"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

quarta-feira, setembro 12, 2012

Reunião com José Dirceu

recebido por e-mail - 11 set 2012

Eu já tinha visto este filme anteriormente, mas como agora o Mensalão está sendo julgado no STF,  e vamos ter eleição, vale a pena divulgar novamente.

O homem de camisa verde no inicio da gravação (em pé, atrás do Zé Dirceu) é Lula. Ao perceber que está sendo filmado, ele se evade rapidademente do local.
O filme, gravado por Joao Salles, retrata uma reunião entre José Dirceu (cassado pela CPI do Mensalão), Bruno Maranhão (que invadiu o Congresso) Lula, Luiz Gushiken (Ministro Chefe da Casa Civil, acusado de desvio de verbas), Gilberto Carvalho (acusado de proteger Sombra, um dos prováveis envolvidos na morte de Celso Daniel) e Guido Mantega. Há grande preocupação de José Dirceu em não ser gravado (fato comentado e justificado por ele ao longo da gravação). 
Há ainda quem duvide que José Dirceu esteja por detrás dos bastidores, e tentam inocentá-lo com o fato da obtenção das gravações de Cachoeira terem sido ilegais. Como se uma coisa eliminasse a outra. 
 

segunda-feira, setembro 10, 2012

NOMES E HOMENS

recebido por e-mail - 06 set 2012


Nelson Rodrigues

Não há nome intranscendente e repito: qualquer nome insinua um vaticínio. Todo o destino de Napoleão Bonapart está no seu cartão de visitas. Ao passo que um J. B. Martins da Fonseca não tem nenhum destino especial e, vou mais longe: não tem destino. Quando batizaram William Shakespeare, o padre poderia perguntar-lhe: “Como vão tuas obras completas?”. No simples “William Shakespeare” - estava implicita a música verbal do seu teatro.

Mas um certo nome exige uma certa cara. Napoleão Bonaparte pedia um perfil napoleônico. Um Gengis Khan precisa de fotogenia. Ou então um John Kennedy. O que era o presidente assassinado senão o queixo forte, plástico, histórico? Ele venceu Stevenson e depois Nixon, porque tinha as mandíbulas crispadas do Poder. Por isso, o tiro arrancou-lhe o queixo. Outro: Churchill, com a sua maravilhosa cara de buldogue. Em todos os citados, cara e nome, justapostos, explicam uma nítida predestinação.

Fiz essa pequena introdução para chegar ao nosso presidente. Quando começou o jogo de candidaturas, disse eu: "Ganha esse, pelo nome e pela cara". Não é impunemente que um homem se chama Emílio Garrastazu Médici. Tiremos o Emílio e fica Garrastazu. Tiremos o Garrastazu e ficará o Médici. Bem sei que essa meditação sobre o nome pode parecer arbitrária e até delirante. Não importa, nada importa. Depois vi a sua fotografia. Repeti, na redação, para todo o mundo ouvir: "É esse o presidente". Ora, numa redação há sempre uns três ou quatro sarcásticos. Um deles perguntou: "Só pelo nome?" Respondi: "Pelo nome e pela cara".

Como já disse, a história e a lenda também exigem uma certa fotogenia. E senti que Emílio Garrastazu Médici tinha um perfil de moeda, de cédula, de selo. Organizem uma retrospectiva presidencial e verão que os nossos presidentes são baixos. Getúlio era baixíssimo, embora tivesse um perfil histórico e, digamos, cesariano. Epitácio foi fisicamente pequeno. Era a pose que o fazia mais presidencial. Garras­tazu Médici é o nosso primeiro presidente alto.

Dirão vocês que eu estou valorizando o irrelevante, o secundário, o fantasista. Desculpem o meu possível equívoco. E se me perguntarem por que estou dizendo tudo isso, eu me justificarei explicando: conheci, domingo, o Presidente Emílio Garrastazu Médici. E o pretexto para o nosso encontro foi um jogo de futebol.

Outra singularidade do chefe da Nação: gosta de futebol e sabe viver, como o mais obscuro, o mais anônimo torcedor, todas as peripécias dos clássicos e das peladas. Isso é raro, ou melhor dizendo, isso é inédito na história dos presidentes brasileiros. Imaginem um Delfim Moreira ou um Rodrigues Alves ou um Wenceslau Brás entrando no Estádio Mario Filho. Qualquer um desses perguntaria: ''Em que time joga o Fla-Flu?", "Quem é a bola?" ou "O córner já chegou?"

O nosso presidente sabe tudo de futebol. Eu diria que hoje nenhum brasileiro será estadista se lhe faltar a sensibilidade para o futeboI. Mas dizia eu que foi um jogo - São Paulo x Porto - que nos aproximou. Na sexta-feira passada, o Palácio das Laranjeiras começou por me procurar. Se eu fosse terrorista, não seria tão perseguido. Finalmente: falo pelo telefone com o Palácio. O secretário de Imprensa queria me transmitir um convite. Onde e a que horas poderia falar comigo? Marcamos o encontro. Simplesmente, o Presidente Médici me convidava para assistir, a seu lado, na inauguração do Morumbi, ao jogo internacional. Eu iria, com S. Exa., no avião presidencial. O presidente fazia o maior empenho em que o acompanhasse.

Confesso, sem nenhuma vergonha, que o convite me fascinou. O que têm sido as nossas relações com os presidentes da República? Nada. Sim, há entre nós e o presidente uma distância infinita, espectral. E o Supremo Magistrado, como se diz, é um ser misterioso, inescrutável e sinistro. No meu caso, o presidente se dispunha a acabar com a distância e me receber na áspera solidão presidencial.

De mais a mais, o Brasil vive o seu grande momento. Eis o nosso dilema: ou o Brasil ou o caos. O diabo é que temos a vocação e a nostalgia do caos. É o momento de fazer o Brasil ou perdê-lo. Esse Garrastazu Médici é, neste instante, uma das figuras vitais do País. Eu ia vê­-lo, ia ouvi-lo. Sim, ouvir os ruídos da sua alma profunda. Todo o mundo tem, no bolso do colete, o seu projeto de Brasil. Garrastazu tem o seu e pode realizá-lo. Ao passo que nós não temos força para tapar um cano furado. Bem. Aceitei o convite, ressalvando: iria de tudo, menos de avião. "De automóvel?", perguntou o secretário de Imprensa. E eu: "De qualquer coisa" - e repeti - "nunca de avião".

Sábado, o meu filho Nelson levou-me para São Paulo no seu fusca. Durante a viagem, uma pequena, mas intolerável inibição instalou-se em mi: “Chamarei o presidente de ‘excelência’ ou de ‘senhor’?”. Imaginava que o poder desumaniza o homem. Seria Garrastazu uma figura áspera, hierática, enfática? Pensava, ao mesmo tempo, num episódio recente. No jogo do Grêmio, e antes de ser presidente, e antes da definição das candidaturas, o General Garrastazu Médici desce ao vestiário. Vejam se vocês conseguem imaginar um Delfim Moreira ou um Epitácio num vestiário de futebol. Pois o general chega e pergunta: "Como é, Alcino, que você vai me perder aquele gol?" No fusca do meu filho Nelson, eu queria crer que um homem assim é um brasileiro vivo e não uma pose, e não uma casaca, e não uma faixa, e não uma condecoração.

No dia seguinte, estava eu no aeroporto. Tivemos uma primeira conversa e, durante o dia, uma outra, e uma terceira, e uma quarta. Vi a seu lado a inauguração (ou a décima inauguração do Morumbi).  Ora, no momento não há nada mais importante do que saber o que pensa, o que sente, o que imagina, o que quer um presidente da República, investido de tantos poderes. No meio do jogo, ele insistia para que eu voltasse no seu jato. Digo, por fim: "Está certo, presidente. Vou voar pela primeira vez".

É preciso não esquecer o que houve nas ruas de São Paulo e dentro do Morumbi. No Estádio Mário Filho, ex-Maracanã, vaia-se até minuto de silêncio e, como dizia o outro, vaia-­se até mulher nua. Vi o Morumbi lotado, aplaudindo o Presidente Garrastazu. Antes do jogo e depois do jogo, o aplauso das ruas. Eu queria ouvir um assobio, sentir um foco de vaia. Só palmas. E eu me perguntava: "E as vaias? Onde estão as vaias?" Estavam espantosamente mudas.

Até domingo, às seis e meia, sete da noite, eu não entrara jamais num avião pousado, num avião andando, num avião voando. Lá em cima, não há paisagem, e, se não há paisagem, estamos fazendo a antiviagem. Conversamos longamente. Houve um momento em que ele me disse: "Sou um presidente sem compromissos. Só tenho compromissos com a minha Pátria". Eis um homem que fala em Pátria, em "minha Pátria". Para a maioria absoluta dos civis, "Pátria" é uma palavra espectral, "patriota" é uma figura espectral. E as nossas esquerdas fizeram toda a sorte de manifestações. Não berravam, não tocavam na "Pátria". Nas passeatas, berravam, em cadência: ''Vietnã, Vietnã, Vietnã". Pichavam os nossos muros com vivas aos vietcon­gues, a Cuba. Nenhuma alusão à Pátria, nenhuma referência ao Brasil. E, no entanto, vejam vocês: o Amazonas tem menos população do que Madureira. Aquilo é uma gigantesca sibéria florestal. E as esquerdas só pensavam no Vietnã, e só pensavam pelo Vietnã e só bebiam pelo Vietnã.

Certa vez, conversei com um membro da esquerda católica. Exortei-o a desembarcar no Brasil. Disse-lhe que, na pior das hipóteses, temos paisagem. Citei o Pão de Açúcar, o Corcovado. Mas ele batia na tecla obsessiva e fatal: "O Vietnã, o Vietnã, o Vietnã" etc. etc. Ainda no meu élan paisagístico, fiz a apologia da Vista Chinesa, recanto ideal para matar turista argentino. Mas havia entre mim e ele a distância que nos separa do Sudeste Asiático. Eis o que o meu amigo propõe: que os brasileiros bebessem o sangue uns dos outros como groselha.

Antes de se despedir, o membro da esquerda católica concentrou sua ira nas Forças Armadas. Acusou-as de incapazes, de ineptas, de relapsas. "Os militares nunca fizeram nada", afirmou. Desta vez, perdi a minha paciência. Tratei de demonstrar-lhe que os militares fizeram tudo. No Sete de Setembro (e Pedro Américo não me deixa mentir) foram sujeitos de esporas e penacho que deram o grito do Ipiranga; e, se os militares não fizeram nada, que faz a espada de Deodoro na estátua de Deodoro? Foi a inépcia militar que fez a República, assim como fizera a Independência. Em 22 e 24, era o sangue militar que jorrava como a água, a água da boca dos tritões de chafariz. Em 30, em 32, em 35, foram os militares. Assim em 89. Retirem as Forças Armadas e começará o caos, o puro, irresponsável e obtuso caos.

Há anos e anos que eu não digo "Pátria". E quando o Presidente Garrastazu falou em "minha Pátria", experimentei um sentimento intolerável de vergonha. Esse soldado é de uma natureza simples e profunda. Está disposto a tudo para que não façam do Brasil o anti-Bra­sil. Seja como for, deixará este nome, para sempre: Emílio Garrastazu Médici.

Sistema Colégio Militar

Em reportagem intitulada " Exército planeja ensino integal em todos os colégios militares até 2012", vi um comentário de Daniel Cara (coordenador da Campanha Nacional pelo Acesso à Educação) de que o "sistema dos colégios militares funciona em turmas homogêneas de alunos". 
Sinceramente não entendi onde está a homogeneidade. As únicas que percebo são o fato da gestão ser militar e de em todo o sistema há concurso de admissão. Demais, vejo muita heterogeneidade.
Na atualidade a maior parte de nossos alunos são provenientes de outra forma de acesso que não é o do concurso público. São filho de militares que são transferidos, ou de outra forma amparados. O percentual de não concursados no sistema hoje em dia é de aproximadamente 70%. São crianças que podem ingressar por exemplo no Colégio Militar de Porto Alegre vindas de São Gabriel da Cachoeira (AM) de onde o pai foi transferido. 
Dá para imaginar heterogeneidade maior do que essa? Uma criança vinda de um município de aproximadamente 39 mil habitantes, a 1.146 Km da capital (Manaus) e que faz fronteira com a Venezuela e Colômbia, vindo para uma capital de mais de 1,4 milhões de habitantes, com grande variedade cultural e de estrutura de ensino?
Essa realidade ocorre nos 12 colegios militares espalhados pelo país. A heterogeneidade em sala de aula é imensa. Considerando esses percentuais por exemplo, o sistema promove (claro que não em todos os casos) o acesso ao ensino superior da maioria dos alunos que não tiveram acesso ao ensino das grandes escolas privadas, nem tampouco, do próprio sistema até seu ingresso. A turma Moacyr Scliar (2011) teve 77 aprovados de 119 inscritos na UFRGS. Se levarmos em consideração as demais entidades de ensino superior esse percentual cresce, principalmente se observarmos o fato de que uma parte desses alunos ter realizado concurso para as escolas militares e não para as universidades gauchas.
Podemos concluir que o resultado de destaque dos Colégios Militares nas diversas estatísticas nacionais, são fruto de intenso trabalho e dedicação do seu corpo docente (civis e militares), assim como de toda a estrutura de apoio tanto administrativa, quanto disciplinar, para o principal objetivo do sistema que é a formação de cidadãos. 
Este modelo permite ao aluno oriundo de outro, que pouco o proveu de pré-requisitos, encerrar seu ciclo de ensino com total capacidade de buscar seus objetivos no ensino superior ou em outras atividades.
Então, novamente, não consigo entender onde Daniel Cara viu homogeneidade.

Les Etats-Unis transfèrent la prison de Bagram à l’Afghanistan


Afghanistan / Etats-Unis - 
Article publié le : lundi 10 septembre 2012 - Dernière modification le : lundi 10 septembre 2012
Cérémonie de transfert des responsabilités à la prison de Bagram, le 10 septembre 2012.
Cérémonie de transfert des responsabilités à la prison de Bagram, le 10 septembre 2012.
AFP PHOTO/ SHAH Marai

Par RFI
C'est ce lundi 10 septembre que la prison de Bagram est transférée par les Américains aux Afghans. Cette décision, prise en mars 2012, est désormais effective et une cérémonie se déroule sur place. Bagram, parfois décrit comme le Guantanamo d'Afghanistan, est connue pour ses cas de torture et l'absence de cadre juridique. Le sort de 600 prisonniers arrêtés ces six derniers mois n'est toujours pas réglé. Ainsi, cinquante d'entre eux ne seraient pas Afghans et pourraient continuer à être détenus sans motif clair.

Avec notre correspondant à Kaboul, Nicolas Ropert
زندان بگرام مارس 2012
Les États-Unis auront attendu le dernier moment. Le 9 mars dernier, Washington signait enfin un accord avec le gouvernement afghan sur le cas emblématique de la prison de Bagram, située dans la province de Parwan, au nord de Kaboul.
Le texte laissait au maximum six mois aux Américains pour donner le contrôle du centre de rétention aux Afghans. Six mois et un jour plus tard, c'est chose faite. Bagram redevient afghan.
Cette zone de non-droit, comme le dénoncent les organisations de droits de l'homme, était suspectée d'être un lieu de torture des prisonniers. Plusieurs sont morts dans leur geôle ces dernières années sans que l'on en connaisse le nombre exact et 4000 personnes sont toujours détenues dans la prison. Elles devraient rester sous les verrous en attendant un éventuel procès.
Mais le sort de 600 hommes arrêtés entre la signature de l'accord et son application ce lundi pose problème. Une cinquantaine ne seraient pas Afghans et pourraient continuer à être détenus sans motif clair. Des hommes sur lesquels les Américains souhaitent garder le contrôle. Ce qui est vu comme un déni de souveraineté par le gouvernement afghan.

Convém lembrar que pela Convenção de Genebra em relação à prisioneiros de guerra há limites de tratamento tais como: 
  • a obrigação de tratar os prisioneiros humanamente, sendo a tortura e quaisquer atos de pressão física ou psicológica proibidos.
  • obrigações sanitárias, seja ao nível da higiene ou da alimentação.
  • o respeito da religião dos prisioneiros.
Também é bom recordar que os EUA não ratificaram a Convenção de Genebra, o TPI e outros acordos de redução de violência em conflitos. A Doutrina Bush impôs a "Lei de Invasão de Haia". Assim, antes de se achar lindo a Primavera Árabe como se fosse um movimento interno de busca da libertação de ditaduras, ou a queda Assad na Síria, é bom a mídia abrir o olho com o que escreve e o que defende.

Lewandowski e o Mensalão


Creio que tanto Lewandowski, quanto Toffoli deveriam ter se considerado impedidos no julgamento do mensalão. Seria uma ação sensata, e evitaria o constrangimento de ter suas decisões vistas como caso de suspeição. 
Toffoli enquanto advogado teve relações próximas com o PT, e Lewandowski tem em sua indicação para o STF uma proximidade de datas indigesta. 
Antes de sua indicação pelo Presidente Lula ao STF, Lewandowski teve, mesmo que indiretamente uma relação próxima com a família Lula. Sandro Lula da Silva (filho de Lula) adquiriu uma mansão localizada no "Swiss Park", área que abrigava uma antiga chácara com um castelo estilo europeu ao centro pertecente à Dona Karolina Zofia Lewandowski, amiga de Dona Marisa e de Lula, e mãe do desembargador.
Nesse atual condomínio de mansões, a mansão de Sandro Lula da Silva corresponde ao número 737. Claro, com a excelente vizinhança de Dona Karolina Zofia Lewandowski.
Outra coisa em relação à Lewandowski. Não aceito que alguém proveniente de uma família que tem tal poder aquisitivo, venha expedir liminar que proíbe a investigação pelo CNJ de supostas irregularidades cometidas por magistrados do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), em relação à evolução patrimonial incompatível com a renda de magistrados e recebimento irregular de auxílio-moradia, que por sinal o próprio Lewandowski também recebeu.
Ao mesmo tempo, quando ocorre questões de calamidade pública em que famílias carentes perdem suas residências, o Estado, dá um auxílio-moradia que em alguns locais é de R$ 150,00. Será que Lewandowski e demais juizes receberam esse mesmo patamar de auxílio? Acho dificil.