcionado grandes fortunas com as quais poderiam viver uma vida confortável.
Considerando quão corrupto é o governo dos EUA e como Washington está determinada no seu caminho, os inspectores de armas químicas da ONU estão em risco. É improvável que venham a ter um acidente como SEAL Team Six [1] . Mas a menos que sejam sequestrados como um júri, eles são alvos para corrupção. Se o relatório da ONU não apoiar a posição da Casa Branca, o secretário-geral será pressionado a tornar o relatório inconclusivo. Afinal de contas, Washington preenche os cheques que mantêm a ONU no negócio.
Ninguém deverá esperar que o Congresso dos EUA vote com base nas provas. Além disso, o Congresso até agora não mostrou qualquer entendimento de que tenha ou não Assad utilizado armas químicas, é um crime de guerra os EUA cometerem uma agressão aberta contra a Síria, um país que não atacou os EUA. Não é assunto de Washington como o governo sírio deita abaixo os esforços dos extremistas da al-Nusra para derrubá-lo.
O argumento de Obama de que está certo matar pessoas com fósforo branco e urânio empobrecido, como fazem os EUA e Israel, mas não com gás sarin, não tem lógica. www.washingtonsblog.com/...
A própria Washington tem planos de contingência para utilizar armas nucleares destruidoras de bunkers contra instalações subterrâneas de energia nuclear do Irão. Se Washington acredita que não são permissíveis armas de destruição em massa, por que tem tantas delas e planos de contingência para utilizá-las? Será que Washington lamenta ter lançado duas bombas nucleares sobre civis em cidades japonesas no próprio momento em que o governo japonês fazia tudo ao seu alcance para a rendição?
Mesmo depois de terminada a Guerra-fria, a guerra quente permaneceu a base da política externa dos EUA. George H.W. Bush atacou o Iraque depois de a embaixadora de Bush ter dado sinal verde a Saddam Hussein para atacar o Kuwait. Clinton atacou a Sérvia com falsos pretextos e sem qualquer autoridade constitucional ou legal. George W. Bush atacou o Afeganistão e o Iraque na base de mentiras. Obama renovou o ataque ao Afeganistão e atacou também o Iémen, o Paquistão e a Somália – e agora pretende impedir a derrota dos seus mercenários mediante o ataque à Síria.
Washington está a construir uma cadeia de bases militares em torno tanto da Rússia como da China. Estas bases são extremamente provocadoras e prenunciam guerra nuclear.
Os EUA, um país com um vasto arsenal de armas nucleares, cujos líderes políticos são tanto como corrupto como insanos, constituem um grande perigo para a vida sobre a terra. Que Washington é o perigo número um para o mundo é agora universalmente reconhecido, excepto pelos americanos que exibem manifestações exteriores de ultra-patriotismo. São estes crédulos tolos que possibilitam a morte da humanidade através da guerra.
Até a economia dos EUA entrar em colapso, Washington ainda imprime dinheiro e pode comprar aquiescência para os seus crimes. Washington pode confiar nos media prostituídos para que contem as suas mentiras como seu fossem factos. O mundo não estará seguro enquanto o castelo de cartas americano não entrar em colapso.
Sinto pena por aqueles americanos desinformados que pensam viver no melhor país do mundo. Demasiadamente poucos americanos se importam em que o seu governo tenha destruído vidas incontáveis desde a América Central e o Vietname até o Médio Oriente e a África. Os militares dos EUA rotineiramente assassinam civis no Afeganistão, Paquistão, Iémen, Somália e são responsáveis por até 1.000.000 de mortos e 4.000.000 deslocados iraquianos. A definição americana do "melhor país do mundo" é o país que pode assassinar o máximo de pessoas inocentes, pessoas que nunca atacaram a América, pessoas que outrora encaravam a América como a esperança do mundo e agora vêem-na como uma ameaça mortal.
Demasiados americanos não fazem ideia de que um quinto dos seus concidadãos estão dependentes do apoio governamental ou, se souberem, culpam os infelizes por serem sanguessugas do dinheiro dos contribuintes. Nos EUA os salários e as oportunidades de emprego estão a declinar. Não há restrições ao saqueio de cidadãos por instituições financeiras. Não há constrangimentos para a ilegalidade e brutalidade da polícia e nenhum limite para as mentiras que mantêm a população americana presa na Matrix inconsciente da realidade.
Como um tal povo poderá manter a liberdade ou restringir um governo comprometido com a guerra puxa pela imaginação.
Aqueles republicanos que se preocupam acerca do fardo da dívida dos nossos filhos e netos estão preocupados com um futuro que pode nunca acontecer. A arrogância de Washington está a empurrar o mundo rumo para a guerra nuclear.
"O melhor país do mundo" é a força do mal que está a destruir as vidas e as perspectivas de muitos povos diferentes e ainda pode destruir toda a vida sobre a terra.

02/Setembro/2013
[1] SEAL Team Six: Unidade secreta dos EUA destinada a acções terroristas, en.wikipedia.org/wiki/SEAL_Team_Six

Ver também: (legendas em castelhano)


O original encontra-se em www.globalresearch.ca/...

Síria: As armas químicas foram fornecidas pelos sauditas

resistir info - 02 set 2013

– "Rebeldes" e residentes locais em Ghouta acusam o príncipe saudita Bandar bin Sultan de fornecer armas químicas a um grupo ligado à al-Qaida

por Dale Gavlak e Yahya Ababneh [*]
 
Ghouta, Síria – Quando a maquinaria para uma intervenção militar dos EUA na Síria ganha ritmo após o ataque de armas químicas da semana passada, os EUA e seus aliados podem estar a visar o culpado errado.
Entrevistas com pessoas em Damasco e Ghouta, um subúrbio da capital síria, onde a agência humanitária Médicos Sem Fronteiras disseram que pelo menos 355 pessoas morreram na semana passada devido ao que acreditaram ser um agente neurotóxico, parecem indicar isso.
Os EUA, Grã-Bretanha e França bem como a Liga Árabe acusaram o regime sírio do presidente Bashar al-Assad de executar o ataque com armas químicas, o qual atingiu principalmente civis. Navios de guerra dos EUA estão estacionados no Mediterrâneo para lançar ataques militares contra a Síria como punição por executar um ataque maciço com armas químicas. Os EUA e outros não estão interessados em examinar qualquer prova em contrário, com o secretário de Estado John Kerry a dizer que a culpa de Assad era "um julgamento ... já claro para o mundo".
Príncipe Bandar. Contudo, das numerosas entrevistas com médicos, residentes em Ghouta, combatentes rebeldes e suas famílias, emerge um quadro diferente. Muitos acreditam que certos rebeldes receberam armas químicas através do chefe da inteligência saudita, príncipe Bandar bin Sultan, e foram responsáveis pela execução do ataque com gás.
"Meu filho procurou-se há duas semanas perguntando o que eu pensava que eram as armas que lhe fora pedido para carregar", disse Abu Abdel-Moneim, o pai de um combatente rebelde que vive em Ghouta.
Abdel-Moneim disse que o seu filho e 12 outros rebeldes foram mortos dentro de um túnel utilizado para armazenar armas fornecidas por um militante saudita, conhecido como Abu Ayesha, que estava a liderar um batalhão de combate. O pai descreveu as armas como tendo uma "estrutura como um tubo" ao passo que outras eram como uma "enorme garrafa de gás".
Os habitantes de Ghouta disseram que os rebeldes estavam a usar mesquitas e casas privadas para dormir enquanto armazenavam suas armas em túneis.
Abdel-Moneim disse que o seu filho e outros morreram durante o ataque de armas químicas. Naquele mesmo dia, o grupo militante Jabhat al-Nusra, o qual está ligado à al-Qaida, anunciou que atacaria da mesma forma civis no território [apoiante] do regime de Assad de Latáquia, na costa ocidental da Síria, em retaliação.
"Eles não nos disseram o que eram estas armas ou como utilizá-las", queixou-se uma combatente mulher chamada "K". "Nos não sabíamos que eram armas químicas. Nunca imaginámos que fossem armas químicas".
"Quando o príncipe saudita Bandar dá tais armas a pessoas, ele deve dá-las àqueles que sabem como manejá-las e utilizá-las", advertiu ela. Ela, tal como outros sírios, não querem usar seus nomes completos por medo de retaliação.
Um bem conhecido líder rebelde em Ghouta chamado "J" concordou. "Os militantes do Jabhat al-Nusra não cooperam com outros rebeldes, excepto com combate no terreno. Eles não partilham informação secreta. Simplesmente utilizaram alguns rebeldes comuns para carregar e operar este material", disse ele.
"Nós estávamos muito curiosos acerca destas armas. E infelizmente alguns dos combatentes manusearam as armas inadequadamente e começaram as explosões", disse "J".
Médicos que tratavam as vítimas do ataque de armas químicas aconselharam os entrevistadores a serem cautelosos acerca de perguntas respeitantes a quem, exactamente, era o responsável pelo assalto mortal.
O grupo humanitário Médicos Sem Fronteiras acrescentou que trabalhadores da saúde cuidando de 3.600 pacientes também relataram experimentar sintomas semelhantes, incluindo espuma na boca, sofrimento respiratório, convulsões e visão turvada. O grupo não foi capaz de verificar a informação de modo independente.
Mais de uma dúzia de rebeldes entrevistados informaram que os seus salários vêem do governo saudita.

Envolvimento saudita

Num recente artigo no Business Insider, o repórter Geoffrey Ingersoll destacou o papel do príncipe Bandar nos dois anos e meio da guerra civil síria. Muitos observadores acreditam que Bandar, com seus laços estreitos a Washington, tem estado no próprio cerne do impulso para a guerra dos EUA contra Assad.
Ingersoll referiu-se a um artigo no Daily Telegraph britânico acerca de conversações secretas russo-sauditas alegando que Bandar propôs ao presidente Vladimir Putin petróleo barato em troca do abandono de Assad.
"O príncipe Bandar comprometeu-se a salvaguardar a base naval russa na Síria se o regime Assad fosse derrubado, mas ele também aludiu a ataques terroristas chechenos aos Jogos Olímpicos de Sochi, na Rússia, se não houvesse acordo", escreveu Ingersoll.
"Posso dar-lhe uma garantia de proteger os Jogos Olímpicos no próximo ano. Os grupos chechenos que ameaçam a segurança dos jogos são controlados por nós", disse alegadamente Bandar aos russos.
"Juntamente com responsáveis sauditas, os EUA alegadamente deram ao chefe da inteligência saudita o sinal de aprovação para efectuar estas conversações com a Rússia, a qual não foi surpresa", escreveu Ingersoll.
"Bandar tem uma educação americana, tanto militar como em faculdade [civil], actuou como um embaixador saudita altamente influente nos EUA e a CIA ama completamente este rapaz", acrescentou.
Segundo o jornal britânico Independent, foi a agência de inteligência do príncipe Bandar que pela primeira vez trouxe alegações da utilização de gás sarin pelo regime à atenção de aliados ocidentais, em Fevereiro último.
O Wall Street Journal informou recentemente que a CIA percebeu que a Arábia Saudita era "séria" acerca do derrube de Assad quando o rei saudita nomeou o príncipe Bandar para liderar esse esforço.
"Eles acreditam que o príncipe Bandar, um veterano das intrigas diplomáticas de Washington e do mundo árabe, podia entregar aquilo que a CIA não podia: cargas por avião de dinheiro e armas e, como disse um diplomata americano, intermediação (wasta), a palavra árabe para influência debaixo da mesa".
Bandar tem avançado o objectivo de política externa da Arábia Saudita, informou o WSJ, de derrotar Assad e seus aliados iraniano e Hezbollah.
Para esse objectivo, Bandar actuou em Washington para respaldar um programa de armar e treinar rebeldes a partir de uma planeada base militar na Jordânia.
O jornal informa que ele deparou-se com "jordanianos constrangidos acerca de uma tal base".
Sua reunião em Amman com o rei Abdullah da Jordânia por vezes demoravam oito horas numa única sessão. "O rei brincaria: Oh, o Bandar vem outra vez? Vamos reservar dois dias para a reunião", disse uma pessoa habituada às reuniões.
A dependência financeira da Jordânia em relação à Arábia Saudita pode ter dado forte influência aos sauditas. Um centro de operações na Jordânia começou a funcionar no Verão de 2012, incluindo uma pista de aviação e armazéns para armas. Os AK-47s e munições encomendados pelos sauditas chegaram, informou o WSF, citando responsáveis árabes.
Embora a Arábia Saudita tenha oficialmente sustentado que apoiava rebeldes mais moderados, o jornal informou que "fundos e armas estavam a ser canalizados para radicais ao lado, simplesmente para conter a influência de islamistas rivais apoiados pelo Qatar".
Mas rebeldes entrevistados disseram que o príncipe Bandar é tratado como "al-Habib" ou "o amado" pelos militantes al-Qaida que combatem na Síria.
Peter Oborne, no Daily Telegraph de quinta-feira, acautelou que a corrida de Washington para punir o regime Assad com os chamados ataques "limitados" não significava derrubar o líder sírio mas sim reduzir a sua capacidade de utilizar armas químicas:
Considere-se isto: os únicos beneficiários da atrocidade foram os rebeldes, anteriormente a perderem a guerra e que agora têm a Grã-Bretanha e a América prontas a intervirem ao seu lado. Se bem que pareça haver pouca dúvida de que foram utilizadas armas químicas, há dúvida acerca de quem as disponibilizou.
É importante recordar que Assad foi acusado antes de utilizar gás venenoso contra civis. Mas naquela ocasião, Carla del Ponte, comissária da ONU para a Síria, concluiu que os rebeldes, e não Assad, foram provavelmente os responsáveis.
Alguma informação neste artigo não pôde ser verificada de modo independente. Mint Press News continuará a proporcionar nova informação e actualizações.

29/Agosto/2013
Ver também:

  • Chemical Hallucinations and Dodgy Intelligence

  • (Alucinações químicas e inteligência trapalhona), William Bowles

  • "We Informed US of Chemical Weapons Transfer to Syria 9 Months Ago"

  • ("Informámos os EUA da transferência de armas químicas para a Síria nove meses atrás"), Javad Zarif

  • Did the White House Help Plan the Syrian Chemical Attack?
    (Será que a Casa Branca ajudou a planear o ataque químico sírio?), Yossef Bodansky

    [*] Dale Gavlak: correspondente da Mint Press News no Médio Oriente com base em Amman, Jordânia, dgavlak@mintpressnews.com ; Yahya Ababneh: jornalista jordano.

    O original encontra-se em www.mintpressnews.com/... e em www.silviacattori.net/article4776.html

    A inovação nas mãos dos grandes grupos nacionais

    Autor: 
    Coluna Econômica
    O 5o  Congresso da Inovação da Indústria, que transcorreu ontem em São Paulo, revelou alguns aspectos relevantes da luta pela inovação.
    Primeiro, o diálogo entre empresas e autoridades, permitindo identificar pontos de estrangulamento no processo de inovação. Depois, a constatação de que o país avançou bastante no tema, a ponto de juntar quase mil pessoas discutindo o assunto e buscando formas de levar o conceito para pequenas e médias empresas. A Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI) é um movimento com esse perfil.
    ***
    Mas serviu, também, para mostrar a diferença de tratamento que os grandes grupos nacionais dão ao tema.
    Numa ponta, o ex-presidente da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) Horácio Lafer, das Indústrias Klabin.
    Nos seus primórdios, o setor de papel e celulose foi dos mais inovadores do país. Experiências inéditas permitiram aproveitar o sol tropical e desenvolver modalidades de árvores com produtividade até três vezes maior do que os concorrentes europeus e canadenses.
    Na sua apresentação, Horácio atribuiu as dificuldades em inovar ao sistema educacional brasileiro, ao fato de se formar engenheiros sem nenhuma experiência prática, à dificuldade de incutir conceitos de inovação na mão de obra.
    O educador Cláudio de Moura e Castro mostrou que é um problema histórico e de difícil solução, um padrão cultural brasileiro que privilegia o formalismo, o beletrismo, em detrimento dos resultados. Se uma faculdade abrir mão de uma referência em engenharia – ou em qualquer outra profissão – por um jovem profissional com PhD, o ensino pode perder muito. Mas ela passa a receber melhor pontuação nas avaliações oficiais.
    ***
    Com essas dificuldades, qual o caminho mais rápido para se avançar na inovação? Os grandes grupos nacionais, como a própria Klabin. Mas olhando para dentro, não buscando o álibi fora.
    Na mesma rodada, o representante da Brasken – petroquímica da Odebrecht – mostrava os avanços que têm alcançado na química renovável, na biotecnologia, no desenvolvimento do plástico verde, os investimentos em inovação em sua unidade do Rio Grande do Sul.
    Nos corredores, engenheiros da Embraer relatavam o sucesso de sua Universidade Corporativa. Anualmente, selecionam engenheiros recém-formados, uma rapaziada nova, com mais conhecimento que as gerações anteriores, sequiosa por prospectar novos caminhos.
    No curso, cada aluno é desafiado a desenvolver um plano de negócio criando um modelo de aeronave. Pensam o design, a tecnologia, a relação custo-benefício, estimam mercado, preço, pesquisam nos sites internacionais, buscam novos materiais.
    ***
    Há um conjunto de avanços que se fazem necessários no país.
    Mas uma renovação urgente é nos CEOs das grandes corporações. Hoje em dia, a inovação é praticada por um grupo extremamente restrito de empresas – o grupo Odebrecht, a Embraer, Petrobras, de certo modo, a Natura, um ou outro laboratório farmacêutico, e não muitas mais.
    Na Finlândia, quando percebeu que perderia mercado para os brasileiros, um grupo de papel e celulose criou a Nokia, que se tornou uma das maiores empresas de equipamentos de telecomunicações do planeta.
    Está na hora dos grandes grupos nacionais ousarem mais.

    Jornalista na Síria diz que ataque foi erro de manipulação

    Sugerido por Lidia Zorrilla
    Do LaRed 21
    La corresponsal de la más importante agencia de noticias de Estados Unidos –Associated Press- que se encuentra reportando desde el barrio de Ghouta, aledaño de Damasco, donde murieron centenares de personas por un ataque con armas químicas, asegura tener declaraciones de primera mano que afirman que hubo un “error de manipulación” de los rebeldes –que ocultaban armas químicas- lo que causó la catástrofe.
    La periodista Dave Gavlak- trabajando como free-lance de AP en el frente sirio- afirmó tener múltiples entrevistas con residentes y rebeldes en el barrio Ghouta, donde los involucrados reconocen que hubo “un accidente”, cuando los tubos que tenían los potentes químicos detonaron y se expandieron antes de tener tiempo para hacer nada.
    Abu Abdel-Moneim, residente en Ghouta y padre de un rebelde, dijo que su hijo murió junto a otros 12 combatientes en el interior de un túnel, utilizado como almacén de armas recibidas de manos de un yihadista saudí, Abu Ayesha, comandante de un batallón insurgente. El padre describió las armas que custodiaba su hijo: tenían “una estructura de tubo”, y otras eran como “una enorme botella de gas”.
    Varios combatientes rebeldes denunciaron que nadie les había dicho qué tipo de armas eran ni cómo usarlas, y aceptaron la existencia de las bombonas, que fueron “mal manipuladas” produciéndose una serie de explosiones.
    Arabia Saudí es conocida como la principal fuente de financiación y de entrega de armas a los rebeldes sirios, a través de sus servicios de Inteligencia. Riad tiene un interés particular en la caída del régimen de Assad, por el apoyo que recibe de Irán, enemigo histórico de Arabia Saudí.
    El artículo de Dale Gavlak no fue difundido por Asociated Press sino por otra agencia para la que colabora también la periodista, Mint Press News.
    Rusia insiste: “Auténtico disparate” acusar al gobierno sirio
    El presidente ruso Vladimir Putin insistió este domingo en calificar como un “verdadero disparate” el responsabilizar al gobierno sirio por la muerte de más de 1.200 personas en un ataque químico contra la población civil. El mandatario dijo a la prensa en Vladivostok que quienes “dicen que las fuerzas gubernamentales utilizaron armas de destrucción masiva, si tienen pruebas de ello, que las presenten a los inspectores de la ONU y al Consejo de Seguridad”, remarcó en clara alusión a los Estados Unidos y sus aliados.
    Cuando afirman que estas pruebas no pueden ser presentadas a nadie por ser información clasificada, hacen una falta de respeto descarada a sus socios“, les endilgó.
    Apuntó también a la incapacidad de Washington para manejar la cuestión por la vía armada. “¿Acaso se resolvió aunque sea un sólo problema en Afganistán, Irak o Libia? Porque allí no hay ni paz ni democracia alguna como supuestamente pretendían: no hay ni una paz civil elemental ni equilibrio”, sentenció.
    --------
    Do Infowars
    Militants tell AP reporter they mishandled Saudi-supplied chemical weapons, causing accident
    Paul Joseph Watson
    Infowars.com
    August 30, 2013
    Syrian rebels in the Damascus suburb of Ghouta have admitted to Associated Press correspondent Dale Gavlak that they were responsible for last week’s chemical weapons incident which western powers have blamed on Bashar Al-Assad’s forces, revealing that the casualties were the result of an accident caused by rebels mishandling chemical weapons provided to them by Saudi Arabia.
    “From numerous interviews with doctors, Ghouta residents, rebel fighters and their families….many believe that certain rebels received chemical weapons via the Saudi intelligence chief, Prince Bandar bin Sultan, and were responsible for carrying out the (deadly) gas attack,” writes Gavlak. (back up version here).
    Rebels told Gavlak that they were not properly trained on how to handle the chemical weapons or even told what they were. It appears as though the weapons were initially supposed to be given to the Al-Qaeda offshoot Jabhat al-Nusra.
    “We were very curious about these arms. And unfortunately, some of the fighters handled the weapons improperly and set off the explosions,” one militant named ‘J’ told Gavlak.
    His claims are echoed by another female fighter named ‘K’, who told Gavlak, “They didn’t tell us what these arms were or how to use them. We didn’t know they were chemical weapons. We never imagined they were chemical weapons.”
    Abu Abdel-Moneim, the father of an opposition rebel, also told Gavlak, “My son came to me two weeks ago asking what I thought the weapons were that he had been asked to carry,” describing them as having a “tube-like structure” while others were like a “huge gas bottle.” The father names the Saudi militant who provided the weapons as Abu Ayesha.
    According to Abdel-Moneim, the weapons exploded inside a tunnel, killing 12 rebels.
    “More than a dozen rebels interviewed reported that their salaries came from the Saudi government,” writes Gavlak.
    If accurate, this story could completely derail the United States’ rush to attack Syria which has been founded on the “undeniable” justification that Assad was behind the chemical weapons attack. Dale Gavlak’s credibility is very impressive. He has been a Middle East correspondent for the Associated Press for two decades and has also worked for National Public Radio (NPR) and written articles forBBC News.
    The website on which the story originally appeared - Mint Press (which is currently down as a result of huge traffic it is attracting to the article) is a legitimate media organization based in Minnesota. The Minnesota Post did a profile on them last year.
    Saudi Arabia’s alleged role in providing rebels, whom they have vehemently backed at every turn, with chemical weapons, is no surprise given the revelations earlier this week that the Saudis threatened Russia with terror attacks at next year’s Winter Olympics in Sochi unless they abandoned support for the Syrian President.
    “I can give you a guarantee to protect the Winter Olympics next year. The Chechen groups that threaten the security of the games are controlled by us,” Prince Bandar allegedly told Vladimir Putin, the Telegraph reports.
    The Obama administration is set to present its intelligence findings today in an effort prove that Assad’s forces were behind last week’s attack, despite American officials admitting to the New York Times that there is no “smoking gun” that directly links President Assad to the attack.
    US intelligence officials also told the Associated Press that the intelligence proving Assad’s culpability is “no slam dunk.”
    As we reported earlier this week, intercepted intelligence revealed that the Syrian Defense Ministry was making “panicked” phone calls to Syria’s chemical weapons department demanding answers in the hours after the attack, suggesting that it was not ordered by Assad’s forces.
    UPDATE: Associated Press contacted us to confirm that Dale Gavlak is an AP correspondent, but that her story was not published under the banner of the Associated Press. We didn’t claim this was the case, we merely pointed to Gavlak’s credentials to stress that she is a credible source, being not only an AP correspondent, but also having written for PBS, BBC and Salon.com.

    Nicolelis mais perto de levar garoto paraplégico a dar o chute inaugural da Copa de 2014

    viomundo - publicado em 3 de setembro de 2013 às 0:31


    por Conceição Lemes 
    O projeto Andar de Novo, liderado pelo neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, está cada vez mais próximo de atingir seu objetivo: permitir que um paraplégico possa se movimentar, usando exoesqueleto robótico (prótese que envolve os órgãos paralisados) conectado ao cérebro do paciente.
    O seu grupo acabar de publicar na Proceedings of National Academy of Sciences  — PNAS, a revista da Academia Nacional de Ciências dos EUA, um estudo que demonstra  que os neurônios das áreas do cérebro ligadas ao tato e ao controle de movimentos também podem responder  a estímulos visuais.
    A PNAS dedica dez páginas ao trabalho coordenado por Nicolelis,  pesquisador e professor da Duke University (EUA) e coordenador do Instituto Internacional de Neurociências de Natal (Brasil). O estudo foi feito em macacos Rhesus, o modelo experimental mais próximo do homem.
    “Havia dúvidas se as áreas do toque e motora faziam parte do circuito cerebral que define a imagem que o cérebro cria do nosso próprio corpo”, observa Nicolelis. “Nós comprovamos que sim. Pela primeira vez, ficou demonstrado que córtex somestésico  pode responder à visão e não apenas ao toque. Essa descoberta  vai totalmente contra tudo o que está sacramentado nos livros-texto de neurociência, a de córtex táctil só responderia ao tato, assim como o córtex motor só seria influenciado pelos movimentos.”
    Córtex cerebral é a área mais externa do cérebro. Somestésico significa sensibilidade somática.
    “O córtex cerebral é como se fosse a rede de internet”, compara. “É possível ter acesso a qualquer lugar dele  a partir de qualquer ponto.  E como verificamos respostas visuais  no córtex tátil e no córtex motor,  acreditamos que o esquema corporal possa ser  construído em toda a atividade do córtex, já que ele é extremamente dinâmico.”
    Ou seja, além da descoberta científica básica que vai ser muito impactante, pela primeira vez, um estudo demonstra que objetos artificiais utilizados como se fossem ferramentas ou partes do corpo — por exemplo, um braço virtual — são assimilados rapidamente pelos neurônios dessas áreas como se eles fossem extensores do corpo real do indivíduo.
    “Os resultados indicam que todas as próteses que forem usadas em conjunto com o cérebro vão ser assimiladas como extensões do corpo dos pacientes”, vibra Nicolelis. “Eles confirmam a nossa suspeita de que quando a gente terminar o nosso exoesqueleto e as pessoas o utilizarem para andar de novo, com alguns dias de prática, esse aparelho robótico vai ser assimilado pelo cérebro como se fosse o corpo delas.”
    DA ILUSÃO DO BRAÇO DE BORRACHA AO EXPERIMENTO COM MACACOS
    Investigações anteriores já haviam demonstrado que o cérebro tem uma imagem espacial interna do corpo, que é continuamente atualizada com base no toque, dor, temperatura e pressão — conhecido como o sistema  somestésico — recebido de pele, articulações e músculos, bem como da análise visual e sinais auditivos.
    Um exemplo deste processo dinâmico é a ilusão do “braço de borracha”, um fenômeno em que as pessoas desenvolvem um senso de propriedade de um braço falso quando o  vê ser tocado ao mesmo tempo que algo toca o seu  próprio braço. É um estudo clássico.
    A inspiração de Nicolelis para o estudo recém-publicado veio exatamente da  ilusão do “braço de borracha”:
    *Vamos supor que você está sentado (a) numa cadeira e oclui a visão do braço esquerdo com uma placa de madeira ou de cartolina.
    * Você não consegue mais ver o seu braço esquerdo, mas ele está lá sem problema, muito bem obrigado.
    *Depois, na sua frente, saindo do cotovelo, coloque um braço de manequim.
    *Por três minutos cutuque a ponta do dedo do braço do manequim e a do seu dedo, sem que veja. Pois bem: se, de repente, você parar de tocar o seu braço de verdade, mas continuar tocando o de mentira, é grande a probabilidade de achar que o falso braço é o seu braço de verdade.  Isso acontece com 90% das pessoas.
    Essa é a ilusão que ficou conhecida por “braço de borracha”. Até aqui ninguém sabia como isso acontecia, porque a única coisa que a pessoa vê é o braço ser tocado.
    O grupo de Nicolelis conseguiu demonstrar por quê. Só que, em vez de usar o “braço de borracha”, utilizou o braço virtual de um avatar.
    “A resposta do braço virtual começa cerca de 50 milisegundos mais tarde do que começaria se eu estivesse tocando o braço do macaco”, atenta Nicolelis. “Isso leva a crer que essas respostas são geradas pelo córtex visual e remetidas para o córtex somestésico.”
    O experimento, com dois macacos Rhesus, foi assim:
    *Primeiro, os dois macacos observaram uma imagem numa tela de computador de um braço de macaco sendo tocado por uma bola virtual. Ao mesmo tempo, os braços dos macacos eram tocados, desencadeando uma resposta nas suas áreas do córtex  somestésico e motor.
    *Os macacos observavam então uma bola tocar o braço virtual sem nada tocar fisicamente os seus próprios braços. Os pesquisadores notaram que, em questão de minutos, os neurônios dos macacos localizados nas áreas corticais ligadas ao toque e aos movimentos começavam a responder ao braço virtual ao só ser tocado.
    *As respostas ao toque do braço virtual ocorreram de 50 a 70 milésimos de segundo mais tarde do que o contato físico. O que demonstra que os neurônios das áreas do cérebro responsáveis pelo toque e movimentos podem responder a estímulos visuais, sugerindo o cruzamento de funções em todo o córtex dos primatas, através de um processo altamente distribuída e dinâmico.
    “Estes resultados suportam a nossa noção de que o cérebro funciona como uma rede de internet, que está em constante interação”, reitera Nicolelis. “As áreas corticais do cérebro processam simultaneamente múltiplos fluxos de informação, em vez de serem estanques,  dedicadas a apenas uma habilidade, como se pensava anteriormente.”
    Isso confirma a teoria de Nicolelis exposta no seu livro Muito além do nosso eu, lançado em 2010: tudo o que usamos – carro, bola de tênis, óculos, telefone, computador, por exemplo – é assimilado como parte de nós.
    NICOLELIS JÁ TEM AUTORIZAÇÃO DA CONEP PARA TESTES COM SERES HUMANOS 
    Foram quase três anos de trabalho e mais um para o estudo ser publicado. Ou seja, ciência não é linha de produção. É um processo de longo prazo, que não se tem como se acelerar.
    Nicolelis já está incorporando os resultados desta pesquisa no projeto Andar de novo, trabalho de colaboração internacional que constrói um exoesqueleto (neuroprótese) controlado pelo cérebro. O grupo vai equipá-lo com sensores que permitirão mandar de volta para o paciente os sinais de tato.
     
    Primeira imagem do exoesqueleto robótico que está sendo construído pela equipe internacional do projeto Andar de Novo . Imagem mostra os 5 módulos. Do Facebook de Nicolelis
    O exoesqueleto conectado diretamente ao cérebro do paciente permitiria que ele o controlasse como fosse parte do seu próprio corpo. Dessa forma, seria possível que um paraplégico chutasse uma bola, como pretende Nicolelis durante a cerimônia de abertura da Copa do Mundo, em 2014.
    O exoesqueleto está sendo desenvolvido fora do Brasil.
    Nicolelis já recebeu autorização da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), para realizar os testes com seres humanos no Brasil. Isso acontecerá brevemente e será feito em parceria com a Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), em São Paulo.
    Participaram desse estudo publicado pela PNAS: Shokur Solaiman e Hannes Bleuler da Ecole Polytechnique Fédérale de Lausanne, na Suíça; Joseph E. O’Doherty, do Departamento de Engenharia Biomédica e do Centro de Neuroengenharia da Universidade de Duke; Jesse Winans, do Departamento de Engenharia Biomédica da Universidade de Duke, e Mikhail A. Lebedev, do Centro de Neuroengenharia e do Departamento de Neurobiologia da Universidade Duke.
    Dois grandes trabalhos do grupo ainda sairão este ano.

    TST condena projeto da terceirização; mídia silencia

    viomundo - publicado em 2 de setembro de 2013 às 20:50

    Projeto de lei de Sandro Mabel (PMDB-GO) libera a terceirização nas empresas, até quarteirização

    Umberto: Ministros do TST condenam o PL 4330 e a mídia silencia
    Numa decisão histórica, 19 ministros do Tribunal Superior do Trabalho (TST) redigiram um parecer que condena em termos duros e enfáticos o Projeto de Lei 4330/2004, que escancara a terceirização e abre caminho a um dramático retrocesso na legislação e nas relações trabalhistas do Brasil, comprometendo o mercado interno, a arrecadação tributária, o SUS e o desenvolvimento nacional.
    por Umberto Martins*, para o Portal Vermelho, sugestão de Julio Cesar Macedo Amorim
    No dia 27 de agosto, os ministros encaminharam ofício à Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmera Federal anunciando a posição e denunciando o risco de “gravíssima lesão de direitos sociais, trabalhistas e previdenciários no País” e redução do “valor social do trabalho”.
    Apesar da relevância do tema e da inegável autoridade do tribunal, a mídia hegemônica não se interessou pelo fato, que é um petardo contra o PL 4330, do deputado Sandro Mabel, um capitalista (ou empresário, para quem prefere o eufemismo) de Goiás. O comportamento da mídia não surpreende, mas o silêncio sepulcral diz muito sobre o caráter de classe daquilo que antigamente costumávamos chamar de imprensa burguesa, cujos proprietários têm interesse direto na precarização do trabalho e foram os que mais choraram o veto do ex-presidente Lula à famosa Emenda 3.
    Terceirização é um estupro
    A terceirização é “um estupro da classe trabalhadora”, conforme a indignada e justa definição do presidente do Sindicato Nacional dos Marítimos (Sindmar) e vice-presidente da CTB, Severino Almeida. É um instrumento do capital, em seu afã insaciável de maximizar os lucros, para eliminar direitos, reduzir salários, dividir as categorias e enfraquecer os sindicatos.
    Estudo recente do Dieese e da CUT mostra que o terceirizado fica 2,6 anos a menos no emprego, tem uma jornada de três horas semanais a mais e ganha 27% menos do assalariado contratado diretamente pela empresa. Ou seja, a terceirização, que integra a ofensiva neoliberal do capitalismo, propicia um aumento dramático da taxa de exploração da classe trabalhadora, a taxa de mais valia pesquisada por Karl Marx.
    O pretexto para escancarar a terceirização é a busca de maior competitividade e produtividade do trabalho, que na concepção dos capitalistas se faz depreciando o valor da força de trabalho. Mas os defensores do projeto são capazes de jurar de cara limpa e pés juntos que querem proteger seus funcionários. Haja cinismo.
    Um pronunciamento vigoroso
    A Justiça do Trabalho nem sempre favoreceu os interesses dos assalariados, mas o pronunciamento dos 19 ministros do TST sobre o PL 4330 revela muito mais firmeza, ciência, sabedoria e coragem do que as próprias centrais sindicais e alguns líderes de partidos políticos que dizem representar a classe trabalhadora, mas parecem meio perdidos nas brumas ilusórias da conciliação de classes.
    O movimento sindical luta para impedir a aprovação do monstrengo capitalista construído por Mabel. A campanha nacional por sua rejeição integra a Pauta Trabalhista propagada nas manifestações nacionais realizadas nos dias 11 de julho, 6 de agosto e no último dia 30.
    Nesta terça-feira, 3, a CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) promove atos em vários aeroportos do país alertando o povo brasileiro para a necessidade de ampliar a mobilização e luta contra a proposta.
    Reproduzo abaixo a íntegra do ofício enviado à CCJC para que os leitores e leitoras façam seu próprio julgamento, reflitam sobre os riscos embutidos na PL do capitalista Mabel e contribuam para estabelecer a verdade dos fatos e desmascarar as reais intenções do autor, da CNI e outras entidades patronais que fazem forte lobby no Congresso pela aprovação do projeto. O documento dos ministros é esclarecedor e merece amplo apoio e propaganda. Ajude a divulgá-lo e a enfrentar a conspiração do silêncio da mídia burguesa.
    Brasília, 27 de agosto de 2013
    Excelentíssimo Senhor deputado Décio Lima
    Presidente da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania
    A sociedade civil, por meio de suas instituições, e os órgãos e instituições do Estado, especializados no exame das questões e matérias trabalhistas, foram chamados a opinar sobre o Projeto de Lei nº 4.330/2004, que trata da terceirização no Direito brasileiro.
    Em vista desse chamamento, os Ministros do Tribunal Superior do Trabalho, infra-assinados, com a experiência de várias décadas na análise de milhares de processos relativos à terceirização trabalhista, vêm, respeitosamente, apresentar suas ponderações acerca do referido Projeto de Lei:
    I. O PL autoriza a generalização plena e irrefreável da terceirização na economia e na sociedade brasileiras, no âmbito privado e no âmbito público, podendo atingir quaisquer segmentos econômicos ou profissionais, quaisquer atividades ou funções, desde que a empresa terceirizada seja especializada.
    II. O PL negligencia e abandona os limites à terceirização já sedimentados no Direito brasileiro, que consagra a terceirização em quatro hipóteses:
    1- Contratação de trabalhadores por empresa de trabalho temporário (Lei nº 6.019, de 03.06.1974);
    2- Contratação de serviços de vigilância (Lei n 7.102, de 20.06.1983);
    3- Contratação de serviços de conservação e limpeza;
    4- Contratação de serviços especializados ligados a atividades-meio do tomador, desde que inexista a personalidade e a subordinação direta;
    III. A diretriz acolhida pelo PL nº 4.330-A/2004, ao permitir a generalização da terceirização para toda a economia e a sociedade, certamente provocará gravíssima lesão social de direitos sociais, trabalhistas e previdenciários no País, com a potencialidade de provocar a migração massiva de milhões de trabalhadores hoje enquadrados como efetivos das empresas e instituições tomadoras de serviços em direção a um novo enquadramento, como trabalhadores terceirizados, deflagrando impressionante redução de valores, direitos e garantias trabalhistas e sociais.
    Neste sentido, o Projeto de Lei esvazia o conceito constitucional e legal de categoria, permitindo transformar a grande maioria de trabalhadores simplesmente em ´prestadores de serviços´ e não mais ´bancários´, ´metalúrgicos´, ´comerciários´, etc.
    Como se sabe que os direitos e garantias dos trabalhadores terceirizados são manifestamente inferiores aos dos empregados efetivos, principalmente pelos níveis de remuneração e contratação significativamente mais modestos, o resultado será o profundo e rápido rebaixamento do valor social do trabalho na vida econômica e social brasileira, envolvendo potencialmente milhões de pessoas.
    IV. O rebaixamento dramático da remuneração contratual de milhões de concidadãos, além de comprometer o bem estar individual e social de seres humanos e famílias brasileiras, afetará fortemente, de maneira negativa, o mercado interno de trabalho e de consumo, comprometendo um dos principais elementos de destaque no desenvolvimento do País. Com o decréscimo significativo da renda do trabalho ficará comprometida a pujança do mercado interno no Brasil.
    V. Essa redução geral e grave da renda do trabalhador brasileiro – injustificável, a todos os títulos – irá provocar também, obviamente, severo problema fiscal para o Estado, ao diminuir, de modo substantivo, a arrecadação previdenciária e tributária no Brasil.
    A repercussão fiscal negativa será acentuada pelo fato de o PL provocar o esvaziamento, via terceirização potencializada, das grandes empresas brasileiras, que irão transferir seus antigos empregados para milhares de pequenas e médias empresas – todas especializadas, naturalmente -, que serão as agentes do novo processo de terceirização generalizado.
    Esvaziadas de trabalhadores as grandes empresas – responsáveis por parte relevante da arrecadação tributária no Brasil -, o déficit fiscal tornar-se-á também incontrolável e dramático, já que se sabe que as micro, pequenas e médias empresas possuem muito mais proteções e incentivos fiscais do que as grandes empresas. A perda fiscal do Estado brasileiro será, consequentemente, por mais uma razão, também impressionante. Dessa maneira, a política trabalhista extremada proposta pelo PL 4.330-A/2004, aprofundando, generalizando e descontrolando a terceirização no País, não apenas reduzirá acentuadamente a renda de dezenas de milhões de trabalhadores brasileiros, como também reduzirá, de maneira inapelável, a arrecadação previdenciária e fiscal da União no País.
    VI. A generalização e o aprofundamento da terceirização trabalhista, estimulados pelo Projeto de Lei, provocarão também sobrecarga adicional e significativa ao Sistema Único de Saúde (SUS), já fortemente sobrecarregado. É que os trabalhadores terceirizados são vítimas de acidentes do trabalho e doenças ocupacionais/profissionais em proporção muito superior aos empregados efetivos das empresas tomadoras de serviços. Com a explosão da terceirização – caso aprovado o PL nº 4.330-A/2004 -, automaticamente irão se multiplicar as demandas perante o SUS e o INSS.
    São essas as ponderações que apresentamos a Vossa Excelência a respeito do Projeto de Lei nº 4.330-A/2004, que trata da ´Terceirização’
    Respeitosamente,
    Seguem as assinaturas dos ministros Antonio José de Barros Levenhagen; João Oreste Dalazen; Emmanoel Pereira; Lelio Bentes Corrêas; Aloysio Silva Corrêa da Veiga; Luiz Philippe Vieira de Mello Filho; Alberto Luiz Bresciane de Fontan Pereira; Maria de Assis Calsing; Fernando Eizo Ono; Marcio Eurico Vitral Amaro; Walmir Oliveira da Costa; Maurício Godinho Delgado; Kátia Magalhães Arruda; Augusto Cesar Leite de Carvalho; José Roberto Freire Pimenta; Delaílde Alves Miranda Arantes; Hugo Carlos Sheurmann; Alexandre de Souza Agra Belmonte e Claudio Mascarenhas Brandão.
    *Umberto Martins é jornalista e assessor da Presidência da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB)

    Isso merece ser acompanhado com todo cuidado. A queda das "proteções" trabalhistas já causa estrago até mesmo em alguns países nórdicos sempre considerados como exemplo de qualidade de vida.