"O ensino, como a justiça, como a administração, prospera e vive muito mais realmente da verdade e moralidade, com que se pratica, do que das grandes inovações e belas reformas que se lhe consagrem." Rui Barbosa
Friedrich Nietzsche
quinta-feira, março 01, 2012
Brasil de Fato: É preciso mudar a atual política econômica
Pesquisa indica que maioria dos brasileiros é favorável ao emprego das Forças Armadas no combate ao crime
Da Agência Brasil, em Brasília
A ideia de que as Forças Armadas atuem cotidianamente contra os criminosos comuns é mais bem aceita entre as pessoas mais velhas, as de menor faixa de renda familiar e as com menor grau de escolaridade. Os resultados, no entanto, não divergem muito dos obtidos entre aqueles que defendem o uso de militares apenas em situações específicas.
A maioria dos entrevistados também respondeu considerar que os militares respeitam a democracia. Para 20,8% dos consultados, contudo, os integrantes das Forças Armadas têm pouco ou nenhum respeito pela democracia. Os demais se dividiram entre os que acreditam que o respeito é total (42,6%) ou razoável (35,3%). O percentual de entrevistados que percebem um respeito apenas razoável à democracia é maior entre os mais escolarizados.
Quase seis em cada dez entrevistados disseram considerar difícil apresentar uma reclamação ou denúncia contra um membro das Forças Armadas. Para 57,6%, isso seria difícil. Já para 12,8%, a dificuldade seria razoável. Para 23% seria fácil, enquanto 6,5% não souberam ou não responderam à questão. A percepção varia de região para região do país. No Sul, a soma entre os que consideraram a dificuldade como razoável e os que consideraram que não existe tal dificuldade, foi 46,7%. Já no Centro-Oeste, quase 70% consideraram difícil encaminhar uma reclamação ou denúncia contra militares.
Para a maior parte dos entrevistados, o serviço militar deve continuar sendo obrigatório. Mesmo entre esses, no entanto, mais de um terço (38,3%) defendem que o jovem deveria poder escolher entre a opção militar ou um serviço civil, como a prestação de serviços comunitários e de apoio a populações carentes.
Apenas 8,1% consideraram que as mulheres não deveriam ingressar nas Forças Armadas. Os outros se dividem entre os que concordam com o ingresso, inclusive participando de combates (51%), e aqueles que acham que elas só não devem participar de batalhas (40,4%).
Já no que diz respeito à participação de homossexuais nas Forças Armadas, 63,7% disseram não ver nenhum problema. A maior resistência é encontrada entre os homens. Além de estarem em menor número entre os que concordam com tal hipótese, são a maioria entre os entrevistados que discordam dela. Mais da metade (52%) dos que se dizem contrários vivem na Região Sul, enquanto 67,5% dos que concordam moram na Região Centro-Oeste.
Pouco mais de 41,2% dos entrevistados acreditam que os militares das Forças Armadas dispensam um tratamento igual a todos os cidadãos, sem efetuar discriminações de qualquer espécie. Trinta e nove por cento discordam dessa percepção, que é mais fraca nas regiões Sudeste e no Nordeste, nas quais menos de 40% dos consultados concordam que os militares não fazem nenhum tipo de discriminação.
Ao serem perguntados se a carreira militar, atualmente, é atrativa aos jovens, a maioria, 64,7%, disse que é, ao menos, razoavelmente atraente, enquanto 34,9% disseram se tratar de uma carreira pouco ou nada atraente.
segunda-feira, fevereiro 27, 2012
Um Tempo Sem Nome
Um tempo sem nome
Rosiska Darcy de Oliveira, O Globo,
21/01/12
Com
seu cabelo cinza, rugas novas e os mesmos olhos verdes, cantando
madrigais para a moça do cabelo cor de abóbora, Chico Buarque de
Holanda vai bater de frente com as patrulhas do senso comum. Elas
torcem o nariz para mais essa audácia do trovador. O casal cinza e
cor de abóbora segue seu caminho e tomara que ele continue cantando
“eu sou tão feliz com ela” sem encontrar resposta ao “que será que
dá dentro da gente que não devia”.
Afinal, é o olhar estrangeiro que nos faz estrangeiros a nós
mesmos e cria os interditos que balizam o que supostamente é ou
deixa de ser adequado a uma faixa etária. O olhar alheio é mais
cruel que a decadência das formas. É ele que mina a autoimagem, que
nos constitui como velhos, desconhece e, de certa forma, proíbe a
verdade de um corpo sujeito à impiedade dos anos sem que envelheça o
alumbramento diante da vida .
Proust, que de gente entendia como ninguém, descreve o
envelhecer como o mais abstrato dos sentimentos humanos. O príncipe
Fabrizio Salinas, o Leopardo criado por Tommasi di Lampedusa, não
ouvia o barulho dos grãos de areia que escorrem na ampulheta. Não
fora o entorno e seus espelhos, netos que nascem, amigos que morrem,
não fosse o tempo “um senhor tão bonito quanto a cara do meu filho“,
segundo Caetano, quem, por si mesmo, se perceberia envelhecer?
Morreríamos nos acreditando jovens como sempre fomos.
A vida
sobrepõe uma série de experiências que não se anulam, ao contrário,
se mesclam e compõem uma identidade. O idoso não anula dentro de si
a criança e o adolescente, todos reais e atuais, fantasmas saudosos
de um corpo que os acolhia, hoje inquilinos de uma pele em que não
se reconhecem. E, se é verdade que o envelhecer é um fato e uma
foto, é também verdade que quem não se reconhece na foto, se
reconhece na memória e no frescor das emoções que persistem. É assim
que, vulcânica, a adolescência pode brotar em um homem ou uma mulher
de meia-idade, fazendo projetos que mal cabem em uma vida
inteira.
Essa
doce liberdade de se reinventar a cada dia poderia prescindir do
esforço patético de camuflar com cirurgias e botoxes — obras na casa
demolida — a inexorável escultura do tempo. O medo pânico de
envelhecer, que fez da cirurgia estética um próspero campo da
medicina e de uma vendedora de cosméticos a mulher mais rica do
mundo, se explica justamente pela depreciação cultural e social que
o avançar na idade provoca.
Ninguém quer parecer idoso, já que ser idoso está associado
a uma sequência de perdas que começam com a da beleza e a da saúde.
Verdadeira até então, essa depreciação vai sendo desmentida por uma
saudável evolução das mentalidades: a velhice não é mais o que era
antes. Nem é mais quando era antes.
Os dois ritos de passagem que a anunciavam, o fim do
trabalho e da libido, estão, ambos, perdendo autoridade.
Quem se aposenta continua a viver em um mundo irreconhecível
que propõe novos interesses e atividades. A curiosidade se aguça na
medida em que se é desafiado por bem mais que o tradicional choque
de gerações com seus conflitos e desentendimentos. Uma verdadeira mudança de era nos
leva de roldão, oferecendo-nos ao mesmo tempo o privilégio e o susto
de dela participar.
A
libido, seja por uma maior liberalização dos costumes, seja por
progressos da medicina, reclama seus direitos na terceira idade com
uma naturalidade que em outros tempos já foi chamada de despudor.
Esmaece a fronteira entre as fases da vida. É o conceito de velhice
que envelhece. Envelhecer como sinônimo de decadência deixou de ser
uma profecia que se autorrealiza. Sem, no entanto, impedir a lucidez
sobre o desfecho.
”Meu
tempo é curto e o tempo dela sobra”, lamenta-se o trovador, que não
ignora a traição que nosso corpo nos reserva. Nosso melhor amigo,
que conhecemos melhor que nossa própria alma, companheiro dos
maiores prazeres, um dia nos trairá, adverte o imperador Adriano em
suas memórias escritas por Marguerite Yourcenar.
Todos
os corpos são traidores. Essa traição, incontornável, que não é
segredo para ninguém, não justifica transformar nossos dias em sala
de espera, espectadores conformados e passivos da degradação das
células e dos projetos de futuro, aguardando o dia da traição.Chico, à beira dos
setenta anos, criando com brilho, ora literatura , ora música,
cantando um novo amor, é a quintessência desse fenômeno, um tempo da vida que não se parece em
nada com o que um dia se chamou de velhice. Esse tempo ainda não
encontrou seu nome. Por enquanto podemos chamá-lo apenas de
vida.
ROSISKA DARCY
DE OLIVEIRA é
escritora.
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domingo, fevereiro 26, 2012
O Carnaval Já Foi Bom...
Hiram Reis e Silva, Porto Alegre, RS, 26 de fevereiro de 2012.
Andemos honestamente, como de dia, não em glutonarias, nem em bebedeiras, nem em desonestidades, nem em dissoluções, nem em contendas e inveja. Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não tenhais cuidado da carne em suas concupiscências.
Romanos. 13:13-14
O estudo da etimologia da palavra Carnaval nos leva a buscar sua origem no latim tardio, “carnem levare”, ou “carne levare”, que significa: “Adeus a Carne” ou “Abstinência de Carne”. Este termo, por volta do século XI, foi usado para designar a véspera da quarta-feira de cinzas, dia em que se iniciava a exigência da abstenção de carne, ou jejum quaresmal. As festas carnavalescas surgiram, portanto, a partir da implantação da Semana Santa pela Igreja Católica, precedida por quarenta dias de jejum, a Quaresma. O prenúncio de um longo período de privações motivou a população a se mobilizar realizando grandes festejos gastronômicos nos dias que antecediam a quarta-feira de Cinzas.
Ao encerrarem-se os festejos carnavalescos parece-me oportuno recordar o polêmico e sempre atual texto, de um ano atrás, da jornalista paraibana Rachel Sheherazade, levado ao ar no Programa Tambaú Notícias da TV Tambaú, Grupo SBT. A jornalista teceu, na época, comentários corajosos e muito lúcidos sobre o Carnaval, período em que uma massa totalmente anestesiada comete os mais loucos excessos sob o aplauso e benemerência das autoridades.
- TV Foco Entrevista Rachel Sheherazade Ancora do SBT Brasil
Para alguns ela é ingrata e chega depressa demais. Eu acho que até ela demorou muito, mas antes tarde do que nunca. Finalmente é quarta-feira de cinzas, e agora sim, dois meses depois do réveillon o ano de fato vai começar. Agora que as fantasias se rasgaram, que os trios e as batucadas se calaram, agora que a maquiagem manchou, que as máscaras caíram e a folia terminou agora que o efeito inebriante do carnaval já passou é hora de viver a vida real. (Rachel Sheherazade)
O TV foco, um dos maiores sites especializados em audiência da TV, entrevistou a jornalista:
TV FOCO: você acreditava que sua critica sobre o carnaval teria a grande repercussão que teve, chegando até a conquistar a atenção de Silvio Santos?
Rachel Sheherazade: Quando fiz o comentário sobre o carnaval no meu programa, o Tambaú Notícias acreditava que ele teria certa repercussão, assim como outros temas que levantei em outras oportunidades de opinar. Mas, achava que a repercussão seria local, dentro da Paraíba mesmo. Não esperava que alguém fosse postar o comentário na internet e que esse vídeo pudesse se espalhar tão amplamente, chegando ao conhecimento do Sílvio Santos.
TV FOCO: como foi que sua família e amigos reagiram quando ficaram sabendo que você tinha sido convidada a ser a ancora de um dos principais telejornais do Brasil?
Rachel Sheherazade: Ficaram muito felizes e assustados ao mesmo tempo. Nunca esteve nos meus planos deixar a Paraíba, e mudar tão radicalmente de vida. (...)
- As Verdades das Fantasias do Carnaval
Rachel Sheherazade, quarta-feira, 2 de março de 2011.
Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=T1MKkGYRQzM
Ontem foi quarta-feira de fogo, e eu não vejo a hora de chegar a quarta-feira de cinzas.
Não, não é que eu seja inimiga do carnaval. Até já brinquei muito: em clubes, nos blocos, nas prévias... fui até a Olinda em plena terça-feira de carnaval... Portanto, vou falar com conhecimento de causa.
E revelar algumas verdades que encontrei por trás da fantasia do carnaval.
A primeira delas: o carnaval é uma festa genuinamente brasileira.
Não, não é. O carnaval, tal como nós o conhecemos, ele surgiu na Europa, durante a era vitoriana, e se espalhou pelo mundo afora, adaptando-se a outras culturas.
Segunda falsa verdade: é uma festa popular.
Balela! O carnaval virou negócio – e dos ricos. Que o digam os camarotes VIP, as festas privadas e os abadás caríssimos, chamados "passaportes da alegria".
E quem não tem dinheiro para comprar aquela roupinha colorida não tem, também, o direito de ser feliz??? Tem não!
E aqui, na Paraíba, onde se comemoram as prévias não é muito diferente. A maioria dos blocos vive às custas do poder público e nenhuma atração sobe em um trio elétrico para divertir o povo só por ser, o carnaval, uma festa democrática.
Milhões de reais são pagos a artistas da terra e fora dela para garantir o circo a uma população miserável que não tem sequer o pão na mesa.
Muitas coisas, hoje, me revoltam no carnaval.
Uma delas é ouvir a boa música ser calada à força por "hits" do momento como o "Melô da Mulher Maravilha", e similares que eu não ouso nem citar.
Eu fico indignada quando vejo a quantidade de ambulâncias disponibilizadas num desfile de carnaval para atender aos bêbados de plantão e valentões que se metem em brigas e quebra-quebra.
Onde estão essas mesmas ambulâncias quando uma mãe que precisa socorrer um filho doente? Quando um trabalhador está enfartando? Quando um idoso no interior precisa se deslocar de cidade para se submeter a um exame?
Eu me revolto em ver que os policiais estão em peso nas festas para garantir a ordem durante o carnaval, e, no dia a dia, falta segurança para o cidadão de bem exercitar o simples direito de ir e vir.
Mas o carnaval é uma festa maravilhosa! Dizem até que faz girar a economia. Que os pequenos comerciantes conseguem vender suas latinhas, seu churrasquinho....
Ora se esses pais de família dependessem do carnaval para vender e viver passariam o resto do ano à míngua.
Carnaval só dá lucro para donos de cervejaria, para proprietários de trio elétrico e para uns poucos artistas baianos. No mais, é só prejuízo.
Alguém já parou para calcular o quanto o estado gasta para socorrer vítimas de acidentes causados por foliões embriagados? Quantos milhões são pagos em indenizações por morte ou invalidez decorrentes desses acidentes?
Quanto o poder público desembolsa com os procedimentos de curetagem que muitas jovens se submetem depois de um carnaval sem proteção que gerou uma gravidez indesejada?
Isso sem falar na quantidade de DST’s que são transmitidas durante a festa em que tudo é permitido!
Eu até acho que o carnaval já foi bom... Mas, isso foi nos tempos de outrora.
- Livro
O livro “Desafiando o Rio-Mar – Descendo o Solimões” está sendo comercializado, em Porto Alegre, na Livraria EDIPUCRS – PUCRS, na rede da Livraria Cultura (http://www.livrariacultura.com.br) e na Livraria Dinamic – Colégio Militar de Porto Alegre.
Para visualizar, parcialmente, o livro acesse o link:
http://books.google.com.br/books?id=6UV4DpCy_VYC&printsec=frontcover#v=onepage&q&f=false.
Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva
Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);
Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
Vice- Presidente da Academia de História Militar Terrestre do Brasil - RS (AHIMTB - RS);
Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS);
Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional.
Site: http://www.amazoniaenossaselva.com.br
E-mail: hiramrs@terra.com.br